por Victor Lobins, discente do curso de Letras-Português/Licenciatura, bolsista pelo edital PROFEXT-UNPAMPA 2022, em novembro de 2022.
Merlen da Luz Alves tem 37 anos. Nasceu no município de Alegrete/RS, no distrito do Passo Novo. Filha de Algemir Bitencourt Alves e Heloisa da Luz Alves, viveu nessa localidade até os 3 anos de idade, quando foi adotada por Adão Alves Machado e Rosalina da Costa Machado, família que morava na cidade de Alegrete, mas tinha propriedade rural no Jacaquá, onde Merlen estudou no polo Costa Leite e posteriormente no Polo do Caverá.
Em 1999, iniciou o Magistério na modalidade curso normal, mas acabou não finalizando por questões pessoais. Como o curso normal era concomitante ao ensino médio, finalizou este na modalidade educação de jovens e adultos (EJA).
Em 2011, iniciou a graduação em biologia no Campus Alegrete do Instituto Federal Farroupilha (IFFar). Segundo Merlen, na época, era seu maior sonho ser professora de biologia. Durante o curso, foi selecionada para participar do projeto Rondon, onde desenvolveu um projeto com ribeirinhos na ilha do Marajó/PA. Após retorno do projeto, Merlen trancou o curso devido à dificuldade para conciliar maternidade e graduação.
Durante esse período, aproveitou a oportunidade de um emprego que lhe permitia estudar e dedicou-se à preparação para concurso de Agente de Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), onde ficou em primeiro lugar na concorrência por cotas.
Em 2017, Merlen foi selecionada para o curso de pedagogia na Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), no mesmo período em que foi selecionada para o curso de Letras-Português/Licenciatura na modalidade EaD na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), tendo optado por cursar Letras, curso que iniciou em 2018. Esse curso de graduação era novidade para Merlen. Então, procurou oficinas de literatura e produção para que pudesse se familiarizar. Assim conta que chegou até o projeto Arte da Palavra, desenvolvido pelo SESC em Alegrete. A partir desse projeto e de suas primeiras experiências com texto literário, Merlen começou a se aproximar das atividades do Coletivo Multicultural, onde iniciou à frente da sociedade literária Rui Neves.
Reativando a sociedade literária Rui Neves, Merlen começou a adentrar no mundo da produção textual autoral, tendo como primeiras experiências textos de literatura erótica. Nessa época, com o advento da sociedade literária, pôde trocar experiências textuais e, assim, exercitar sua produção textual.
Durante o ano de 2018, Merlen recebeu a convocação do IBGE e começou a desenvolver suas atividades como agente de pesquisa e mapeamento. Merlen diz que nessa época começou a notar as dificuldades das pessoas em declararem suas cores durante o questionário. Pessoas brancas ficavam “envergonhadas” em admitir sua cor para uma entrevistadora negra e pessoas negras tinham dificuldade em declarar-se negros.
Em 2021, começou junto a Ana Lucia Vargas e Paulo Amaral, o projeto Cartas de Afeto, onde desenvolviam trabalho literário com as detentas do presídio estadual de Alegrete. O projeto consiste em trocar cartas com as detentas com o objetivo de fazer um livro, que já está em fase final de preparação pela editora para publicação. Além disso, foi desenvolvido um documentário sobre o projeto, que está em fase de conclusão.
Em abril de 2022, concluiu o curso de Letras na UNIPAMPA. Nesse mesmo ano, Merlen foi selecionada em primeiro lugar no processo seletivo para professora no município de Manoel Viana/RS, onde atualmente ministra aulas para três turmas no ensino fundamental.
Merlen participou de diversos concursos literários. Em um deles, em 2020, escreveu um microconto sobre a vida de Elza Soares, onde foi premiada em primeiro lugar. O texto está disponível no site da Junipampa. Em 2022, sua obra “Estação seca” foi selecionada para compor o livro digital Motus #6.