por Fade Hassan Husein Kanaan, discente do curso de Engenharia de Software, bolsista pelo edital PROACC 2025 e, Matheus Pinto da Fontoura, discente do curso de Ciência da Computação, bolsista pelo edital PROFEXT 2025, em outubro de 2025.

Dona Alda Pinto Maciel, de 78 anos, é uma moradora de Alegrete com uma história de vida marcante. Começou sua narrativa com a informação de que foi “criada para fora” e só veio para a área urbana “já adulta”. Se apresentou como membro da “segunda turma dos auxiliares de enfermagem de Alegrete”, um privilégio que a levou a uma longa carreira na saúde, incluindo seu trabalho no hospital Alexandre de Lisboa.
Ao recordar sua infância no campo, ela a descreve de forma serena:
[…] Foi uma infância boa, né? Tranquila, né? Sem muitas, sem muitas fantasias, né?
A educação na escola se intensificou apenas quando se mudou para a cidade. Ela relembra o processo específico da época para continuar os estudos:
[…] Eu já adulta, né? Ingressei no antigo ginásio, né? […] para passar pro ginásio, tinha a admissão do ginásio, sabe? […] Passei, fui escolhida pela, pelas minhas é… mestra, né?
Dona Alda destaca que sua principal responsabilidade nunca foi apenas estudar. O trabalho sempre foi uma constante, e ela o abraçou como um caminho para a autonomia, um valor ensinado em casa após sua mãe ficar viúva.
[…] Eu trabalhava, né? Trabalhei de doméstica, né? Eu não parava, né? Sempre gostei de trabalhar até, né? […] Nossos pais. É, minha mãe ficou viúva bem nova ainda também. […] Mas eles ensinaram isso aí, ser independente, trabalhar, ser pessoas, né?
Para finalizar, Dona Alda reflete sobre as “muito grandes mudanças” que percebe na juventude atual. Ela enxerga um cenário de contrastes: por um lado, a preocupação com problemas como as drogas, mas por outro, uma forte esperança no potencial das novas gerações.
[…] Tem jovens muito bom, uma juventude aí maravilhosa, que essas vão governar o nosso Brasil, né? […] Mas eu ainda acredito na juventude. O adolescente, eles têm ideias como vocês, ideias maravilhosas também, né? […] Tem coisas muito ruim, né? Umas coisas eu acho que muito mais boa também.
Seu relato termina com uma visão de esperança, demonstrando a força de uma mulher que se construiu através do trabalho e da educação, e que ainda acredita no futuro.