Por Graciéle Pereira Souza
A Covid19 chegou fazendo o mundo parar literalmente, olhar para si e para aqueles mais frágeis parece fundamental nesses tempos pandêmicos. O vírus foi identificado na China no final de 2019 e se espalhou pelo mundo, seu contágio é assustadoramente rápido e de alta letalidade, sem remédios ou vacinas até o final de 2020, afetando principalmente os idosos, pessoas com doenças crônicas como hipertensão, diabetes, cardiopatias, imunossuprimidos. Cabe-nos adaptarmos a essas mudanças na rotina, conviver com as incertezas.
Os impactos psicológicos mentais dos trabalhadores da saúde, que todos os dias deixam de cuidar das suas famílias para cuidar dos entes queridos de outras famílias, sejam mães, pais, tios, primos, avós etc. é notório. Pelo fato de não terem opção, devido ao decreto da Pandemia da Covid 19, os profissionais da saúde ficam impossibilitados de tirar folgas, e gozarem suas férias, neste cenário somente aqueles que possuem doenças crônicas, mediante atestado médico são dispensados.
Mas, se esses “heróis” pudessem escolher, certamente estariam nos seus lares vivenciando o “distanciamento social”, cuidando-se com a higienização que até o presente momento são formas para conter o contágio da Covid19. O medo de ser infectado, infectar terceiros, suas famílias – quer mais precioso do que a vida dos nossos – seguido da falta de suprimentos medicamentosos e equipamentos de proteção individual (EPIs) para trabalhar deixa os desconfortáveis, vulneráveis ao contágio, inseguros.
Pânico? Sim, pânico! Disseminado por alguns profissionais, deixando a equipe mais vulnerável, tornando o ambiente de trabalho inseguro e hostil; afetando o convívio e intensificando as emoções negativas. Sentimento de impotência diante dos fatos, da crise generalizada, que nos ronda, beirando o caos da saúde pública, acentuado ainda pelas notícias veiculadas na mídia em grande escala.
Certamente manter-se atualizado com os acontecimentos se faz necessário, no entanto, assistir e escutar os noticiários manhã, tarde e noite, vivenciar esses acontecimentos 24 horas, certamente não é saudável, os sentimentos negativos minam a cabeça de qualquer pessoa por mais forte que esta seja.
O profissional da saúde quando possui informação clara, precisa e organizada, protocolos que são de fato executados pelo gestor, sente-se mais confortável psicologicamente para se cuidar e cuidar daqueles que dependem de seu trabalho. Amparados sabem como atuar mesmo no “olho do furação”.
Carinhosamente chamados de “heróis da saúde”, aplaudidos nas janelas e sacadas das casas e apartamentos em várias cidades, esse reconhecimento ameniza, porém, não afasta os sentimentos negativos de medo, ansiedade e stress, vivido cotidianamente, pelos profissionais, diante do novo vírus tão pequeno, mas, que causa prejuízo à saúde mental em longo prazo, como visto em outras epidemias/pandemias.
Heróis que inúmeras vezes informam, explicam, pedem, suplicam a sociedade que os ajude a ajudar aqueles que mais precisam de seus cuidados. E qual a resposta da sociedade? minimizam e colocam em xeque as recomendações desses profissionais, causando uma sensação de ineficácia, de dever não cumprido.
Viralizaram nas mídias a frase: “Fique em casa nós estamos aqui por você!”. Estudos mostram que os profissionais que atuam em desastres, surtos, epidemias, pandemias onde o medo torna se excessivo ocasiona quadros de ansiedade, depressão, perda apetite, perda da qualidade do sono, aumento no uso de drogas lícitas e ilícitas entre outros distúrbios das formas mais leves às mais severas, pesquisas demonstram que as mulheres são atingidas severamente quando se trata da saúde mental.
Para não perder o foco e manter-se forte diante dessa situação nova amedrontadora para muitos, algumas recomendações dos órgãos de saúde são:
- Manter a rotina;
- Alimentação saudável;
- Atividade física regularmente;
- Ler livro;
- Procurar ajuda nos colegas e familiares;
- Meditar, através das diversas técnicas terapêuticas mandala, yoga;
- Aprender idioma;
- Fazer atividades manuais, pintura, tricô, crochê etc.
Concluiu-se que será necessário cuidar da saúde mental da população em geral e termos um cuidado redobrado com os “heróis da linha de frente”, pois, esses transtornos psicológicos demandará de políticas públicas no âmbito do SUS para saúde mental, e que as práticas integrativas da saúde torne-se realidade em todas as unidades de saúde do Brasil, no intuito de sanar essa dívida moral com esses profissionais que arriscam suas vidas para cuidar daqueles que precisam de cuidados hoje, pois, essa doença não espera, pelo contrário evolui rapidamente. Cuidar de quem cuida, durante e pós-pandemia, cujos impactos não sabemos quais serão, apenas são estimados estatisticamente. Um campo a ser explorado através de pesquisas e estudos nas áreas sociais e saúde mental.
Graciéle Pereira Souza
Graduada em Pedagogia-Licenciatura pela ULBRA. Especialista em Educação Especial e Inclusiva pela UNISANTA.
Graduanda do curso Bacharel Interdisciplinar em Ciências e Tecnologias da UNIPAMPA-Itaqui-RS.
http://lattes.cnpq.br/0578594221593657
Referências:
https://www.researchgate.net/profile/Felix_Kessler2/publication/340442412_Pandemia_de_medo_e_COVID-19_impacto_na_saude_mental_e_possiveis_estrategias/links/5e893140299bf130797c84f4/Pandemia-de-medo-e-COVID-19-impacto-na-saude-mental-e-possiveis-estrategias.pdf
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares
https://701bbf93-7519-4b54-9d8d-fb3f4a37c06.filesusr.com/ugd/be5458_6a05890aac064b59a1983784b269a83b.pdf página 126.
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