Para Sempre Puros – Maya Zinshtein / Israel (2016).
Para Sempre Puros: Futebol e Racismo em Jerusalém, é um documentário lançado em 2016, dirigido por Maya Zinshtein, que apresenta a temporada 2012-2013, do clube de futebol mais popular de Israel, Beitar Jerusalém. No primeiro turno o clube está funcionando normalmente, dentro e fora de campo, estando na disputa para ganhar o campeonato da elite de futebol israelense. Tudo se transforma com a chegada de dois jogadores muçulmanos, que passam a ser hostilizados por incidentes declaradamente racistas. A torcida organizada do Clube, transtornada e ofendida com a contratação, passa a evocar a necessidade de sangue puro judeu no plantel do time. Durante os jogos, levantando faixas e entoando cânticos, a torcida expressa seu repúdio a presença dos dois novos jogadores: “aqui estamos, o clube mais racista do país” e “morte aos árabes”.
O preconceito exposto no filme não é “apenas” étnico, mas também religioso, pois os dois atletas muçulmanos em questão não são árabes, mas chechenos. O apoio dos colegas de time, que se apresenta de início aos recém chegados, frente a pressão dos torcedores e da mídia, rapidamente se desfaz, tornando insustentável a situação dos atletas muçulmanos. Agremiações, sociedades e torcidas esportivas se apresentam como espaços políticos que abraçam, reproduzem e defendem ideários políticos. O documentário toca em uma questão sensível, o racismo nos campos de futebol (e no esporte em geral). O estádio, as quatro linhas do campo, as camisas e bandeiras tornam-se no reflexo de uma sociedade pautada pela descriminação e segregação.