No ano de 2019, cerca de um bilhão de pessoas no mundo, sendo 14% adolescentes, relataram estar com algum transtorno mental. De cada 100 óbitos, 1 foi suicídio, em indivíduos com idade inferior a 50 anos em sua maioria (58%). Cada vez mais os transtornos mentais estão entre as principais causas de improdutividade, gerando redução média de 10 a 20 anos no tempo de vida daqueles que são acometidos (OMS, 2022). Apesar do Mês de Setembro concentrar a maior parte da conscientização contra o suicídio, esse assunto é de extrema importância independente da data.
Pensando nisso, viemos abordar esse tema pouco comentado no ambiente acadêmico, que é o alto índice de suicídio dos profissionais da Medicina Veterinária, um dos motivos para essa trágica estatística são os fatores de risco que os médicos veterinários enfrentam, como o manejo de medicamentos letais, jornadas de trabalho exaustivas e solitárias, seguida de baixa remuneração, fadiga de empatia quando não aguentam ver o sofrimento dos animais e a crueldade que alguns passam, assim como ter a possibilidade de realizar eutanásia em seus pacientes, o que gera muito estresse e também o próprio fato de ser mulher e trabalhar com essa área, visto que as mesmas já tem certa predisposição à doença por fatores hormonais.
Em 2016 tivemos um caso muito triste onde a médica veterinária Chien se suicidou por não aguentar a rotina de eutanasiar cães, ela deixou uma carta que ficou famosa teve até reportagem no G1 que relata que a japonesa cometeu suicídio usando a mesma droga que era usada para abater os cães, com o intuito de mostrar para as pessoas o destino dos animais abandonados em Taiwan. Chien, infelizmente virou parte das estatísticas de suicídio na medicina veterinária que é maior quando comparada aos outros tipos de medicina. Um estudo feito recentemente com 11.000 médicos veterinários relatou que 9% alegaram sofrimento psicológico e 17% já apresentaram alguma ideação suicida.
Perguntamos à docente Débora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Pampa, que possui experiencia em vários assuntos referente a população e suas doenças, sua opinião para reduzir o índice de suicídio na Medicina Veterinária e sua resposta foi: “Sugiro que a prevenção inicie desde a graduação, incentivando os acadêmicos a realizarem pausas para observarem seus sentimentos e que procurem ajuda sempre que necessário, seja com um amigo, parente mais próximo e até mesmo com um professor que possua afinidade. Também diz que um programa de autocuidado seria fundamental para que os profissionais da área soubessem lidar com seus sentimentos, emoções, expectativas e frustrações ao longo da vida.”