A combinação entre educação e comunicação como ferramenta para combater o racismo e promover a cultura negra foi tema do debate da manhã de hoje (29) no Festival Afrolatinas. Na avaliação da coordenadora do Projeto RS Negro, Sátira Machado, apesar da educação brasileira registrar algum avanço no ensino da cultura negra nos últimos anos, há uma lacuna na formação dos comunicadores nas faculdades e universidades em relação às questões de raça. O Latinidades vai até domingo (31), em Brasília.
“Existe uma lacuna na formação dos comunicadores e comunicadoras na relação de gênero, raça e etnia. Acho que o quê acontece muitas vezes é que os professores também não tiveram essa formação, então, eles não entendem porque é importante abordar a história africana, afrobrasileira, a cultura, a diversidade”, disse Sátira Machado. E completou “você não abordar essas questões é invisibilizar a igualdade e manter um status quo de não negros, de negros, de indígenas, de ciganos”. Segundo ela, a comunicação é estratégica para adquirir e garantir direitos.
Um exemplo de integração entre a valorização da história e cultura negra e a educação é o projeto de afroalfabetização Adeola – Princesas e Guerreiras que foi apresentado aos participantes do Afrolatinas. Pelo projeto, duas jovens de Sorocaba (SP) fazem apresentações em escolas representando princesas guerreiras africanas e usam histórias baseadas em contos africanos para abordar o protagonismo feminino, a representatividade negra, a ancestralidade e a desconstrução de preconceitos formadores do racismo.
Uma das coordenadoras do projeto, Denise Teófilo, conta que é imediata a reação das crianças e o encantamento com as princesas negras. “Temos tantas princesas brancas numa amostragem que não nos representa e perceber o olhar das crianças para a princesa negra é muito impactante. Elas perceberem que a princesa é negra e é guerreira, que toca o berimbau, é do povo Bantu”.
Na programação do Festival Latinidades estão previstos debates, conferências, lançamentos de livros, oficinas, cinema, feiras e shows, além de outras atividades. A programação completa está disponível no site www.afrolatinas.com.br. Organizado pelo Instituto Afrolatinas, o evento deste ano tem a parceria da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e patrocínio do governo do Distrito Federal.
Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2016-07/latinidades-faltam-educadores-para-combater-racismo-e-promover