Arquivo da categoria: CiênciAção Mulher

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Por Nathálie Debus Borges

Meu nome é Nathálie Debus Borges, tenho 23 anos, sou Bacharela Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BICT) pela UNIPAMPA, campus Itaqui e atualmente estou cursando Direito na UNIPAMPA, campus São Borja. Faço parte da equipe do CiênciAção e do Comitê de Gênero e Sexualidade do campus Itaqui, o Momento dElas. Fiz também, durante a minha graduação no BICT,  parte do Núcleo de Estudo Afro Brasileiros e Indígenas (NEABI) do campus Itaqui.

Foi no grupo Momento dElas que comecei minha trajetória acadêmica na pesquisa e na extensão na área de estudos de gênero, participei de alguns eventos como o Desfazendo Saberes de Gênero, em 2018, o Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE), nos anos de 2019 e 2020, no ano de 2020 como bolsista de extensão do grupo, em 2020 do I Seminário On-line de Estudos Interdisciplinares. Fazer parte do Momento dElas me permitiu conhecer mulheres que compartilhavam das mesmas inquietações que eu acerca das relações de gênero e fortalecer meu conhecimento sobre o feminismo e suas vertentes. O que foi um fator determinante na escolha do tema do meu Trabalho de Conclusão de Curso e na minha formação enquanto mulher feminista.

Defendi meu TCC em setembro de 2021, obtive aprovação com 9.82 de nota final, a banca de defesa foi composta pelo professor Gabriel dos Santos Kehler e pela Mestra Tamires Santana Peixoto. O trabalho intitulado de Análise de Discurso Crítica: A Objetificação da Mulher em Propagandas de Cerveja apresentou resultados do projeto de pesquisa Construção e (re)construção da imagem da mulher em propagandas de cerveja que teve como objetivo principal analisar propagandas de duas marcas de cerveja brasileiras veiculadas no anos de 2009 e 2019. A ideia era verificar se houve alguma mudança na forma em que a mulher brasileira era representada na mídia por meio da publicidade da indústria cervejeira, já que no ano inicial do recorte mostrava-se um padrão sexista atrelando a mulher à noção de “objeto a ser consumido”, tal qual a cerveja. A pesquisa ainda procurou desvelar determinados padrões estéticos e antropométricos e de valores patriarcais que fazem a manutenção da dominação masculina pelo e no discurso e como o discurso influencia no imaginário social da sociedade. Ou seja, como acaba influenciando na construção da definição de mulher. Foi utilizada como metodologia a Análise de Discurso Crítica para realizar as análises das propagandas a partir dos conceitos de poder, ideologia, hegemonia e a intertextualidade e interdiscursividade segundo Fairclough sob a orientação da professora Cristina dos Santos Lovato. Os resultados mostraram que ao fazer uma leitura desatenta das propagandas se pode sugerir que houve mudança na representação da mulher, entretanto, a mudança mostrada pela indústria cervejeira é rasa pois foram mudadas somente as estratégias de abordagem ao público. Nos resultados das análises foi possível perceber que as propagandas continuam utilizando o discurso padrão patriarcal, androcêntrico e eurocêntrico, sendo esse seu público-alvo. A diferença de 2009 até os anúncios mais atuais é a mudança em como o discurso se articula com o intuito de velar os antigos valores que continuam reproduzindo.

Texto do TCC: https://drive.google.com/file/d/1ldpPWI7XnCUuecJvuzlpexjPnVYHJZJu/view?usp=sharing 

Contato: nathalieborges.aluno@unipampa.edu.br

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CiênciAção Mulheres

Por Equipe CiênciAção Mulheres

Em outubro de 2021 foi publicado o livro digital Gênero, sexualidade e diversidade: perspectivas interdisciplinares 2. Tendo como autoras do capítulo 3 a coordenadora do grupo Momento dElas, Cristina dos Santos Lovato e as integrantes do grupo Vanessa Salaibe Motta, Nathálie Debus Borges e Nitielle Floriano Dias.

O capítulo intitulado de Simone de Beauvoir e Judith Butler: Encontros e Desencontros parte de uma análise centrada em duas obras consideradas referência para a crítica feminista em diferentes épocas O segundo sexo e Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Busca demonstrar que apesar das divergências e contrapontos entre as teorias desenvolvidas pelas filósofas acerca de conceitos de gênero, mulher e feminismo, há um ponto em comum entre elas: a imensa relevância do feminismo enquanto ação política destacada nas obras.

Sendo o feminismo um campo de estudo e de ação que está sempre se reconstruindo e se reestruturando de acordo com as demandas culturais do contexto histórico, ambas as teorias ocupam papel importante na construção e no direcionamento de um movimento social, político e teórico correspondente que atenda as pautas necessárias.  

Link do livro: https://repositorio.unipampa.edu.br/jspui/handle/riu/6054

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A mulher de Sanchuri

Sabemos da importância das mulheres para a família, para a sociedade e para o trabalho. Contudo, aqui vimos expressar sobre a realidade das mulheres da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, mais precisamente as mulheres do campo. Aquelas que criam seus filhos em meio às dificuldades, aquelas que moram nos mais longínquos rincões, que acordam cedo sempre até mesmo nos dias de geada fria de inverno, aquelas que na beira do asfalto esperam o ônibus “pinga-pinga” para irem até a cidade fazer compras, aquelas que andam a cavalo, as que carpem e preparam a horta, as que varrem o terreiro com vassoura de guanxuma, as que tiram água do poço, as que pescam na beira do açude, as que colhem macela na sexta-feira santa, as que nas noites de lua temem a “mãe do ouro” (bola de fogo que aparece nos campos segundo as crendices e relatos populares), as que benzem de quebranto, as que cuidam e alimentam os animais, as que comem bergamota no sol, as que, em roda do fogão a lenha, tomam chimarrão para espantar o frio, as que, com os rostos empoeirados nos bretes das lavouras, apreciam a natureza, as que olham as coxilhas e o revoar das perdizes.

Além disso, essas mulheres cuidam dos filhos, da casa e do marido, mesmo eles trabalhando de granja em granja na labuta constante. E ressaltamos aqui que, durante essa pandemia, elas enfrentaram os desafios de reaprender para poder auxiliar os filhos, algumas  buscaram o auxílio emergencial e, ao o receberem, fizeram o milagre da multiplicação, sim! Essas mulheres fazem milagres e se reinventam na cozinha para garantir o almoço de sua família! Elas enfrentam as agruras que a fronteira traz consigo, as características e a distância  própria da região.  O município de Uruguaiana na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul é uma referência dessa fala, na localidade do 5º distrito Barragem Sanchuri, que fica em torno de 40 Km do centro da cidade, há um público atendido pelo Centro de Referência de Assistência Social, um grupo formado na sua maioria por mães que buscam por meio da garantia de direitos o auxílio para essa tarefa de GARANTIR DIGNIDADE A ELAS E AOS FILHOS E AOS OUTROS.

Em meio a isso, direcionamos o olhar para o que podemos fazer mais, e pensamos que primeiramente devemos buscar a aproximação das comunidades rurais e junto a essas mulheres elaborarmos rodas de conversa e grupos de apoio, pois, durante a lida, sempre que se pode fazer um intervalo, deixar um espaço para a fala e abrir um momento para o registro dessa experiência que para outros é tão desconhecida. Ser mulher, isolada pela distância, equilibrar orçamento doméstico, cuidar das tarefas de escola, adquirir renda extra com a venda de produtos da criação e pequena produção de horti, e a confecção de doces da agricultura familiar deve e merece ter o seu reconhecimento. Com certeza, essas mulheres têm muito a nos ensinar, mesmo elas não dispondo de muita instrução e recursos tecnológicos são mulheres valorosas que têm muito a nos dizer com a sabedoria campeira e merecem nosso respeito e admiração.

A poesia abaixo é de uma mulher fronteiriça da cidade de Itaqui, acadêmica do curso de Nutrição, e deixamos como provocação para que busquemos esses talentos também em lugares onde é difícil chegar.

Mulher gaúcha e fronteiriça

Mulher gaúcha que por vezes muitas
seus feitos heroicos nunca foram contados
porque o machismo que impera é muito
e pra mulher tudo é limitado

Mas nos relatos dos historiadores
só a Anita é sempre lembrada
esquecem-se dos tempos passados
em que Manuela era empoderada

Porque na guerra os homens eram os fortes
sua bravura era a força do braço
mas em suas casas suas mulheres eram as valentes
eram seu refúgio em meio ao cansaço


As ideias firmes vinham da cozinha
saíam das mentes que usavam vestidos
que eram repassadas em meio as carícias
que suas esposas davam aos seus maridos
Depois as medalhas e todas as honrarias
eram dadas aos homens sem nem explicar
a batalha vencida por calças e espadas
a mulher que era a sábia esperava no lar
Na fronteira se vê de longe
O olhar corre nos campos
da mulher raíz da terra
com a rudez e o encanto
pele morena do sol
mãos firmes e sorriso franco


São elas mistura feita
brasileira e castelhana
cruzadas também com índios
formaram a raça a pampeana
outras de origem europeia
com os olhos verdes de mar
e as negras sorriso largo
beleza espetacular
todas se arrinconaram
na fronteira acolhedora
pra construir seu lar

Os tempos mudaram somente em palavras
porque as conquistas ainda não são contadas
os homens mais ricos e poderosos da terra
buscaram na mulher pra guiar sua estrada.

Elizandra Guarizi Pereira de Godoy (Acadêmica do 8º semestre de Letras), Maria Isabel Corrêa de Lima (Acadêmica do 4º semestre de Nutrição) e Mariane Larissa Lima Debus (Acadêmica do 8º semestre de Letras).

Versão do texto em .pdf: A Mulher de Sanchuri

GT Mulheres na Ciência da Unipampa

Desde novembro de 2020, a UNIPAMPA conta o GT Mulheres na Ciência da Unipampa.

No vídeo, a Professora Eliade Lima apresenta as principais frentes de atuação do GT. Para assisti-lo.

Para acompanhar o GT Mulheres na Ciência da Unipampa visite o site Mulheres na Ciência da Unipampa , siga o perfil oficial no Instagram @mulheresnaciencia.unipampa ou entre em contato pelo email: mulheres-na-ciencia@unipampa.edu.br

Versão do texto em pdf.

Grupo Feminista Momento dElas: entre ativismo e teoria

Estamos cruzando a ponte. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que a travessia é esse imenso caminho chamado revolução feminista. E a nossa luta, materializada no Grupo Feminista Momento Delas – com objetivo teórico, acadêmico, afetivo e solidário – é a nossa ferramenta de poder. Nosso núcleo é formado por 12 pessoas, atualmente. Pesquisadoras, Docentes, Discentes, Advogada, Jornalista, Bacharel em Ciência e Tecnologia. É nessa multiplicidade de vivências que chegamos aqui, nesse espaço de construção e reconstrução epistemológica do feminismo e suas vertentes para conhecer, debater e produzir conhecimento científico. 

Com isso, não ignoramos as nossas experiências pessoais. A cada percepção do machismo cotidiano, a cada tentativa de silenciamento, a cada apagamento e a cada assédio sofrido ou presenciado, estamos tomando consciência das injustiças no que diz respeito ao gênero. Constituídas como grupo, em nosso lugar de pesquisadoras e ativistas, estamos situadas dentro de um movimento intelectual e político no campo de um dos mais importantes movimentos sociais do século XX que é o feminismo. Nessa linha de pensamento, as teóricas feministas trazem para nós a dimensão do cotidiano – as diferentes experiências das mulheres, com suas histórias de vida marcadas pelos seus lugares no mundo.

Simone de Beauvoir, Judith Butler, Rebecca Solnit, Márcia Tiburi, Chimamanda Ngozi Adichie, entre outras, mulheres, pesquisadoras, intelectuais, teóricas que compuseram nossas principais referências ao longo deste ano. Embora marcado pelo distanciamento social, o ano de 2020, para o Momento dElas, foi de aproximação – mesmo que virtual–. Desde o início desse ano, promovemos reuniões em grupo, reunião com os poderes legislativo e judiciário, em Itaqui, com intuito de sugerir políticas públicas voltadas às mulheres, produção de artigos científicos e capítulo de livro e, por fim, ampliamos nossa rede virtual e, agora, juntamente com os demais campi da Unipampa, montamos um grupo de partilha de saberes – com estudo de livros, documentários, podcast etc.

O Momento dElas surgiu a partir do Grupo de Estudos #HeForShe, projeto de extensão vinculado à Comissão de Gênero e Sexualidade da Unipampa, Campus Itaqui, e ao Grupo CNPq de Pesquisa e Extensão Cultura, Linguagem, Sociedade e Educação. Atualmente, o projeto conta com três bolsas vinculadas ao Programa de Fomento à Extensão. O objetivo do grupo é proporcionar palestras e debates criando um ambiente em que a comunidade acadêmica discute com a comunidade externa assuntos relacionados a gênero e à violência contra a mulher em apoio à Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e Empoderamento das Mulheres. 

Nosso próximo passo, já iniciado este ano, é contribuir com o Projeto CiênciAcão, por meio do CiênciAção Mulher, espaço destinado a divulgar a produção científica do grupo Momento dElas, mas, sobretudo, ser um local de acolhimento de relatos de mulheres que tenham sido desrespeitadas, violadas, violentadas em espaços institucionais, como a Universidade. 

Nosso lema para hoje e para sempre: Ouça as mulheres!