Arquivo da categoria: v. 1 n. 5 (2020)

Um convite à leitura de “O Discurso Político em Sociedades Pós-Digitais” (2020), de Jan BLOOMAERT

por Walker Douglas Pincerati e Cristina dos Santos Lovato

   Como uma pessoa pode ganhar uma eleição ou mesmo “governar” um país via Twitter? Por que e como as postagens desse tipo de pessoa “viralizam” nas redes sociais? Como analisar e, consequentemente, enfrentar essa espécie de “populismo”? Respostas são dadas a essas questões pelo linguista belga Jan Bloommaert em seu texto O Discurso Político em Sociedades Pós-Digitais, publicado em maio deste ano, no dossiê “Mecanismos digitais e semióticos dos populismos contemporâneos”, organizado pelo linguista brasileiro Daniel N. Silva, no número mais recente da revista Trabalhos em Linguística Aplicada. (Clique nos hiperlinks em azul para acessar textos e outras informações!)

   No texto, ele defende que vivemos em um novo ambiente: o pós-digital; que neste novo ambiente nossas práticas e interações acontecem no “nexo online-offline”, e que qualquer análise de discursos políticos deve considerar as novas condições de interação no ambiente pós-digital. Por isso, entende que devemos abandonar o modelo da “propaganda de massa”, a mass media, que está sustentada numa visão estatística de população, isto é, de “o público” enquanto “as massas”, visão essa que imaginariamente diria de uma “opinião pública”. Ele diz que a esfera pública é profundamente fragmentada e complexa e que as novas tecnologias exploram essa fragmentação, produzindo micro-marketings. Assim, a comunicação não pode ser mais pensada como um circuito linear de transmissão de mensagens que, por meio de um canal, chegariam a um receptor que as decodificaria de forma homogênea e transparente. Esse circuito linear de transmissão no modelo de mass media se daria do líder (o emissor), que comunicaria uma mensagem, via mídias de massa (o canal), a ser decodificada pelas massas (o receptor), vistas como bloco homogêneo e estatístico.

   No Twitter a interação é de outra ordem. Ela é indireta. Ela é mediada por algoritmos. Por isso, um dos participantes da interação não é humano. Eu posso gostar de uma postagem e compartilhá-la. Outra pessoa, porém, pode não gostar dela e compartilhá-la – retweetá-la – com o propósito de difamação ou crítica negativa. O algoritmo, no entanto, não está interessado em críticas positivas ou negativas, mas no alcance de circulação da mensagem em bolhas ou nichos diferentes. E pouco importa a data em que se retweetou. O importante é retweetar!

   No contexto da análise de discursos políticos, isso tudo nos lembra um ditado popular que hoje, talvez mais do que nunca, tem muito sentido para o político: “Falem bem ou falem mal, mas falem de mim!

Quer saber mais!? Assista ao vídeo clicando aqui e leia o artigo original disponível aqui. Boa leitura!!!

Versão do texto em *.pdf: clique aqui.

Gosto de Amora

  Gosto de Amora é a primeira publicação de contos do escritor e professor de Sociologia da Unicamp, Mário Medeiros, lançado no fim do segundo semestre de 2019 pela editora Malê (clique aqui para saber mais).

   O livro é divido em 15 contos, os quais são divididos em duas partes, em que os protagonistas são separados em fase jovem (infância e adolescência) e fase adulta. As histórias são independentes entre si. Surpreende-nos a cada conto pela diversidade de temas, embora possamos perceber uma persistência no caráter marcante de as personagens e de suas personalidades: são homens negros da cidade grande, originários de periferias (em muitos casos, de favelas), e com vidas duras. São retratados os dilemas deles para sobreviver a cada dia, dilemas tanto no âmbito pessoal, quanto no profissional.

   A escrita de Medeiros é fluída, rítmica, vibrante, marcadamente inquietante e não deixa o leitor e a leitora largar o livro enquanto não concluir sua leitura.

  Aos leitores que procuram uma leitura estimulante, ao mesmo tempo profunda e com senso de humor, recomendo vivamente o Gosto de Amoras.

Por Fabiana Mendes de Souza, doutora em Antropologia Social pela Unicamp.

Texto em *pdf., clique aqui.

Revisão de Walker Douglas Pincerati.