De acordo com o ICMBio, a maior biodiversidade do mundo pertence ao Brasil, sendo mais de 120 mil espécies de animais invertebrados e, aproximadamente, 8.930 de vertebrados. Partindo disso, é de suma importância que ações de conservação sejam tomadas para a longevidade dessas espécies, visto que são inúmeras causas que as afetam.
A maior causa de morte da fauna silvestre se dá pelas ações antrópicas, ou seja, ações dos seres humanos para os animais, e dentro delas estão: desmatamento, caça, tráfico, poluição e atropelamento. Apesar de muito se falar sobre o tráfico de animais e desmatamento, o atropelamento é o maior responsável pela perda da fauna silvestre.
No Brasil, cerca de 15 animais morrem a cada segundo por atropelamento, ou seja, 1,3 milhões por dia, que corresponde a 475 milhões por ano. Desse grande número, 430 milhões seriam pequenos vertebrados (sapos, serpentes e pequenas aves), 40 milhões de médio porte (gambás, macacos e quatis) e 5 milhões de grande porte (onças, antas e lobos). A ocorrência de um atropelamento pode ser atrativo para outros animais (carnívoros) que, por sua vez, acabam sendo atropelados também, resultando num ciclo de atropelamentos. O impacto não é apenas sobre a biodiversidade, os acidentes automobilísticos decorrentes do atropelamento de fauna causam um elevado número de perdas de vidas humanas, sequelas físicas e graves danos materiais
São diversas as ações realizadas para estudar e amenizar tal acontecimento, sendo a monitoração dos animais de vida livre, para entender seus comportamentos naturais e o que os levam às rodovias; implantação de placas sinalizadoras para que os motoristas tenham atenção ao dirigir em áreas de maior ocorrência; Instalação de redutores de velocidade, projetos de educação no trânsito, dentre outras.
Várias estratégias são possíveis para mitigar o impacto do tráfego rodoviário sobre a fauna. Entre estas pode-se citar a construção de dutos/passagens subterrâneas, corredores para passagens de fauna, cercas de malha fina e redutores de velocidade nos trechos de maior ocorrência. Contudo, nenhuma estratégia se aplica a todas as situações, tornando-se necessário um estudo de impacto viário. Assim, a medida de mitigação pode ser elencada com base nas espécies mais criticamente ameaçadas em um determinado trecho. Por vezes, uma medida favorece uma espécie, mas torna outras mais vulneráveis a predação, atropelamentos ou isolamento reprodutivo. Além disso, rodovias em que já foram implementadas tais estratégias, perceberam uma demora para os animais poderem se adaptar ao uso desses corredores no lugar de passar pelas rodovias.
Com isso, é de extrema importância que cada um possa fazer sua parte dentro dessa luta. Seja dirigindo com atenção em rodovias, auxiliando no monitoramento de animais atropelados através de aplicativos (Sistema Urubu), apoiando ações governamentais que lutam por causas ambientais e disseminando conhecimento acerca de tal assunto.
Autoria: Guilherme Faria