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Unipampa lança Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas em Jaguarão

O Campus Jaguarão da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) lançou, em novembro, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), que visa à promoção de atividades de ensino, pesquisa e extensão voltadas às temáticas da história e da cultura africana, afro-brasileira e indígena. A cerimônia contou com a presença do reitor da Instituição, Marco Antonio Fontoura Hansen.

O regimento geral dos núcleos foi aprovado, recentemente, pelo Conselho Universitário (Consuni). O documento disciplina a criação, organização e funcionamento dos Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi), nos dez campi da Unipampa.

Em Jaguarão, o Neabi foi apresentado pelas professoras dos cursos de Produção e Política Cultural, Sátira Machado, e de Pedagogia, Simone Alves.


Na ocasião, o reitor destacou: “A Unipampa é uma instituição inclusiva e os núcleos abrirão novas portas para parcerias no âmbito das ações afirmativas”.

Lançamento do Neabi do Campus Jaguarão – Foto: Alexandre Caldeirão

Os núcleos serão compostos por servidores e discentes da Unipampa, identificados com os objetivos do Neabi, sendo eles afrodescendentes, indígenas ou de diversas etnias. A composição inclui, ainda, integrantes das comunidades do entorno das Unidades Universitárias e membros do Movimento Social Negro e Indígena.

Para o vice-reitor, Maurício Aires Vieira, “a Unipampa avança por ter um núcleo que trate desta política de uma forma mais materializada e, mais regimentada, dentro da Universidade”.

Histórico dos Núcleos na Unipampa

Em 2010, foi criado, no Campus Uruguaiana, o Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (Neab), coordenado pela professora Marta Iris Camargo Messias da Silveira. Este núcleo foi pioneiro em desenvolver ações de promoção da diversidade étnico-racial, de valorização das histórias e cultura afro-brasileiras e indígenas, fortalecendo as ações afirmativas na Unipampa.

Em julho de 2016, por iniciativa do então pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis e Comunitários, professor Cristóvão Domingos de Almeida, em diálogo com a Comissão Especial de Estudos sobre História e Cultura Afro-brasileira e Indígena (Hicabi), foi encaminhado ao Consuni o regulamento para a criação de novos núcleos nos campi da Instituição.

Com parecer favorável da conselheira, professora Ana Cristina da Silva Rodrigues, diretora do Campus Jaguarão, o regimento foi aprovado durante a 74ª Reunião Ordinária do Conselho, realizada em Bagé. O documento também cita a criação do Fórum Neabi/Unipampa, que será responsável pela integração dos dez núcleos da Universidade e pelo diálogo permanente com a Coordenadoria de Ações Afirmativas (CAF), coordenada pela professora Fabiana Missau.

Antecedentes Nacionais dos Núcleos

A história dos Núcleos Brasileiros tem início em 1956, com a criação do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO), da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Desde então, outras Instituições de Ensino Superior, públicas e privadas, passaram a criar órgãos correlatos, como os Núcleos.

“A maior inserção de militantes afrodescendentes nas Universidades possibilitou a aproximação desses profissionais no primeiro Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as (Copene) e a criação da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), em 2000”, conta a professora Sátira.

Atualmente, essa rede de cooperação científica reúne mais de cem núcleos, incluindo os da Unipampa, que produzem conhecimentos sobre África, diáspora africana, afro-brasileiros e indígenas em todas as regiões do país.

Com informações da professora Sátira Machado

Unipampa e líderes indígenas debatem propostas inclusivas

A Universidade Federal do Pampa (Unipampa) está estudando formas de ampliar a inclusão das populações indígenas no Ensino Superior. Algumas propostas incluem um processo seletivo especial para os jovens das comunidades kaingangues e guaranis do Estado e um âmbito da assistência estudantil.

A primeira rodada de discussões aconteceu no I Encontro com Líderes Indígenas, ocorrido no dia 8 de julho de 2011 no Palacete Pedro Osório em Bagé.

No evento, coordenado pelo vice-reitor da Unipampa, professor Norberto Hoppen, estiveram presentes caciques representando nove comunidades indígenas, a representante da FUNAI, assistente social Maria Inês de Freitas, a representante da FURG, a assistente social Soledad Bech Gaivizzo, e o representante do CAPEIN/UFRGS, professor José Otávio Catafesto de Souza, além de representantes das 21ª e 39ª Coordenadorias Regionais de Educação, acadêmicos da URI Erechim e UFRGS.

Representando a UNIPAMPA, além do vice-reitor, participaram a pró-reitora de Assuntos Estudantis e Comunitários (PRAEC), professora Laura Fonseca, a pró-reitora de Graduação (PROGRAD), professora Lucia Vinadé, o diretor do Campus Bagé, professor Fernando Junges, o coordenador do Processo Seletivo da Universidade, professor Carlos Aurélio Dilli Gonçalves; os coordenadores acadêmicos do Campus Jaguarão, professor Maurício Vieira, e do Campus Santana do Livramento, professor Luiz Edgar Lima, a representante da Comissão de Ações Afirmativas da Universidade, professora Marta Iris Camargo Messias da Silveira, do Campus Uruguaiana.

A organização do evento foi um trabalho conjunto das equipes do Gabinete da Reitoria, da Pró-reitoria Acadêmica (PROACAD) e da PRAEC.

Os indígenas não têm ainda uma forte participação no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), que está se tornando uma grande porta de acesso aos bancos universitários. Com isso, mesmo tendo uma cota de vagas prevista pelas políticas afirmativas, a população indígena não está conseguindo aproveitar a oportunidade. Com isso, uma proposta é a criação de um processo seletivo especial para os estudantes indígenas. As normas e a viabilidade dessa iniciativa devem ser avaliadas no âmbito do Conselho Superior Universitário da UNIPAMPA (CONSUNI)_ destacou a professora Laura Fonseca.

Outro aspecto discutido pelos líderes, de acordo com a pró-reitora Laura, é o interesse das comunidades por cursos específicos da Unipampa, vistos como especialmente relevantes para o desenvolvimento das populações. A questão será levada ao conhecimento dos cursos para que se possa construir uma solução adequada do ponto de vista legal e que atenda dentro do possível o anseio das populações indígenas.

As possibilidades de colaboração da Assistência Estudantil também chamaram a atenção dos caciques, que já conhecem um pouco dos benefícios em vigor nas universidades federais graças à presença de índios nos corpos discentes da FURG e da UFRGS.

Apesar do interesse nas condicionalidades dos benefícios geridos pela PRAEC, a pró-reitora Laura Fonseca afirma que os líderes demonstraram maior preocupação em relação às dificuldades de convivência entre jovens de culturas diferentes.

Uma proposta de apoio que permita que os alunos indígenas não ingressem isolados nos cursos é vista como favorável para que os estudantes não percam por completo o contato com alguém da sua cultura, o que também pode ajudar na integração. Ideias nesse sentido também terão de ser debatidas com os líderes e apreciadas pelo CONSUNI.

FONTE: http://wp.clicrbs.com.br/uruguaiana/tag/unipampa/page/7/