Nakba é um termo árabe que significa “Catástrofe” ou “Desastre”! O dia 14 de Maio de 1948 marca ao, mesmo tempo, o término e o começo de um novo projeto colonial na Palestina. Com o fim do mandato britânico no território, o então chefe executivo da Organização Sionista Mundial, David Ben-Gurion, valendo-se da aprovação do Plano de Partilha da Palestina pela ONU (1947), declarou a criação do Estado de Israel. Antes mesmo do surgimento deste novo país iniciou o processo de expulsão de cerca de 750 mil árabes palestinos de suas casas, que fugiram por medo da violência e dos massacres cometidos pelas milícias judaicas sionistas.
Em 15 de Maio eclode a primeira guerra árabe-israelense, da qual Israel, apoiado por potências ocidentais, sai vitorioso, derrotando uma frágil aliança de países árabes, que havia rejeitado o Plano de Partilha. A vitória permitiu que Israel expandisse seu domínio sobre a Palestina, para muito além do definido pela ONU. Dos novos territórios anexados por Israel foram expulsos quase um milhão de árabes palestinos. A sistemática limpeza étnica dos palestino pelos israelenses fez valer o lema sionista de “uma terra sem povo”. Mais de 400 aldeamentos e cidades da comunidade palestina foram destruídos ou esvaziados, as autoridades israelenses apagaram a referência de existência de muitas destas localidades nos mapas, como se ali nada existisse antes de 1948. A política de Estado adotou o procedimento de “varrer para debaixo do tapete” os indícios da comunidade árabe-muçulmana, presente nesse território por mais de um milênio. Os palestinos desalojados de suas casas foram forçados a se refugiarem em Jerusalém Oriental, Cisjordânia, Líbano, Síria e na Faixa de Gaza.
A Nakba foi o começo de mudanças radicais e, até o momento, irreversíveis na história do povo palestino. Seu principal fruto foram os campos de refugiados que, graças a inoperância da comunidade internacional, tornaram-se permanentes, verdadeiras cidades de apátridas onde o exílio dura gerações. Os refugiados palestinos esperam pelo Direito de Retornar aos seus locais de origem, vivendo em ambientes precarizados, sem infraestrutura, suportando o cerceamento do seu direito de locomoção em sua própria terra.
Em 2017 a Anistia Internacional e a Human Rights Watch publicaram relatórios denunciando o governo de Israel de utilizar regime de Apartheid. “Israel estabelece um regime de apartheid que domina a população palestina como um todo” o estado hebraico é acusado de “segregação, expropriação e exclusão” que equivalem a crimes contra a humanidade. Neste ano de 2022 irá completar 74 anos de resistência e resiliência dos palestinos por suas terras e sua honra. A Palestina não é mais apenas um território geográfico mas a memória dos palestinos exilados que lutam para que esta lembrança nunca seja esquecida. Por uma Palestina livre, do rio ao mar!
REFERÊNCIAS:
Anistia internacional acusa Israel de apartheid contra palestinos. G1, São Paulo.
Disponível em: https://www.google.com/amp/s/g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2022/02/01/anistia-internacional-acusa-israel-de-apartheid-contra-palestinos.ghtml. acesso em: 12 de Abril.
Al-Nakba, a ‘catástrofe’ que mudou destino de palestinos em 1948 e está na raiz de conflito com israelenses. BBC, 2018. Disponível em: https://www.google.com/amp/s/www.bbc.com/portuguese/internacional-44108177.amp. acesso em 11 de abril.
ECHEVENGUÁ, ana. A água como arma de guerra. Eco debate, 9 de Outubro de 2011. Disponível em: https://www.ecodebate.com.br/2011/09/09/a-agua-como-arma-de-guerra-artigo-de-ana-echevengua/. Acesso em 12 de abril.
O Nakba e a reviravolta na política palestina. Outras Palavras. 2021. Disponível em: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/o-nakba-e-a-reviravolta-na-politica-palestina/#:~:text=Se%20do%20lado%20israelense%2C%201948,destrui%C3%A7%C3%A3o%20da%20vida%20em%20sociedade. Acesso em 12 de abril.
Autor: Gabriel Bezerra de Andrade
Orientador: Prof. Dr. Edison Bisso Cruxen