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PANDEMIA DE COVID19 PROVOCA QUEDA NA POPULAÇÃO DO RS*

Por Manuel Marques de Oliveira Neto e
Dionatan dos Santos Farias

Além das mais de 250 mortes causadas pela Covid-19 em São Borja, a pandemia afeta de forma inédita a demografia do município e de todo estado, com mais mortes do que nascimentos sendo registrados durante o primeiro semestre de 2021. É o que demonstram os dados do Portal da Transparência do Registro Civil, site mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN) que disponibiliza informações e estatísticas sobre nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos cartórios do país. Em São Borja, foram 444 mortes e 378 nascimentos de janeiro até o fim de junho. 

Tais números ajudam a ilustrar o quanto a chegada da pandemia contribui para o aumento da mortalidade. Comparando os mesmos períodos (os primeiros seis meses) de 2020 e 2021, nota-se um aumento de 48% nas mortes. Já os nascimentos no primeiro semestre de 2020 tiveram uma queda de 5,7% em 2021. Durante todo o ano de 2019, foram 523 mortes, mantendo-se praticamente o mesmo número em 2020, quando foram registrados 526 óbitos.

A cidade segue uma tendência observada em todo o estado. No total, o Rio Grande do Sul registrou 66.824 mortes e 65.932 nascimentos no primeiro semestre deste ano. Outras cidades da Fronteira Oeste também registraram mais mortes que nascimentos até o momento.

Esta queda na natalidade ocorre após anos de crescimento populacional. Mesmo com a desaceleração nos nascimentos, ocasionados pela mudança social, econômica e cultural que a urbanização trouxe para o país, o IBGE calcula um decrescimento da população brasileira, isto é, quando os níveis de morte e de nascimento passam a ser iguais, o que só deveria ocorrer por volta de 2050. No áudio abaixo, José Eustáquio Diniz, doutor em demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a pandemia entrou no caminho, fazendo com que essa curva histórica mudasse. Segundo Diniz, esse crescimento súbito de mortes ocasionado pela pandemia não vai se manter. Com a vacinação em andamento e o fim das restrições mais severas contra a Covid-19, as taxas de natalidade voltarão a superar a de mortalidade, mantendo assim a tendência histórica e decrescimento populacional somente para 2050. Mas o impacto causado pela pandemia no sul demonstra tendências e particularidades do Estado e de sua população que contribuíram para este cenário inédito e valem a pena ser conhecidas.

POR QUE OS GAÚCHOS FORAM TÃO AFETADOS?

No pico da pandemia no estado, em março de 2021, o Rio Grande do Sul registrou pela primeira vez mais mortes do que nascimentos em um mês, antecipando o que viria a ocorrer em outras regiões do país. O fato do estado ser o primeiro a atingir tais números pode ser explicado pelas características demográficas do povo gaúcho. Com a população mais envelhecida do país, o IBGE estima que quase 18% dos rio-grandenses têm mais de 60 anos de idade. Como se sabe, os idosos constituem grupo de risco, sendo mais vulneráveis a Covid-19.

Segundo outras estimativas do IBGE, o índice de envelhecimento (IE) no Sul, que mede a relação entre a população idosa (60 anos ou mais) e a população jovem (de 0 a 14 anos), é o mais elevado do país. As projeções calculam que, em 2020, o estado alcançou 103,3 idosos para cada 100 jovens. Um IE acima de 100 significa uma população envelhecida. Além disso, todas as cidades com o índice de envelhecimento mais alto do Brasil estão no Rio Grande do Sul

José Diniz explica que o envelhecimento também traz consigo o fim do período reprodutivo para as mulheres – que geralmente vai dos 15 aos 49 anos -, fazendo com que os nascimentos simplesmente não aconteçam. Mesmo antes da pandemia as taxas de fecundidade no estado estavam abaixo do nível de reposição. A taxa de fecundidade estima o número médio de filhos de uma mulher em seu período reprodutivo. O nível de reposição, hoje em 2,1 filhos, é o necessário para que uma população permaneça do mesmo tamanho; acima de 2,1 a população aumenta, abaixo desta média a população começa a diminuir. Atualmente, a taxa de fecundidade do Rio Grande do Sul é de 1,7.

O demógrafo também ressalta que novos fatores sanitários e econômicos causados pela pandemia influenciam na baixa natalidade vista neste primeiro semestre de 2021. De acordo com Diniz, o medo de contrair Coronavírus e a insegurança econômica que a pandemia trouxe, podem ter influenciado muitos casais a adiarem uma possível gravidez.

IMPACTO EM SÃO BORJA

Apesar dos nascimentos e mortes tenderem a retornar aos patamares pré-pandêmicos e seguirem as previsões históricas, Diniz alerta que em uma cidade como São Borja o envelhecimento e decrescimento populacional podem ser antecipados. Isso porque o município já teve uma queda populacional desde o último censo. Segundo o IBGE, estima-se que de 61.671 habitantes em 2010, agora são cerca de 60.019.

Além do envelhecimento pelo qual já passam, cidades pequenas da fronteira, como São Borja, perdem muito de sua população jovem, que emigra em busca de melhores oportunidades econômicas em outros lugares, realidade que condiz com a queda populacional estimada. Nestas condições, o impacto da pandemia no município pode ser uma população em declínio mais acelerado que o esperado: “se a mortalidade aumenta e a natalidade diminui a população vai diminuir, no caso de São Borja já estava diminuindo antes da pandemia, com a pandemia vai diminuir mais ainda, esse é o efeito a longo prazo”, esclarece o demógrafo. Porém adiciona que reflexos econômicos e sociais são mais complexos e não podem ser previstos ainda.

Fontes consultadas:

IBGE:

Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação

Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação IBGE cidades

Portal R7:

Estados do sul e sudeste têm as maiores proporções de idosos

Revista Veja: 

Déficit de bebês: o declive nos índices de natalidade em tempo de pandemia

Atlas socioeconômico do RS 

Crescimento populacional

Atlas socioeconômico do RS

Pirâmides etárias e envelhecimento da população 

Portal do envelhecimento:

As cidades mais envelhecidas do Brasil

Publicado originalmente nas mídias sociais da i4 Plataforma de Notícias. Para esta edição do CiênciAção foram feitas pequenas adaptações.  

A i4 Plataforma de Notícias é a Agência Experimental do curso de Jornalismo da Unipampa e é um projeto de ensino, em funcionamento no campus São Borja.

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Coalizão COVID Brasil, um estudo sobre as sequelas do coronavírus

Por Tuãne Araújo.

Altas taxas de reinternações, doenças mentais e mortalidade de pacientes após meses de alta hospitalar são preocupantes

As sequelas a longo prazo que a COVID-19 pode deixar em pessoas infectadas preocupa todo o sistema de saúde. A corrida para a vacinação é a mesma para entender quais as consequências que a infecção do SarS-CoV-2 pode ocasionar pós recuperação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou, no dia 9 de fevereiro, uma reunião virtual para tentar desvendar, através de pesquisas e estudos, as complicações que o vírus está ocasionando a grande parte da população. A única pesquisa brasileira apresentada foi a Coalizão COVID Brasil, que começou com a parceria entre o Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), que reúne médicos e pesquisadores de todas as regiões do Brasil,  junto com o Ministério da Saúde, para avaliar qual a eficácia e se há segurança nos medicamentos que estão sendo prescritos para os pacientes positivados com o novo coronavírus. Ao todo são nove estudos variados sobre o uso de medicamentos até ao uso de drogas antivirais para possíveis  tratamentos preventivos. A Coalizão VII avalia o impacto a longo prazo, após alta hospitalar, incluindo qualidade de vida de pacientes que tiveram COVID-19.

Médico foto criado pro freepik

Sintomas da COVID continuam após meses da infecção

Para Regis Goulart Rosa, médico intensivista e pesquisador do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e representante da Coalizão COVID Brasil, os sistemas de saúde devem se preparar para o tratamento intensivo de recuperação dos pacientes com Long Covid, um fenômeno que faz com que os infectados fiquem com sequelas a longo prazo. Os sintomas podem persistir dos casos leves aos mais graves, afetando coração, pulmões, rins e intestino. O projeto Coalizão VII ainda está em andamento e conta com a participação de mais de mil pessoas que já foram infectadas. Estas são monitoradas por ligações a cada três, seis, nove e 12 meses após a alta hospitalar.

Os pacientes têm em torno de 52 anos, sendo 60% homens. O tempo médio que estes pacientes precisaram ficar internados é de nove dias, e 1/4 precisou de ventilação mecânica. O levantamento repercute que 40% dos pacientes que estiveram na UTI precisaram ser internados mais uma vez para o tratamento de sequelas. As reclamações mais recorrentes são o cansaço e falta de ar, prejudicando a produtividade e a qualidade de vida. O estudo mostra que 20% dos entrevistados que precisaram da ajuda de aparelhos para respirar não voltaram ao trabalho seis meses após a saída do hospital. Dos que não precisaram de ventilação mecânica durante a infecção, apenas 5% retornaram ao emprego.

A Coalizão VII constatou que um a cada quatro pacientes que foram intubados na UTI morrem em até seis meses após alta hospitalar, em consequência de alguma complicação da doença. Os dados mostram que 46,3% das pessoas que precisaram de ventilação mecânica, 66,3% morreram. Aqueles que não precisaram do tratamento intensivo representam 9% no índice de mortalidade. A porcentagem não representa um problema no processo de intubação e, sim, a gravidade da sequela deixada após a infecção. A intubação feita de forma correta e no momento certo, o contrário que muitos pensam, salva vidas.

Infográfico: Tuãne Araújo

Outro número que chama atenção é o da mortalidade ser maior por pacientes que utilizaram o SUS (Sistema Único de Saúde), representando 49,4% das mortes, enquanto nos hospitais particulares é de 27,2%, no primeiro ano da pandemia. Isso ocorre porque aqueles que procuram o serviço público têm a possibilidade maior de ter comorbidades, além de enfrentar filas e falta de UTIs. A demora do serviço e atendimento aumenta a gravidade da COVID19. Nos pacientes que não precisaram de ventilação mecânica, o índice de morte entre os hospitais públicos e particulares é menor, sendo, respectivamente, 70,5% e 63,6%.

 Para além da saúde física

Além dos problemas cardiológicos, respiratórios, neurológicos e fraqueza muscular, o que também vem preocupando os médicos é a precariedade da saúde mental daqueles que precisaram ficar hospitalizados. O estresse pós-traumático, ansiedade e depressão são algumas doenças que os profissionais da saúde consideram como sequelas da infecção da COVID-19, independente da gravidade da doença. Os pacientes mais graves vêm apresentando a chamada “síndrome pós-UTI”, que acarreta a fraqueza muscular e redução da capacidade física. Os dados apontam que 52% dos pacientes pós-UTI têm sequelas mentais: 22% dos pacientes desenvolveram ansiedade, 19% depressão e 11% estresse pós-traumático. Os outros 48% pacientes que foram internados em UTI e acompanhados pelo estudo não reportaram sequelas mentais.

Infográfico: Tuãne Araújo

Um estudo brasileiro realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/FMUSP) mostra que a COVID-19 pode também deixar problemas cognitivos. Perda de memória recente, desorientação, dificuldade de concentração e desequilíbrio são efeitos tardios da doença. Ainda na fase inicial, o estudo envolveu 185 participantes, 80% apresentaram dificuldades em realizar atividades comuns do dia a dia, déficit no raciocínio e problema na compreensão.

 

Com o Coalizão VII, os médicos e pesquisadores pretendem entender o cenário pós-covid e criar estratégias para o tratamento e reabilitação dos pacientes. O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acredita que o conhecimento sobre a “Covid-longa” ou “Covid-prolongada”, ainda está no início e deve se prolongar por alguns anos. Tedros Ghebreyesus também defende que essas informações devem chegar à comunidade, como forma de enfrentamento mais rápido das consequências do coronavírus. 

Da recuperação a reeducação

Os cuidados intensivos com os pacientes começam na própria internação. A fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Daniela Virote Kassick Müller, relata que os pacientes internados demandam cuidados desde as lacerações na pele, ocasionados pelo grande tempo em repouso, quanto a manutenção dos movimentos, articulações e funções musculares. Daniela Müller explica que aqueles que requerem de ventilação mecânica, uma vez que estão com a saturação de oxigênio baixa e precisam de ajuda para respirar, perdem a agilidade da musculatura diafragmática, que é a responsável pela respiração, deixando, assim, sequelas e os tornando pacientes tempo-dependentes. Ou seja, quanto mais tempo intubados, mas perdem a capacidade da musculatura e ficam cada vez mais dependentes da máquina. A incidência de intubação é maior para idosos porque depois dos 25 aos 30 anos de idade, há o envelhecimento natural do corpo, chamada de Sarcopenia, o processo progressivo de perda de massa muscular, incluindo do diafragma e pulmão, tornando os idosos as vítimas quase sempre fatais da doença, por terem uma fragilidade muscular mais intensa, explica a professora e fisioterapeuta.

Para Müller, o período estendido na ventilação mecânica torna as estáticas de sequelas mais cruéis e significativas. Da reeducação do diafragma à funcionalidade do corpo é o objetivo principal para os recuperados da COVID-19, “é importante dar seguimento ao tratamento para recuperar a função prévia. Dependendo da gravidade, terá paciente que precisará de acompanhamento diário, paciente com acompanhamento de duas, três vezes na semana e mais orientações. Alguns vão precisar de fisioterapia, outros de fonoaudiólogo, outros de terapeuta ocupacional. Mas de fato é importante ter o acompanhamento posterior para que se possa recuperar sua funcionalidade e, mais importante, sua independência funcional. Pacientes que ficaram com alguma sequela devem ter acompanhamento”, reitera Daniela Müller.

Esta reportagem foi originalmente produzida para o site e mídias sociais do Projeto de Ensino i4 Plataforma de Notícias – Agência Experimental do curso de Jornalismo, campus São Borja. Tuãne Araújo é repórter voluntária no projeto.

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Como o descaso com o Meio ambiente contribui para o surgimento de pandemias

por Larissa Bruchard e Sara Feitosa 

 

Surtos de doenças infecciosas com origem em outros animais transmitidas para humanos, as chamadas zoonoses, cristalizam algo que ambientalistas e cientistas têm apontado já há algum tempo: que o desequilíbrio do ecossistema afeta a vida no planeta.

Para ficar só no âmbito das epidemias e pandemias, podemos mencionar, num período bem recente, os surtos de Ebola, de gripe aviária, de gripe suína (H1N1), de Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), de Síndrome Respiratória Aguda Súbita (SARS), de vírus do Nilo Ocidental, de Zikavírus, dentre outros. Contudo, nenhum desses surtos de doenças infecciosas alcançou a magnitude dos impactos sociais e econômicos gerados pela pandemia do novo coronavírus, o Sars-CoV-2, que provoca a  COVID-19. Talvez os surtos infecciosos anteriores tenham sido apenas um ensaio para o que estava por vir… Mas parece que a sociedade não aprendeu muita coisa com eles, porque até o momento a pandemia de COVID-19 tem revelado que a sociedade e o sistema econômico não estão preparados para enfrentar um evento complexo de grande magnitude.

Enquanto escrevemos este texto, o mundo registra mais de 2,5 milhões de óbitos. O Brasil ultrapassou a triste marca de 250 mil vítimas fatais passado um ano do registro do primeiro caso de COVID19 no país. O sistema de saúde, na maioria dos estados, sinaliza um colapso próximo e a imunização da população avança a passos lentos. Somos o terceiro país em número de casos e o segundo em número de mortes no mundo. O quadro inclui ainda um cenário de crise econômica jamais vista na história da humanidade. Neste momento, toda a atenção está centrada no enfrentamento da COVID-19 e na aceleração do processo de vacinação da população global. Por outro lado, tem a atenção para medidas que buscam reduzir as perdas econômicas e garantir o emprego e a renda de populações mais vulneráveis agora e no pós-pandemia. O que ainda não tem merecido a devida importância neste debate são as mudanças sociais e econômicas necessárias para recuperar e proteger os ecossistemas. Parece óbvio que dependamos do meio ambiente, e não o contrário, e que crises recentes enfrentadas pela sociedade têm uma importante relação com a ecologia, com os ecossistemas. Mesmo assim, minimizamos a necessidade de aceitar que não temos um plano “B” no que diz respeito ao planeta. 

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Stanford (EUA) revelou que a perda da cobertura vegetal, ou seja, o desmatamento pode contribuir para a disseminação de doenças contagiosas para humanos, o chamado “spillover”. Isso porque o desmatamento abre a possibilidade do contato dos humanos com vírus antes restritos a habitats ou animais com os quais não tínhamos tantos contatos. O exemplo mais famoso, até o surgimento do Sars-CoV-2, é o vírus HIV que provoca a AIDS. Ele foi transmitido aos humanos pelo chimpanzé. Estudo do PNUMA de 2016 já mostrava que “60% de todas as doenças infecciosas emergentes nos seres humanos são zoonóticas e estão intimamente ligadas à saúde dos ecossistemas”.

Nos primeiros meses da pandemia, o impacto do confinamento provocado pela pandemia gerou uma percepção de melhoria mesmo que temporária das condições ambientais nos centros urbanos. Um estudo publicado em maio de 2020 na revista Nature Climate Change identificou uma redução média de 17% nas emissões diárias globais de gás carbônico (CO2) no início de abril de 2020, em comparação com a média do mesmo período de 2019. O estudo considerou seis setores econômicos: energia, indústria, transporte de superfície, aviação, edifícios públicos e comércio e o setor residencial. Porém, enquanto atividades classificadas como não essenciais foram totais ou parcialmente paralisadas em áreas urbanas, o desmatamento de florestas tropicais seguiu acelerado. E não foi apenas a Amazônia que sofreu um ataque severo durante a pandemia, outras regiões do mundo, como Nova Gales do Sul (Austrália), o Ártico Siberiano e a costa oeste dos Estados Unidos sofreram com grandes incêndios que devastaram grandes áreas florestais. É possível que as emissões provocadas pela perda florestal tenham contrabalanceando ao menos parte das emissões reduzidas por outros setores. Pois as florestas estocam grande quantidade de carbono, e com o desmatamento ocorre a liberação desse carbono para a atmosfera sob forma de CO2, o gás dióxido de carbono. Dados mostram que o desmatamento contribui com cerca de 10% das emissões globais anuais desse gás. No Brasil, as mudanças do uso da terra representam 44% do total das emissões de CO2.

E o bioma Pampa fica como nisso?

Nos gráficos abaixo, você̂ vê̂ a análise que fizemos a partir dos dados disponíveis do projeto MapBiomas, que mapeia o uso do solo no Brasil. Nas dez cidades onde a UNIPAMPA atua, os gráficos mostram a taxa de crescimento de hectares de 2009 até́ 2019, separando a quantidade de terras para uso da agricultura e a terra com florestas nativas nos municípios. Bagé́, Caçapava do Sul, Santana do Livramento e São Borja apresentaram um aumento de mais de 60% do uso das terras para agricultura, enquanto as florestas nativas não passaram de 15%. Outros municípios, como Jaguarão e São Gabriel, que já tinham uma quantidade grande de terra para a agricultura, aumentaram em dez anos o uso da terra em mais 20 mil hectares.

Os dados são um caminho para observarmos melhor o uso dos solos no bioma pampa. Porém, de acordo com Daniel Hanke, professor da UNIPAMPA, por ocupar um espaço pequeno do país, apenas recentemente pesquisas se voltam para o Pampa. O desconhecimento faz com que a agricultura não tenha subsídios específicos para o tipo de solo em cada região. O Pampa possui um solo sensível e a plantação de monoculturas, como a soja, provoca a erosão da terra, que pode demorar anos para se recuperar. Além disso, os campos sulinos formam um conjunto de ecossistemas que se comportam de maneira diferente nas regiões, esclarece Hanke.

Para saber mais, acesse o primeiro vídeo da série E quando a pandemia acabar?, clicando aqui

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Revisão e edição de Walker Douglas Pincerati.

 

 

Aplicativos para o ensino-aprendizagem de Lógica Matemática: qual a melhor escolha?

por Bruna de Abreu Dias e Alice Fonseca Finger

Os cursos da área de Exatas são muitas vezes conhecidos por serem difíceis e exigirem muito conhecimento matemático dos alunos. Na Computação não é diferente, muitos são os conceitos e aplicações matemáticas que devem ser entendidos pelos alunos em diversas disciplinas. Com isso, é comum cursos como Engenharia de Software e Ciência da Computação apresentarem altos índices de evasão, que é quando o aluno abandona o curso sem motivo conhecido, e de retenção, que ocorre quando o aluno não consegue aprovação na disciplina e fica retido no curso. Sabe-se que disciplinas como Lógica Matemática, que abordam conceitos mais teóricos e matemáticos, são causadoras desses índices altos. 

Dada à realidade em que os alunos estão inseridos, utilizando cada vez mais a tecnologia para auxiliar nos estudos, muitos docentes buscam diferentes alternativas para contornar essa situação, como, por exemplo, a utilização de ferramentas online, ambientes de gamificação, entre outros. Sendo assim, com base em um protocolo de revisão sistemática, optamos por buscar aplicativos (apps) através da Google PlayStore que abordem algum conteúdo de Lógica Matemática, podendo ser um jogo sobre a disciplina ou que pudesse ser utilizado na verificação de expressões, provas e proposições. Foram encontrados 19 aplicativos que envolvem conteúdos da disciplina de Lógica Matemática. Os apps foram separados de acordo com suas características, sendo que 6 foram caracterizados como teóricos, 4 como jogos, 8 como tabela-verdade e 1 como dedução natural.

Após uma análise de cada aplicativo, bem como a comparação levando em conta características importantes para cada categoria, chegou-se a um conjunto de 5 apps que podem ser utilizados para auxiliar alunos e professores durante a disciplina de Lógica Matemática.

  • Teórico: App Lógica Matemática

 Lógica Matemática se distingue pela ampla quantia de tópicos, além de conter acessibilidade para cegos, imagens das fórmulas e possibilidade de adição e exclusão de tópicos. O app viabiliza leitura de todos os tópicos em qualquer lugar, inclusive os adicionados posteriormente, em função do seu modo offline. Destaca-se que esse aplicativo pode servir como auxílio ao aluno em sala de aula, durante a realização de atividades ou em casa, durante a revisão de conteúdos.

  • Tabela Verdade: App The Logic Calculator

Essa aplicação possibilita a construção de Tabelas Verdade (TV), alfabeto de 6 letras e os operadores lógicos para negação, conjunção, disjunção, condicional e bicondicional. Porém, seu destaque está em propiciar a construção de TV para argumentos, seu teclado dispõe de parênteses, colchetes e vírgula. Pode-se averiguar todo o processo da construção da tabela verdade e copiá-la, útil para trabalhos e exercícios. Para uma consulta rápida, é possível visualizar somente a classificação da tabela (Tautologia, Contingência, Contradição)  ou o valor-verdade da fórmula. 

  • Jogos: App Lógicos

Andor e Trybit Logic têm grande relevância por seus tutoriais que auxiliam significativamente no entendimento do jogo, além de possuírem uma grande quantidade de níveis de jogo. O app Andor tem explicações sobre 6 operadores lógicos e uso dos parênteses. Em seu tutorial, para cada nível vencido, há explicações sobre a premissa organizada e/ou são introduzidas novas maneiras de entender um operador ou parênteses. Já o jogo Trybit Logic introduz a ideia de destruição de um bug, o que torna o jogo divertido junto ao aprendizado dos operadores lógicos, pois é necessário entendê-los para que o bug seja eliminado, e para isso pode-se contar com a constante ajuda sobre a semântica dos operadores.

  • Dedução natural: App Forgik

A única aplicação encontrada na pesquisa, Forgik, é dedicada ao ensino de Dedução Natural da Lógica Proposicional. Possui um manuseio pouco trivial e não apresenta opções de ajuda ou tutorial para o usuário. Aqui percebe-se uma grande falta de aplicações que abordem de maneira clara e objetiva esse conteúdo.

Aos alunos e professores interessados em utilizar aplicativos para ajudar no ensino e aprendizado de Lógica Matemática, convidamos para ler o artigo: Aplicativos para o ensino-aprendizagem de Lógica Matemática: qual a melhor escolha?


Para saber mais, acesse link do artigo no WIE 2020: https://sol.sbc.org.br/index.php/wie/article/view/12603/12470

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Comunicador Bruno Contursi

O comunicador Bruno Contursi apresenta o Estúdio B, de segunda à sexta-feira na Rádio Pitangueira FM em Itaqui das 17h às 19h. No programa, o locutor realiza entrevistas  obre assuntos variados. São frequentes, porém, os convidados que abordam temas relacionados à Ciência e à universidade.

Com uma linguagem definida pelo radialista como “papo de bar”, bruno atinge o grande público, popularizando a ciência.

Acompanhe no vídeo a entrevista que ele concedeu ao integrante do CiênciAção, Eduardo Silva.

Aplicativo Colhe Arroz: contribuição da UNIPAMPA aos Orizicultores da região

O Laboratório de Sistemas Inteligentes e Modelagem (LabSIM) da UNIPAMPA Campus de Itaqui desenvolveu um aplicativo denominado Colhe Arroz, visando fornecer um instrumento para que os profissionais com atuação na assistência técnica junto à produção de Arroz e aos Orizicultores possam aumentar a eficácia da Colheita do arroz. Segundo o coordenador do LabSIM, professor Alexandre Russini, Eng. Agrônomo, mestre e doutor em Engenharia Agrícola, o aplicativo objetiva facilitar o “planejamento da colheita, estimativa de perdas em função das condições de operação e determinação do custo horário das colhedoras”.

O aplicativo foi desenvolvido a partir do projeto de extensão “Determinação do Custo Horário da Colheita Mecanizada de Arroz Irrigado na Fronteira Oeste do RS, em que a equipe do LabSIM obteve dados de campo fornecidos pelos produtores de Arroz Irrigado, através de visitas às lavouras, possibilitando constituir um aplicativo com base em condições reais de operação. As planilhas com dados de campo foram confrontadas com equações conhecidas da literatura e referências obtidas em pesquisas sobre operação de máquinas agrícolas, permitindo a criação de um aplicativo de caráter prático e funcional.

Deve-se destacar que o Colhe Arroz poderá contribuir na orientação das regulagens das máquinas, reduzindo as perdas de grãos o que significa um grande problema enfrentado pelos produtores.

O coordenador do projeto destaca a interdisciplinaridade no trabalho do LabSIM porque envolvendo a ciência da computação, a mecanização agrícola e a ciência agronômica, qualificando as ações de pesquisa, extensão e ensino, as quais são realizadas de forma integrada.

O aplicativo já está disponível gratuitamente nas plataformas GooglePlay e AppStore, sendo possível obter-se download no endereço: http://labsim.unipampa.edu.br/colhearroz/

A equipe envolvida no projeto é constituída, além do coordenador do LabSIM, pelos professores Cristiano Galafassi e Rogério Rodrigues de Vargas; e os discentes Daniel Ciro de Souza (formado no Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, agora discente do segundo ciclo do curso de Agronomia), Cezar Vinicius Lago Halim (do curso de Agronomia) e Luis David de Nazaré Martins (do curso de Engenharia de Agrimensura).

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Editor de Reportagem, Prof. Paulo Silveira.

É certo “falar errado”?

por Cristina dos Santos Lovato e Mariane Larrissa Debus

É notório que há modos de falar diferentes e sotaques distintos. Todavia, esses diferentes modos de falar não estão errados porque não há um único modo de utilizar a língua. Inclusive você já deve ter percebido que não escrevemos como falamos, que dependendo da situação adotamos um registro linguístico mais formal e que o modo de falar sulista é diferente do nortista. A Sociolinguística veio para mostrar que a língua é um organismo vivo, e que ela, a língua, vai variar conforme o espaço, o tempo, a história e o falante.

Segundo o linguista, filólogo e tradutor Marcos Bagno (2007b, p. 59), “a variação linguística é um tema muito interessante em si mesma”, é um fenômeno da linguagem capaz de explicar muitas coisas sobre a língua e os processos de mudança linguística”.

Se empreendermos uma grande viagem pelo Brasil, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, recolhendo os modos de falar das pessoas de todas as regiões, de todos os estados, das principais cidades, da zona rural etc., vamos perceber que existem diferenças nesses modos falar (…). Há muita semelhança, também, mas são as diferenças que chamam mais a atenção e que permitem classificar esses variados modos de falar. Quando você consegue identificar os traços característicos de um determinado modo de falar a língua, você pode chamá-lo de variedade (grifo do autor). Se você, em vez de sair viajando pelo país, decidir estudar os modos de falar das pessoas de um mesmo lugar – uma grande cidade, por exemplo –, vai notar também que a variedade falada nesse lugar apresenta diferenças que correspondem às diferenças que existem entre pessoas: grau de escolaridade, situação socioeconômica, faixa etária, origem geográfica, etnia, sexo etc. (BAGNO, 2001, p. 41).

Esses fatores descritos acima representam quem o falante é, e, conforme destaca o linguista Louis Jean-Calvet, no livro Sociolinguística: uma introdução crítica “(…) as línguas não existem sem as pessoas que as falam, e a história de uma língua é a história de seus falantes” (p. 12). Linguagem e sociedade estão conectadas: a diversidade linguística é um fenômeno constitutivo da linguagem, e essa diversidade de modos de se expressar em uma língua é chamada de variação linguística. De acordo com o linguista Marcos Bagno, no livro O Preconceito Linguístico, essa diversidade linguística é estigmatizada.

O autor elenca oito mitos em relação à noção de língua:

  • Mito 01: “A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”. Segundo o autor (2007a, p.15), no Brasil, a língua apresenta um elevado grau de diversidade e de variabilidade, as quais já estão sendo aceitas pelas instituições.
  • Mito 02: “Brasileiro não sabe português, só em Portugal se fala bem português”. O autor (2007a, p.20) explica que isso é um grande equívoco, falamos português, temos nossa língua própria e uma pronúncia única. Não há, de acordo com o autor, nem uma “raça pura” tão pouco haveria uma “língua pura” com um único e específico modo de falar.
  • Mito 03: “Português é muito difícil”. Bagno (2007a, p.35) esclarece que o Português é uma língua como qualquer outra, pois uma criança não tem sequer a ideia do que sejam as normas gramaticais; no entanto, aprende a falar. Todo o nativo de um determinado lugar ou país vai aprender a língua do seu povo ou país.
  • Mito 04: “As pessoas sem instrução falam tudo errado.” Conforme Bagno (2007a, p.40), isso é um mito porque não existe uma única língua portuguesa, então falar de outro modo não deve ser considerado errado, feio ou equivocado, temos como exemplo as palavras “Cráudia”, “chicrete”, “praça”, “pranta” etc. Logo, o autor indica que não há apenas o português padrão. Essas palavras sofrem alterações em função dos fatores extralinguísticos indicados anteriormente. O papel da educação é orientar os estudantes em relação a situações em que esses diferentes registros linguísticos são permitidos ou não.
  • Mito 05: “O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão” Bagno (2007a, p.46) aponta que isso é um grande equívoco, pois esse aspecto é atribuído ao registro linguístico falado no Maranhão em função apenas do fato de que os maranhenses usam constantemente o pronome “tu” com a correta concordância verbal.
  • Mito 06: “O certo é falar assim porque se escreve assim”. Para Bagno (2007a, p.52), isso não é somente um preconceito como também um erro, visto que dependendo do lugar e da cultura, as pessoas se expressam pela fala de diferentes formas, por exemplo, o carioca fala de uma maneira; o paulista e o gaúcho, por exemplo, falam de outra.
  • Mito 07: “É preciso saber gramática para falar e escrever bem”. Segundo Bagno (2007a, p.62), isso é um mito, pois, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, porém não são. Grandes escritores como Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade dizem estar longe das normas gramaticais.
  • Mito 08: “O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”. Para Bagno (2007a, p.69), isso é um mito, porquanto não é só a elite que sabe, via de regra, a norma culta. O autor exemplifica apontando que um grande fazendeiro – supostamente iletrado – não passou pelo processo formal de educação e poderá, mesmo assim, ter posses e recursos financeiros. Por outro lado, um professor de português, às vezes, nem sequer o salário recebe. Bagno ainda ressalta que não adianta saber a norma culta e não ter uma moradia digna. O autor salienta que o poder no Brasil está concentrado em indivíduos que não dominam a norma culta da gramática, todavia, são homens heterossexuais oriundos de oligarquias. E conclui o Mito 08 apontando que: “falar em língua é falar em política”.

Por fim, observa-se que é necessário desconstruir a visão errônea de que existe apenas uma língua ou somente a norma padrão ou a norma culta. Há diversos “portugueses brasileiros” e é, por isso, necessário conscientizar as pessoas sobre as diferenças na língua de modo que elas possam monitorar a fala de acordo com a situação. Ou seja, a pergunta não é: “é certo ou errado falar assim?” mas sim: “essa variedade é adequada a essa situação ou não?”.

Cristina dos Santos Lovato é Doutora em Letras, Estudos Linguísticos, e docente na UNIPAMPA, campus Itaqui. Email: cristinalovato@unipampa.edu.br.
Mariane Larrissa Debus é acadêmica do curso de Letras EaD da UNIPAMPA, oferta UAB, polo Itaqui/RS. E-mail: marianedebus.aluno@unipampa.edu.br.

Referências Bibliográficas
BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro?: um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola editorial, 2001.
BAGNO, Marcos. Preconceito Linguístico. 49ª ed., São Paulo Editora Loyola, 2007a.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola editorial, 2007b.
CALVET, Louis-Jean. Sociolinguística: uma introdução crítica. São Paulo: Parábola Editoria, 2002.

Quer saber mais sobre os autores citados no texto? Acesse Marcos Bagno e Louis-Jean Calvet.

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Edição de Walker Douglas Pincerati.

Gestor público e processo motivacional – quem trabalha feliz, trabalha mais

por Pamela Piardi de Almeida

         Um gestor público, assim como os demais profissionais, tem grandes responsabilidades perante o mercado de trabalho, vale lembrar-se de que o papel de um gestor público é gerenciar organizações públicas, organizações não governamentais e também desenvolver projetos de empresas privadas realizados em parceria com o poder público. Podemos encontrar um gestor público em diversas áreas, como, por exemplo, educação, saúde, segurança etc.

     Durante o primeiro módulo do terceiro semestre do curso de Gestão Pública, na UNIFACVEST, estudei sobre comportamento organizacional, quando pude entender a complexidade de lidar com o ser humano, sejam eles colegas sejam eles chefes. No primeiro momento, lançaram a seguinte pergunta: “É possível motivar uma pessoa?”, faço com você uma reflexão sobre a tal questão. Primeiro, é necessário entender o que significa motivação para depois se questionar sobre. Motivação é “um termo geral que descreve o comportamento regulado por necessidade e instinto com respeito a objetivos” (DEESE, 1964, p. 404). Segundo Deese (1964, p. 404): “[e]ntendemos por motivo algo que incita o organismo à ação ou que sustenta ou dá direção à ação quando o organismo foi ativado”. A partir dessa reflexão pode-se entender que a motivação é algo que vem de dentro, aquilo que motiva uma ação, ou seja, os únicos que podem nos motivar somos nós mesmos, veja, segundo o livro Comportamento Organizacional escrito por Eunice Maria Nascimento, três aspectos importantes da motivação que precisam andar lado a lado na vida do ser humano.

  • Motivação pessoal: toma por referência as pessoas que convivem conosco no dia a dia, nossas relações afetivas, interpessoais com amigos e colegas de trabalho, nossas percepções, enfim, a dinâmica do cotidiano.
  • Motivação profissional: em que estão situadas as necessidades de trabalho, de reconhecimento, de crescimento e valorização das nossas habilidades voltadas à trajetória profissional.
  • Motivação espiritual: constituída pela crença, a fé, a consciência da existência de uma força superior, independentemente de como a denominamos, ou do credo de cada um.

      As pessoas precisam se apegar a algo que possa fazer sentido.

    Mas onde será que um gestor público se encaixa? será que ele pode influenciar algum funcionário de forma positiva ou estimulá-lo para obter sucesso na empresa? A resposta é sim, ele pode!!! Segundo o livro Gestão de Pessoas, de Burrhus F. Skinner, professor na Universidade de Harvard (EUA), cientista no campo da Psicologia, depois de muitas pesquisas na área comportamental, enunciou o conceito de reforço no comportamento: quando a pessoa tem um comportamento recompensado, ela tenderá a repetir o mesmo comportamento, isto é, quando o funcionário é bem-sucedido, depois de uma determinada atitude, ele tenderá a repetir a mesma atitude, esperando um novo sucesso. Seguindo o conceito, considerando que as pessoas têm necessidades e, ao satisfazê-las, tiverem sucesso, sempre que aparecerem as mesmas necessidades elas terão as mesmas atitudes, esperando obter o mesmo sucesso. Dessa maneira, o gestor que seguir esse modelo utilizará o reforço positivo quando o funcionário tiver atitudes e comportamentos por ele consideradas adequadas e, ao mesmo tempo, reprimirá o comportamento indesejado, deixando de recompensá-lo, quando o comportamento não lhe interessar.

      Pamela Piardi de Almeida é graduanda do curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia na UNIPAMPA Itaqui, e do curso Tecnólogo em Gestão Pública – Unifacvest. Contato: pamelaalmeida.aluno@unipampa.edu.br

 

Referências Bibliográficas:

NASCIMENTO, Eunice. Comportamento Organizacional. In: Nascimento, Eunice. O processo motivacional. IESDE. 2019, p. 36-47.

GUIMARÃES, André; CORDEIRO, Léia; FERREIRA, Oscar. Gestão de Pessoas. In: André Guimarães, Léia Cordeiro e Oscar Ferreira (orgs.), Motivação. IESDE, 2018, p. 47-59.

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Jornal do BIC&T: um breve histórico

por Jonas Anderson Simões das Neves

            A iniciativa que deu origem ao projeto então denominado “Jornal do BIC&T” surgiu em decorrência de atividades pedagógicas da componente curricular Português Instrumental, no segundo semestre letivo de 2014, com a turma do segundo semestre do período noturno do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da Unipampa (BIC&T) – Campus Itaqui. Enquanto exercício de produção textual, foi sugerido aos estudantes que construíssemos uma estrutura de jornal, a fim de trabalhar com os diferentes tipos de texto. Houve grande envolvimento de todos, que, além disso, propuseram que o material produzido fosse publicado, o que foi feito de maneira digital em redes sociais e de forma impressa no mural do curso.

            Anteriormente, alguns estudantes já haviam cogitado a possibilidade de construir um jornal para o BIC&T, como forma de divulgar e publicizar informações relevantes a eles, bem como para promover maior interação entre as turmas e os períodos, dado que o curso é ofertado nos períodos integral e noturno. Nesse primeiro momento, a ideia não havia sido levada adiante. Mas, uma levantada a proposta pedagógica na referida componente curricular, que pela primeira vez era ofertada no campus, a ideia do jornal foi então retomada por aquele mesmo grupo que a sugeriu. O grupo se juntou e providenciou as ferramentas necessárias para editoração do periódico.

            Após a publicação desta primeira edição do jornal, dez acadêmicos que tiveram maior envolvimento com a produção da mesma manifestaram interesse em manter a publicação enquanto projeto do curso, tanto por compreenderem a importância do veículo para interação e divulgação de informações, quanto para suprir uma carência de projetos voltados aos discentes do período noturno. Dessa forma, logo no primeiro semestre do ano seguinte, foi registrado e teve início o projeto intitulado “A linguagem enquanto instrumento de produção interdisciplinar do conhecimento: planejamento, produção e divulgação de um jornal eletrônico dos acadêmicos do BIC&T”.

            Esse projeto inicial teve duração de dois anos. Ao longo deles foram publicadas dez edições, com destaque à divulgação de trabalhos e pesquisas desenvolvidas por estudantes do campus; à participação de discentes em eventos externos; a entrevistas com docentes, pesquisadores e egressos do BIC&T; às informações referentes à rotina dos estudantes, tais como matrículas, aproveitamento de ACGs, calendário acadêmico, editais, etc; à divulgação de eventos acadêmicos, internos e externos; entre outros. Dentre o conteúdo produzido, destacavam-se, ainda, as charges produzidas. A partir da criação de três personagens representativas dos estudantes do campus, o “Academildo”, a “Nutrigirl” e o “Agroboy”, propunham reflexões críticas acerca da rotina dos estudantes, do campus, da instituição e da própria sociedade.

            Em termos da dinâmica de organização das atividades do projeto, eram realizadas reuniões de planejamento e elaboração de pauta aos sábados à tarde, para contemplar os estudantes do período noturno que trabalhavam durante o dia. Nelas eram organizadas equipes responsáveis pela produção dos diferentes conteúdos a serem publicados e pelas atividades de editoração e finalização dos materiais. Nesse momento inicial, o conteúdo do jornal foi produzido exclusivamente pelos acadêmicos envolvidos no projeto, cabendo ao docente responsável pelo projeto e a eventuais colaboradores externos apenas atividades de orientação, revisão e correção dos materiais e textos produzidos.

            Por seu caráter interdisciplinar, a proposta de construção do jornal dialogava muito bem com os objetivos de formação do curso e constituição do perfil do egresso, dado que articulava numa mesma iniciativa a dimensão humana da formação, pela produção textual e leitura crítica exigidas na construção do periódico; com a formação no âmbito das tecnologias digitais, dada pela utilização das ferramentas de editoração e divulgação do jornal; e tecnologias sociais, pela constituição de espaços alternativos e autônomos de produção de materiais por parte dos estudantes.

            Ao longo de seus dois anos iniciais de existência, o projeto foi contemplado duas vezes com bolsa do Projeto de Desenvolvimento Acadêmico (PDA) da Unipampa, na modalidade de ensino. Foram apresentados e publicados seis trabalhos em eventos acadêmicos e organizadas oficinas de produção textual e elaboração do jornal. Destaca-se, ainda, que o jornal chegou a ter algum alcance junto à comunidade de Itaqui quando passou a integrar as atividades do projeto “Universidade Itinerante”, no qual os projetos e cursos do Campus Itaqui eram levados e apresentados em escolas e durante eventos do município. Nessas atividades, estudantes envolvidos com o projeto apresentavam a iniciativa e distribuíam exemplares impressos do mesmo, divulgando ainda as possibilidades de acesso virtual ao periódico.

Após a publicação de sua 10ª Edição, em fevereiro de 2017, o projeto foi descontinuado. Muitos daqueles discentes que deram início ao projeto já estavam se formando. Outros que se incorporaram à iniciativa não se envolviam nele como os demais. Os próprios docentes envolvidos assumiam outros projetos. Enfim, naquele momento a opção foi por uma pausa.

            Todavia, apesar de adormecida por um tempo, a iniciativa não se perdeu. Pelo contrário! Percebe-se que esse sono foi necessário para possibilitar que novos sonhos fossem sonhados. Ressurge e desperta agora com muito maior força e vitalidade. Estende-se aos demais campi da Universidade e transpõe suas próprias fronteiras para se consolidar como mais um importante veículo de produção e divulgação do conhecimento científico produzido pela Universidade.

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Para acessar o arquivo do Jornal do BICT, clique aqui.

Revisão de Walker Douglas Pincerati.

Contribuição da Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui-RS no Combate a COVID -19

Pesquisa denominada Percepção da população de itaqui (rs) sobre a pandemia de coronavírus (covid-19) busca investigar o que a população de Itaqui (RS) conhece sobre a pandemia de Coronavírus (Covid-19). Pretende-se, com base no conhecimento do comportamento da população em estudo, implementar futuras ações sociais e campanhas educacionais em saúde pública no município, as quais deverão obter um maior engajamento dos munícipes. 

Graciéle Pereira Souza, graduanda do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia (http://lattes.cnpq.br/0578594221593657). Membro da Equipe do Jornal Interdisciplinar em C & T. E-mail:souzasgra@gmail.com

O projeto é desenvolvido por uma equipe coordenada pela professora Luciana Ethur e o técnico-administrativo Felipe B. Ethur, com a participação dos discentes Kellen R. Carlosso, Dieison M. da Silva, Kalita M. L. Fresingheli, Bruna Z. dos Santos, Letícia da R. Nunes, Taináh Espinosa e Thalles F. Fagundes.

Segundo a coordenadora do projeto, o instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário com 22 questões, referentes ao perfil do entrevistado, mídia utilizada para informação, conhecimento sobre o vírus, fatores econômicos e sociais, percepção de risco e perigo da pandemia e comportamento frente à situação atual. Esse questionário foi aplicado via google drive, obtendo-se um total de 491 respostas/entrevistas, sendo 365 de Itaqui. As respostas estão sendo organizadas, tabuladas e analisadas para serem publicadas e divulgadas para a comunidade.

O momento atual da pesquisa é a escrita e elaboração de textos para publicação dos dados para a comunidade. O trabalho conta com a participação ativa dos discentes de diferentes cursos da UNIPAMPA- Campus de Itaqui, os quais mesmo que a distância, utilizando para reuniões a plataforma Google Meet, além de utilizar-se o Facebook e Instagram como instrumento de comunicação interna e na relação com a comunidade externa.

Essa pesquisa vem de encontro ao plano de desenvolvimento institucional – PDI da UNIPAMPA –, pois está fundamentada na responsabilidade social, a qual consiste em dialogar, intermediar, intervir e buscar soluções alternativas a curto, médio e longo prazo junto a comunidade onde está inserida.

Conforme a professora Luciana Zago Ethur: “A presente pesquisa cumpre esse requisito de preocupação e interação com a comunidade itaquiense, visando identificar carências em uma fase crítica e incerta. Ao objetivar subsidiar futuras ações sociais e campanhas educacionais em saúde pública no município, busca-se contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, como preconiza o nosso PDI”.

Revisado por Cristina dos Santos Lovato