Desgarrados são os gaúchos e as gaúchas pobres desta margem que habitamos e desde onde pesquisamos e escrevemos. Foram descritos por Mário Barbará na canção homônima, que homenageia os despossuídos e desterrados que “fazem biscates, pelos mercados, pelas esquinas, carregam lixo, vendem revistas e juntam baganas”, ademais de praticarem ilegalidades populares e acabarem presos. O desgarrado é o gaúcho a pé, retrato sociológico ou tipo social construído por Cyro Martins, e psicanalista nascido em “uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai”. Os filhos e filhas, netos e netas, bisnetos e bisnetas e tataranetos e tataranetas do gaúcho a pé ainda povoam o sistema carcerário deste território fronteiriço.