Olá, me chamo Mariane Larissa Lima Debus, sou natural de Santiago/RS, mas resido atualmente em Itaqui/RS. Sou acadêmica do 8º semestre de Letras – EAD/UAB Unipampa. Venho aqui apresentar o meu Trabalho de Conclusão de Curso I, o qual desenvolvi no 7º semestre orientada pela Prof.ª Dr.ª Denise Aparecida Moser. O tema da minha pesquisa foi “A Importância do Estudo da Gramática Reflexiva: Impacto no Preconceito Linguístico”.
O referido trabalho dispõe sobre a relevância, da gramática reflexiva, visto que, presenciamos em nosso dia a dia que o uso da norma padrão caminha com a linguagem informal ou conotativa de modo que, quando estamos dialogando em uma conversa no WhatsApp ou em outras mídias sociais e aplicativos de mensagens, podemos nos valer de uma linguagem sem pré-requisitos.
Quando estamos reunidos com amigos ou familiares em um churrasco de domingo, em uma festa de aniversário ou em outra situação a qual não exige formalidades, não nos sentenciamos a utilizar a norma culta. Outrossim, uma apresentação de relatório em uma empresa, a apresentação de um trabalho acadêmico, ou qualquer outra circunstância que requeira protocolos ou determinações específicas, temos de nos embasar na norma padrão.
Sendo assim, no meu Trabalho de Conclusão de Curso I procuramos por meio de uma pesquisa qualitativa de natureza básica, com objetivo descritivo, e levantamento bibliográfico em livros, artigos científicos e demais materiais teóricos sobre a temática do estudo, analisar se a gramática reflexiva é suficiente para garantir o uso da norma padrão da Língua portuguesa sem que haja preconceito linguístico no Brasil, perceber se a gramática reflexiva permite o processo de comunicação e interação social e ponderar se a gramática reflexiva é aplicada no dia a dia.
A influência de uma universidade nas cidades onde está lotada pode ocorrer de várias formas, direta ou indiretamente. Uma das principais formas desta influência é na transmissão dos conhecimentos adquiridos para os habitantes da cidade. Dividir os aprendizados que talvez seriam aproveitados só para a comunidade acadêmica, direcionados para escolas, feiras e comunidades é uma das maneiras de retribuir para a sociedade o investimento que é feito para o ensino superior, mesmo que pouco, vindo de seus impostos.
Foi nessa perspectiva que surgiu o projeto Produção de mudas, em que utilizando um viveiro de mudas arbóreas disponibilizado pela Unipampa, foi possível repassar os aprendizados adquiridos, durante as aulas, para os mais diferentes tipos de públicos das mais diversas idades, escolaridade e situações financeiras. As mudas utilizadas no projeto, um total de mais de 2000 mudas, tiveram origem de parcerias com a prefeitura de São Gabriel, cidade onde está localizado o campus deste projeto, e a EMATER-ASCAR, em retribuição era reunido um time de alunos voluntários que plantavam as mudas em escolas e comunidades, junto a isso era realizado explicações sobre a importância das árvores, como fazer a sua manutenção e o comportamento de cada árvore plantada no local.
Além do projeto ir às pessoas, até o ano de 2019 foram realizadas diversas visitas de estudantes das mais diversas faixas etárias, desde ensino médio até mesmo a cursos técnicos, onde nestas visitas o projeto de produção de mudas, em colaboração com muitos outros projetos desenvolvidos no campus, realizou gincanas, palestras, visitas ao viveiro e diversas outras atividades voltadas à educação ambiental abordando assuntos tais como: 1. como as árvores podem se reproduzir, 2. como os animais podem ser responsáveis por espalhar as sementes dessas árvores, 3. a importância das árvores para as outras plantas e 3. muitos outros tópicos da educação ambiental. Sempre foi buscado como foco a didática e a adaptação dos materiais para cada tipo de público.
A participação em eventos, principalmente os voltados aos produtores agrícolas, foi possível graças a ajuda da EMATER-ASCAR, quando foi possível falar sobre a Unipampa, seus projetos e também sobre produção de mudas, ensinando métodos e conhecimentos difundidos na comunidade acadêmica, para pequenos e médios produtores através de conversas amistosas e informativas, trocando conhecimento com os produtores e motivando-os a conhecerem mais sobre o meio ambiente.
Porém, a importância desse projeto não é somente fora do campus, visto que a manutenção das mudas armazenadas no viveiro é feita exclusivamente pelo aluno responsável pelo projeto com o auxílio de colegas voluntários, que muitas vezes são alunos ingressantes da área ambiental que através desse manuseio das mudas tem maior contato com a natureza, que será seu campo de trabalho e também com outros alunos de diferentes cursos, assim motivando o desenvolvimento no trabalho em equipe.
Por isso minha escolha para o Trabalho nota 10 foi o projeto de Produção de Mudas, pois foi a interação com alunos do próprio campus e com a comunidade fora dele que me motivou e me ajudou a decidir cursar Engenharia Florestal. Os trabalhos externos ajudaram a popularizar a Unipampa para pessoas que um dia poderão procurar um curso na área ambiental e o viveiro de mudas ajudará a manter a parceria entre Universidade, órgãos públicos e o Município de São Gabriel. Podendo assim concluir a importância de projetos que levam o conhecimento para a comunidade como um todo, não só para a área ambiental, mas para todas as áreas de conhecimento.
Gustavo Pinto tem 20 anos e é discente do 7º semestre do curso de bacharelado em Engenharia Florestal da Unipampa, campus São Gabriel. Contato:gustavodesouzap3@gmail.com
“O desenho do corpo, o corpo que desenha: traçando um devir entre os quadrinhos brasileiros e a educação” é um corpo-texto nascido da pesquisa que desenvolvi para a conclusão do Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa. Neste trabalho, revisito a relação do ser humano com o ato de desenhar, objetivando articular uma reflexão teórica-política-cultural acerca da utilização das histórias em quadrinhos (HQ) em espaços escolares com vistas ao desenvolvimento do indivíduo, tanto das aptidões artísticas quanto do (re)conhecimento de sua identidade e subjetividade.
Para tanto, realizei uma revisão bibliográfica da História das HQ, priorizando referenciais teóricos brasileiros. A revisão partiu da constituição do campo até sua utilização em sala de aula. Para fundamentar essa discussão, utilizei leis e políticas públicas do âmbito educacional brasileiro – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Parâmetros Curriculares Nacional PCN’s), Programa Nacional de Biblioteca na escola (PNBE) e Lei nº 11.645 –.
A respeito da análise efetuada, ficou evidente haver uma ruptura com o ato de desenhar após a aquisição da escrita. Tornou-se nítido também, o fato de que na educação formal os quadrinhos têm sido utilizados majoritariamente como atração de leitores, e ao esmiuçar os dados do PNBE, pude constatar que a maioria dos quadrinhos presentes nas escolas não são de origem brasileira. Assim, a partir da pesquisa realizada, pode-se concluir que estamos sendo educados dentro de outra matriz simbólica que não a nossa. Ou seja, que estamos sendo educados para conhecer as histórias, segundo à subjetividade e traços dos outros, não os nossos.
Diante do exposto, o grande desafio que me salta aos olhos é encontrar formas para combater a impossibilidade de acesso à nossa própria raiz histórica e cultural. Sabendo que os quadrinhos são uma expressão artística com raízes na cultura de massa, os enxergo enquanto verdadeiras (e potentes) armas nessa “guerrilha epistêmica” (RUFINO, 2019, p. 10) travada no ambiente escolar. Isto é, defendo que os quadrinhos brasileiros quando utilizados em sala de aula, são fortes combatentes contra a perpetuação do epistemicídio de conhecimentos que não são reconhecidos como tais ou são inferiorizados pelos saberes universalizantes.
Encerro aqui, pontuando que, em suma, nas páginas da pesquisa desenvolvida, você encontrará uma pincelada sobre a Histórias das histórias em quadrinhos, o desenvolvimento de seu mercado, as dificuldades e avanços no que tange à relação da linguagem com o meio educacional, e também, sua relação – ou a ausência de uma relação – entre Lei e políticas públicas educacional e cultural.
Mas para além disso, deixo aqui meus votos de que a leitura desse corpo-texto suscite marcas que estão adormecidas ou aprisionadas pelos duros contornos da – burocrática e colonizada – vida adulta. Desejo que a leitura dessa pesquisa lhe sirva também como um convite para que você se permita borrar os contornos. Assim, essa escrita é também um convite à sua criança interior adormecida, recalcada. Desejo que ela desperte, salte e ande fora da linha e, sobretudo, que rabisque o que desejar.
Karina Constantino Brisolla é formada no Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) – Jaguarão/RS e mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Artista visual, atua profissionalmente como ilustradora e designer, confira seu trabalho aqui.
As abelhas desempenham um papel fundamental na reprodução das plantas, pois realizam a polinização e deste modo são um dos principais meios de perpetuação da flora e fauna silvestre. É indispensável a conscientização da relevância das abelhas no contexto econômico, social e ambiental. Por esse motivo, esse tema deve ser utilizado como parte da educação ambiental nas escolas buscando abranger a mudança de hábitos em relação às abelhas. O presente trabalho tem como objetivo conscientizar sobre a relevância das abelhas e sua contribuição para o meio ambiente, utilizando da educação ambiental como ferramenta, em escolas do município de Itaqui/RS. A atividade de educação ambiental foi realizada em duas escolas estaduais do município de Itaqui, em turmas do 3º ao 5º ano do ensino fundamental. O trabalho foi dividido em duas etapas: na primeira etapa, em sala de aula, foi aplicado questionário com a finalidade de registrar as noções básicas dos alunos com relação ao tema proposto. Na segunda etapa, no pátio da escola, realizou-se a apresentação do tema sobre as abelhas com e sem ferrão, sua origem, quais os produtos produzidos pelas mesmas, sua importância e sobre a “morte das abelhas devido ao uso indiscriminado de agrotóxicos”. Os resultados do questionário mostraram que para os alunos a importância das abelhas seria a produção do mel (30% das respostas), produção de remédio (27%) e polinização (4%), dentre outras. Além disso, mostraram desconhecimento com relação à existência de abelhas sem ferrão e sobre o real comportamento desses insetos. Entretanto, com a apresentação do tema, os alunos demonstraram interesse, questionando e participando das atividades. Assim, compreenderam a importância das abelhas na polinização e o que isso influencia na manutenção da flora e fauna silvestre local. Conclui-se que o objetivo do trabalho foi alcançado, pois os alunos compreenderam a relevância das abelhas e sua contribuição com o ecossistema, e certamente levarão as informações recebidas para seus familiares.
Veja o vídeo aqui:
Kalita Fresingheli tem 21 anos e é discente do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da Unipampa, campus Itaqui. Contato: kafresingheli@gmail.com .
Se analisarmos nosso dia-a-dia, podemos notar algo interessante: que estamos em estado de constantes mudanças, desde hábitos alimentares novos à escolha de um novo visual ou até mesmo a maneira de pensar. Porém, se conversarmos com nossos avós, mães e pais, ou algum parente que nasceu antes deste milênio, começamos a ter a noção de como as coisas mudaram rápido e que o mundo é um verdadeiro palco de mudanças; algumas foram tão grandes e significativas que hoje as conhecemos como “revoluções”. Elas marcaram o último século de forma acentuada e possibilitaram um novo conceito de vida. Desde a primeira revolução industrial, no século XVIII, o mundo passou por uma série de alterações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas. Esta última gerou um mundo globalizado.
A globalização ampliou a difusão do conhecimento, a diversificação cultural entre os povos e a possibilidade de comunicação ativa entre os países e entre as pessoas. Ao mesmo tempo, gerou mudanças consideráveis em alguns paradigmas sociais. O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), autor de Vida para Consumo, conta que a sociedade moderna pensou em si mesma como uma atividade da cultura ou civilização e agiu sobre esse pensamento. Para ele, essa “ação civilizatória” tem como característica fundamental desmontar a realidade herdada; ou seja, pôr ordem no que lhe causa mal-estar, o caos. Nesse contexto, a modernidade busca a beleza e a harmonia, ao passo que na pós-modernidade é a liberdade individual que conta. De fato, é notável que hoje vivemos numa “sociedade do consumo”, como afirmou Bauman, e nesta “nova civilização” as ideias consumistas não fornecem alternativas para se ficar fora dela. Isso pode se relacionar com o que diz Manuel Castells, sociólogo espanhol nascido no ano de 1942. Em Sociedade em Rede propõe o conceito de “capitalismo informacional”, com o qual afirma que a revolução tecnológica deu origem ao informacionalismo, que é a base para uma nova sociedade onde a tecnologia da informação é considerada a ferramenta essencial na manutenção e construção do conhecimento pelos indivíduos, pois a criação e a reprodução da informação se tornam a principal fonte de produtividade e de poder. Isso condiz com o que o grande filósofo brasileiro Mário Sergio Cortella (1954- ) diz em Viver em paz, para morrer em paz: “Hoje, a modernidade transformou o ruído numa forma de expressão, a tal ponto que nossa expressão de vida tem de ser ruidosa. Para serem notadas, para ganharem existência, as pessoas vivem em função de apelos que Guimarães Rosa chamou de “viver em voz alta”.”
Diante disso tudo fica evidente que o mundo passou e passa por constantes transformações. Mas, qual será a próxima transformação? E que consequências ela traria para a sociedade? A resposta pode ser dada a partir da majestosa obra O futuro do dinheiro, de Rudá Pellini, empreendedor brasileiro em grandes bolsas de valores, obra que traz na capa esta provocação: E se uma revolução financeira acontecesse agora: Você estaria preparado? A dada altura, Rudá conta que Roberto Setubal, presidente do Itaú/Unibanco, afirmou em uma reunião com analistas e investidores que estamos vivendo um mundo em grande transformação e que, por isso, não temos um rumo certo nem sabemos onde tudo isto vai parar, o que tem lhe tirando o sono. Isso porque as fintechs, Tecnologias Financeiras, estão acompanhando o mercado acirradamente. Também para o líder bancário Roberto Campos Neto, se dá uma suposta transformação inevitável e ressalta a necessidade do sistema financeiro se adaptar a tais “novas mudanças”.
Analisando atualmente o mercado financeiro, podemos perceber notáveis evoluções. A primeira é que, depois de séculos, boa parte dos bancos estão em processo de adaptação às novas tendências, pois a tecnologia permitiu a criação de novas formas de guardar e investir dinheiro. O exemplo mais claro é a criação da startup brasileira Nubank, que possibilita a seu usuário ter um banco inteiramente digital que atende boa parte de suas necessidades pelo celular, desde a abertura da conta até uma solicitação de crédito ou transferência. É claro que ainda não é possível ter todas funções de um banco convencional, como um limite de crédito alto, mas é apenas uma questão de tempo para isso acontecer.
Todos os dias bolsas do mundo inteiro movimentam valores mobiliários e seus acionistas acompanham as novas tendências do mercado na “sociedade da informação”. Os grandes bancos buscam sempre se adaptar a tais tendências para não perder o devido espaço no mercado, muitos deles acabam comprando ideias e projetos para sair na linha de frente neste novo cenário. Portanto, a revolução financeira está com uma perspectiva previamente positiva. Por essa razão, se o indivíduo se adaptar às novas tecnologias, ele terá a possibilidade de conseguir uma liberdade e segurança financeira, pois as possíveis tendências a serem adotadas no mercado financeiro possibilitarão escolhas que reforçam a autoridade e a autonomia do próprio dinheiro.
Para exemplificar tais fatos, vamos voltar ao ano de 2008. O dia 15 de setembro, nos Estados Unidos, popularmente conhecido de “segunda-feira negra”, foi o marco da crise mobiliária que alastrou o país e automaticamente gerou um gigantesco impacto no mundo, sendo sua causa uma grande bolha de crédito criada pelos bancos americanos.
Em 1998, os bancos norte-americanos começaram a oferecer crédito para milhares de seus cidadãos. Para adquirir o recurso, não era necessário comprovar renda nem bens materiais. Até mesmo desempregados tinham acesso ao crédito, que ficou conhecido como “subprime” ou “segunda linha”. Após algumas manipulações no mercado e alguns anos passados, os devedores não pagaram suas dívidas e, logicamente, isso gerou um caos financeiro. No final desse ano, o governo fez impressão de moeda e livrou os grandes bancos da falência, e poucas pessoas foram responsabilizadas. Quem pagou a conta foi a população.
No meio da crise, criou-se o que pode ser o possível futuro do dinheiro: as criptomoedas. Em meados de outubro de 2008, Satoshi Nakamoto publicava o whitepaperBitcoin: Um Sistema de Dinheiro Eletrônico Ponto-a-Ponto em uma rede de discussão sobre criptomoedas. Na publicação, constava o funcionamento da moeda e todas suas principais características, a saber:
“o desenvolvimento de um sistema eletrônico de transação que dispensa o intermediário;
as assinaturas digitais que permitemforte controle sobre propriedade e previne o gasto duplo;
uma rede P2P que usa prova de trabalho para criar um registro públicoe impossível
para fraudadores modificarem, desde que os nós honestos controlem o sistema;
os nós trabalham com pouca coordenação e não precisam ser identificados, pois as mensagens jamais são enviadas para uma única localização;
os nós podem deixar e voltar à rede a qualquer hora porque a Blockchain é atualizada sempre que retornam à rede;
as regras e incentivos podem ser aplicados usando um sistema de votação.” (BITCOINTRADE, 2019.)
A Bitcoin tem várias características associadas aos conceitos anteriormente vistos. Feita em um momento de crise, carrega o diferencial de ser o grande medo dos bancos, e também de algumas pessoas, porque é uma moeda que não necessita dessas instituições para intermediar transações financeiras. A agencia bancária ou o clube de investimentos não são mais necessários. Antes nos questionarmos sobre a segurança dessa moeda, apresento (ver imagem ao lado) uma das boas invenções da evolução tecnológica: a Criptografia.
Em Por uma nova Globalização, Milton Santos de Almeida (1926-2001) apresenta a ideia de uma nova consciência universal. Afirma que a informação sustenta a atual ideologia mundial e, também, que ela carrega em si a “capacidade de ser algo diferente”. Se relacionarmos isso à proposta dos novos bancos digitais, fintechs e criptomoedas, e aos comentários dos líderes bancários citados anteriormente, conseguimos enxergar uma possível perspectiva que se baseia na capacidade evolutiva do mercado financeiro, podendo ter uma possibilidade de uma mudança positiva na economia mundial, no quesito de liberdade e autonomia financeira. Pois, com o acesso ao conhecimento tecnológico e financeiro, o indivíduo poderá optar em qual ou quais plataformas irá atuar. Claro que para que toda essa revolução esteja aplicada de forma positiva, é necessário difundir e popularizar esse conhecimento e a tecnologia, só assim seria válida a utilização da expressão “Nova Globalização”. Afinal, como o próprio Milton Santos afirmava, “a cultura popular e a crescente capacidade de se comunicar impulsionada pelas novas tecnologias da informação dariam resultados […]”, se atingirem não só aqueles que utilizam o mercado financeiro como também englobarem aqueles não têm acesso a tais conhecimentos e tecnologias; parcela essa da população que é obrigada a aceitar serviços financeiros com taxas abusivas.
No que tange ao curso da tendência da qual trato aqui, vale a pena refletirmos a partir da análise de seu aspecto nacional. O Relatório de Cidadania Financeira publicado em 2018 pelo Bacen, o Banco Central do Brasil, apresenta o número dos pontos de atendimento por instituição financeira:
Na IMAGEM 1 vemos que há 257.570 pontos de atendimento de instituições financeiras diversas, com expressiva vantagem ao segmento bancário, os bancos comuns. A IMAGEM 2 apresenta a quantidade de transações em canais de acesso. Contudo, a IMAGEM 2 mostra o crescimento significativo dos pontos de acesso remoto, ao passo que o número de canais de atendimento físico tem se reduzido com o tempo. “As transações realizadas em canais presenciais – agências e postos tradicionais, caixas de autoatendimento e correspondentes bancários – diminuíram em 5% de 2015 a 2016 e voltaram a crescer 7% de 2016 a 2017. Já as transações por meio de canais não presenciais (home e office banking, call centers, smartphones e PDAs) registraram expansão significativa – de 20%, de 2015 a 2016, e de 21%, de 2016 a 2017 – e representam 66% do total das transações realizadas (remotas e presenciais). Nesse avanço, o destaque fica com as transações via smartphone, que vêm crescendo de maneira acentuada e, em 2017, já ultrapassaram aquelas feitas por meio do computador (internet, home e office banking).” (BACEN, 2020.) A propósito, a IMAGEM 3 apresenta o alcance em 2016 da posse de celular e do uso de internet no Brasil por região.
“Esse cenário é corroborado pelos resultados da edição 2017 da pesquisa mundial Global Findex Database. A sondagem é considerada uma das mais importantes com relação à inclusão financeira e usa como metodologia uma pesquisa por amostragem com a população acima de 15 anos. De acordo com dados do Global Findex, o percentual de pessoas que utilizaram a internet, no Brasil, tanto para pagar contas quanto para fazer compras subiu de 8,7% em 2014 para 17,6% em 2017. Para a mesma amostra da pesquisa, o percentual de pessoas que usaram o celular para pagar contas de serviços, como água e energia elétrica, aumentou de 0,8% para 3,9% no mesmo período. A análise desses dados confirma o rápido crescimento no acesso a canais remotos para serviços financeiros, porém os percentuais de uso ainda são baixos” (BACEN, 2020).
Com as informações acima, fica notável alguns aspectos da revolução financeira e que a mesma é acompanhada pela revolução tecnológica. Apesar do baixo percentual, é possível que boa parte da população se adeque a tais práticas tecnológicas e automaticamente se insira no SFN, o Sistema Financeiro Nacional, e, consequentemente, nessas práticas. “A implementação de soluções digitais poderia atender ao segmento da população que considera alto o custo de manutenção de uma conta bancária, uma vez que essas soluções tendem a ter custos mais baixo” (BACEN, 2020). Tendo isso em vista, no momento passamos a fase de conhecimento e adequação à nova plataforma. Portanto, para que ocorra uma revolução financeira saudável é extremamente necessária a aplicação de medidas educativas financeiras e tecnológicas para que a população em um contexto geral possa desfrutar de um ambiente melhor.
O futuro do dinheiro em si é algo muito incerto. Note-se, porém, que algumas possiblidades podem favorecer de forma positiva a população, considerando-se que a “Nova Economia” tem a principal característica a adaptabilidade ao perfil do usuário num curto espaço de tempo. Os bancos convencionais e os digitais, as cooperativas, as fintechs, dentre outros e outras, sempre vão buscar acompanhar as mudanças para não perder espaço de mercado. Por mais que exista o monopólio bancário, futuramente, com a educação financeira e tecnológica, as pessoas encontrarão um cenário muito mais favorável.
Gabriel Vicente de Oliveira é discente do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Pampa. Já atuou como pesquisador e líder de projetos na área tecnológica do Sesi e Senac, e por dois anos permaneceu ativo na carreira bancária no ramo de cooperativas de crédito. Atualmente, atua no setor administrativo em uma empresa do ramo plástico no Rio grande do Sul, além de ocupar o cargo de tesoureiro no Diretório Acadêmico Geraldo Crossetti.
Referências bibliográficas e Bibliografia:
PELLINI, Rudá. O futuro do dinheiro: banco digital, fintechs, criptomoedas e blockchain: entenda de uma vez por todos esses conceitos e saiba como a tecnologia dará liberdade e segurança para você gerar riqueza. São Paulo: Gente, 2019.
CORTELLA, Mario Sergio. Viver em paz para morrer em paz: se você não existisse, que falta faria?. São Paulo: Planeta, 2017.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Zahar, 1998.
BAUMAN, Zygmunt. Vida para consumo. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 2008.
KRETZER, Maria Clara. Resenha: “Por uma outra globalização”, de MILTON SANTOS. Florianópolis: UFSC, 2020.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 15ª ed.. Rio de Janeiro: Editora Record, 2008.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Relatório de cidadania financeira. Brasília: BACEN, 2018.
Meu nome é Alice da Cruz, sou natural de Santo Cristo/RS e resido atualmente em Itaqui/RS porque sou discente do curso de Bacharelado em Nutrição da Universidade Federal do Pampa do campus de Itaqui/RS. Ao chegar ao sexto semestre da graduação, deparei-me com o desafio de produzir e escrever uma pesquisa para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Escolhi como tema de pesquisa a interface entre a identidade profissional do nutricionista e estereótipos femininos, convidei para me orientar a Prof.ª Dr.ª Cristina dos Santos Lovato.
Após a aprovação do TCC, o texto foi submetido, em formato de artigo, para publicação na Revista Ideação. O texto foi aprovado e publicado com o título sugerido pelos pareceristas: Profissional nutricionista: sua percepção sobre as cobranças externas relacionadas à sua imagem corporal e estereótipos (link: http://e-revista.unioeste.br/index.php/ideacao/article/download/24637/15809).
Por se tratar da imagem pessoal do profissional, passei por diversas dificuldades para a produção, aplicação e coleta de dados da pesquisa, após algumas tentativas frustradas de aplicação de questionários na própria instituição, dificuldades com os trâmites referentes ao Comitê de Ética – é importante destacar que essa é uma discussão recente na área de Humanidades e que ainda carece de refinamento, conforme as características das pesquisas e da referida área – , partimos para a coleta de dados. No geral, foram adotados todos os procedimentos de segurança tais como o Termo de Consentimento livre esclarecido (TCLE). Outra dificuldade foi encontrar um periódico científico em que o artigo, de natureza interdisciplinar, se enquadrasse.
Resumidamente, se trata de estudo quanti-qualitativo que teve como objetivo verificar se há interferência de estereótipos na percepção do profissional nutricionista e se há um perfil almejado para ele pelo mercado de trabalho por meio da aplicação de um questionário feito no aplicativo do Google “Formulários Google” e enviado para nutricionistas de todo o Brasil. Foi feita também uma análise documental de sites com vagas de emprego para nutricionistas nos sites Agrobase oportunidade, Indeed e Trabalha Brasil. A pesquisa indicou que parece haver um alinhamento entre a aparência física, em termos de padrão antropométrico, e a percepção sobre a área em conformidade com os padrões estéticos vigentes de magreza.
Por fim, devemos levar em consideração os aspectos positivos e negativos como experiências para a vida, trabalhar com um tema polêmico e receber inúmeras crítica, mudar metodologias e, mesmo assim, ver hoje que o trabalho foi aceito é uma felicidade que não pode ser descrita em palavras.
Carla Lisiane Ibaldi Carabajal, acadêmica do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da UNIPAMPA, campus Itaqui.
A preservação de espécies botânicas nativas consideradas pasto melífero e a preservação de colônias de abelhas sem ferrão (Melipona sp.) são fundamentais para manutenção do ecossistema Pampa. E, entendendo que, essas abelhas são consideradas indicadores de um ecossistema em equilíbrio, existe uma necessidade acadêmica de estudos na área de plantas que possam ser utilizadas por elas. Nesse sentido, foi observada a necessidade da organização de uma área de preservação dentro da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) – Campus Itaqui/RS –, sendo a mesma construída e mantida pelo Grupo de Estudos em Apicultura e Meliponicultura de Itaqui (GEAMI). O espaço pode ser utilizado por diferentes componentes curriculares, dentre as quais: Morfologia Vegetal, Botânica Sistemática, Entomologia Geral, Entomologia Agrícola, Ciência do Ambiente, Ecologia e Seminário Integrador em ciência e tecnologia.
O objetivo foi construir, manter e utilizar a área de preservação para fins pedagógicos e para a compreensão e conscientização da comunidade interna e externa da UNIPAMPA com relação à importância das abelhas para a sustentabilidade do ecossistema. Metodologicamente os componentes do grupo criaram o cercado para fins de estudo, pesquisa e extensão. Para isso, foram utilizadas sobras de pallets encontrados no campus, materiais e ferramentas de propriedade dos discentes para a construção do cercado e plantio das mudas de diferentes plantas. Assim, o grupo GEAMI disponibilizou o uso do local para o Curso de Extensão: “Boas práticas na produção de mel”, quando ocorreu a visita de apicultores e discentes, e para o componente curricular “Seminário Integrador em Ciência e Tecnologia”, com a participação de discentes do Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, quando foi apresentado o projeto e debatido sobre a importância das abelhas melíponas e as plantas que são utilizadas como pasto apícola.
A apresentação e conversa realizada nos dois encontros relatados despertou o interesse nas espécies de abelhas sem ferrão e nos estudos desenvolvidos pelo GEAMI. Os discentes sugeriram que sejam instaladas caixas de criação racional de abelhas melíponas no cercado, com o intuito de desenvolver pesquisas sobre as espécies e elaborar produtos comerciais como alimentos, fármacos e cosméticos. E a partir do cultivo das plantas investigar suas funções fitoterápicas, ressaltando sua importância para o nosso ecossistema, envolvendo a prática interdisciplinar. Portanto, o ambiente organizado pelo GEAMI contribuiu até o presente momento para o desenvolvimento de ações interdisciplinares e demonstrou ser de suma importância para os apicultores e comunidade, permitindo a realização de eventos de extensão e de estudos com relação a apicultura. Trata-se de uma ferramenta pedagógica importante, pois possibilita a interação entre o ensino, pesquisa e extensão.
Este trabalho foi inspirado no grupo GEAMI e na educação ambiental com o intuito de inovar metodologias, acredito ainda que este estudo servirá de referência para muitos outro, o verdadeiro motivo desse trabalho existir é para implementar formas sustentáveis nas universidades e no âmbito escolar. Nesse sentido, o intuito desses cercados para abelhas sem ferrão é promover um espaço ecológico. O mel dessas abelhas está ganhando espaço no mercado por ser mais apetitoso e ter uma cor e aroma diferenciados. Por fim, consegui concluir meu trabalho sugerindo que uma educação ambiental inseida na agroecologia é possível.
Faço os seguintes agradecimentos aos que me ajudaram de alguma forma para esse trabalho acontecer Paulo Fernando Alves Maurer, Samuel Machado Abreu, Francisco Silveira Motta, Kalita Maieski Leal Fresingheli, Luciana Zago Ethur, Paulo Roberto Cardoso da Silveira
O ano é 2019, o lugar é Jaguarão (Rio Grande do Sul), centro da cidade, porta de uma conhecida casa noturna local. O clima é tenso! Dois grupos, oriundos de bairros diferentes, marcam posições opostas em meio à multidão: são jovens. Seguramente nenhum deles passa dos trinta (alguns sequer dos dezesseis). Olhares desconfiados e semblantes fechados se agravam entre uma risada e outra. A briga estoura: barulhos de garrafas quebrando, xingamentos, fúria. Meninos batem, meninos apanham. Meninas choram, outras riem. O grupo vencedor sai contando vantagem, rindo, justificando o motivo da briga como justa por conta de uma covardia anterior feita pelos rivais. Os rivais, estes poucos notaram saindo.
É raro encontrar uma noite de fim de semana que não se encaixe na descrição acima. Vez ou outra um disparo ou uma facada deixa o acontecimento menos corriqueiro. Poderíamos também, sem que o parágrafo perca em verdade, mudar o ano: 2017, 2018, 2021?
Outra cena: o ano também é 2019 e o lugar também é Jaguarão, pista de skate, centro da cidade. Uma música agressiva embala uma aglomeração de jovens. Estes se dividem em dois blocos: o primeiro grupo age como o dono do pedaço – chamam uns aos outros aos gritos, riem alto, exibem suas manobras de skate, disputam quem faz mais flexões de braço. O segundo grupo está mais recluso em um canto, se movem de maneira mais contida e parecem atentos ao movimento, são uruguaios, vieram do outro lado da fronteira. Uma roda é formada e um integrante de cada grupo é chamado ao centro. Parecem nervosos, se olham com agressividade. Logo começam a proferir insultos ritmados um contra o outro. A disputa se encerra, os dois oponentes apertam as mãos e voltam cada um para seu grupo.
Essa última cena também não perderia em verdade se trocássemos o ano, o lugar e os personagens por uma vasta gama de opções, pois se refere a uma prática cultural globalizada: as batalhas de rap. Mas o evento específico leva o nome de Faroeste do Sul, e a ocasião narrada corresponde ao dia em que MC Gordão, do Morro Cerro da Pólvora (Jaguarão) venceu a disputa contra o uruguaio MC Warrior (da cidade de Rio Branco), levando os moradores do Cerro, que desceram a ladeira para assistir ao duelo, a comemorarem fervorosamente por se sentirem representados pela vitória de Gordão.
É possível perceber nesse evento vários fatores que remetem a uma cultura de violência: a divisão dos jovens em dois grupos marcados por diferenças de localidade de moradia; a agressividade da música; a troca de insultos; a palavra “Faroeste” no nome do evento – que faz alusão às assustadoras estatísticas da violência no município; o apelido de um dos MC’s que é chamado de Warrior – palavra da língua inglesa que significa “guerreiro”; a vitória de um dos lados do confronto vista como representativa para os habitantes de um território. Entretanto, apesar das inúmeras semelhanças simbólicas com as guerras urbanas contemporâneas – das pancadarias bairristas aos tiroteios entre facções criminosas multimilionárias, passando pelas chamadas tretas de gangues – a expressão do conflito realizada pelas batalhas de rap, ao contrário dessas outras expressões, não resulta em mortos.
As batalhas de rap representam uma das manifestações da cultura Hip Hop. Defendi no meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), baseado no estudo de Martin Lamotte sobre o tema, que o movimento Hip Hop surgiu, dentro de um contexto dominado por violentas disputas territoriais entre gangues, como uma nova forma de disputar territórios. Afrika Bambaataa, líder da gangue Black Spades e considerado um dos pioneiros do Hip Hop, ficou localmente famoso após fazer um acordo de paz entre gangues negras e latinas do South Bronx, região periférica da cidade de Nova Iorque (EUA). As disputas via grafite – na concorrência pela assinatura mais elaborada e no local mais chamativo da cidade, via a dança break – nos desafios entre grupos de dançarinos para ver qual fazia as acrobacias mais difíceis e impressionantes, via batalhas entre DJ’s – na competição pela equipe que teria a maior capacidade de animar o público das festas, e, posteriormente entre MC’s – no duelo entre a capacidade lírica e presença de palco dos oponentes; foram crescentemente endossadas por Bambaataa.
A cultura Hip Hop se constitui a partir desse ponto de vista como um meio alternativo de conquistar espaço, respeito, poder e, posteriormente, dinheiro (objetivos comuns ao universo das gangues) através da arte. Essas formas de arte e, por sua vez, a organização desses grupos de artistas têm uma relação estética de muita semelhança com a cultura de gangues. Vejamos como exemplo a LMK, organização do rap jaguarense criada por CPII, MC local. A sigla significa La Máfia Kennedy: o “La” importado do espanhol nos dá uma pista sobre o contexto local, o sentimento de pertencimento latino, tão esquecido pelos brasileiros, mas que fica mais evidente por causa do intercambio cultural de uma região de fronteira; a palavra “Kennedy” faz referência à Vila Kennedy, bairro do MC criador, trazendo à tona novamente a noção de território, pelo qual o grupo deve lutar e defender; a palavra “Máfia”, por sua vez remete ao modelo mais avançado de organização de grupos criminosos, que diferem de outras organizações da sociedade (além, obviamente, pela ilegalidade de seus negócios), pela alta capacidade adaptativa frente imprevistos e situações de desvantagem.
A lei que a LMK, a Faroeste do Sul e milhares de outras organizações do Hip Hop se esforçam para tentar quebrar é uma lei que não está escrita, mas que é religiosamente praticada. É a lei que impõe às periferias de Jaguarão, do Brasil, da América Latina e de muitos outros lugares do mundo a miséria o encarceramento em massa de suas juventudes (principalmente a negra), e o silêncio perante essa realidade. Os meios que as organizações da cultura Hip Hop se utilizam para tentar burlar essa “lei” são a denúncia dessa realidade pelas letras dos raps e um conjunto de formas de arte que são em si mesmas ao mesmo tempo expressões dos conflitos que impactam as juventudes periféricas e uma alternativa, ainda que simbólica, à esses mesmos conflitos.
Mas saber mais, veja vídeo do MC, escritor e palestrante KRS-ONE (clique aqui), considerado um dos mais proeminentes MC’s da cultura Hip Hop, nascido no Bronx, onde as primeiras festas da cultura tiveram início.
Igor Polatschek é Bacharel em Produção e Política Cultura pela Fundação Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA campus Jaguarão. Defendeu em 2019 o TCC Hip Hop versus Necropolítica, orientado por Walker Douglas Pincerati.
Como uma pessoa com deficiência visual, ou outro tipo de deficiência, realiza suas atividades mais simples, como ir a um mercado? Aliffer Matzenbacher e eu, Gabriel Vicente de Oliveira, alunos do SENAC de Itaqui/RS, se puseram essa pergunta e lançaram o Carrinho Cego, em inglês: Blind Cart. Como funciona esse Carrinho?
Nós colocamos num carrinho de mercado uma antena e 4 (quatro) sensores ultrassônicos. Antena e sensores são ligados por cabos a uma placa de computador, uma placa de programação chamada Arduino, que funcionará como o cérebro do Carrinho. Com os sensores, o carrinho ganha olhos porque eles lançam ondas ultrassônicas que se espalham no espaço, batem em todos os objetos nele contidos num ângulo de 300 graus e retornam aos sensores, gerando uma espécie de “campo de visão” (ver Esquema). Esse equipamento possibilita com o carrinho “veja” e perceba tudo o que está no espaço ao redor, facilitando assim a locomoção da pessoa que o empurra. É assim que o carrinho se localiza no espaço e guia essa pessoa.
Localizado no espaço, o Carrinho precisa identificar os produtos nele disponíveis e onde está no espaço. Ele faz isso com sua antena. A antena, com frequência RFID, também ligada à Arduino (ver Figura 1), detecta e lê as etiquetas que estão nos produtos comercializados pelo mercado. Assim que o Carrinho Cego passa, ele lê as características básicas e o preço do produto detectado pela antena; bem como em que sessão do mercado a pessoa está e por que prateleira ou estante ela está passando. Essa leitura é vocalizada, tal como faz um rádio. Essa voz é, então, escutada via fones de ouvido pela pessoa que empurra o carrinho. Desse modo, o Carrinho Cego vê e ouve o que está disposto no mercado para a pessoa, facilitando assim suas compras à medida que anda pelo estabelecimento.
Isso tudo é possível porque o Carrinho Cego tem uma espécie de memória, a NodeMCU. Trata-se de um aplicativo, um Banco de Dados que armazena e processa todos os dados coletados pelos sensores do Carrinho, cruzando-os com os dados disponíveis na internet. Essa tecnologia é conhecida como Internet das Coisas. Os dados que estão na internet são
exatamente as informações que o Carrinho lê nas etiquetas dos produtos. O mercado deve então alimentar bem o Banco de Dados.
Aliffer e eu, antes de tudo, entrevistamos deficientes visuais de Itaqui e detectamos haver uma enorme falta de estrutura a deficientes na cidade. Ao darmos continuidade à pesquisa, descobrimos que o público a ser atendido pelo Carrinho é enorme. Atualmente, o projeto está sob os auspícios do SENA/C Itaqui.
O projeto Blindo Cart foi desenvolvido no 1º (primeiro) semestre de 2019. Concebido, no início, como um simples projeto voltado ao comércio, numa das aulas do Senac, recebeu a Primeiro Prêmio no X SENAC 2019, grande feira de tecnologia do Rio Grande do Sul. O projeto gerou demandas tecnológicas que resultaram parcerias com o SESI Paraná e com ITAG Etiquetas, a maior empresa de etiquetas de rádio frequência RFID do Brasil.
Em 2019, após o X SENAC o trabalho foi apresentado na UNIPAMPA Itaqui pelos alunos do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Gabriel Vicente de Oliveira e Márcia Brites, sob a supervisão do professor Paulo Siqueira, dessa Universidade. Desde então, o projeto tem cada vez ganhado visibilidade e tem aberto novas perspectivas à acessibilidade das pessoas com deficiência visual.
Apresento a vocês o relato sobre a entrevista de rádio que foi realizada em 06/02/2020. O assunto abordado no dia foi INCLUSÃO EDUCACIONAL DE PESSOAS COM AUTISMO EM ESCOLA REGULAR, tendo como entrevistados o professor da Unipampa, Campus Itaqui, Paulo Silveira, e os discentes do curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (BICT), Pamela Piardi e Taylan Alderette. Inicialmente, foi explicado o básico sobre o assunto abordado. Logo depois, foram elaboradas algumas perguntas pelo entrevistador, cujo nome não pedimos permissão para citar. De acordo com a Rádio, cada um demonstrou relevância por determinada parte do projeto. Segue a publicação da rádio nas próximas linhas: Para o professor Paulo Silveira, a inclusão continua sendo um desafio: “um deles é em relação ao conhecimento que as pessoas têm. É um aprender fazendo. Queremos que a comunidade compreenda melhor e possa acolher esses alunos”.
A estudante Pamela Piardi acredita que as dificuldades começam com a aceitação na própria família: “Quando tu aceitas essa criança, tu sabes que vai ter que mudar o teu cotidiano. Ela vai precisar de alimentação especial, cuidado especial, e só vai ter isso a partir da família. O medo é natural, mas tem que ser enfrentado. Os pais têm que se orgulhar dos filhos autistas e levantar essa bandeira”.
Já o estudante Taylan Alderette entende que as dificuldades existem porque falta conhecimento sobre o autismo: “É um estudo que está começando. A interação precisa ter um equilíbrio entre a parte clínica, a família e a escola. Tivemos contato com professores que nos relataram as dificuldades. Alguns pais não aceitam”. A entrevista foi de suma importância para a Unipampa e, principalmente, para o BICT. Tudo isso mostra que a interdisciplinaridade está ganhando força na Universidade e, assim, os discentes podem buscar uma educação superior melhor para suas formações.