As mulheres e a luta por igualdade no âmbito profissional¹
Por Diuliane V. Prado dos Santos
No dia 21 de fevereiro de 2019, o site Agência Brasil mostrou uma pesquisa inédita que fala sobre o perfil da liderança em comunicação no Brasil. Divulgada pela Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje), os dados indicam que 69% dos cargos de liderança na comunicação corporativa do país são ocupados por mulheres. Em contrapartida, o site Comunique-se publicou uma pesquisa que foi divulgada pelo Fórum Econômico Mundial, no segundo semestre de 2016, na qual diz que a igualdade salarial entre homens e mulheres só será alcançada daqui a 169 anos. Segundo pesquisa do IBGE, realizada em 2016, as mulheres recebem cerca de 3⁄4 do que os homens, mesmo que, às vezes, ocupem os mesmos cargos. Isso mostra que as mulheres estão conquistando cada vez mais o seu espaço no mercado de trabalho, mas que essa mudança ainda não está acontecendo de maneira efetiva. Que apesar de estarmos em lugares de destaque, ainda somos vistas e tratadas como seres frágeis e inferiores.
É incontestável a luta que as mulheres vêm travando ao longo das décadas em busca de igualdade e, acima de tudo, respeito. Acredito que a nossa condição de vida avançou muito, pois várias melhorias foram conquistadas, mas várias questões ainda precisam ser discutidas. Como, por exemplo, as barreiras e as dificuldades que são encontradas no âmbito profissional. Várias pesquisas apontam que as mulheres ainda precisam de esforçar para provar que tem o mesmo potencial que os homens e que merecem o mesmo espaço de destaque, ou pelo menos, as mesmas oportunidades. Exemplo disso, é a pesquisa publicada pela BBC News Brasil, no dia 6 de janeiro em 2019, que mostra os impactos negativos que a desigualdade salarial entre homens e mulheres causam na economia brasileira. As conclusões desta pesquisa, feitas através de um relatório do Fórum Econômico Mundial, apontam que: as mulheres trabalham três horas por semana a mais que os homens, mas ganham apenas dois terços do rendimento deles; o salário de uma mulher com filhos é 35% menor do que uma mulher que não possui filhos. Além disso, a pesquisa mostra que as mulheres já são prejudicadas logo no momento da entrevista para emprego e que quanto maior o cargo dentro de uma empresa, maior é a diferença salarial. Como podemos notar, é um cenário bem assustador e preocupante, mas acredito que, nem sempre, isso é culpa dos homens, mas sim do ambiente em que estamos inseridas, que às vezes é muito influenciado pela cultura patriarcal, que sempre destaca o homem como o chefe e as mulheres como submissas, que devem se comportar segundo o papel prescrito por eles. Não é à toa que, no nosso país, a maioria das pessoas consideram que as mulheres são as próprias responsáveis pela violência que sofrem, seja ela sexual, psicológica ou doméstica.
Na posição de acadêmica de um curso de comunicação, acredito que o âmbito universitário tem um papel fundamental nessa luta, pois começamos a refletir sobre as questões que afetam e fazem parte da nossa vida, com o intuito de mudar o contexto que nos cercam. Sabemos que é um contexto difícil de ser mudado, pois vivemos em uma realidade que ainda é muito tradicionalista, machista e sexista. O pensamento ainda é o de que a mulher é o sexo frágil, de que a sua função é desempenhar os afazeres domésticos e cuidar dos filhos, e de que se uma mulher consegue algum lugar de destaque é porque ofereceu certos benefícios e não por causa da sua capacidade intelectual. É um contexto triste de se viver, mas não podemos parar diante das dificuldades e dos preconceitos. Aliás, essas devem ser as nossas maiores motivações para seguirmos firmes na luta pela igualdade de direitos e de vida. Estou apenas começando nessa luta, e não sei se a minha geração vai presenciar alguma mudança significativa, no que diz respeito ao contexto nacional. Mas, se através das minhas atitudes e pensamentos, conseguir mudar a realidade e a maneira de pensar das pessoas que me cercam, eu ficarei feliz, pois estarei contribuindo para a mudança e para a construção de um mundo melhor, mais igualitário e humanizado.
¹Artigo de opinião produzido em 2019/1 no componente curricular de Redação em RP II, ministrado pela Profa. Dra. Paula Daniele Pavan, do Curso de Relações Públicas da Universidade Federal do Pampa.