Embora institucionalizados ao longo do medievo, os medos da condenação e do castigo e a disputa de um “grande rebanho universal de almas”, entre um Bom e um Mau pastor, se mantem vivos com muita força ainda nos dias de hoje. Compreender as raízes dos medos e poderes simbólicos constituídos na sociedade medieval ocidental é uma forma de compreender aspectos de nossa sociedade contemporânea. A abordagem desse tema possibilita perscrutar a influência hegemônica da Igreja medieval e a complexificação de seu poder, através da implementação de uma pedagogia do medo e da definição e perseguição de grupos marginais. Bruxas, apóstatas, pagãos e hereges, pessoas consideradas nocivas ao “rebanho de Deus”, configuram movimentos de resistência, dissidência, fugas e revoltas contra a Igreja, demonstrando que a Idade Média foi bem mais dinâmica do que normalmente é imaginada.
Patrick Boucheron (2012), apresenta que a sociedade do ocidente medieval pode ser comparada a um adolescente cheio de energia, que embora constantemente vigiado, controlado e cerceado busca de todas as formas se revoltar aproveitando cada brecha de poder deixada pela nobreza laica e clerical. A abrangência do projeto tem limites e fronteiras bastante expandidas possibilitando inúmeras formas de abordagens, estudos e pesquisas a partir de fontes primárias; imagéticas; literárias; produções cinematográficas; historiografia, permitindo uma rica, diversificada e interessante experiência de pesquisa ao corpo discente do curso de História-Licenciatura do Campus Jaguarão. Poder; Controle; Resistência; Marginais; Medo; Mal, Deus, Diabo… constituem o ambiente de transido deste projeto, que busca congrega em seu cerne questões relacionadas a História, Religião, Artes, Política, Cultura e Sociedade Medieval.
– BOUCHERON, Patrick., Como se Revoltar? São Paulo: Editora 34, 2012.