Marcado por debates, relatos de experiências, proposições, poesia e música, o IV Fórum dos Núcleos de Estudo Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) reiterou o compromisso e o apoio institucional para a realização do IV Congresso de Pesquisadores(as) Negros(as) da Região Sul (Copene Sul). Realizado em Bagé, no dia 04 de julho de 2018, o fórum reuniu representantes dos Neabis dos dez campi da Unipampa, de outras instituições, pesquisadores e reitoria. Na agenda, a formalização a realização do evento regional em julho do próximo ano em Jaguarão.
Durante a mesa de abertura do IV Fórum, a coordenadora Nacional da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros (ABPN) e do X Copene Nacional, professora Anna Benite (UFG), congratulou a Unipampa pelo trabalho que vem sendo realizado. “Eu cumprimento essa universidade e seu reitor pela iniciativa de conduzir essa parceria que é a realização do IV Copene Sul. Esse é um congresso que convoca a atenção para a redemocratização da produção do conhecimento cientifico dentro das nossas universidades, a despeito de uma historiografia que é pobre e equivocada”, afirmou. “Nós hoje estamos aqui celebrando este convênio para realização do IV Copene por que muitos de nós fizeram antes, muitos vieram antes, e muitos lutaram contra essa produção do conhecimento que não é neutra nem objetiva, mas é carregada de subjetividade”, completou.
Na ocasião, o reitor Marco Antonio Fontoura Hansen formalizou o compromisso da Unipampa e o apoio institucional para a realização do evento, e se colocou como parceiro para as reivindicações e temáticas trabalhadas pelos Neabis. “No ano que vem, o Copene será uma grande realidade e um grande evento de nível nacional de sucesso pleno”, afirmou o reitor. Além da expectativa com o evento futuro, o reitor destacou a importância da inclusão das temáticas negras e indígenas nos projetos pedagógicos dos cursos, para que estejam inclusos nos debates ao longo de toda a graduação, e não apenas sejam pontuados isoladamente.
Os participantes do fórum tiveram, ainda, a oportunidade de conhecer o relato do acadêmico de Licenciatura em Educação do Campo, Miguel Ribeiro, indígena caingangue de Tenente Portela, na divisa com Santa Catarina. Miguel relatou as dificuldades ultrapassadas no intuito de cursar uma graduação, o acolhimento na Unipampa, e o objetivo de contribuir com o futuro não só de sua comunidade, mas de todo o País.
“No lugar onde vivemos, a discriminação com nosso povo é bastante forte. Não é fácil ser indígena lá na minha terra, por que nós carregamos muitos adesivos pejorativos que são colocados no termo ‘ser indígena’. Então quando nós chegamos nessa universidade, nós nos sentimos bem acolhidos, pelos colegas, pelos professores. Vemos que a metodologia dos professores dessa Universidade é uma metodologia acolhedora. Parece que os professores sabem da nossa luta, do nosso sofrimento”, afirmou.
Com quase 50 anos, Miguel afirma que busca aproveitar a oportunidade de fazer uma graduação – após ter priorizado os estudos dos filhos ao longo da vida – e que pretende contribuir para que a educação seja repensada, remodelada, e que não mais seja pensada como uma forma de aculturação do indígena. “Nesse reformular, no remodelar dessa educação, nós indígenas temos muito a contribuir. Hoje não queremos qualquer educação para nossas escolas indígenas, nós queremos qualidade. Nós queremos ajudar a nossa comunidade a se estruturar melhor, a se organizar melhor, junto com o Brasil”, completou.
Participaram da mesa de abertura do IV Fórum dos Neabis o reitor, professor Marco Antonio Fontoura Hanesn, o coordenador de Ações Afirmativas da Unipampa, professor Sebastião Cerqueira Adão, a coordenadora do IV Copene Sul, professora Giane Escobar, e a coordenadora Nacional da Associação Brasileira dos Pesquisadores Negros (ABPN) e do X Copene Nacional, professora Anna Benite. Participaram do evento os representantes dos Neabis da Unipampa, representantes da UFSM, Unisinos e Ulbra, bem como de toda a comunidade acadêmica.
Fotos: Ronaldo Estevam