O Compartilha de agosto traz duas temáticas incríveis, confira abaixo!
Profª Larissa Conceição dos Santos
Tema: A desmistificação do Brasil selvagem: percepções e pré-conceitos do Brasil mitificado
Em ano de COP30 no país, essa apresentação propõe uma reflexão sobre a representação do Brasil no exterior através da visibilidade/visibilização da Amazônia e de seus mitos. A partir de experiências com pesquisadores da França, em missão internacional realizada em 2024, tivemos a oportunidade de discutir a respeito das pré-concepções originadas no país, desde as explorações de Claude Lévi-Strauss, a respeito de um país povoado por “selvagens” (le mythe du bon sauvage) e a forma como tais conceitos circulam na Europa e contribuem para a formação de uma imagem, um imaginário mitificado do Brasil, povoado de mitos indígenas, rituais tribais e consumo de ayahuasca.
Profª Suzana Cavalheiro de Jesus
Tema: O impacto da pandemia de Covid-19 nos territórios indígenas e no cotidiano de mães universitárias Kaingang
Neste espaço de partilha de experiências, divido uma análise do cenário de desestruturação orçamentária da educação superior pública, em diálogo com registros etnográficos de uma pesquisa realizada no âmbito do Programa de Investigação Pós-doutoral em Ciências Sociais, Infâncias e Juventudes, vinculado ao Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (CLACSO) e à Rede Ibero-americana de Infâncias e Juventudes (RedINJU), na ênfase “Violências, Contra-Hegemonias e (Re)existências”, na América Latina. O objetivo foi investigar o impacto da pandemia de Covid-19 nos territórios indígenas, especialmente a Terra Indígena do Guarita, com foco no cotidiano de estudantes mulheres, da etnia Kaingang, que são mães e que estavam matriculadas no curso de Educação do Campo – atualmente o espaço formativo em nível de graduação, que possui o maior número de estudantes indígenas da Unipampa. A etnografia comporta descrições realizadas a partir de comunicações virtuais ocorridas durante o período de distanciamento social e trabalhos de campo realizados na Unipampa, a partir do retorno às atividades presenciais, bem como relatórios publicados pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE). Isso permitiu acompanhar os desafios enfrentados dentro do território, a partir do que a APIB descreveu como uma política anti-indígena do governo Bolsonaro, os quais agravam-se para essas estudantes mães no retorno à universidade, que por sua vez apresentava sérias restrições orçamentárias. Como conclusão, percebe-se que ainda que o contexto atual do orçamento não tenha sofrido modificações substanciais até meados do governo Lula III, é possível vislumbrar um processo de auto-organização estudantil e compromisso comunitário em manter os estudantes no curso, tal como realizaram no enfrentamento da pandemia, dentro dos territórios.
