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#JulhoVerde | Mês de conscientização sobre o câncer de cabeça e pescoço
Enfrentamento ao Racismo Institucional: um dever coletivo!
Raça, gênero e classe
Ao lado do racismo institucional, há duas outras modalidades de desigualdades políticas que, mesmo sendo descontínuas, na perspectiva do fenômeno são articuladas e atuam de forma conjunta, sistêmica e estruturante com o racismo: trata-se do sexismo e do “classismo”. Barreiras impostas ou facilidades atribuídas a homens, mulheres, transexuais, bissexuais e lésbicas (dentre outras identidades de gênero) negras(os), branca(os) e indígenas de diferentes condições econômicas referem-se a um só tempo ao racismo, ao sexismo e ao classismo.
Uma mulher negra com condições socioeconômicas satisfatórias terá, possivelmente, vantagens em relação a uma mulher negra e pobre, mas desvantagens em comparação a mulheres brancas, especialmente se ricas. Igualmente, há arranjos frutos do entrecruzamento dessas modalidades de dominação, que conduzem mais frequentemente homens negros e pobres à morte e à prisão. Em contraposição, são as mulheres as que mais são vítimas de violência física cometidas por homens, notadamente em relações de parentesco. Durante a pandemia, a cada oito minutos uma mulher sofreu violência e mais da metade eram negras. Além disso, muitas grávidas negras também morrem por causa de abortamentos inseguros.
Trata-se, portanto, de intersecções entre racismo, sexismo e classismo. As categorias de raça, de gênero e de classe construídas socialmente nos constituem. Ao sinalizarmos que são intersecções, queremos dizer que cada uma delas adquire autonomia na vida social e operam de forma enlaçada; portanto, não procede subordinar uma ou outra, negar uma ou outra, não cabe analisar a situação vivida pelo negro(a) como fruto tão somente da discriminação de classe, nem mesmo invisibilizar as diferenças de gênero.
Aqui no Brasil, uma pesquisa recente sobre a realidade das mulheres negras no mercado de trabalho revelou que ainda há muito o que se fazer para que essa discriminação seja de fato eliminada. Participaram da pesquisa 155 mulheres negras, formalmente empregadas, de nível superior completo, atuando em diferentes setores, com destaque para educação, recursos humanos, tecnologia da informação, telemarketing, relações públicas, administração e comércio.
O levantamento apontou que 86% das participantes já sofreram racismo no mercado de trabalho; e mais de 90% delas tiveram a saúde mental afetada por essa discriminação. A pesquisa foi feita no LinkedIn, rede social focada em negócios e emprego, nos últimos dois anos. Do total das participantes, 24,5% possuem ensino superior, 50% nível superior e pós-graduação e 13,5% mestrado e doutorado. Participaram da pesquisa mulheres entre 19 e 55 anos, com média de idade de 30 a 45 anos.
O que são ações afirmativas?
As ações afirmativas são um conjunto de políticas públicas e privadas, de caráter compulsório, facultativo ou voluntário, que têm o propósito de concretizar o ideal de igualdade de acesso a bens fundamentais como educação e emprego para os grupos sociais historicamente excluídos desse acesso, bem como combater e corrigir as consequências históricas da discriminação racial, de gênero, por deficiência e de origem nacional. Elas resultam de lutas que se deram inicialmente pelos movimentos sociais negros e foram, ao longo das décadas, ampliando-se para o protagonismo de outros grupos sociais, como as pessoas com deficiência, indígenas e LGBTQIAPN+.
Além de reparar danos atuais e prestar contas com a história, elas devem promover a inclusão, a integração e a existência da diferença e da pluralidade nos espaços de trabalho. O enfrentamento das discriminações requer ações de promoção e de afirmação de relações e condutas antirracistas, anticapacitistas, antimachistas e não LGBTfóbicas, que precisam se alicerçar na compreensão efetiva da igualdade entre os seres humanos.
Na Unipampa, a Assessoria de Diversidade, Ações Afirmativas e Inclusão, vinculada ao Gabinete da Reitoria, tem o propósito de buscar garantir a equidade e a igualdade de oportunidades no acesso, na permanência, nas mobilidades e nas qualificações de discentes e servidores/as nos âmbitos do Ensino, da Pesquisa e da Extensão da UNIPAMPA, atuando na superação das históricas desigualdades socioeconômicas, culturais e políticas na sociedade brasileira.
O que se espera das ações afirmativas nas organizações?
As ações afirmativas, no contexto do trabalho, devem, portanto, ser entendidas como parte de um amplo e complexo processo de transformação. O enfrentamento ao racismo institucional, ao machismo, à LGBTfobia e ao capacitismo precisa estar integrado à cultura organizacional, ou seja, aos valores da organização e ao seu modo de resolver conflitos ou situações de opressão, exploração e violência.
O êxito no processo de implementação de ações afirmativas nas organizações está relacionado não apenas com o acesso de pessoas às vagas e cargos em determinados postos e funções, mas também à qualidade da permanência nesses espaços e, sobretudo, ao trabalho com o conjunto da organização quanto à desconstrução da ideia de supremacias brancas, masculinas, cisheteronormativas e corponormativas e à percepção da pluralidade e diversidade humana.
No pdf, você pode se informar sobre como proceder em casos de racismo na Unipampa clicando aqui.
Para saber mais, confira a "Cartilha de Conscientização e Combate ao Racismo - Lutar contra o Racismo é Dever de Todos(as)" produzida pela Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) e a Divisão de Perícias (DP) em 2022 clicando aqui.
Reestruturação dos Postos de Trabalho da Reitoria
A Universidade viveu uma nova realidade de trabalho durante a pandemia: o home office. Essa modalidade recebeu atenção e foi vista como benéfica para alguns servidores, uma vez que evidenciou a potencialidade desses na execução de algumas tarefas sem a necessidade da presencialidade na instituição.
Entre os meses de março de 2020 a junho de 2021, o Governo Federal constatou que houve uma economia de R$ 1.419.498,491 com os servidores atuando de forma remota. Os itens de maior economia foram: diárias, passagens e despesas com locomoção, serviços de energia elétrica, serviços de água e esgoto, cópias e reprodução de documentos.
Diante disso, houve um movimento importante em favor da implantação do Programa de Gestão e Desenvolvimento (PGD) nas instituições pós-pandemia. Na Unipampa, essa implantação foi efetivada em novembro de 2022.
Com a adesão à forma integral ou parcial de alguns servidores e a necessidade de priorizar algumas demandas devido às restrições orçamentárias, tornou-se mais evidente e necessário repensar formas de adequar os espaços nos quais atualmente se encontram estações de trabalho sem uso, transferir itens de tecnologias e equipamentos a demais setores que necessitam e, além disso, alcançar a economia que é prevista com a implantação do PGD.
Considerando os impactos de gastos de luz, água, serviços de internet, manutenção dos prédios, valores de aluguéis, além da oferta de condições apropriadas no ambiente laboral, a gestão optou por concentrar as atividades administrativas da reitoria em um único prédio.
Destaca-se que ao economizar, a gestão poderá priorizar e investir em mais áreas e espaços da instituição e também aprimorar os espaços de trabalho atuais para que ofereça condições melhores para execução das tarefas sem prejuízo ao servidor, qualificando o trabalho e proporcionando melhor qualidade de vida ao servidor que desenvolve atividades na modalidade presencial todos os dias ou em determinados dias da semana.
Além da economicidade que essa reconfiguração dos postos de trabalho da Reitoria irá proporcionar, outro aspecto importante que o compartilhamento dos espaços favorece é a socialização e a interação entre os servidores. Trataremos com mais detalhes sobre este assunto a seguir.
Socialização dos servidores e sentimento de pertencimento
A característica mutável do trabalho na atualidade, acentuada pelas novas tecnologias eletrônicas e organizacionais, influencia a forma pelas quais as pessoas aprendem e se socializam. Em um cenário de constantes transformações, é necessário que a construção da identidade institucional se torne algo permanente, pois é preciso acompanhar as mudanças ocorridas no ambiente de atuação.
Fatores contextuais e ambientais, como local e a estrutura física do trabalho, afetam tanto o nível de desafio do trabalho como as interações entre as pessoas. É importante que o servidor esteja inserido em um ambiente de trabalho no qual possa sentir fortes laços de solidariedade e de coletivismo, e no qual tenha concretas oportunidades de perceber que seu trabalho pode contribuir com algo importante, de impacto, no grupo e na organização.
Neste contexto, é através das relações entre as pessoas que se determinam os propósitos das organizações. Chefias, grupos e cargos pertencentes a uma divisão específica moldam aspectos próprios que os distinguem do resto do grupo. Os servidores ganham experiência pelo resultado de como eles interagem uns com os outros. Nessas interações, uma boa comunicação proporciona um maior nível de engajamento entre os servidores.
Pessoas identificadas com o próprio trabalho engajam-se e comprometem-se porque o percebem como alinhado a seus valores e objetivos. Sendo assim, é no local de trabalho que a necessidade de pertencer é intensificada. As organizações são percebidas como espaços capazes de proporcionar às pessoas um senso de pertencimento mais estável, contribuindo para sua autodefinição e auto-estima. A falta de senso de pertencimento afeta a produtividade e a saúde mental e física dos colaboradores.
A integração proporciona melhorias nas relações interpessoais e na realização das atividades profissionais, contribuindo para desenvolver no trabalhador o sentimento de pertença. Além disso, estar perto, conhecer a história de vida de seus colegas de trabalho, seus hobbies e motivadores pessoais é uma curiosidade saudável para o engajamento de equipes.
Diante disso, essas reconfigurações em nossos espaços de trabalho podem ser uma oportunidade de interação e socialização entre colegas que não costumavam conviver no dia a dia. Além do mais, o sentimento de pertença não diz respeito somente à estrutura física da instituição, mas abrange as relações e trocas com colegas no ambiente de trabalho. Essa nova realidade, que engloba o teletrabalho e o compartilhamento dos espaços de trabalho, evidencia ainda mais a necessidade de estreitarmos os laços e valorizarmos as relações interpessoais. A colaboração e o espírito coletivo são essenciais nesse momento de mudanças.
A qualidade de vida no trabalho não se restringe ao ambiente em que se trabalha, devendo-se considerar os fatores psicológicos e emocionais das pessoas. Esta refere-se tanto aos aspectos tangíveis (como equipamentos de trabalho) quanto aos intangíveis (relacionais). Quando estávamos separados uns dos outros – poucas pessoas ocupando os espaços do prédio, espaços esvaziados -, isso influenciava a percepção do público interno e externo. A partir da reestruturação dos postos de trabalho, há possibilidades de maior integração, de se construir novos vínculos e relações, vivenciar mais trocas com colegas de diferentes áreas. Os espaços estarão mais povoados, mais ocupados, mais vivos.
Você já parou para pensar como será o futuro do trabalho no serviço público? Acesse o pdf que trata sobre este assunto clicando aqui e confira também outros exemplos de espaços de trabalho compartilhados por servidores públicos.