por Fade Hassan Husein Kanaan, discente do curso de Engenharia de Software, bolsista pelo edital PROACC 2025 e, Matheus Pinto da Fontoura, discente do curso de Ciência da Computação, bolsista pelo edital PROFEXT 2025, em dezembro de 2023.

Seu Arnaldo Pereira Lopes é um senhor de 75 anos, nascido em São Francisco, no dia 7 de maio de 1950. Residiu em São Francisco por 26 anos antes de se mudar para Alegrete, onde vive há décadas. Após uma vida de trabalho, que incluiu a DNR e mais de 30 anos dedicados ao comércio, hoje está aposentado e vive com sua esposa. Iniciando a conversa, ele nos presenteou com memórias de sua infância, que ele define como “sadia”:
[…] sempre foi boa nossa ligação com os irmãos. Todos sempre se achemos bem, se demo bem, se respeitemos, que era a coisa que o pai mais nos ensinava, é respeitar. […] a gente ficava sentadinho ali perto dela [da mãe], era sem bagunça, sem nada, era um olhar, a gente sabia em primeiro lugar […]
Ele recorda que, na sua criação “para fora”, a infância e o trabalho eram inseparáveis. Estudou até a quarta série primária, pois logo cedo foi preciso assumir responsabilidades.
[…] depois o pai nos tirou para trabalhar, ajudar ele, porque nós era pobre […] então se criemo plantando, criando, criava gado, cavalo, porco, galinha […] Então a gente se criou desde pequeno trabalhando. Então nós tinha 6, 7 anos e já tava com serviço.
Mesmo com a rotina de trabalho pesado, havia tempo para brincadeiras entre os irmãos, como “jogar espada” e “luita”, feitas com espadinhas de tala de coqueiro. Era um “treino de peleia”, mas, como ele deixou claro, “tudo na brincadeira”.
[…] Brincadeira nós, nós jogava espada, nós agarrava, jogava luita, né? […] nós fazia espadinha de, de tala de coqueiro […] mas tudo na brincadeira.
Ao avançar para a juventude, recorda das “serenatas” e “bailezinhos”, destacando que eram encontros “sem bebedagem, sem briga, sem nada”, onde a honestidade prevalecia. E é olhando para essa juventude que ele traça um forte contraste com os dias de hoje, expressando sua preocupação com a mudança na criação dos jovens:
[…] enxergo da mudança da criançada […] os pais pouco responsáveis pelas crianças, pelo ensino das crianças. […] De primeiro não, não era assim. […] se a criança não aprender enquanto novo, que for de grande, […] O pai sempre dizia um burro orneia o outro abaixa a orelha e hoje em dia essa criançada nova não tem esse caso, né? […] mas a maior parte dá um carinho bobo sem usar o respeito, né? Elas não vão aprender. Porque um filho, a primeira coisa é se espelhar num pai, numa mãe […] mas a maior parte deu um carinho bobo, sem nos dar o respeito, né. O carinho que a criança deu respeito.
O depoimento de Seu Arnaldo se constrói sobre os pilares do trabalho e do respeito, valores que, em sua visão, moldaram sua geração e que ele considera essenciais para a formação dos adultos do futuro.
Arnaldo Pereira Lopes, por Tamires Antunes Nunes, discente do curso de Engenharia de Software, bolsista pelo edital UNAPI 2023, em dezembro de 2023.