Ana Maria Vargas

por Tamires Antunes Nunes, discente do curso de Engenharia de Software, bolsista pelo edital UNAPI 2023, em dezembro de 2023.

Mulher branca, de cabelos longos e pintados de castanhos. Usa uma blusa verde de gola alta e um casaco preto de ziper.

Dona Ana Maria é uma senhora de 59 anos, nascida e criada em terras alegretenses. Pessoa extrovertida, ativa e que gosta de se manter atualizada. Nos presenteou com uma narrativa maravilhosa sobre sua infância, vivida entre campo e cidade. Seu relato se inicia destacando o fato de ter morado por quase toda sua juventude na campanha e falando um pouco sobre como brincava nessa época:

[…] fomos criados na campanha, quase todos moramos na campanha. Tivemos também nossa infância assim, brincando. As brincadeiras eram diferentes né, tudo era diferente. Buscava água de poço, tomava banho de sanga. Eu, pelo menos, fui criada assim […]

Seguindo em frente, suas recordações também a levaram para sua época de escola, e quais eram os costumes que regiam, então, sua vida:

[…] a gente viveu um pouco do Regime Militar no país né. Quando eu entrei na escola, eu tinha 7 anos. Foi em 71, então o governo era aquele do Emílio Médici. O governo era esse. Na época, a gente levava aquelas pistolada no braço […] na época, na escola, tinha os uniformes, eram as meias três quartos, as saias, tinham padrão né, cantava o hino […]

Com certa emoção, ela mergulhou nas lembranças de suas tarefas diárias:

[…] a gente se criava trabalhando. Alguma coisa tinha que se fazer: ou lavar uma louça ou dar comida para um bicho. Isso nada caía pedaço… mas também a gente era muito sacrificado como criança […]

E, para encerrar, dona Ana Maria nos revelou um ponto que sobre sua percepção mudou da sua infância para os dias de hoje:

[…] a questão da liberdade, poder escolher as coisas, a gente era muito tolhido. Não podia isso, não podia aquilo, né. Isso também talvez tenha deixado algumas mulheres meio reprimidas, porque tinha que ser exatamente como os pais ensinavam. Questão do casamento, os namoro, não podia sair pegando geral, tinha que ter um só, casar, não tinha a opção de experimentar […]

Dessa forma, ela deu seu depoimento e compartilhou conosco parte de sua história de vida, não deixando de perceber quais experiências carrega até hoje e quais mudanças ocorreram com o passar do tempo.