Em nosso imaginário, por formação escolar, a Idade Média é povoada por cavaleiros, castelos, clérigos, monges, cidades e catedrais, além das paisagens bucólicas e florestas habitadas por criaturas. A Igreja seria onipresente, dos salões nobres às choupanas camponesas, ao interior dos mosteiros ditando regras e seus valores. Embora todos esses elementos fossem parte efetiva desse mundo, as diversas criações humanas se impuseram com seus sonhos, crenças, hábitos, verdades. Nos séculos XIII e XIV, num tempo em que os homens ocupavam lugares bem definidos, houve um espectro de modos de vida e projeções de desejos que se materializaram lado a lado a essas formatações. Várias heresias desafiaram o poder estabelecido, como os cátaros, que pregavam o desapego a esse mundo material e a experiência de viver aqui o mundo espiritual; católicos, como Francisco de Assis, que propõe à Igreja que se dispa de suas riquezas e viva o amor incondicional de Jesus a todos os seres; e literárias, como a Cocanha, um mundo sem regras, sem carências, sem subserviência. Essas foram algumas das formas como o espírito humano dos tempos medievais se manifestou em toda a sua riqueza e irreverência. Apesar da contínua repressão, esses nossos antecessores deixaram um legado de grandeza e resistência que não pôde ser suprimido.
Atividade realizada entre os dias 19 e 21 de março de 2024, promovida em parceria pelo Grupo de Estudos Medievais Vesica Piscis e pelo Laboratório de Pesquisas e Estudos em História Medieval, tendo como temática “Mundos Paralelos no Medievo Ocidental (Séculos XII a XIV)“.