Hoje viemos trazer uma reflexão coletiva a respeito do Janeiro Branco. Relembrando o que foi mencionado em nosso e-mail anterior sobre Janeiro Branco, no calendário anual de cores, foi designada a cor branca ao mês de janeiro e o foco do referido mês é o cuidado com a saúde mental.
O mês de janeiro simboliza o recomeço e é natural que as pessoas fiquem mais reflexivas nessa época e dispostas a repensarem sua vida de maneira geral, necessitando de um olhar e um cuidado especial com a saúde mental. Para além disso, nosso objetivo aqui é suscitar reflexões que reverberem por todo ano.
Quando se trata desse tema, é necessário destacar que a saúde mental engloba tantos aspectos a nível individual (como fatores genéticos, traços de personalidade, etc) como a nível social (como desigualdade de acessos, discriminações, etc).
Nesse sentido, é necessário cuidarmos para que a campanha do Janeiro Branco ganhe também uma abrangência com compromisso social, evitando ser apenas mais uma a culpabilizar o sujeito (e seu cérebro) pelo próprio mal-estar, ou a transformar qualquer desvio à norma em doença mental, a ser curada por profissionais psicólogos e psiquiatras. Buscar o tratamento adequado quando se necessita é importante, mas saúde mental diz respeito também ao entorno do sujeito, ao seu mundo externo, que repercute diretamente no seu mundo interno e na promoção de saúde.
Desta forma, um dos fatores a ser pensado é a configuração do trabalho contemporâneo em que há muita pressão pela produtividade, o que contribui para a autocobrança e frustração, por não se alcançar metas, muitas vezes inatingíveis. As demandas de trabalho não estão sob o controle das pessoas, mas a pressão por resultados pode gerar adoecimento.
Queremos salientar que saúde mental é muito mais do que ausência de adoecimento psíquico, do que ter um cérebro funcionando bem, do que ser um sujeito bem adaptado à sociedade ou do que perseguir um ideal de felicidade. Trata-se de uma construção que não cessa, que precisamos fazer cada um de nós, mas, sobretudo, no campo das relações e da coletividade. Quando não se tem o olhar crítico, a ênfase no diagnóstico de determinada psicopatologia pode encobrir a reflexão sobre o contexto em que o indivíduo vive, trabalha e se relaciona.
Deste modo, reivindicar de fato a saúde mental deve passar, necessariamente, pela defesa de um modo de vida que privilegie o bem-estar de sujeitos e coletivos; que acolha e promova os direitos humanos e as diversidades; que compartilhe condições de moradia digna, alimentação, Sistema Único de Saúde público e universal, com atendimento em saúde mental na perspectiva antimanicomial, trabalho protegido, educação pública de qualidade, políticas econômicas e sociais que atendam às necessidades de todas as pessoas.
Qualificamos o debate chamando a atenção da sociedade para a importância do elo entre saúde mental e saúde social, indicando que o cuidado deve acontecer “dentro” e “fora” dos sujeitos e, sobretudo, “entre”, ou seja, em tudo o que diz respeito às nossas relações.
Para ler mais, acompanhe os materiais a seguir O primeiro trata do seguinte questionamento: “A nível institucional, qual compromisso é preciso ter quando se trata de cuidado em saúde mental dos servidores?” Já o segundo traz alguns exemplos práticos de como podemos fazer para efetivamente promover o cuidado em saúde mental na Unipampa.
No Janeiro Branco, não podemos deixar passar em branco a reflexão ampla e aprofundada sobre os aspectos coletivos que dizem respeito à nossa saúde mental. Que possamos repensar constantemente nossas práticas no trabalho, vislumbrando a Unipampa acolhedora, plural e inclusiva que devemos construir sempre e cada vez mais.
Saúde mental não se restringe a Janeiro Branco ou a Setembro Amarelo. Saúde mental é um papo para todos os meses do ano.