Arquivo da tag: HQ

Assassino na casa (2019), de Fábio Vermelho

por Walker Douglas Pincerati.


Assassino na casa
não é uma estória para crianças, nem pra se ler a meia noite…. 

É brutal – impudente – indecente! 

Fábio Vermelho, com seu traço inconfundível, conta em sua zine, uma HQ, uma história de uma série de assassinatos que não deixam vestígios. Nesta história, a jovem e voluptuosa Lorraine cuida por uma noite de Tim, um garoto que fica em casa porque os pais saíram. A babá, porém, bota o guri para dormir cedo e deixa Adam, seu namorado, entrar para fumar um baseado e escutar umas músicas… Mas o assassino está na casa e mata Adam rápido e implacavelmente com um puta golpe de faca bem no meio da testa.

Se pintou a curiosidade para saber e ver como acontece esse assassinato, vale a pena adquirir a zine.

O Fábio Vermelho é o roteirista e o desenhista de suas próprias histórias. É ilustrador e cartunista. Mais importante: é um dos nossos artistas. 

Recentemente publicou pela Editora Veneta Eu Fui um Garoto Gorila. 

Tem HQs desenhadas e narradas tanto em português quanto em inglês em sua lojinha: www.lojinhadaweirdworks.iluria.com, onde também está à venda Assassino na casa.

 

Versão do texto em *pdf: clique aqui.

Meu trabalho nota 10: Karina Brisolla

Por Karina Brisolla

“O desenho do corpo, o corpo que desenha: traçando um devir entre os quadrinhos brasileiros e a educação” é um corpo-texto nascido da pesquisa que desenvolvi para a conclusão do Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa. Neste trabalho, revisito a relação do ser humano com o ato de desenhar, objetivando articular uma reflexão teórica-política-cultural acerca da utilização das histórias em quadrinhos (HQ) em espaços escolares com vistas ao desenvolvimento do indivíduo, tanto das aptidões artísticas quanto do (re)conhecimento de sua identidade e subjetividade. 

Para tanto, realizei uma revisão bibliográfica da História das HQ, priorizando referenciais teóricos brasileiros. A revisão partiu da constituição do campo até sua utilização em sala de aula. Para fundamentar essa discussão, utilizei leis e políticas públicas do âmbito educacional brasileiro – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Parâmetros Curriculares Nacional PCN’s), Programa Nacional de Biblioteca na escola (PNBE) e Lei nº 11.645 –. 

A respeito da análise efetuada, ficou evidente haver uma ruptura com o ato de desenhar após a aquisição da escrita. Tornou-se nítido também, o fato de que na educação formal os quadrinhos têm sido utilizados majoritariamente como atração de leitores, e ao esmiuçar os dados do PNBE, pude constatar que a maioria dos quadrinhos presentes nas escolas não são de origem brasileira. Assim, a partir da pesquisa realizada, pode-se concluir que estamos sendo educados dentro de outra matriz simbólica que não a nossa. Ou seja, que estamos sendo educados para conhecer as histórias, segundo à subjetividade e traços dos outros, não os nossos. 

Diante do exposto, o grande desafio que me salta aos olhos é encontrar formas para combater a impossibilidade de acesso à nossa própria raiz histórica e cultural. Sabendo que os quadrinhos são uma expressão artística com raízes na cultura de massa, os enxergo enquanto verdadeiras (e potentes) armas nessa “guerrilha epistêmica” (RUFINO, 2019, p. 10) travada no ambiente escolar. Isto é, defendo que os quadrinhos brasileiros quando utilizados em sala de aula, são fortes combatentes contra a perpetuação do epistemicídio de conhecimentos que não são reconhecidos como tais ou são inferiorizados pelos saberes universalizantes.

Encerro aqui, pontuando que, em suma, nas páginas da pesquisa desenvolvida, você encontrará uma pincelada sobre a Histórias das histórias em quadrinhos, o desenvolvimento de seu mercado, as dificuldades e avanços no que tange à relação da linguagem com o meio educacional, e também, sua relação – ou a ausência de uma relação – entre Lei e políticas públicas educacional e cultural. 

Mas para além disso, deixo aqui meus votos de que a leitura desse corpo-texto suscite marcas que estão adormecidas ou aprisionadas pelos duros contornos da – burocrática e colonizada – vida adulta. Desejo que a leitura dessa pesquisa lhe sirva também como um convite para que você se permita borrar os contornos. Assim, essa escrita é também um convite à sua criança interior adormecida, recalcada. Desejo que ela desperte, salte e ande fora da linha e, sobretudo, que rabisque o que desejar.

Karina Constantino Brisolla é formada no Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) – Jaguarão/RS e mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Artista visual, atua profissionalmente como ilustradora e designer, confira seu trabalho aqui.

Contato: kcbrisolla@gmail.com

Versão do texto em *.pdf:  clique aqui.