Edição n°2 Março de 2022 – Principais cuidados com os filhotes | Grupo PET Veterinária

Edição n°2 Março de 2022 – Principais cuidados com os filhotes

Filhotes caninos e felinos possuem fisiologia específica e não devem ser tratados como animais adultos, toda uma conduta especial deve ser adotada no manejo dos filhotes neste período de vida, que corresponde do nascimento até mais ou menos os seis meses de idade.

O período em que o filhote deve permanecer com a mãe e mamando deve ser obedecido, sendo este período compreendido entre as seis primeiras semanas de vida dos filhotes, lembrando que os filhotes devem mamar o colostro nas primeiras horas de vida, o colostro é um tipo especial de leite rico em nutrientes, imunoglobulinas e outros fatores imunes, além disso também garante hidratação ao neonato.  Os gatos, por exemplo, recém nascidos recebem quase toda sua imunidade passiva através da ingestão do colostro nas primeiras 12 a 18 horas de vida. 

A primeira medida a ser tomada ao adotar um filhote de cão ou gato é levá-lo a uma consulta com um médico veterinário. É importante saber se o animal já possui um histórico, como por exemplo, quem é a mãe, se a mãe era vacinada, se o filhote mamou em seu desenvolvimento neonatal, se ocorreram óbitos na mesma ninhada, histórico de doença da mãe ou dos filhotes da ninhada, ou seja, tudo que puder saber sobre o animal antes da adoção pode ser importante.
O médico veterinário é o profissional responsável por fazer qualquer indicação sobre a conduta terapêutica que deve ser adotada pelo tutor em relação aos filhotes. Nesta primeira consulta o veterinário deve fazer o exame clínico geral do filhote, avaliar se há a presença de parasitos, requisitar exames complementares, e então receitar o que melhor se adequa a cada filhote em relação ao controle de endo e ectoparasitos. Recomendações referentes à nutrição do filhote também devem ser feitas neste momento, lembrando que os filhotes possuem metabolismo diferente dos animais adultos e devem ser alimentados com uma nutrição adequada ao seu porte e período de vida. É importante mencionar que é o médico veterinário o profissional recomendado para indicar a melhor dieta para cada filhote individualmente.

O veterinário também deve programar o calendário vacinal do filhote, esta é uma das medidas mais importantes para a vida dos filhotes, neste sentido devem ser observadas as categorias de vacinas essenciais, ou seja vacinas necessárias para a proteção contra doenças comuns e perigosas que podem causar a morte do animal, e as vacinas opcionais, direcionadas à doenças que oferecem menos riscos aos animais. 

Para que se estabeleça um protocolo vacinal eficiente devem ser observados aspectos como por exemplo a imunidade passiva recebida da mãe, pois os anticorpos recebidos através do colostro protegem o animal de forma passiva nos primeiros dias do animal, e a vacinação de forma ativa só vai proteger o animal depois do esvanecimento da imunidade passiva. 

Cães devem receber a primeira dose da vacina múltipla quando completarem 6 semanas de idade, sendo a vacina múltipla composta por imunizantes contra cinomose canina, parvovirose canina, hepatite infecciosa canina, adenovírus tipo 2, parainfluenza canina, coronavirose canina, e algumas cepas da leptospirose, sendo esta uma vacina essencial para cães. A segunda dose da múltipla deve ser administrada às nove semanas e a terceira dose com doze semanas. Quando o cão atingir 12 semanas de idade também pode receber a vacina contra a raiva, lembrando que a vacina da raiva é obrigatória em algumas localidades. A revacinação deve ser anual, tanto para a vacina contra raiva quanto a múltipla.  As vacinas opcionais para cães são contra a Bordetella bronchiseptica, giardia, traqueobronquite Infecciosa dos cães

Os gatos devem receber a primeira dose da vacina tríplice felina ao completar nove semanas de vida, sendo esta uma vacina essencial, é composta por imunizantes contra rinotraqueíte (Herpesvírus felino 1), calicivirose e panleucopenia (Parvovírus felino), a vacina quádrupla felina também pode ser aplicada no lugar da tríplice, além de auxiliar na imunização contra as doenças virais anteriormente mencionadas, ainda conta com o imunizantes não essencial contra a clamidiose felina. A segunda dose tanto para a tríplice quanto para a quádrupla, deve ser administrada de 3 a 4 semanas após a primeira dose.  A vacina contra a raiva deve ser administrada quando o filhote felino completar 12 semanas de vida. Tanto a Raiva quanto a tríplice ou quádrupla devem ser reaplicadas anualmente. 

A vacina quíntupla felina conta com os imunizantes da quádrupla mais a proteção contra a FeLV (vírus da leucemia felina), porém esta vacina só deve ser aplicada em animais negativos para FeLV.

Até completar o protocolo vacinal inicial os filhotes não devem passear ou visitar lugares aos quais não estão habituados, pois a sua imunidade não está montada e eles podem ser infectados por doenças graves que acometem pequenos animais. 

Observar as características ambientais bem como as relações sociais dos filhotes é bastante importante. Filhotes precisam de atividades físicas para que possam gastar energia, bem como estimular a convivência com os tutores ou com os outros animais da mesma residência. Lembrando que os animais necessitam de interação, amor e carinho para que desenvolvam seus aspectos cognitivos de maneira mais adequada, o treinamento e a educação dos filhotes devem ser sempre estimulados através de reforços positivos. Ambientes estressantes ou solitários demais podem acarretar em  problemas comportamentais resultando em animais adultos ansiosos, estressados e também agressivos. Gatos precisam de enriquecimento ambiental, que pode ser construído com obstáculos para escalada, arranhadores e brinquedos. Aos cães também podem ser oferecidos brinquedos (há no mercado uma variedade imensa de brinquedos específicos para cães), principalmente para que não corram o risco de ingerir objetos estranhos que oferecem riscos a eles e possam ocasionar em complicações médicas. 

 

Referências: 

O gato. Susan E. Little

Tratado de medicina interna de PA. Jericó, Márcia Marques.

Vaccination Guidelines 2015 – WSAWA

 

Autoria: Tatiana Klafke