O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas, – NEABI Lanceiros Negros -, da UNIPAMPA teve uma atuação importante no COPENE Sul 2025, realizado entre 15 e 18 de outubro, sob o inspirador lema “Resistência do Sul ao Sul: Tecendo Cosmo Percepções para o Bem Viver”. Este evento estratégico, focado em pesquisadores negros, indígenas e membros de NEABIs, proporcionou um palco essencial para a discussão de pautas urgentes. O Núcleo contribuiu com dois trabalhos, ancorados na pesquisa e na extensão universitária.

Pesquisa e Extensão em Foco
No ST 01, A Gestão Escolar e a Mobilização Social no Desenvolvimento da Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Básica, foi submetido o trabalho “O aprendizado sobre ações afirmativas: uma jornada de conhecimento através da extensão universitária nas escolas públicas de São Borja”, de Denise Aristimunha de Lima, Joana Camila Martins, Ruth Oliveira Alves e Breno da Rocha (UNIPAMPA). Este trabalho ressaltou a extensão universitária como uma ponte vital para levar o debate e a conscientização sobre ações afirmativas diretamente à educação básica. Já no ST 17, que discutiu comunicação, raça e pensamento afrodiaspórico, a professora Denise Aristimunha de Lima apresentou o estudo do projeto AfroTelas, “Estéticas Comunitárias e Bem Viver: O videoclipe “As Flores – Performático Quilombos” como resistência audiovisual”, de autoria de Mérli Leal Silva, Alice Karen Oliveira e Denise Aristimunha de Lima.
Os debates foram enriquecidos por painéis cruciais. A discussão sobre “Entre a festa e a luta: Clube negros como ter” focou na importância vital do reconhecimento dos clubes sociais negros. O evento destacou como estes espaços utilizavam a festa como estratégia de resistência cultural e sustentação para a luta política contra o racismo, celebrando, inclusive, figuras históricas como as Rainhas Negras. Em outra análise profunda, no sábado, foi feito um exame crítico sobre o impacto da colonização, especificamente o sincretismo católico forçado. O orador detalhou como divindades africanas foram recontextualizadas sob a narrativa cristã como a demonização de Exú e a associação de Oxalá a Jesus Cristo um processo violento que forçou a adaptação das tradições ancestrais para garantir sua sobrevivência.

Celebração Cultural e Ancestralidade
A culminância do evento, ocorreu na noite de sexta-feira, com uma verdadeira celebração da cultura afro-brasileira, integração e ancestralidade, que contou com a performance das Mojuba Danças Populares Brasileiras (UFSM), um diálogo cultural entre o CTG Ronda Crioula (São Sepé) e as matrizes africanas, e o ritmo contagiante da Banda Pagode das Pretas, reforçando o protagonismo feminino negro. O evento gastronômico, servindo Acarajé e Feijoada nas versões tradicional e vegana, selou a noite como um ato de resistência coletiva e celebração dos sabores e saberes afro-brasileiros.
A participação do NEABI no COPENE Sul 2025 foi uma rica jornada de conhecimento, luta política, resgate cultural e celebração da ancestralidade, reforçando o papel da universidade na promoção das temáticas étnico-raciais.
