
Hoje é Dia Mundial do Ceratocone!
Essa data foi criada em 2016 pela National Keratoconus Foundation (NKCF), visando conscientizar e informar sobre o ceratocone, doença genética rara, de caráter hereditário e evolução lenta. Sua principal característica é a redução progressiva da espessura da parte central da córnea – camada fina e transparente que recobre toda a frente do globo ocular -, que é empurrada para fora, formando uma saliência com o formato aproximado de um cone.
Costuma surgir na infância, na adolescência ou no início da vida adulta e pode progredir por 30 anos. A causa exata da doença ainda é desconhecida, porém é possível que as alterações na superfície da córnea sejam resultado de inúmeros fatores que contribuem para a perda de elementos estruturais dessa membrana e vão desde o decréscimo no aporte de colágeno até o ato de esfregar ou coçar os olhos com frequência.
O risco do desenvolvimento da doença é maior nos pacientes alérgicos, pois sentem muita coceira nos olhos. Também pode estar presente em pessoas com Síndrome de Down ou com alterações oculares congênitas, como a catarata e a esclerótica azul – parte branca do olho.
Há casos de pessoas com histórico familiar da doença que apresentam um quadro de ceratocone subclínico, sem sintomas. No entanto, quando eles aparecem, variam de acordo com a fase da doença. O mais característico é a perda progressiva da visão, que se torna borrada e distorcida – tanto para longe quanto para perto – e obriga a aumentar com frequência o grau das lentes dos óculos até que a solução é substituí-los por lentes de contato, que podem ser de diferentes tipos.
Outros sintomas incluem:
- sensibilidade à luz – fotofobia -;
- comprometimento da visão noturna;
- visão dupla – diplopia -;
- formação de múltiplas imagens de um mesmo objeto – poliopia – ou de halos ao redor das fontes de luz;
- dor de cabeça;
- coceira excessiva.
Nas fases iniciais, quando a deformação da córnea não é grave, o uso de óculos é suficiente para recuperar a acuidade visual. No entanto, à medida que o ceratocone evolui, os óculos precisam ser substituídos por lentes de contato, que ajudam a ajustar a superfície anterior da córnea e a corrigir o astigmatismo irregular provocado pela deformidade.
Outras opções de tratamento são os anéis intracorneais ou intra estromais, chamados anéis de Ferrara, que são utilizados para regularizar a curvatura da córnea, quando os óculos e as lentes de contato não produzem mais o efeito desejado. Há, ainda, o crosslinking, uma intervenção que tem por objetivo fortalecer as moléculas de colágeno da córnea para evitar que ela continue abaulando. A técnica consiste em raspar a superfície da córnea, para depois aplicar um colírio à base de vitamina B2 – riboflavina – e, em seguida, um feixe de luz ultravioleta.
Embora o ceratocone seja uma causa frequente de transplante de córnea, ele só é indicado em um número pequeno de casos mais graves, quando os pacientes deixam de responder bem às outras formas de tratamento. Quando o tratamento adequado é feito a tempo, menos de 10% dos casos evoluem para transplante.
Por ser uma doença de caráter genético e hereditário, não se conhecem maneiras de prevenir o aparecimento do ceratocone. Todavia, é possível controlar a evolução da doença nas pessoas geneticamente predispostas, corrigindo o hábito de coçar os olhos, tratando a rinite alérgica, as alergias dermatológicas e a asma, por exemplo, que podem causar a coceira. É importante, também, avaliar as condições de adaptação e higiene das lentes de contato, se for o caso.
No Dia Mundial do Ceratocone, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) ressalta que é primordial que crianças e adolescentes consultem regularmente o oftalmologista, principalmente se existirem casos de ceratocone na família. O diagnóstico precoce é fundamental para controlar a progressão da doença e preservar a acuidade visual. 
Olhos atentos para o ceratocone! 