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Reunião ABPN e Negras Reitorias

Reunião em Brasília no dia 31/01/2023 para articular futuras parcerias: secretário de Acesso na Justiça Marivaldo Pereira; prof. Dr. Roberlaine Jorge, reitor da Universidade Federal do Pampa; prof. Delton Felipe, pesquisador, ativista social, secretário executivo da ABPN; diretora de Promoção de Justiça Roseli Faria.

Um dos pontos discutidos foi o democratização do acesso a justiça, sobretudo da população preta, parda e indígena. O evento foi promovido pela Presidência da República para institucionalizar a retomada dos diálogos com a sociedade civil e com os movimentos sociais. Também estiveram presentes no evento a professora Iraneide Soares (ABPN) e outros líderes de organizações da sociedade civil e dos movimentos sociais.

ABPN (Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as) foi fundada em agosto de dois mil. É uma organização sem fins lucrativos e apartidária que promove a defesa da pesquisa acadêmico-científica e/ou espaços afins realizada prioritariamente por pesquisadores/as negros/as, sobre temas de interesse direto das populações negras no Brasil e de todos os demais temas pertinentes à construção e à ampliação do conhecimento humano e, igualmente, ao desenvolvimento sociopolítico e cultural da sociedade.

Coletivo Negras Reitorias é um grupo articulado pela ABPN junto com as/os Reitoras/es no decorrer dos anos de 2021 e 2022, incidindo sobre políticas voltadas para a população negra, como as cotas raciais, no contexto de avaliação da Lei 12.711/2012. Desde a sua formação, já foram realizados seminários em cada uma das sedes das reitorias associadas, os quais podem ser assistidos no canal da ABPN no youtube @abpn2863. Para além disso, os/as professores/as realizaram várias incidências juntos as entidades que participam pautando a Lei de Cotas. No último Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as – COPENE realizado em Recife-PE foram articuladas diversas ações e traçadas estratégias para projetos em 2023.

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Fontes:
unipampa.edu.br/portal/unipampa-participa-de-evento-promovido-pela-presidencia-da-republica
instagram.com/p/CoFf-1-rX3b/?igshid=MDJmNzVkMjY%3D

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Nota de Correção

Carta de correção (PDF)

Vimos a público corrigir o equívoco cometido na carta de repúdio aos atos de protesto ocorrido no dia 11/01/2023 durante a cerimônia de entrega de título de Doctor Honoris Causa concedida ao Poeta Oliveira Silveira in memorian na Unipampa – Campus Bagé e publicada na página da ADAFI (Assessoria de Diversidade, Ações Afirmativas e Inclusão).

Retiramos da Nota de Repúdio a menção feita a Direção do Campus Santana do Livramento e nos desculpamos pela referida afirmação; igualmente, informamos que a logística para participação dos NEABIs ficou a cargo da ADAFI, mas esta não foi a responsável pela organização dos demais transportes.

Reconhecemos que foi um equívoco de nossa parte, pois o transporte que saiu de Livramento foi disponibilizado pela Reitoria com objetivo específico de transportar os conselheiros e alguns representantes de NEABIS e demais discentes com finalidade de prestigiar o evento.

Reiteramos que estamos profundamente abalados com toda a situação criada, porém não podemos achar normal que um evento homenageando uma liderança negra, pudesse ocorrer diferente das demais cerimônias solenes que ocorrem nesta Universidade, e que seguem os protocolos oficiais.

Nossa expectativa é que possamos superar o ocorrido e com diálogo e profissionalismo seguir adiante, para a manutenção de espaços de desenvolvimento educacional e de relações humanas fraternas.

Respeitosamente.

Bagé, 20 de Janeiro de 2023.

Assessoria de Diversidade Ações Afirmativas e Inclusão – ADAFI

Nota dos NEABIs em repúdio à manifestação ocorrida durante a sessão solene Honoris causa para Oliveira Silveira

Nota de repúdio NEABIS ADAFI (PDF)

Os Núcleos de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Unipampa dos campis de Bagé, Uruguaiana, Itaqui, São Borja, Jaguarão e Alegrete, vêm por meio desta Nota, lamentar e repudiar o violento ataque ocorrido durante a Cerimônia de entrega do título de Doctor Honoris Causa ao poeta da Consciência Negra, Oliveira Silveira. A manifestação ocorreu durante a 50ª Reunião Extraordinária do CONSUNI realizada em Bagé, no dia 11 de janeiro de 2023, sendo promovida por estudantes dos campi Jaguarão e Livramento, os quais interromperam o ato solene para protestar contra a gestão da Universidade. Tal ato causou constrangimento ao conjunto dos conselheiros e conselheiras presentes, à filha e representante do homenageado, bem como, aos convidados e convidadas presentes de outras instituições.

Tal incidente provocou tristeza e indignação em membros da comunidade negra, a qual vê neste título um reconhecimento a um militante da luta antirracista, algo incomum em Universidades permeadas pelo racismo estrutural presente na sociedade brasileira; trata-se de um desrespeito aos Neabis e suas lutas antirracistas, autores, inclusive, da proposta de conceder o título honorífico para o poeta Oliveira Ferreira da Silveira. É uma afronta às ações afirmativas enquanto conquista dos movimentos sociais.

Lamenta-se e repudia-se que estes e estas estudantes tenham se aproveitado do transporte concedido pela instituição para prestigiar a solenidade em Bagé, mas visando outro propósito. No transcorrer do ato cerimonial, os discentes manifestaram sua insatisfação com o reitor e a instituição de forma inapropriada, atrapalhando a transmissão da cerimônia para os participantes via ambiente virtual.

A partir deste ato desrespeitoso, interrompeu-se a transmissão, ocasionando efetivo prejuízo à solenidade, pois a 50ª Reunião Extraordinária do CONSUNI tinha como pauta única a concessão do título de Doctor Honoris Causa ao poeta Oliveira Silveira. Independente das motivações dos protestos entende-se que este não era o momento adequado, pois poderiam ter sido realizados após a solenidade ou em outros momentos, se o objetivo era confrontar a gestão da Universidade.

Posteriormente, os estudantes continuaram os ataques em frente ao local de almoço de confraternização, mesmo após já ter sido marcada uma reunião com a Próreitoria de Assuntos Estudantis e Comunitários e com a presença do Reitor. Houve então a prática de atos hostis em relação a uma docente negra e ao Magnífico Reitor, o qual também é um homem negro. Isto demonstra não perceberem que ao atacá-los e desconstituírem publicamente esses docentes, estão reforçando o preconceito racial do qual sempre foram vítimas. O comportamento observado desvaloriza o fato de que as posições que hoje estes docentes negros ocupam reforçam a luta de negros e negras por espaços iguais na sociedade.

Nós dos NEABIs acima mencionados afirmamos que, simbolicamente, tal ato de desrespeito à homenagem de um militante negro, quando tem como agentes estudantes negros, assume mais gravidade; entendemos que houve incompreensão da relevância deste título honorífico para a luta contra o racismo, fazendo que esses manifestantes contribuíssem para menosprezar esse momento solene e, portanto, simbólico. Ao comportar-se desse modo, afrontaram uma luta antirracista na qual deveriam estar inseridos, pois são vitimados cotidianamente por uma sociedade marcada pela hegemonia branca e de práticas de inferiorização dos descendentes de africanos escravizados. Entendemos que não basta ter a pele preta, é preciso assumir-se como “negro” ou “negra” e lutar contra a desigualdade racial e o racismo. Nas palavras da filósofa e militante Angela Davis: “Numa sociedade racista não basta não ser racista, é preciso ser antirracista”.

Repelimos este acontecimento e, diante do peso emocional causado para docentes, servidores, estudantes negros e negras, além da sociedade civil, entendemos ser necessário uma retratação pública dos envolvidos, bem como da gestão dos campi de Jaguarão e Livramento, os quais viabilizaram transporte para os envolvidos e as envolvidas neste ato inapropriado, que maculou um espaço institucional que necessita ser respeitado e valorizado.

Finalizamos lembrando que vivemos no país um momento em que a democracia é atacada por aqueles que querem impor suas vontades e interesses. É preciso praticar a empatia, apostar no diálogo e romper com a intolerância. Manifestações são bem vindas, desde que não ultrapassem os limites da disputa de ideias e incorram em atos de afrontamento. Lamentamos mais uma vez que negros e negras tenham sido sujeitados a essa situação vexatória, onde a branquitude impregnada na sociedade e manifestada pelo racismo estrutural, colocou em negativa evidência agentes representantes da negritude na instituição.

Bagé, 17 de Janeiro de 2023.

Assinam esta nota:
NEABI Mocinha – Campus Jaguarão
NEABI Oliveira Silveira – Campus Bagé
NEABI Mãe Fausta – Campus Uruguaiana
NEABI Diva Rodrigues – Campus Itaqui
NEABI – Campus São Borja
NEABI – Campus Alegrete
ADAFI – Assessoria de Diversidade, Ações Afirmativas e Inclusão
e Magnífico Reitor da Universidade Federal do Pampa