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A crise das instituição e o avanço do populismo

Por Eduardo Vieira da Silva

    Instituições como a ciência, a cultura e a imprensa fizeram ao longo da história a mediação responsável por afastar a civilização da barbárie. Elas nos legaram uma existência com mais qualidade de vida, sensibilidade e conhecimento. São uma barreira e um freio para aventuras e caprichos de populistas.

      A quem interessa o atual questionamento sistemático dessas instituições, quando não o ataque permanente? Claro que a um líder com inclinações totalitárias, que aproveita esse vazio de sentidos para impor a sua verdade e a sua agenda. Não, não estou defendendo que não se possa criticar essas criações humanas. São todas imperfeitas, como a vida também é. Devemos aprimorá-las de modo contínuo.

     Porém, a tentativa de deslegitimá-las como se todas as questões pudessem ser resolvidas apenas pelas preferências, gostos e maiorias de ocasião pavimenta o caminho para o avanço da ignorância, do negacionismo e do autoritarismo.

   O mau uso das redes sociais também colabora com a crise de mediação, através da propagação de campanhas antivacina, discursos de ódio e disseminação de informações falsas. No eterno plebiscito digital, ganha quem engaja mais. A análise embasada de um especialista é colocada em um mesmo nível de hierarquia de uma opinião qualquer sem propriedade.

   Com suas falhas e limitações, a ciência, a cultura e a imprensa servem como filtros e contribuem para fazer do mundo aquilo que o escritor uruguaio Eduardo Galeano dizia que ele deveria ser, mas nunca foi: uma casa de todos.

Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui
Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui

Eduardo Vieira da Silva é bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo pela UNIPAMPA São Borja, pós-graduando em Desenvolvimento Regional e Territorial pela UNIPAMPA Itaqui. É jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui. Contato: eduardoitaqui@hotmail.com

 

 

 

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Fake News e Coronavírus: o pânico que não vem da imprensa

   Eduardo Silva, Bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo –, pelo campus da UNIPAMPA São Borja e pós-graduando em Desenvolvimento Regional e Territorial pela UNIPAMPA Itaqui

       Sete em cada dez brasileiros acreditam em Fake news sobre o coronavírus. É o que aponta uma pesquisa da Avaaz divulgada em maio. Segundo o estudo, 60% dos internautas receberam notícias falsas pelo WhatsApp. No Facebook, o número chegou a 50%.

       A pesquisa também foi realizada nos Estados Unidos e na Itália, mas ninguém nos venceu em matéria de Fake news sobre a covid-19. E não são os jornalistas que estão produzindo esse conteúdo. Os números são uma amostra do tamanho do desafio da imprensa no País.

     Informações falsas – que nem notícias são – corroem o debate público faz tempo. No entanto, a velocidade das redes sociais e da ignorância faz com que a disseminação de mentiras se propague quase tão rápido quanto o vírus.

       Do presidente da República ao “tiozão do Whats”, a imprensa é diariamente questionada e acusada de estar alarmando e gerando pânico na população em função da cobertura sobre a pandemia. E essa acusação também é uma Fake news.

   Já que o Ministério da Saúde não divulgou até o momento nenhuma campanha institucional de esclarecimento sobre o coronavírus, coube ao jornalismo brasileiro informar e orientar a população sobre a importância de procedimentos como o distanciamento social, a higiene das mãos e o uso de máscaras. A imprensa – baseada em fontes como a Organização Mundial da Saúde – divulga informações que estão reduzindo o estrago causado pela covid-19.

       Assim como profissionais da saúde e da segurança, repórteres estão na linha de frente do combate ao coronavírus. O alarme e o pânico estão vindo de outro lugar. Em um misto de preguiça e má-fé, notícias verdadeiras acabam virando fake news quando publicadas fora de contexto.

       Foi o caso da farsa dos caixões vazios de Manuas e São Paulo. A reportagem original era verdadeira. Porém, as fotos eram de 2015 e 2018, pré-pandemia. Lida só pela manchete, a matéria virou fake.

     Mas há, também, mentiras, ponto. Em Itaqui, um áudio circulou pelo WhatsApp afirmando que o hospital da cidade estava “entrando em surto”, com pacientes infectados andando pelos corredores.

       A direção da instituição precisou vir a público para rechaçar a acusação e comunicar que encaminharia a gravação ao Ministério Público e à Polícia. Embora não houvesse evidências que comprovassem o que foi dito no áudio, as informações falsas geraram alarme e pânico na cidade. O áudio não foi nem gravado e nem compartilhado pela imprensa.

       Não compartilhe informações duvidosas, leia a notícia até o final, confira a data, confie no jornalismo tradicional e tenha certeza: vamos vencer.

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