Precisamos falar sobre Leptospirose

No Rio Grande do Sul, os casos de leptospirose ainda seguem em elevação em virtude da emergência climática de maio e da permanência do cenário de chuvas, dificultando alguns reparos para que a água possa escoar e, consequentemente, causando novos alagamentos e exposição da população que reside nas cidades afetadas. 

A leptospirose é uma doença infecciosa febril transmitida pelo contato com a urina de animais infectados, principalmente roedores, pela bactéria leptospira. A bactéria pode penetrar no corpo por meio de cortes, arranhões, olhos, nariz, boca ou pele íntegra imersa por longos períodos em água ou lama contaminada.

Para reduzir o risco de contaminação, é primordial: cobrir cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água; não andar descalço; usar luvas e sapatos impermeáveis; evitar nadar, tomar banho ou ingerir água que possa estar contaminada. 

Além da prevenção, é importante estar atento aos sintomas da doença: febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente panturrilhas), falta de apetite, náuseas/vômitos. Caso apresente qualquer um deles, busque avaliação profissional. Os sintomas surgem normalmente de 5 a 14 dias após a contaminação, podendo chegar a 30 dias. Lembramos que a leptospirose tem tratamento no Sistema Único de Saúde. Se precisar, não hesite, vá até o serviço de saúde mais próximo!

Impactos do cenário de emergência climática do RS na saúde mental

Neste post, daremos continuidade ao conteúdo do dia 23/05, trazendo reflexões e recomendações sobre os possíveis impactos emocionais do cenário de emergência climática no Rio Grande do Sul.

As reações mais comuns em situações de desastre são: tristeza, angústia, medo, insegurança, isolamento social. As consequências do trauma podem incluir: falta de amor-próprio e respeito, falta de confiança nos outros e falta de continuidade. Além disso, a fadiga por compaixão ou estresse secundário é um conjunto de sentimentos, sensações e até sintomas que podem acometer pessoas que estão expostas cotidianamente a histórias de outras pessoas em dor e sofrimento, principalmente em uma relação de cuidado. 

Muito comum de ser vivenciado por profissionais da área da saúde, por voluntários que atuam em situações de crise e tragédia como vemos acontecer nesse momento, o estresse secundário pode levar a sentimentos de desesperança e de desconexão com o próprio bem estar e também outros quadros de adoecimento como depressão, ansiedade e transtorno do estresse pós traumático. 

Assim como a pandemia da Covid-19, as enchentes no Rio Grande do Sul são cenários tristes e que geram sensações parecidas, como ansiedade, medo e cansaço. Milhares de pessoas estão em abrigos e com a funcionalidade da vida afetada, impactando a saúde mental. Além disso, mesmo quem não foi diretamente afetado pelas cheias pode sentir de forma profunda o impacto dos acontecimentos. A reação emocional a tudo isso pode afetar, consequentemente, a capacidade de concentração e produtividade.

Gostaríamos de ressaltar o quanto a sensibilidade e a flexibilidade dos gestores da UNIPAMPA é importante nesse momento e continuará sendo imprescindível para o gerenciamento do trabalho pós-tragédia, especialmente daqueles servidores que foram atingidos de alguma forma pelas inundações em nosso estado.

Confira abaixo algumas dicas simples e eficazes que preparamos para ajudá-lo(a) a lidar com essas emoções durante esse período desafiador:

📌 Estabeleça uma rotina: Manter uma rotina diária estruturada pode trazer um senso de normalidade e segurança em tempos de incerteza. Tente manter horários regulares para dormir, comer e se exercitar sempre que possível.

📌 Pratique a respiração consciente: Reserve alguns minutos do seu dia para praticar a respiração consciente. Inspire profundamente pelo nariz, segure por alguns segundos e expire lentamente pela boca. Isso ajuda a acalmar o sistema nervoso e reduzir a ansiedade.

📌 Limite a exposição às notícias: Embora seja importante se manter informado sobre a situação, a exposição excessiva às notícias pode aumentar a ansiedade. Estabeleça limites saudáveis e desconecte-se quando sentir que está ficando sobrecarregado(a). A “infoxicação” surge quando as pessoas passam a maior parte do tempo lendo notícias e sendo impactadas por elas.

📌 Busque apoio social: Converse com amigos, familiares ou profissionais de saúde mental sobre seus sentimentos. Compartilhar suas preocupações pode ajudar a aliviar o peso emocional que você está carregando.

📌 Pratique a autocompaixão: Seja gentil consigo mesmo(a) e reconheça que é normal sentir-se ansioso(a) em situações como essa. Dedique tempo para cuidar de si mesmo(a) e faça coisas que o(a) façam sentir-se bem.

📌 Voluntariado: Se sentir-se capacitado(a) e seguro(a), considere envolver-se em trabalho voluntário para ajudar as vítimas do desastre. Oferecer seu tempo e esforço pode trazer um senso de propósito e conexão com a comunidade.

📌 Busque ajuda profissional: Se sentir que sua ansiedade está interferindo significativamente em sua vida diária, não hesite em buscar ajuda com profissionais de saúde mental. Caso necessário, conte com o Serviço de Psicologia da PROGEPE, para acolhimento e orientações, através do e-mail: psicologia.progepe@unipampa.edu.br.

Confira nos cards em anexo algumas recomendações sobre como acolher as vítimas em situações de desastres (Card 1 e Card 2).

Orientações referentes à Saúde diante da Emergência Climática no RS

Infelizmente, o Rio Grande do Sul enfrentou uma emergência climática histórica neste mês. Muitos municípios decretaram estado de calamidade decorrente das enchentes, inundações e deslizamentos de terra recentes que impactaram a vida de muitas pessoas. 

Grande parte da população atingida está abrigada em locais seguros, aguardando a baixa da água em locais afetados, como residências e comércios. Essa trégua das águas representa a esperança pela retomada aos locais atingidos e o início da limpeza e tentativa de recuperar móveis, eletrodomésticos, vestuários e memórias afetivas.

Entendendo a importância de que esse processo seja realizado de forma segura, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) traz algumas recomendações da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) sobre questões primordiais para a manutenção da saúde da população gaúcha. 

A todos os indivíduos que tiveram exposição à água das enchentes, a SES/RS recomenda atenção redobrada à saúde pelo risco de contaminação por leptospirose, doença infecciosa causada pela bactéria Leptospira, cujo contágio pode ocorrer a partir da pele com lesões ou mesmo pele íntegra, se imersa por longos períodos em água contaminada. O período para surgimento dos sintomas pode variar de um a 30 dias. Infelizmente, já houve registro de óbitos no Estado relacionados à essa patologia.

Além da leptospirose, existe o risco de contaminação pela Hepatite A (infecção transmitida por meio da ingestão de alimentos e/ ou água contaminada), Tétano (transmitido por meio da contaminação de um ferimento da pele ou mucosa no (a) qual ocorra penetração da toxina produzida pela bactéria Clostridium tetani) e Dengue (transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti, que se prolifera em ambientes e locais com água parada). Para a prevenção dessas doenças, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta vacinas, conforme faixa etária e/ou grupos de risco. Para orientações quanto aos imunizantes, é recomendado acesso ao serviço de saúde mais próximo. 

Pela semelhança dos sintomas das doenças, é fundamental buscar avaliação profissional para diagnóstico e tratamento diante de quaisquer alterações no organismo, principalmente sintomas como: febre, dor de cabeça, fraqueza, rigidez muscular, dores no corpo e calafrios.

Para acesso, desobstrução e limpeza das casas, móveis e demais itens em locais atingidos pelas enchentes, sobretudo aqueles nos quais ainda há acúmulo de água, a SES/RS orienta o uso de botas e luvas de borracha, e roupas que protejam todo o corpo. Para essa desinfecção, além do uso de água e sabão, é recomendado a utilização  de cloro ou outro produto capaz de desinfetar os objetos. Alimentos ou materiais que não possam ser utilizados devem ser descartados por segurança. 

A SES/RS também destaca o aumento do risco de acidentes com animais peçonhentos (cobras, escorpiões e aranhas). Para se proteger é fundamental evitar tocar diretamente em frestas de madeira, gavetas, caixas, entulhos e/ou quaisquer objetos que estejam locais com pouca iluminação; recomenda-se, inicialmente, usar um cabo de vassoura ou outro objeto para verificar se o local está seguro. 

Destacamos que a DASST está disponível para suporte psicológico aos servidores que foram vitimados, de forma direta ou indireta, pela emergência climática. 

Sabemos que os desafios para a reconstrução do Estado são imensos. Desejamos que em breve a população atingida possa superar cada etapa desse momento tão delicado de nossa história.

Impactos do cenário de emergência climática do RS na saúde mental

Estamos vivenciando em nosso estado, como todos sabem, um desastre climático sem precedentes. Trata-se de um evento potencialmente estressor e traumático, que poderá gerar consequências no âmbito da saúde mental. Diante disso, a Divisão de Atenção à Saúde e Segurança do Trabalho (DASST) vem compartilhar algumas reflexões e recomendações sobre os possíveis impactos emocionais do cenário atual.

O conteúdo será dividido em dois envios. Nesse primeiro e-mail, abordaremos tópicos como: ansiedade climática, luto coletivo, sentimento de impotência, infoxicação e o impacto emocional de um evento traumático.

O termo “ansiedade climática” é definido pela Associação Americana de Psicologia como um medo crônico de catástrofes ambientais, envolve sentimentos de pesar, raiva, culpa e até vergonha. E como estamos falando de um prejuízo em decorrência do descuido humano com o clima, o sentimento de responsabilidade (enquanto humanidade) agrava o processo que atinge a saúde mental. 

O trauma que se instaura ocorre porque rompe a noção de normalidade de funcionamento da vida. Claro que para quem é vítima o dano é bem mais profundo, mas todos seremos atingidos de alguma forma. Estudos realizados no Reino Unido mostram que o risco de ser afetado por problemas psicológicos de longo prazo é até 8 vezes maior em quem vivenciou a inundação.

Um processo frequente em desastres é o luto coletivo, em que muitas pessoas experienciam e compartilham o sentimento de luto ao mesmo tempo, ainda que não tenham sido diretamente atingidas pelo evento crítico. O luto pode estar relacionado a diferentes tipos de perdas, não necessariamente a morte de alguém, mas também a perda de bens materiais que tinham um valor simbólico para cada pessoa. As pessoas atingidas experienciam a perda do mundo presumido, em que são afetadas as interpretações sobre o passado, as vivências no presente e as expectativas para o futuro. É necessário, portanto, reaprender e ressignificar o mundo.

O luto é um processo normativo de adaptação a uma perda significativa. Trata-se de um processo que envolve dor, desinteresse social, incapacidade para trabalhar e amar, em função de um investimento psíquico em torno daquilo que foi perdido, assim como em relação a tudo o que se situa direta ou indiretamente atrelado ao que se perdeu. É quem vive o luto que sabe da importância daquilo que foi perdido para a sua vida. Portanto, comparações entre indivíduos e suas perdas não devem ser realizadas.

Além disso, é comum o sentimento de impotência entre as pessoas que não foram diretamente atingidas, pelo fato de não ser possível ajudar mais diretamente, mesmo que haja diferentes formas de ajudar, até mesmo à distância, como divulgar informações e fazer doações. Inclusive a culpa pode se fazer presente, na medida em que seguimos nossa rotina e até comemoramos alguma conquista pessoal. Mas, na verdade, o autocuidado é importante nesses momentos, assim como manter uma rede socioafetiva e realizar atividades prazerosas.

O excesso de informações – ou infoxicação – que recebemos através dos meios de comunicação podem gerar uma sobrecarga mental, por isso precisamos nos conectar com isso em forma de ação, a fim de gerar um canal de reabastecimento e de escoamento desse estresse. Se ficarmos imersos nas notícias, focando nosso pensamento nisso, nos tornamos mais suscetíveis a sucumbir ao estresse. Precisamos pendular, ou seja, nos conectar de alguma forma, pois não é possível se alienar ao que acontece no mundo, mas estabelecer limites e encontrar nossa própria válvula de escape.

Para os indivíduos e a comunidade, o impacto emocional de um evento traumático é profundo. Todos respondem de alguma forma a eventos estressantes e é saudável responder. É natural se sentir confuso diante da mudança repentina nas emoções e até mesmo ter sentimentos contraditórios, como por exemplo, sentir culpa e alívio (pelo fato de estar em segurança), ao mesmo tempo. Mas cada sentimento tem seu espaço e pode nos ensinar algo valioso sobre nós mesmos e sobre como lidamos com situações de pressão e sofrimento.

Confira nos cards algumas recomendações sobre como acolher as vítimas em situações de desastres (Card 1 e Card 2).

A continuação desse conteúdo será enviado na data de 29/05, onde será abordado sobre: as reações mais comuns em situações de desastre, as consequências do trauma, a importância da sensibilidade e flexibilidade dos gestores da UNIPAMPA nesse momento, bem como algumas dicas sobre como lidar com as emoções durante esse período desafiador.


Caso necessário, conte com o Serviço de Psicologia da PROGEPE, para acolhimento e orientações, através do e-mail: psicologia.progepe@unipampa.edu.br.