Estudo é coordenado pelo pesquisador do PPG em Políticas Públicas, Thiago Sampaio
Desde que a pandemia da Covid-19 chegou ao Brasil, as universidades públicas têm realizado diversas ações para auxiliar no combate à doença e fornecer à sociedade informações sérias baseadas em pesquisas e fontes confiáveis. A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) tem feito a sua parte e, entre as ações desenvolvidas, divulga, nesta semana, uma pesquisa com as projeções de internações e número de óbitos provocados pela Covid-19 em diferentes cenários nos dez municípios nos quais possui campus: Alegrete, Bagé, Caçapava do Sul, Dom Pedrito, Itaqui, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja, São Gabriel e Uruguaiana.
O estudo desenvolvido pelo professor do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da Unipampa – Campus São Borja, Thiago Sampaio, representa uma estimativa para o vírus SARS-CoV-2 (novo coronavírus) considerando as estruturas municipais, as ações de vigilância e isolamento. A pesquisa mostra o cenário provável, bem como, o melhor e o pior cenário, considerando a existência de transmissão comunitária e caso não haja intervenções do poder público como, por exemplo, as medidas de distanciamento social. “Partimos do pressuposto que a onda epidêmica durará em torno de doze semanas, definimos a proporção de pessoas que irão ser infectadas. Diferentemente do que é sugerido por alguns, nem todos serão infectados nesse primeiro ciclo. A nossa projeção varia de 15% a 25% da população sendo acometida pela Covid-19 desde o seu estabelecimento no município até o efetivo controle”, afirma o pesquisador.
Segundo Sampaio, a metodologia empregada tem como base o Imperial College de Londres, instituição britânica com foco em ciência, engenharia e medicina, e o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), ligado ao governo dos Estados Unidos da América (EUA). O docente explica que as variáveis contemplam o crescimento diário da disseminação do SARS-CoV-2; porte do município, isto é, sua população e densidade demográfica considerando tanto a área urbana quanto a rural; média de dias de hospitalização de cada paciente; proporção de pacientes que necessitarão de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI); probabilidade de dias na UTI; quantidade de pacientes com a necessidade de utilizar respiradores; a utilização de ventiladores por cada paciente (em dias) e a quantidade média de óbitos após cada internação.
As projeções em cada município
Sobre a elaboração da pesquisa, Sampaio afirma que sentiu a necessidade de suprir os gestores públicos municipais com dados próximos da realidade. “Os gestores públicos enfrentam dificuldades quanto aos recursos financeiros e às informações que possam balizar as suas ações. Em meio a esse caos, eles estão trabalhando no escuro”, enfatiza o pesquisador.
Os dados utilizados nas projeções em cada município são públicos e fornecidos pelo DataSUS. A pesquisa considera a qualidade de leitos, UTIs e respiradores em cada cidade. Em alguns casos, consideram-se os municípios do entorno, pois algumas cidades funcionam como referência para outras menores. Além disso, há fatores que podem contribuir para a piora do quadro apresentado como, por exemplo, a ocupação de leitos por pacientes com outras enfermidades, limitação de capital humano e UTIs disponíveis ao município.
Para ter acesso ao número provável de internações em cada período e o número de óbitos em cada cenário, basta acessar os relatórios da pesquisa abaixo:
Projeção da Covid-19 em Alegrete
Projeção da Covid-19 em Caçapava do Sul
Projeção da Covid-19 em Dom Pedrito
Projeção da Covid-19 em Itaqui
Projeção da Covid-19 em Jaguarão
Projeção da Covid-19 em Santana do Livramento
Projeção da Covid-19 em São Borja
Projeção da Covid-19 em São Gabriel
Projeção da Covid-19 em Uruguaiana
Na galeria de imagens, ao término desta notícia, é possível visualizar as projeções de cada município por meio de gráficos.
A necessidade do distanciamento social
De acordo com a pesquisa de Sampaio, o sistema público de saúde não terá como suportar a demanda, caso as medidas de prevenção não sejam tomadas. “As medidas adotadas visam reduzir o número de casos para que não haja o colapso. Na ausência dessas medidas, podemos assistir, no Brasil, às cenas que acontecem, por exemplo, no Equador”, ressalta o pesquisador.
Sampaio também afirma que a preocupação com a proximidade do inverno é maior no Rio Grande do Sul. Existe a possibilidade de enfrentamento da pandemia com temperaturas desfavoráveis e a ausência de suprimentos básicos, atualmente, demandados por grandes centros. “É importante a compreensão da população e o planejamento dos gestores”, enfatiza o pesquisador. Além disso, Sampaio reafirma a necessidade de seguir as determinações dos órgãos competentes, principalmente, quanto à higiene, utilização de máscaras e o distanciamento social.
Por Franceli Couto Jorge – Assessoria de Comunicação Social (ACS)