Muitas das quedas que os idosos sofrem ocorrem durante a caminhada, principalmente quando precisam passar por algum obstáculo ou degrau durante o dia a dia. Em estudos anteriores, idosos sedentários mostraram maior dificuldade para passar por cima de um obstáculo durante a caminhada quando comparados com idosos que fazem atividade física regular. Parâmetros musculares dos membros inferiores, como as características do tecido muscular, parecem influenciar a marcha de adultos idosos. Esse efeito poderia ser explicado porque muitos desses parâmetros estão associados com a capacidade de produzir força. Entretanto, quais parâmetros especificamente influenciam tal condição ainda não estão totalmente estabelecidos na literatura. Identificá-los pode ser um primeiro passo na busca de estratégias mais eficientes de treinamento e reabilitação.
Pensando nisso, a Dra. Eliane C. Guadagnin liderou uma pesquisa com o objetivo de investigar quais características dos músculos dos membros inferiores estariam relacionados com esse desempenho. Os idosos que participaram do estudo primeiro passaram por uma análise biomecânica da marcha em velocidade preferida e máxima, com a utilização ou não de obstáculos. Esse desempenho na caminhada foi relacionado com dados obtidos usando a técnica de ultrassonografia. Usando um aparelho de ultrassom, a arquitetura muscular (orientação e alinhamento das fibras musculares) e o echo intensity, uma medida que permite estimar a qualidade do tecido muscular, foram mensuradas nos músculos reto femoral, vasto lateral, bíceps femoral, tibial anterior e gastrocnêmico medial. Por fim, também foi avaliada a força isométrica máxima destes músculos utilizando um dinamômetro manual.
Os principais achados do estudo indicam que quanto maior o tamanho de certos músculos, como o vasto lateral (que realiza a extensão do joelho) e o tibial anterior (responsável pela inversão do pé e pela flexão dorsal do tornozelo), menor a chance de queda nos idosos. A importância do papel do vasto lateral para a marcha é conhecida, mas pela primeira vez são apresentados dados mostrando que as características do músculo tibial anterior tem importante papel em momentos críticos dos movimentos na marcha. Os resultados também indicam que a força isométrica não tem correlação com o desempenho de marcha.
Dessa forma, os exercícios de força para idosos devem buscar fortalecer vasto lateral e tibial anterior, priorizando o ganho de força dinâmica.
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Texto elaborado por Marcela Trindade e Maria Carolina Gonçalves, alunas de ensino médio do Instituto Elisa Valls e bolsistas CNPq de Ensino Médio da Universidade Federal do Pampa, Campus Uruguaiana.