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O Orçamento Público como ferramenta de controle social

por Márcio Luciano dos Santos Campos e Eduardo Sanabria de Assunção

    Este artigo visa compreender a dinâmica do orçamento público, imaginando um cenário municipal como fonte principal de exercício do controle social, em uma dinâmica de avaliação por parte da sociedade local a qual abrange determinado munícipio que, por vezes, será denominado “Estado”.

      O dever em prover o bem comum pelo Estado toma forma através do orçamento público. Para tanto, dentro de limites pré-estabelecidos, o Estado precisa fornecer serviços que atendam a sociedade nas suas diversas áreas de atuação, como Saúde, Assistência Social, Segurança, Agricultura, entre outras.

   Ao tentar suprir tais carências, ele precisa de recursos financeiros, ou seja, de um planejamento econômico-financeiro e político que satisfaça suas necessidades. Esses planejamentos no Brasil, em todas as esferas de governo, são denominados como orçamentos públicos. Os orçamentos compreendem etapas que se denominam: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei de Orçamento Anual (LOA).

    Primeiramente, o orçamento público tem diversas definições e conceitos, mas todas convergem para o mesmo sentido e uma mesma significação. Segundo Santos (2010, p. 18) “orçamento público reúne, de forma sistemática e organizada, todas as receitas estimadas para um determinado ano e o detalhamento das despesas que o governo espera executar”. Portanto, de uma forma simples podemos dizer que orçamento é uma estimativa de receitas e uma fixação de despesas, na qual as receitas são necessárias para a execução, por parte do Estado, dos serviços necessários à sociedade.

     No que consta ao controle social de iniciativa da sociedade, este é um poder dado ao cidadão para executar a fiscalização dos atos de determinada gestão pública em seus níveis municipal, estadual e federal, para saber se foi cumprida e/ou atendida a finalidade pública. Conforme ENAP (2015, p.5):

Na Administração Pública, o ato de controlar possui significado similar, na medida em que pressupõe examinar se a atividade governamental atendeu à finalidade pública (em oposição às finalidades privadas), à legislação e aos princípios básicos aplicáveis ao setor público (legalidade, impessoalidade, publicidade, moralidade, transparência, etc.).

      No sentido do presente, o controle social de iniciativa da sociedade, exercido através dos cidadãos e entidades de representação sociais e sindicais, permite fiscalizar a gestão municipal, sejam elas de ordem das despesas ou receitas orçamentárias. Por exemplo, os portais de transparência e a Lei de Acesso à Informação podem dar ao cidadão as informações necessárias para medir se a gestão pública está agindo com eficácia e eficiência na utilização dos recursos públicos.

     Entende-se que em sociedades menos organizadas quanto ao conhecimento abrangente sobre o orçamento público os cidadãos tentam organizar-se através de outros mecanismos para realizar o controle social.

    Um modelo são as páginas públicas das redes sociais onde são denunciados fatos que julgam estar em desacordo com o bom senso comunitário. Exemplos são denúncias de ruas esburacadas, falta de remédio nos postos de saúde, entre outros.

    Possuindo importância impar por ser um canal direto na execução do controle social a imprensa se destaca, pois ela tem a finalidade de informar a comunidade sobre situações de aplicabilidade e monitoramento dos recursos oriundos do orçamento público e atos da administração pública.

   Observa-se que sobre o controle social de iniciativa da sociedade, em especial a que ocorre nas cidades que compõem a fronteira oeste do Rio Grande do Sul, a fiscalização do orçamento público municipal é quase uma situação nula. Muito embora, existam as solicitações de informações que a Lei de Acesso à Informação faculta e os portais de transparência, que trazem uma gama de informações e relatórios sobre a movimentação orçamentária, mas que ainda são de difícil leitura e interpretação pelos cidadãos, tais fatos dificultam muito o exercício de fiscalização.

   Uma melhor transparência também envolveria a capacitação da comunidade local em entender os mecanismos de aplicação do orçamento público. Chegamos neste ponto, para contextualizar que as informações da área pública, por utilizarem palavras e conjecturas técnicas, tanto contábil como jurídica, inviabilizam a compreensão por cidadãos não pertencentes a este campo de trabalho. Isto posto, toda forma de incentivar a participação da comunidade nos atos relacionados ao orçamento deve ser celebrado, pois exaltam a transparência condicionada na Carta Magna em seu art. 37.

  A pergunta que surge: Como o cidadão executaria o controle social se ele próprio desconhece muitos termos técnicos utilizados dentro da área pública? A exemplo temos: o resultado resumido da execução orçamentária, limite prudencial da despesa com pessoal, relatório da gestão fiscal, dívida flutuante e fundada, restos a pagar, despesa empenhada versus despesa liquidada, etc. Ou seja, todos esses termos técnicos, além de outros, reportam parte da comunidade, ou seja, a grupos de cidadãos que farão o controle social, uma falta de conhecimento expressiva, tanto jurídico, técnico, contábil e orçamentário.

   Dessa forma, surge uma dificuldade para o cidadão, que vai executar uma fiscalização da gestão pública municipal, na qual está contida o orçamento do município, pois ele próprio desconhece a formação de cada conceito que precisa ser verificado.

    Por isso, precisamos criar uma política pública de educação sobre a área orçamentária. Essa educação deverá fornecer um conhecimento mínimo sobre legislação, orçamento público, direito administrativo, licitação, área contábil e de pessoal. Infere-se que com essa formação o cidadão poderá cumprir com seu papel de controle social. Em suma, a arma do cidadão é o conhecimento.

Márcio Luciano dos Santos Campos é contabilista, servidor Técnico-Administrativo da UNIPAMPA Itaqui e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UNIPAMPA São Borja. Membro do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas/NEABI da UNIPAMPA Itaqui.

Eduardo Sanabria de Assunção é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas da UNIPAMPA São Borja.

Referências Bibliográficas

SILVA, Rodrigo B; KISCHLAT, Everton; CORTES, Rebecca (a). Controle social. Brasília: Enap, 2015. Módulo I: Introdução e conceitos básicos.
SANTOS, Rita de Cássia. Plano plurianual e orçamento público. Brasília, UAB, 2010. Módulo Específico.
LUIZ, Wander. LRF Fácil: Guia Contábil da Lei de Responsabilidade Fiscal. 5. ed. Brasília: CFC, 2003.
AGUIAR, Afonso Gomes. Direito Financeiro: a Lei nº 4.320 – comentada ao alcance de todos. 3. ed., 2ª tiragem. Belo Horizonte: Fórum, 2004.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 10 jul. 2020.

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Um convite à leitura de The Last Man (O Último Homem), de Mary Shelley (1826)

por Jaqueline Bohn Donada

      Estamos no século XXI: uma nova doença surge na Ásia e, paulatinamente, se espalha pela Europa. Atinge fortemente a Itália e, de lá, se alastra para o continente americano causando milhares de mortes por todo o mundo. A pandemia global expõe a fragilidade da democracia e da organização social vigente e traz à tona questões existenciais sobre a natureza e o futuro da humanidade.

        Esse parágrafo bem que poderia ser um relato da eclosão do novo coronavírus, mas é, na verdade, um brevíssimo resumo do romance O Último Homem / The Last Man (veja aqui), o terceiro romance escrito por Mary Shelley, publicado em 1826.

   O estrondoso sucesso de seu primeiro livro, Frankenstein, e seu processo de transformação em um ícone pop, ao mesmo tempo que despertaram o interesse generalizado pela literatura, também deixaram em segundo plano a jovem autora inglesa e espalharam por aí uma percepção de Mary Shelley como autora de uma obra só. A atual pandemia de COVID-19, apesar da devastação que tem causado, serviu (pelo menos isto!) de ocasião para que viesse à tona o equívoco por trás dessa percepção.

       Desde março, jornais de grande circulação na mídia internacional e pesquisadores de diversas universidades de renome têm destacado o caráter de atualidade do terceiro romance da autora, prestes a completar 200 anos de publicação. O jornal The New York Times afirmou, em março, que Shelley “previu as causas políticas e as soluções coletivas para a peste global”. Em maio, a Universidade de Sydney tratou do livro como “um profecia da vida em uma pandemia global” e a Universidade de Cambridge, por sua vez, apresentou uma leitura d’O Último Homem como “uma visão profética do futuro que questiona os poderes da civilização sobre a natureza e mostra aos leitores de 2020 semelhanças com a COVID-19”.

       Embora a ideia de profecia não seja necessariamente a mais adequada para se pensar sobre esse livro, é verdade que sua capacidade de falar diretamente ao mundo contemporâneo é notável, hoje ainda mais do que na época da primeira publicação. A história contada é a de Lionel Verney e de como ele veio a se tornar o último homem vivo. Aparentemente imune a uma doença letal e desconhecida, Verney narra, em primeira pessoa, a sua trajetória desde uma infância pobre, passando pela ascensão social, por seu envolvimento em um conflito, que lembra de perto a Guerra de Independência da Grécia, e culminando em sua completa solidão na face da terra. Verney testemunha não apenas a eclosão e disseminação de um vírus mortal em todo o mundo, mas também a morte gradual de todos os seus familiares e amigos.

      Trata-se de uma narrativa intensa que costura com sutileza aspectos históricos, políticos e psicológicos. Sem dúvida, serve de exercício imaginativo a uma sociedade egóica frente a um problema coletivo, como a atual pandemia que assume proporções cada vez mais apocalípticas. O ar de ficção científica incipiente e os contornos góticos e distópicos da narrativa dialogam abertamente com as obras da ficção contemporânea, e colocam em evidência o caráter gótico-distópico do mundo em que vivemos.

Você encontra um vídeo com uma leitura comentada do romance, clicando aqui.

Boa leitura!

Jaqueline Bohn Donada é professora de Literaturas de Língua Inglesa na Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

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A crise das instituição e o avanço do populismo

Por Eduardo Vieira da Silva

    Instituições como a ciência, a cultura e a imprensa fizeram ao longo da história a mediação responsável por afastar a civilização da barbárie. Elas nos legaram uma existência com mais qualidade de vida, sensibilidade e conhecimento. São uma barreira e um freio para aventuras e caprichos de populistas.

      A quem interessa o atual questionamento sistemático dessas instituições, quando não o ataque permanente? Claro que a um líder com inclinações totalitárias, que aproveita esse vazio de sentidos para impor a sua verdade e a sua agenda. Não, não estou defendendo que não se possa criticar essas criações humanas. São todas imperfeitas, como a vida também é. Devemos aprimorá-las de modo contínuo.

     Porém, a tentativa de deslegitimá-las como se todas as questões pudessem ser resolvidas apenas pelas preferências, gostos e maiorias de ocasião pavimenta o caminho para o avanço da ignorância, do negacionismo e do autoritarismo.

   O mau uso das redes sociais também colabora com a crise de mediação, através da propagação de campanhas antivacina, discursos de ódio e disseminação de informações falsas. No eterno plebiscito digital, ganha quem engaja mais. A análise embasada de um especialista é colocada em um mesmo nível de hierarquia de uma opinião qualquer sem propriedade.

   Com suas falhas e limitações, a ciência, a cultura e a imprensa servem como filtros e contribuem para fazer do mundo aquilo que o escritor uruguaio Eduardo Galeano dizia que ele deveria ser, mas nunca foi: uma casa de todos.

Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui
Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui

Eduardo Vieira da Silva é bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo pela UNIPAMPA São Borja, pós-graduando em Desenvolvimento Regional e Territorial pela UNIPAMPA Itaqui. É jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui. Contato: eduardoitaqui@hotmail.com

 

 

 

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Grupo de trabalho da UNIPAMPA produz conteúdos sobre a Covid-19 no Instagram

por Larissa Burchard.

    Em momentos de crise, como o que estamos vivendo com a pandemia, atitudes que buscam informar a população são essenciais. Pensando nisso, a UNIPAMPA criou o “Grupo de Trabalho UNIPAMPA no Enfrentamento à COVID-19” que encontrou na rede social Instagram uma forma de informar sobre os efeitos da pandemia nas regiões da Fronteira Oeste e Campanha. O grupo é formado por professores, técnicos e estudantes de diversas cidades onde a Unipampa atua e os trabalhos começaram no final de março no início dos casos no estado.

Perfil do GT já tem mais de 100 publicações

 

   Além de informar, o perfil também divulga as ações da universidade para amenizar as consequências da disseminação do novo coronavírus, o SARS-CoV-2. Com fotos, vídeos e textos, os seguidores do perfil recebem informações sobre pesquisas, casos de Covid-19, projetos sociais e doações de alimentos nos dez campi da universidade. As ações divulgadas são diversas, desde produção de álcool 70% para pessoas em vulnerabilidade social até dicas de cuidados com a saúde mental durante o isolamento social.

O grupo também posta notícias sobre a covid-19 na região da Fronteira Oeste e da Campanha
O grupo também posta notícias sobre a covid-19 na região da Fronteira Oeste e da Campanha.

 

Para acompanhar os conteúdos basta seguir o perfil @unipampa_covid19 no Instagram. Se gostar, não esqueça de curtir, comentar e compartilhar para que a informação alcance mais pessoas.

Larissa Burchard é jornalista e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Indústria Criativa da UNIPAMPA. Para ver seu currículo, clique aqui.

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Revisão e edição de Walker Douglas Pincerati.

Gestor público e processo motivacional – quem trabalha feliz, trabalha mais

por Pamela Piardi de Almeida

         Um gestor público, assim como os demais profissionais, tem grandes responsabilidades perante o mercado de trabalho, vale lembrar-se de que o papel de um gestor público é gerenciar organizações públicas, organizações não governamentais e também desenvolver projetos de empresas privadas realizados em parceria com o poder público. Podemos encontrar um gestor público em diversas áreas, como, por exemplo, educação, saúde, segurança etc.

     Durante o primeiro módulo do terceiro semestre do curso de Gestão Pública, na UNIFACVEST, estudei sobre comportamento organizacional, quando pude entender a complexidade de lidar com o ser humano, sejam eles colegas sejam eles chefes. No primeiro momento, lançaram a seguinte pergunta: “É possível motivar uma pessoa?”, faço com você uma reflexão sobre a tal questão. Primeiro, é necessário entender o que significa motivação para depois se questionar sobre. Motivação é “um termo geral que descreve o comportamento regulado por necessidade e instinto com respeito a objetivos” (DEESE, 1964, p. 404). Segundo Deese (1964, p. 404): “[e]ntendemos por motivo algo que incita o organismo à ação ou que sustenta ou dá direção à ação quando o organismo foi ativado”. A partir dessa reflexão pode-se entender que a motivação é algo que vem de dentro, aquilo que motiva uma ação, ou seja, os únicos que podem nos motivar somos nós mesmos, veja, segundo o livro Comportamento Organizacional escrito por Eunice Maria Nascimento, três aspectos importantes da motivação que precisam andar lado a lado na vida do ser humano.

  • Motivação pessoal: toma por referência as pessoas que convivem conosco no dia a dia, nossas relações afetivas, interpessoais com amigos e colegas de trabalho, nossas percepções, enfim, a dinâmica do cotidiano.
  • Motivação profissional: em que estão situadas as necessidades de trabalho, de reconhecimento, de crescimento e valorização das nossas habilidades voltadas à trajetória profissional.
  • Motivação espiritual: constituída pela crença, a fé, a consciência da existência de uma força superior, independentemente de como a denominamos, ou do credo de cada um.

      As pessoas precisam se apegar a algo que possa fazer sentido.

    Mas onde será que um gestor público se encaixa? será que ele pode influenciar algum funcionário de forma positiva ou estimulá-lo para obter sucesso na empresa? A resposta é sim, ele pode!!! Segundo o livro Gestão de Pessoas, de Burrhus F. Skinner, professor na Universidade de Harvard (EUA), cientista no campo da Psicologia, depois de muitas pesquisas na área comportamental, enunciou o conceito de reforço no comportamento: quando a pessoa tem um comportamento recompensado, ela tenderá a repetir o mesmo comportamento, isto é, quando o funcionário é bem-sucedido, depois de uma determinada atitude, ele tenderá a repetir a mesma atitude, esperando um novo sucesso. Seguindo o conceito, considerando que as pessoas têm necessidades e, ao satisfazê-las, tiverem sucesso, sempre que aparecerem as mesmas necessidades elas terão as mesmas atitudes, esperando obter o mesmo sucesso. Dessa maneira, o gestor que seguir esse modelo utilizará o reforço positivo quando o funcionário tiver atitudes e comportamentos por ele consideradas adequadas e, ao mesmo tempo, reprimirá o comportamento indesejado, deixando de recompensá-lo, quando o comportamento não lhe interessar.

      Pamela Piardi de Almeida é graduanda do curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia na UNIPAMPA Itaqui, e do curso Tecnólogo em Gestão Pública – Unifacvest. Contato: pamelaalmeida.aluno@unipampa.edu.br

 

Referências Bibliográficas:

NASCIMENTO, Eunice. Comportamento Organizacional. In: Nascimento, Eunice. O processo motivacional. IESDE. 2019, p. 36-47.

GUIMARÃES, André; CORDEIRO, Léia; FERREIRA, Oscar. Gestão de Pessoas. In: André Guimarães, Léia Cordeiro e Oscar Ferreira (orgs.), Motivação. IESDE, 2018, p. 47-59.

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Meu trabalho nota 10: Alice da Cruz

    Meu nome é Alice da Cruz, sou natural de Santo Cristo/RS e resido atualmente em Itaqui/RS porque sou discente do curso de Bacharelado em Nutrição da Universidade Federal do Pampa do campus de Itaqui/RS. Ao chegar ao sexto semestre da graduação, deparei-me com o desafio de produzir e escrever uma pesquisa para o meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Escolhi como tema de pesquisa a interface entre a identidade profissional do nutricionista e estereótipos femininos, convidei para me orientar a Prof.ª Dr.ª Cristina dos Santos Lovato.

      Após a aprovação do TCC, o texto foi submetido, em formato de artigo, para publicação na Revista Ideação. O texto foi aprovado e publicado com o título sugerido pelos pareceristas: Profissional nutricionista: sua percepção sobre as cobranças externas relacionadas à sua imagem corporal e estereótipos (link: http://e-revista.unioeste.br/index.php/ideacao/article/download/24637/15809).

     Por se tratar da imagem pessoal do profissional, passei por diversas dificuldades para a produção, aplicação e coleta de dados da pesquisa, após algumas tentativas frustradas de aplicação de questionários na própria instituição, dificuldades com os trâmites referentes ao Comitê de Ética – é importante destacar que essa é uma discussão recente na área de Humanidades e que ainda carece de refinamento, conforme as características das pesquisas e da referida área – , partimos para a coleta de dados. No geral, foram adotados todos os procedimentos de segurança tais como o Termo de Consentimento livre esclarecido (TCLE). Outra dificuldade foi encontrar um periódico científico em que o artigo, de natureza interdisciplinar, se enquadrasse.

     Resumidamente, se trata de estudo quanti-qualitativo que teve como objetivo verificar se há interferência de estereótipos na percepção do profissional nutricionista e se há um perfil almejado para ele pelo mercado de trabalho por meio da aplicação de um questionário feito no aplicativo do Google “Formulários Google” e enviado para nutricionistas de todo o Brasil. Foi feita também uma análise documental de sites com vagas de emprego para nutricionistas nos sites Agrobase oportunidade, Indeed e Trabalha Brasil. A pesquisa indicou que parece haver um alinhamento entre a aparência física, em termos de padrão antropométrico, e a percepção sobre a área em conformidade com os padrões estéticos vigentes de magreza.

   Por fim, devemos levar em consideração os aspectos positivos e negativos como experiências para a vida, trabalhar com um tema polêmico e receber inúmeras crítica, mudar metodologias e, mesmo assim, ver hoje que o trabalho foi aceito é uma felicidade que não pode ser descrita em palavras.

 Alice da Cruz é acadêmica do Bacharelado em Nutrição da Universidade Federal do Pampa Itaqui. E-mail: alicedacruz96@gmail.com.br.

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Convite à leitura do artigo científico Observatório de Inovação como ferramenta de subsídio à inteligência nas organizações

por Rafael Santos de Lima

    Ei! Você que está lendo este texto, sabe o que é um OBSERVATÓRIO!? Não?! Para resolver isso, te faço um convido para ler o artigo intitulado Observatório de inovação como ferramenta de subsídio à inteligência nas organizações (clique no título para lê-lo), escrito por Thiago Zschornack, João Artur de Souza, Luana Siewert Pretto e Adriana Falcão Loth. Embora o artigo seja voltado à área de Administração, é importante destacar que há diversos tipos de observatórios com os mais diversos objetivos. No geral, um observatório busca servir de apoio à tomada de decisões por meio do mapeamento e da análise de informações.

  O CiênciAção: Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural é um exemplo de observatório destinado à coleta de informações e ao compartilhamento dessas informações. Tem o objetivo de buscar fazer um levantamento e organizar informações sobre as atividades de pesquisa, ensino e extensão na Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) para mostrar o impacto que essa instituição tem na sociedade e contribuir, desse modo, para o desenvolvimento de uma compreensão pública da ciência.

   Não quero dar spoiler, mas aí vão alguns pontos abordados no texto

  1. Os autores apresentam os principais conceitos e modelos de observatórios e como eles podem ajudar no processo de inovação;
  2. A importância da informação gerada pela ciência para o desenvolvimento de um país;
  3. Os tipos de observatórios;
  4. Principais modelos de observatórios de inovação presentes na literatura;
  5. Conceito de inovação.

   Creio que esses cinco pontos sejam o suficiente para instigá-lo a ler esse artigo. No mais, boa leitura!

Rafael Santos de Lima é acadêmico do curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia. Contato: rafaelslima4@gmail.com.

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Apresentação da 5ª Edição

      A 5ª Edição do Jornal Interdisciplinar em C&T vem a público com um novo nome. Agora se chama CiênciaAção: Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural. Tem os mesmos ideais que nos motivaram a construção deste projeto. Somos um grupo de docentes, discentes e técnicos da UNIPAMPA e de colaboradores externos que criam, produzem, reproduzem e distribuem conteúdos relacionados à ciência, à tecnologia, à arte e à cultura. A missão é de informar, entreter e promover a qualificação da leitura e da escrita no contexto universitário com fins de popularização da ciência e artes. Queremos, cada vez mais, construir um ambiente em que todas as áreas de conhecimento dialogam e se complementam em prol do progresso social, científico e cultural. Nesta edição, apresentamos três seções novas: (i) Observatório de Divulgação Científica, (ii) Convite a Leituras e (iii) Artes e Culturas.

    A seção Observatório de Divulgação Científica tem como objetivo divulgar projetos de pesquisa, ensino e extensão desenvolvidos na UNIPAMPA. É inaugurada popularizando as ações desenvolvidas nos projetos: Poema Falado, coordenado por Lana C. Almeida, que promove literatura e artes, no geral, em ambiente virtual; Ambulatório de Nutrição da UNIPAMPA, liderado por Karina D’Almeida, cujo propósito é a prevenção ou melhoria da qualidade de vida das pessoas via ações tangentes à alimentação; e PIBID Matemática, projeto conjunto de iniciação à docência dos campi de Bagé e Itaqui da UNIPAMPA, que oportuniza aos alunos vivenciar rotinas nas escolas e organizar eventos de divulgação do curso e de aplicação dos conhecimentos matemáticos no dia a dia.

   Em Convite a Leituras, Fabiane Almeida Mendes, apresenta o livro Gosto de Amora, que reúne contos de Mário Medeiros. Os contos narram momentos de vida de personagens negros, homens jovens e adultos, na cidade grande. De tais situações surgem desafios pessoais e profissionais, que abordam diversos temas, quando se mostram fortes personalidades. Outro convite é feito por Walker Douglas Pincerati e Cristina dos Santos Lovato à leitura de O Discurso Político em Sociedades Pós-Digitais (2020), artigo do linguista belga Jan Bloomaert, que propõe os termos e as condições para a análise de discursos políticos na era pós-digital.

   A seção Artes e Culturas traz uma foto de Niel Nié, fotografo e discente do curso de Bacharelado em Produção e Política Cultural da UNIPAMPA Jaguarão; foto essa tirada em Jaguarão e que é acompanhada de um “texto” que diz algo sobre a imagem.

   As demais seções continuam as mesmas. Nesta 5ª edição contamos, então, com a colaboração de Jonas A. S. das Neves que nos mostra como há ideias que precisam de um tempo de amadurecimento. O caso de CiênciAção – Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural pode ser acompanhado no relato Jornal do BIC&T: um breve histórico, em Reportagens. Assim, ideias originadas em sala de aula, visando integrar alunos e docentes, avançam até propiciar exercícios de produção de textos e a descoberta de tecnologias para divulgação dos mesmos fora do ambiente acadêmico.

   Na seção Alun@ destaque, contamos com o texto da egressa do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da UNIPAMPA Itaqui, Vanessa Salaibe, que relata sobre a sua experiência acadêmica no curso e a produção de seu Trabalho final de Graduação que geraram dois artigos científicos. A acadêmica do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Carla Lisiane Ibaldi Carabajal, está na seção Meu trabalho Nota 10, e conta sobre o desenvolvimento de trabalhos acadêmicos sobre a importância das abelhas melíponas. O Professor Vinicius Dalbianco foi o eleito para esta edição como Professor Nota 10 para contar como se deu a construção da sua carreia acadêmica e profissional. Por fim, contamos com a colaboração de Eduardo Silva, com o Artigo de Opinião Fake news e coronavírus: o pânico que não vem da imprensa, um texto que discorre sobre o compartilhamento de notícias falsas.

Desejamos uma excelente leitura a todxs!

Cristina dos Santos Lovato, Silvia Maria Puentes Bentancourt e Walker Douglas Pincerati.

Versão do texto de apresentação em *.pdf: clique aqui.

Versão completa da 5a. Edição em *pdf: clique aqui

Jornal do BIC&T: um breve histórico

por Jonas Anderson Simões das Neves

            A iniciativa que deu origem ao projeto então denominado “Jornal do BIC&T” surgiu em decorrência de atividades pedagógicas da componente curricular Português Instrumental, no segundo semestre letivo de 2014, com a turma do segundo semestre do período noturno do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da Unipampa (BIC&T) – Campus Itaqui. Enquanto exercício de produção textual, foi sugerido aos estudantes que construíssemos uma estrutura de jornal, a fim de trabalhar com os diferentes tipos de texto. Houve grande envolvimento de todos, que, além disso, propuseram que o material produzido fosse publicado, o que foi feito de maneira digital em redes sociais e de forma impressa no mural do curso.

            Anteriormente, alguns estudantes já haviam cogitado a possibilidade de construir um jornal para o BIC&T, como forma de divulgar e publicizar informações relevantes a eles, bem como para promover maior interação entre as turmas e os períodos, dado que o curso é ofertado nos períodos integral e noturno. Nesse primeiro momento, a ideia não havia sido levada adiante. Mas, uma levantada a proposta pedagógica na referida componente curricular, que pela primeira vez era ofertada no campus, a ideia do jornal foi então retomada por aquele mesmo grupo que a sugeriu. O grupo se juntou e providenciou as ferramentas necessárias para editoração do periódico.

            Após a publicação desta primeira edição do jornal, dez acadêmicos que tiveram maior envolvimento com a produção da mesma manifestaram interesse em manter a publicação enquanto projeto do curso, tanto por compreenderem a importância do veículo para interação e divulgação de informações, quanto para suprir uma carência de projetos voltados aos discentes do período noturno. Dessa forma, logo no primeiro semestre do ano seguinte, foi registrado e teve início o projeto intitulado “A linguagem enquanto instrumento de produção interdisciplinar do conhecimento: planejamento, produção e divulgação de um jornal eletrônico dos acadêmicos do BIC&T”.

            Esse projeto inicial teve duração de dois anos. Ao longo deles foram publicadas dez edições, com destaque à divulgação de trabalhos e pesquisas desenvolvidas por estudantes do campus; à participação de discentes em eventos externos; a entrevistas com docentes, pesquisadores e egressos do BIC&T; às informações referentes à rotina dos estudantes, tais como matrículas, aproveitamento de ACGs, calendário acadêmico, editais, etc; à divulgação de eventos acadêmicos, internos e externos; entre outros. Dentre o conteúdo produzido, destacavam-se, ainda, as charges produzidas. A partir da criação de três personagens representativas dos estudantes do campus, o “Academildo”, a “Nutrigirl” e o “Agroboy”, propunham reflexões críticas acerca da rotina dos estudantes, do campus, da instituição e da própria sociedade.

            Em termos da dinâmica de organização das atividades do projeto, eram realizadas reuniões de planejamento e elaboração de pauta aos sábados à tarde, para contemplar os estudantes do período noturno que trabalhavam durante o dia. Nelas eram organizadas equipes responsáveis pela produção dos diferentes conteúdos a serem publicados e pelas atividades de editoração e finalização dos materiais. Nesse momento inicial, o conteúdo do jornal foi produzido exclusivamente pelos acadêmicos envolvidos no projeto, cabendo ao docente responsável pelo projeto e a eventuais colaboradores externos apenas atividades de orientação, revisão e correção dos materiais e textos produzidos.

            Por seu caráter interdisciplinar, a proposta de construção do jornal dialogava muito bem com os objetivos de formação do curso e constituição do perfil do egresso, dado que articulava numa mesma iniciativa a dimensão humana da formação, pela produção textual e leitura crítica exigidas na construção do periódico; com a formação no âmbito das tecnologias digitais, dada pela utilização das ferramentas de editoração e divulgação do jornal; e tecnologias sociais, pela constituição de espaços alternativos e autônomos de produção de materiais por parte dos estudantes.

            Ao longo de seus dois anos iniciais de existência, o projeto foi contemplado duas vezes com bolsa do Projeto de Desenvolvimento Acadêmico (PDA) da Unipampa, na modalidade de ensino. Foram apresentados e publicados seis trabalhos em eventos acadêmicos e organizadas oficinas de produção textual e elaboração do jornal. Destaca-se, ainda, que o jornal chegou a ter algum alcance junto à comunidade de Itaqui quando passou a integrar as atividades do projeto “Universidade Itinerante”, no qual os projetos e cursos do Campus Itaqui eram levados e apresentados em escolas e durante eventos do município. Nessas atividades, estudantes envolvidos com o projeto apresentavam a iniciativa e distribuíam exemplares impressos do mesmo, divulgando ainda as possibilidades de acesso virtual ao periódico.

Após a publicação de sua 10ª Edição, em fevereiro de 2017, o projeto foi descontinuado. Muitos daqueles discentes que deram início ao projeto já estavam se formando. Outros que se incorporaram à iniciativa não se envolviam nele como os demais. Os próprios docentes envolvidos assumiam outros projetos. Enfim, naquele momento a opção foi por uma pausa.

            Todavia, apesar de adormecida por um tempo, a iniciativa não se perdeu. Pelo contrário! Percebe-se que esse sono foi necessário para possibilitar que novos sonhos fossem sonhados. Ressurge e desperta agora com muito maior força e vitalidade. Estende-se aos demais campi da Universidade e transpõe suas próprias fronteiras para se consolidar como mais um importante veículo de produção e divulgação do conhecimento científico produzido pela Universidade.

Versão do texto em *pdf.: clique aqui.

Para acessar o arquivo do Jornal do BICT, clique aqui.

Revisão de Walker Douglas Pincerati.

Área de preservação de abelhas melíponas – GEAMI

Carla Lisiane Ibaldi Carabajal, acadêmica do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia da UNIPAMPA, campus Itaqui.

       A preservação de espécies botânicas nativas consideradas pasto melífero e a preservação de colônias de abelhas sem ferrão (Melipona sp.) são fundamentais para manutenção do ecossistema Pampa. E, entendendo que, essas abelhas são consideradas indicadores de um ecossistema em equilíbrio, existe uma necessidade acadêmica de estudos na área de plantas que possam ser utilizadas por elas. Nesse sentido, foi observada a necessidade da organização de uma área de preservação dentro da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) – Campus Itaqui/RS –, sendo a mesma construída e mantida pelo Grupo de Estudos em Apicultura e Meliponicultura de Itaqui (GEAMI). O espaço pode ser utilizado por diferentes componentes curriculares, dentre as quais: Morfologia Vegetal, Botânica Sistemática, Entomologia Geral, Entomologia Agrícola, Ciência do Ambiente, Ecologia e Seminário Integrador em ciência e tecnologia.

            O objetivo foi construir, manter e utilizar a área de preservação para fins pedagógicos e para a compreensão e conscientização da comunidade interna e externa da UNIPAMPA com relação à importância das abelhas para a sustentabilidade do ecossistema. Metodologicamente os componentes do grupo criaram o cercado para fins de estudo, pesquisa e extensão. Para isso, foram utilizadas sobras de pallets encontrados no campus, materiais e ferramentas de propriedade dos discentes para a construção do cercado e plantio das mudas de diferentes plantas. Assim, o grupo GEAMI disponibilizou o uso do local para o Curso de Extensão: “Boas práticas na produção de mel”, quando ocorreu a visita de apicultores e discentes, e para o componente curricular “Seminário Integrador  em Ciência e Tecnologia”, com a participação de discentes do Curso Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, quando foi apresentado o projeto e debatido sobre a importância das abelhas melíponas e as plantas que são utilizadas como pasto apícola.

          A apresentação e conversa realizada nos dois encontros relatados despertou o interesse nas espécies de abelhas sem ferrão e nos estudos desenvolvidos pelo GEAMI. Os discentes sugeriram que sejam instaladas caixas de criação racional de abelhas melíponas no cercado, com o intuito de desenvolver pesquisas sobre as espécies e elaborar produtos comerciais como alimentos, fármacos e cosméticos. E a partir do cultivo das plantas investigar suas funções fitoterápicas, ressaltando sua importância para o nosso ecossistema, envolvendo a prática interdisciplinar. Portanto, o ambiente organizado pelo GEAMI contribuiu até o presente momento para o desenvolvimento de ações interdisciplinares e demonstrou ser de suma importância para os apicultores e comunidade, permitindo a realização de eventos de extensão e de estudos com relação a apicultura. Trata-se de uma ferramenta pedagógica importante, pois possibilita a interação entre o ensino, pesquisa e extensão.

               Este trabalho foi inspirado no grupo GEAMI e na educação ambiental com o intuito de inovar metodologias, acredito ainda que este estudo servirá de referência para muitos outro, o verdadeiro motivo desse trabalho existir é para implementar formas sustentáveis nas universidades e no âmbito escolar. Nesse sentido, o intuito desses cercados para abelhas sem ferrão é promover um espaço ecológico. O mel dessas abelhas está ganhando espaço no mercado por ser mais apetitoso e ter uma cor e aroma diferenciados. Por fim, consegui concluir meu trabalho sugerindo que uma educação ambiental inseida na agroecologia é possível.

                 Faço os seguintes agradecimentos aos que me ajudaram de alguma forma para esse trabalho acontecer Paulo Fernando Alves Maurer, Samuel Machado Abreu, Francisco Silveira Motta, Kalita Maieski Leal Fresingheli,  Luciana Zago Ethur, Paulo Roberto Cardoso da Silveira

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