Orientações referentes à Saúde diante da Emergência Climática no RS

Infelizmente, o Rio Grande do Sul enfrentou uma emergência climática histórica neste mês. Muitos municípios decretaram estado de calamidade decorrente das enchentes, inundações e deslizamentos de terra recentes que impactaram a vida de muitas pessoas. 

Grande parte da população atingida está abrigada em locais seguros, aguardando a baixa da água em locais afetados, como residências e comércios. Essa trégua das águas representa a esperança pela retomada aos locais atingidos e o início da limpeza e tentativa de recuperar móveis, eletrodomésticos, vestuários e memórias afetivas.

Entendendo a importância de que esse processo seja realizado de forma segura, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) traz algumas recomendações da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) sobre questões primordiais para a manutenção da saúde da população gaúcha. 

A todos os indivíduos que tiveram exposição à água das enchentes, a SES/RS recomenda atenção redobrada à saúde pelo risco de contaminação por leptospirose, doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, cujo contágio pode ocorrer a partir da pele com lesões ou mesmo pele íntegra, se imersa por longos períodos em água contaminada. O período para surgimento dos sintomas pode variar de um a 30 dias. Infelizmente, já houve registro de óbitos no Estado relacionados à essa patologia.

Além da leptospirose, existe o risco de contaminação pela Hepatite A (infecção transmitida por meio da ingestão de alimentos e/ ou água contaminada), Tétano (transmitido por meio da contaminação de um ferimento da pele ou mucosa no (a) qual ocorra penetração da toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani) e Dengue (transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se prolifera em ambientes e locais com água parada). Para a prevenção dessas doenças, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacinas, conforme faixa etária e/ou grupos de risco. Para orientações quanto aos imunizantes, é recomendado acesso ao serviço de saúde mais próximo. 

Pela semelhança dos sintomas das doenças, é fundamental buscar avaliação profissional para diagnóstico e tratamento diante de quaisquer alterações no organismo, principalmente sintomas como: febre, dor de cabeça, fraqueza, rigidez muscular, dores no corpo e calafrios.

Para acesso, desobstrução e limpeza das casas, móveis e demais itens em locais atingidos pelas enchentes, sobretudo aqueles nos quais ainda há acúmulo de água, a SES/RS orienta o uso de botas e luvas de borracha, e roupas que protejam todo o corpo. Para essa desinfecção, além do uso de água e sabão, é recomendado a utilização  de cloro ou outro produto capaz de desinfetar os objetos. Alimentos ou materiais que não possam ser utilizados devem ser descartados por segurança. 

A SES/RS também destaca o aumento do risco de acidentes com animais peçonhentos (cobras, escorpiões e aranhas). Para se proteger é fundamental evitar tocar diretamente em frestas de madeira, gavetas, caixas, entulhos e/ou quaisquer objetos que estejam locais com pouca iluminação; recomenda-se, inicialmente, usar um cabo de vassoura ou outro objeto para verificar se o local está seguro. 

Destacamos que a DASST está disponível para suporte psicológico aos servidores que foram vitimados, de forma direta ou indireta, pela emergência climática. 

Sabemos que os desafios para a reconstrução do Estado são imensos. Desejamos que em breve a população atingida possa superar cada etapa desse momento tão delicado de nossa história.

Impactos do cenário de emergência climática do RS na saúde mental

Estamos vivenciando em nosso estado, como todos sabem, um desastre climático sem precedentes. Trata-se de um evento potencialmente estressor e traumático, que poderá gerar consequências no âmbito da saúde mental. Diante disso, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) vem compartilhar algumas reflexões e recomendações sobre os possíveis impactos emocionais do cenário atual.

O conteúdo será dividido em dois envios. Nesse primeiro e-mail, abordaremos tópicos como: ansiedade climática, luto coletivo, sentimento de impotência, infoxicação e o impacto emocional de um evento traumático.

O termo “ansiedade climática” é definido pela Associação Americana de Psicologia como um medo crônico de catástrofes ambientais, envolve sentimentos de pesar, raiva, culpa e até vergonha. E como estamos falando de um prejuízo em decorrência do descuido humano com o clima, o sentimento de responsabilidade (enquanto humanidade) agrava o processo que atinge a saúde mental. 

O trauma que se instaura ocorre porque rompe a noção de normalidade de funcionamento da vida. Claro que para quem é vítima o dano é bem mais profundo, mas todos seremos atingidos de alguma forma. Estudos realizados no Reino Unido mostram que o risco de ser afetado por problemas psicológicos de longo prazo é até 8 vezes maior em quem vivenciou a inundação.

Um processo frequente em desastres é o luto coletivo, em que muitas pessoas experienciam e compartilham o sentimento de luto ao mesmo tempo, ainda que não tenham sido diretamente atingidas pelo evento crítico. O luto pode estar relacionado a diferentes tipos de perdas, não necessariamente a morte de alguém, mas também a perda de bens materiais que tinham um valor simbólico para cada pessoa. As pessoas atingidas experienciam a perda do mundo presumido, em que são afetadas as interpretações sobre o passado, as vivências no presente e as expectativas para o futuro. É necessário, portanto, reaprender e ressignificar o mundo.

O luto é um processo normativo de adaptação a uma perda significativa. Trata-se de um processo que envolve dor, desinteresse social, incapacidade para trabalhar e amar, em função de um investimento psíquico em torno daquilo que foi perdido, assim como em relação a tudo o que se situa direta ou indiretamente atrelado ao que se perdeu. É quem vive o luto que sabe da importância daquilo que foi perdido para a sua vida. Portanto, comparações entre indivíduos e suas perdas não devem ser realizadas.

Além disso, é comum o sentimento de impotência entre as pessoas que não foram diretamente atingidas, pelo fato de não ser possível ajudar mais diretamente, mesmo que haja diferentes formas de ajudar, até mesmo à distância, como divulgar informações e fazer doações. Inclusive a culpa pode se fazer presente, na medida em que seguimos nossa rotina e até comemoramos alguma conquista pessoal. Mas, na verdade, o autocuidado é importante nesses momentos, assim como manter uma rede socioafetiva e realizar atividades prazerosas.

O excesso de informações – ou infoxicação – que recebemos através dos meios de comunicação podem gerar uma sobrecarga mental, por isso precisamos nos conectar com isso em forma de ação, a fim de gerar um canal de reabastecimento e de escoamento desse estresse. Se ficarmos imersos nas notícias, focando nosso pensamento nisso, nos tornamos mais suscetíveis a sucumbir ao estresse. Precisamos pendular, ou seja, nos conectar de alguma forma, pois não é possível se alienar ao que acontece no mundo, mas estabelecer limites e encontrar nossa própria válvula de escape.

Para os indivíduos e a comunidade, o impacto emocional de um evento traumático é profundo. Todos respondem de alguma forma a eventos estressantes e é saudável responder. É natural se sentir confuso diante da mudança repentina nas emoções e até mesmo ter sentimentos contraditórios, como por exemplo, sentir culpa e alívio (pelo fato de estar em segurança), ao mesmo tempo. Mas cada sentimento tem seu espaço e pode nos ensinar algo valioso sobre nós mesmos e sobre como lidamos com situações de pressão e sofrimento.

Confira nos cards algumas recomendações sobre como acolher as vítimas em situações de desastres (Card 1 e Card 2).

A continuação desse conteúdo será enviado na data de 29/05, onde será abordado sobre: as reações mais comuns em situações de desastre, as consequências do trauma, a importância da sensibilidade e flexibilidade dos gestores da UNIPAMPA nesse momento, bem como algumas dicas sobre como lidar com as emoções durante esse período desafiador.


Caso necessário, conte com o Serviço de Psicologia da PROGEPE, para acolhimento e orientações, através do e-mail: psicologia.progepe@unipampa.edu.br.

(Re)conheça e Multiplique | Campanha “Aprendendo sobre transtornos mentais”

A Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) dá continuidade ao reenvio dos materiais da campanha “Aprendendo sobre transtornos mentais”.

Você sabia que estar depressivo não é estar triste e estar em mania/euforia não é estar alegre?

Compreender diferenças sutis como essas, faz uma enorme diferença quando nos deparamos com os chamados Transtornos de Humor ou Transtornos Afetivos.

Conhecer um pouco acerca dos sintomas e sinais de alerta para um possível quadro de  Depressão ou de Transtorno de Humor Bipolar é importante tanto para quem se vê enfrentando um processo de adoecimento, quanto para quem convive com familiares ou colegas de trabalho que padecem dessas patologias.

A DASST retoma as cartilhas sobre Transtorno Bipolar” e “Depressão” pois sabemos que entender esses transtornos ajuda a desmistificar tabus e contribui para o cuidado com a saúde, além de evitar práticas como a psicofobia – que é o tão nocivo preconceito contra pessoas com transtornos ou deficiências mentais.

Estigmatizar pessoas que sofrem de doenças mentais, segrega e coíbe o diálogo franco acerca destas doenças, dificultando o convívio e atrapalhando ou até retardando a busca e dedicação ao tratamento.

Te convidamos a dar uma olhada neste material que aborda como “Algumas situações que podem surgir no ambiente de trabalho e que configuram psicofobia”.

Para evitar essas situações, nossa campanha tem como objetivo informar corretamente a população acadêmica e sensibilizar os servidores da Unipampa, sobretudo aqueles que ocupam cargo de chefia, por meio do compartilhamento de informações que permitam conhecer a patologia, compreender os obstáculos enfrentados pelo servidor(a) e, de forma empática, buscar alternativas para que a rotina de trabalho seja mais produtiva e saudável a todos que compõem a equipe.

A retomada destes materiais faz parte da iniciativa da DASST intitulada “(Re)conheça e Multiplique”, que permite que novos servidores possam conhecer os materiais anteriormente produzidos pelo setor, bem como incentiva a releitura daqueles que já tiveram contato, uma vez que as temáticas desenvolvidas continuam atuais e necessárias.

Acompanhe, aprimore seus conhecimentos e também sua sensibilização. Dessa forma, com certeza, você contribuirá na promoção de um ambiente de trabalho inclusivo, diverso e humano. 

Aprenda sobre transtornos mentais e diga não à psicofobia!

Se interessou pelos materiais produzidos pela DASST? Acesse o site da PROGEPE clicando aqui e confira todos os materiais elaborados pela divisão.

Caso você ou sua equipe esteja enfrentando alguma situação no trabalho que demande orientação e suporte psicológico, entre em contato com as psicólogas da PROGEPE, através do e-mail: psicologia.progepe@unipampa.edu.br. Para saber mais sobre o Serviço de Psicologia, clique aqui.

A DASST quer saber sua opinião!

Servidor(a) da Unipampa,

Você já respondeu a pesquisa de satisfação da Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST)?

Desde o dia 17 de abril, a DASST está realizando uma pesquisa de satisfação sobre as campanhas produzidas pelo setor.

Esta pesquisa tem por objetivo coletar informações relacionadas ao perfil e à percepção dos servidores acerca do conteúdo, dos métodos de divulgação e da veiculação das campanhas de promoção à saúde, prevenção de agravos e segurança no ambiente laboral, promovidas pela DASST. 

O formulário pretende ser um instrumento investigativo, com intuito de qualificar ainda mais o trabalho desenvolvido por nossa equipe. Para acessá-lo, clique aqui: https://forms.gle/ycgqRq8Dx9eQQF2x5

O tempo estimado para responder o questionário é de, aproximadamente, 15 minutos e  continuará coletando respostas até o dia 17 de maio

Todas as informações a respeito de novas campanhas ou campanhas em andamento realizadas pela DASST ficam disponíveis no site da Divisão, no Facebook e no Instagram.

Participe! Contamos com a sua colaboração!

Dia do Trabalho: o trabalho como promotor de realização e de mudança social

O Dia Mundial do Trabalho é celebrado anualmente em 1º de maio e remonta à luta histórica dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, em Chicago, na data de 1º de maio de 1886. Como forma de valorizar este importante dia, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) vem compartilhar algumas reflexões acerca do trabalho em nossas vidas.

Quando se trata de trabalho, existem diferentes pontos de vista a respeito do tema, algumas pessoas mencionam que trabalham porque é necessário, outras declaram que o trabalho as realiza. Para Marion Minerbo, uma importante psicanalista contemporânea: “Trabalhar, quando se refere a um trabalho vivo, é diferente de executar uma tarefa mecanicamente, porque há espaço para a subjetividade e envolve alguma criatividade. Trabalhar é acrescentar um tijolinho na construção desse edifício gigantesco que é a nossa civilização. O importante é que nossa passagem pela vida deixe alguma marca e tenha valor para alguém.” Segundo ela, trabalhar envolve transformar o mundo e também a si mesmo, pois a cada nova conquista profissional, descobrimos novos aspectos do nosso Eu. Vamos nos construindo a partir da nossa relação com o trabalho e também com nossos colegas, que nos inserem na coletividade e nos permitem vínculos sociais. Nessa perspectiva, o trabalho tem um papel importante em nossas vidas e é visto com bons olhos, quando conduzido em direção ao que faz sentido para nós, quando colocamos um pouco de nós mesmos no que fazemos, e quando nos sentimos desafiados, sem que isso nos tire o sossego.

Apesar disso, é pertinente contextualizarmos como estamos conduzindo o trabalho em nossas vidas atualmente, pois isso pode ser um contraponto a uma visão mais otimista acerca do tema. Vivemos na sociedade de desempenho, imersos na cobrança por produtividade constante. Por essa razão, temos nos desumanizado cada vez mais, transformando-nos em autômatos, afastados da vida e do que dá sentido a ela. Nossos modos de viver são regidos pela lógica das aparências: queremos aparentar felicidade, sucesso e poder, mesmo que não nos sintamos verdadeiramente felizes ou que nem saibamos realmente o que nos faz feliz. Aprendemos que o importante é sermos úteis e produtivos, e por isso exploramos a nós mesmos ao máximo, sem espaço para sentirmos e elaborarmos as situações vividas, sem tempo para convivermos com pessoas queridas.

A nível institucional, quando se trata de contexto universitário, ainda que o papel do servidor público seja o de agente de mudança e de contribuição para o desenvolvimento do país – o que justifica que o trabalho seja tomado com a seriedade e o comprometimento devidos –  também é fato que estamos submetidos a alta exigência por produtividade, sendo expostos a jornadas cada vez mais extenuantes, sem contar o clima de competitividade presente nesse meio. O desafio atual está em agir com o compromisso inerente à função pública, sem que se recaia em excesso de trabalho e de cobranças.

Acontece que as demandas laborais têm invadido o tempo de descanso/repouso, sono, lazer, atividade física e alimentação dos servidores. Para dar conta de todas as tarefas, muitos precisam realizar atividades fora da carga horária formal de trabalho. Nesse contexto, sintomas de ansiedade, depressão, insônia e solidão podem advir. Também pode haver um aumento no consumo de álcool, drogas, medicações, comidas e redes sociais, como forma de apaziguar o sofrimento. Esse cenário desanimador nos demonstra que estamos nos afastando da vida e nos vinculando ao adoecimento.  

Como “virar essa chave”?

Em primeiro lugar, é fundamental que não coloquemos o trabalho como o centro de nossa vida. Tudo o que colocamos energia demais, é prejudicial, se nos dedicamos demais a apenas uma área da vida, as outras ficam prejudicadas. Naturalizamos que a dedicação extrema ao trabalho é admirável, porque essa mentalidade é reforçada em discursos como: “trabalhe enquanto eles dormem”. Somos capturados por uma romantização do trabalho, sem nos darmos conta. E, por ser endossado socialmente, acreditamos que está tudo certo trabalhar em demasia, trabalhar quando deveria se estar descansando, sonhar com o trabalho (ou não conseguir dormir por causa do trabalho). Mas a verdade é que somos humanos e não máquinas. Precisamos de descanso, de afeto, de lazer, de arte, de cultura, precisamos relaxar, trocar com outras pessoas, nos encantar com o mundo ao redor e preencher nossa vida de sentido.

Em segundo lugar, é necessário termos em mente que aceitar passivamente uma condição de trabalho excessivamente demandante pode parecer muito louvável, pois seremos bem vistos pelos outros, mas essa postura só irá prejudicar a nós mesmos. Enquanto dermos conta de equilibrar todos os pratos a duras penas, tudo seguirá acontecendo como se estivesse nos conformes, mas nossa saúde física e mental estará indo de mal a pior e, quando nos dermos conta, poderá ter levado tempo demais, então o tombo será muito grande. Não espere aprender pela dor, ou seja, chegar a um nível extremo de adoecimento para, então, tirar lições. Uma postura assertiva em relação a esse contexto não é aceitar e se resignar, mas dizer alguns nãos, colocar limites saudáveis, mesmo que para tal seja preciso cobrar por mudanças e formalizar documentos.

Caso necessário, conte com o Serviço de Psicologia da PROGEPE, para acolhimento e orientações, através do e-mail: psicologia.progepe@unipampa.edu.br.

Lembre-se que, por mais que o contexto externo esteja difícil, cada um de nós possui o papel de se comprometer com o cuidado de si – nem que para isso seja necessário adotar medidas individuais e coletivas de mudança. O trabalho pode sim ser fonte de realização pessoal e de mudança social, a questão é buscarmos ativamente formas de conduzi-lo para essa finalidade e não de sermos consumidos por ele.

Grande abraço e bom trabalho a todos(as)!