Arquivo da categoria: Observatório de Divulgação Científica

Projeto de Extensão do Ambulatório de Nutrição da UNIPAMPA- Campus de Itaqui

Por Graciéle Sousa.

   Iniciado no ano de 2014, o projeto está vinculado ao Curso de Nutrição da Universidade Federal do Pampa no Campus de Itaqui, sendo coordenado pela Nutricionista, Mestre e Doutora em Cardiologia e Ciências Cardiovasculares, Karina Sanchez Machado D’Almeida.

   O Ambulatório oferta atendimento de forma gratuita para comunidade itaquiense e região. O objetivo é a promoção da saúde com foco na prevenção e tratamento das doenças crônicas não transmissíveis como: hipertensão arterial (pressão alta), diabetes (glicose alta), ambas de alta incidência na população brasileira; consideradas relevante problema de saúde pública no Brasil. Essas doenças apresentam aspectos em comum, tais como a origem, os fatores de risco, as complicações e as formas de tratamento.

   Assume importância o atendimento especializado por profissionais da área de nutrição, pois essas enfermidades estão fortemente associadas ao estilo de vida, maus hábitos alimentares, sedentarismo, excesso de peso e o acúmulo de gordura abdominal – fatores esses que desencadeiam uma das principais causa das doenças: a obesidade. Os médicos relacionam a gordura abdominal com a síndrome metabólica. Essa síndrome é um conjunto que envolve hipertensão, excesso de triglicérides, baixo nível de colesterol bom, além do abdômen saliente. Nesse contexto, orientações sobre uma alimentação saudável é fundamental. Um cardápio variado e adequado para cada quadro clínico aumenta a imunidade e auxilia no controle de muitas patologias.

   Uma alimentação saudável e um planejamento dietoterápico específico se tornam um diferencial no tratamento dessas enfermidades e leva à melhora do quadro de pacientes que são encaminhados ao atendimento dos docentes e estudantes de nutrição. As patologias devem ser acompanhadas por uma dieta diferenciada, visando e respeitando as necessidades nutricionais de cada paciente.

   Com o intuito de promover a saúde e de prevenir doenças a partir da ciência da nutrição, este projeto foi constituído, disponibilizando informações por profissionais qualificados. Segundo Karina D’Almeida, a coordenadora do projeto, este espaço, além de prestar um retorno à comunidade, atuando diretamente na saúde e no bem-estar de seus usuários, também permite que os acadêmicos do Curso desenvolvam o aspecto humanístico e comunitário, os quais são de suma importância para futuros profissionais da área da saúde”. A participação da ação extensionista possibilita uma qualificação do processo de formação ao desenvolver a capacidade de relacionamento profissional-paciente.

   O desenvolvimento deste projeto, inicialmente realizado junto ao hospital São Patrício, atualmente promove os atendimentos na unidade de saúde central junto à Secretaria de Saúde do município. Durante o ano de 2014, foram realizados cerca de 300 atendimentos ambulatoriais, beneficiando 137 pessoas; em 2015 foram 153 primeiras consultas e 292 atendimentos de retorno. Em 2016 e 2017 foram realizados, respectivamente, 313 e 371 atendimentos. Em 2018 foram 124 atendimentos entre janeiro e maio, ao passo que em 2019, em torno de 250 atendimentos foram realizados.

   O projeto efetiva a divulgação pelas rádios locais, visando dar conhecimento do serviço disponibilizado e explicitar conceitos importantes sobre a importância de orientação adequada sobre a alimentação.

Maiores informações, consulte o instagram: @ambulatoriadenutricao.

Para saber mais, pode-se consultar:

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Estratégias para o cuidado da pessoa com doença crônica: obesidade. Cadernos de Atenção Básica 38, 2014. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/caderno_38.pdf

MARIATH et al.. Obesidade e fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis entre usuários de unidade de alimentação e nutrição. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.23 (4), p.897-905, abr. 2007. Disponível em: https://www.scielosp.org/pdf/csp/2007.v23n4/897-905/pt

SARTORELLI, Daniela Saes; FRANCO, Laércio Joel. Tendências do diabetes mellitus no Brasil: o papel da transição nutricional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.19, supl.1, p.S29-S36, 2003. Disponível em https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2003000700004&lng=pt&tlng=pt.

Reportagem de Graciéle Sousa, estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia e membro do Projeto de leitura e escrita: Jornal Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia.

Versão do texto em *.pdf.: clique aqui.

Revisão de Walker Douglas Pincerati.

Projeto Poema Falado @poema_falado

   O Poema Falado é um projeto de acolhimento digital vinculado à Pró-Reitoria de Graduação da Unipampa, que tem como público-alvo a comunidade acadêmica do campus Itaqui, especialmente o corpo discente. A intenção principal do projeto é incentivar a leitura e contemplação da poesia, de forma a contribuir para a aquisição de habilidades comunicativas e de interpretação de texto, além de estimular o discente à ampliação de sua visão de mundo. Almeja-se fortalecer, de maneira lúdica, o vínculo de todos com a universidade. A interação do projeto com a comunidade ocorre através da rede social Instagram®, com o perfil @poema_falado, que já está entrando em sua oitava semana de atividades.

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   Pandemia, distanciamento social, suspensão de aulas. Dificuldades financeiras para alguns, conflitos familiares – exacerbados pela forçada convivência – para outros. A composição dos cenários possíveis é tão complexa quanto a situação que se impõe. E o seu enfrentamento tem incluído, mundo afora, a busca de alívio através da arte em suas mais variadas formas. “Temos a arte para não morrer da verdade”, já havia refletido o filósofo alemão Friedrich Nietzsche. Desde a música compartilhada entre vizinhos de suas janelas e varandas até os grandes museus que, agora fechados, oferecem tour virtual pelo seu espaço físico, o que se nota mundialmente é uma clara percepção, já observada em muitos momentos antes na História, da importância da arte em momentos de ruptura com a “normalidade”. Diante da insegurança e perplexidade ante à nova realidade, a arte se apresenta como algo que conecta, devolve a sensação de pertencimento abalada pelo distanciamento social e pode ser uma companhia amiga. Nesse sentido, o projeto Poema Falado se coloca como um ambiente virtual de compartilhamento e interação em torno da poesia, na pretensão de emanar um pouco de conforto e beleza nestes dias confusos.

   Toda semana, movida por um tema, a equipe do Poema Falado se reúne virtualmente para conversar sobre dois poemas previamente selecionados. Nesses encontros, conhece-se melhor cada autor, principais temas de sua obra e curiosidades sobre sua vida, além de se discutir a compreensão dos poemas, relacionando-os com outras obras, músicas e/ou filmes com os quais apresentem intertextualidade. Esses dois poemas são então recitados por discentes da equipe, em vídeos que são postados às segundas e quintas-feiras no Instagram®. Outras atribuições dos estudantes da equipe incluem, semanalmente, a busca de versos e imagens sobre o tema da semana, além da edição dos vídeos.

   Cada semana inicia com a postagem de um texto, escrito por Ariel Melo, que é assistente social e colaborador do projeto. São textos reflexivos, que visam a provocar o leitor sobre o tema escolhido para o período:

   “A quarentena trouxe para o debate questões importantes… dentre tantas recomendações, o distanciamento social. ‘Como assim não posso estar com meus amigos, não vou poder visitar minha família, ir num barzinho, viajar, criar memórias e tirar várias fotos pra postar nas redes sociais?’ Mas será que é só assim que mostramos que estamos vivendo e aproveitando a vida? Se ninguém me vê, eu não existo? (…) A reflexão que paira no ar é: o que eu aprendo com o meu silêncio? Por que eu não aproveito a minha própria companhia? O que você faz para transformar a solidão em solitude?” – trecho do texto da primeira semana, cujo tema foi, propositalmente, “Solidão”.

   “O amor genuíno não julga. O amor acolhe o igual, o diverso; o amor não segrega. É união de um ou mais. É aceitação. É andar juntos ou separados. É liberdade de ser e exercer afetos sem medo de olhares alheios. O amor pode nos assustar um pouco, se a vida nos aproximou de algumas experiências não tão boas. Mas não sejamos injustos com o amor – no fundo, ele é a segurança de sermos aceitos como somos. Amor é empatia! Amor é agora e, por ser presente, alimenta nossas esperanças de dias melhores…” – trecho do texto da segunda semana que, a pedido do público, abordou o tema “Amor”.

   E, nesse formato e na sequência, foram postados até o momento textos sobre “Liberdade”, “Desigualdade”, “Empatia”, “Saudade”, “Destino” e “Tempo” cada um abrindo suas semanas temáticas, que incluíram os vídeos com poemas recitados e demais conteúdos.

   A participação do público, além de percebida pelos comentários, curtidas e visualizações dos textos, vídeos e poemas, tem se dado semanalmente através da postagem de músicas em suas redes sociais usando templates do Desafio Poema Falado, sempre relativo ao tema da semana. Além disso, são previstas outras atividades, como a realização de webinários, sorteios, saraus e gincanas no decorrer do projeto. O 1º Webinário do Poema Falado, realizado em 3 de junho do corrente ano, contou com a explanação do poeta Paulo Cesar Limas, membro da Estância da Poesia Crioula de Porto Alegre/RS e da Academia Itaquiense de Letras. Participaram, como ouvintes do evento, 40 estudantes do campus Itaqui e, na ocasião, foram sorteados três exemplares do livro “Missioneiro e fronteiriço”, de autoria do palestrante. Pela participação no evento, será fornecido certificado de horas aproveitáveis como Atividade Complementar de Graduação no Grupo IV: Atividades Culturais e Artísticas, Sociais e de Gestão. Outra iniciativa para incentivar a divulgação do perfil @poema_falado entre os estudantes do campus foi o sorteio do livro “Declaração de Amor”, de Carlos Drummond de Andrade, durante a semana cujo tema era “Amor”. O 2º Webinário do Poema Falado, a se realizar neste 2 de julho com a poetisa paulista Liana Ferraz @lianaferraz, já conta com mais de 80 inscritos. As inscrições se encerram dia 02/07 às 13h e podem ser feitas através deste link:

https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSejl2S7paOTDJ1syiL_rd1rnhPgHYyVVX2bCT2epjmdIJDvaw/viewform?usp=sf_link

   O perfil também possui um quadro chamado “Curadoria Poema Falado”, que consta da postagem de um vídeo no qual um servidor do campus Itaqui da Unipampa sugere um livro de literatura (em prosa ou verso) que tenha lido e gostado muito. É uma oportunidade para valorizar a bagagem literária dos técnicos e docentes, assim como para os estudantes os conhecerem, e se configura em mais uma ação de incentivo à leitura como prática prazerosa e tão importante à formação do indivíduo. Os vídeos da Curadoria são postados às quartas-feiras. Já o quadro “Sextou no Poema Falado”, claramente postado às sextas, consiste na sugestão de um filme, série ou documentário com o tema da semana. Entendendo-se a poesia como uma linguagem que perpassa diferentes manifestações da arte, a indicação deste quadro é sempre previamente pensada pela equipe, considerando relevância e pertinência da obra ao escopo do projeto.

   O projeto Poema Falado ainda está em seu início mas tem se revelado promissor em seu propósito, conforme se percebe no depoimento de Helena de Paula Rampelotto, estudante integrante da equipe, que já recitou os poemas “Quando estou só reconheço”, de Fernando Pessoa, “A maior riqueza do homem”, de Manoel de Barros, e “De longe te hei-de amar”, de Cecília Meireles, expostos em vídeos no perfil do projeto: “O projeto tem contribuído muito… Já comentei uma vez e repito, passei a ver a poesia de uma forma completamente diferente. No ensino médio, ela era colocada de um ponto de vista estrutural – aqui ela é algo simbólico, que realmente te faz sentir aquilo que o poeta busca transmitir ao leitor. O projeto me fez ver que nunca devemos nos contentar com o pouco que conhecemos a respeito de alguma coisa, sempre devemos ampliar nosso conhecimento, pois podemos nos surpreender”. A professora Marina Prigol, uma das curadoras do projeto até o momento, também revela: “Agradeço ao projeto pela oportunidade de indicar um autor que gosto muito e mudou minha vida, o Zygmunt Bauman. Foi um grande desafio e uma ótima experiência pra mim. Acho que, com a loucura que estão as redes sociais, a gente fica com medo de se expor e ser julgado. Então foi interessante e bem desafiador esse exercício. Foi bom para refletir”.

   Aos poucos, espera-se que o projeto Poema Falado contribua para que a poesia entre, faça festa e permaneça, provocante, na vida de cada vez mais estudantes da Unipampa.

EQUIPE DO PROJETO:

Lana Carneiro Almeida é coordenadora e orientadora do projeto. Graduada em Nutrição pela Universidade Federal da Bahia, possui mestrado e doutorado em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo. Atua como docente do curso de Nutrição – Unipampa, campus Itaqui. E-mail: lanaalmeida@unipampa.edu.br

Leandro Silveira Fleck é orientador do projeto. Graduado em Letras Espanhol pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, possui especialização em Gestão Pública pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e mestrado profissional em ensino de Línguas pela Unipampa. Atua como professor de Literatura na rede pública estadual e é Técnico Administrativo em Educação na Unipampa, campus Itaqui. E-mail: leandrofleck@unipampa.edu.br

Jonatan Ariel de Oliveira Melo é colaborador do projeto. Graduado em Serviço Social pela Unipampa, possui Especialização em Saúde Coletiva pela Unipampa e é membro do Grupo de Pesquisa “Direitos Humanos, Família e Fronteira”. Foi bolsista Proext/MEC no projeto “Educação Emocional na Escola: Refletindo sobre importância das emoções do educador e seus reflexos no aluno”. Atua como Assistente Social vinculado à prefeitura de Itaqui/RS. E-mail: melo.jonatanariel@gmail.com

Anna Paula Howes Farias é acadêmica do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia, Unipampa, campus Itaqui. E-mail: annafarias.aluno@unipampa.edu.br

Helena de Paula Rampelotto é acadêmica do curso de Nutrição, Unipampa, campus Itaqui. E-mail: helenarampelotto.aluno@unipampa.edu.br

Helena Mazzucco Sorato é acadêmica do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, Unipampa, campus Itaqui. E-mail: helenasorato.aluno@unipampa.edu.br

Mickaele Carneiro Sommer é acadêmica do curso de Nutrição, Unipampa, campus Itaqui. E-mail: mickaelesommer.aluno@unipampa.edu.br

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Revisão de Walker Douglas Pincerati.

PIBID Matemática – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

Por Radael de Souza Parolin, Alex Sandro Gomes Leão e José Lucian Brites Pinto.

   “O PIBID é uma ação da Política Nacional de Formação de Professores do Ministério da Educação (MEC) que visa proporcionar aos discentes na primeira metade do curso de licenciatura uma aproximação prática com o cotidiano das escolas públicas de educação básica” (CAPES, 2020). Para isso, o programa oferta bolsas a discentes dos cursos de licenciatura de instituições de educação superior participantes de projetos de iniciação à docência em conjunto com as redes de ensino.

   Conforme informações do site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), “os projetos devem promover a iniciação do licenciando no ambiente escolar ainda na primeira metade do curso, visando estimular, desde o início de sua formação, a observação e a reflexão sobre a prática profissional no cotidiano das escolas públicas de educação básica” (CAPES, 2020). Os discentes são acompanhados por um professor da escola e por um docente de uma das instituições de educação superior participantes do programa.

   O Núcleo Matemática do PIBID da UNIPAMPA se forma a partir de dois subprojetos, integrando os cursos de Matemática – Licenciatura dos Campi Bagé e Itaqui. As atividades em Itaqui tiveram início em agosto de 2018 e finalizaram em fevereiro de 2020, considerando-se o último ciclo (acessar edital clicando aqui). O programa contava com a participação de 2 Coordenadores de Área, 2 Supervisoras e 20 Bolsistas de Iniciação à Docência (ID). Nesse período, o programa foi desenvolvido em parceria com duas escolas, a saber, o Colégio Estadual São Patrício e a Escola Estadual Profa. Odila Villordo de Moraes, contemplando em ambas os anos finais do ensino fundamental e médio. Em cada umas das escolas atuaram 10 bolsistas ID e 1 Supervisora (pertencente ao quadro de professores da própria escola), distribuídos em turmas do 6° ano do Ensino Fundamental à 3° série do Ensino Médio, nos turnos da manhã e tarde.

   Destacamos aqui ações realizadas no âmbito do projeto. Uma das atividades regulares são as Monitorias, em que cada um dos bolsistas ID foi designado a uma turma e acompanhou as aulas em conjunto com o(a) professor(a) regente. O objetivo foi o de vivenciar a experiência em sala, antecipando o contato com o seu campo de trabalho, como também levar à compreensão dos desafios que a prática pedagógica apresenta.

   Complementarmente às aulas regulares, realizaram-se atividades de estudos no turno inverso ao das turmas. Por isso, essas atividades foram chamadas de Interaulas. Tal espaço possui característica interdisciplinar, com amplo suporte ao que se trabalha de forma regular, suplantando-se na autonomia do bolsista ID, com
reconhecimento das diferenças no processo de ensino e aprendizagem e com foco nas dificuldades dos educandos, espaço este comprometido com a educação, a cultura e a sociedade (UNIPAMPA, 2020a).

   No transcorrer do programa, concomitante às atividades realizadas nas escolas, os bolsistas atuaram em diversas atividades no âmbito da universidade e comunidade. Abaixo estão retratadas algumas práticas ao longo do projeto.

1ª Gincana IntegrAção
Realizada no dia 25 de maio de 2019, foi organizada pelos bolsistas ID e teve por objetivo proporcionar momentos de descontração aos alunos e professores do Curso de Matemática, que montaram equipes mistas. Entre a organização e as equipes, contou-se com a participação de quase uma centena de pessoas. Como parte das provas, ainda foram arrecadados roupas e alimentos para doação a entidades sociais.

Feira da Educação

   No dia 08 de junho de 2019, ocorreu a Feira da Educação na Praça Mal. Deodoro da Fonseca, evento que trouxe a mostra de trabalhos e projetos dos cursos de graduação da UNIPAMPA à comunidade. Na oportunidade, os pibidianos  apresentaram atividades envolvendo jogos matemáticos, expondo as atividades e trabalhos desenvolvidos em escolas parceiras do projeto.

Programa Forças no Esporte

   Em 25 de setembro de 2019, os pibidianos receberam os alunos do Programa Forças no Esporte (PROFESP), desenvolvido pelo Ministério da Defesa com apoio do Exército, “tendo como objetivos ajudar e melhorar a qualidade de vida de jovens e de crianças carentes, promovendo a inclusão social.” (BRASIL, 2020). Na oportunidade os bolsistas apresentaram atividades envolvendo jogos matemáticos proporcionando aos alunos uma maneira divertida de aprender e exercitar a matemática.

Visita da Escola Getúlio Vargas

   No dia 17 de outubro de 2019, a UNIPAMPA Campus Itaqui recebeu a visita dos alunos da Escola Getúlio Vargas. Na oportunidade, os pibidianos apresentaram atividades com materiais adquiridos pelo núcleo, com propósito de promover aos alunos uma maneira divertida de aprender e retomar conceitos matemáticos.

Apresentação de Trabalhos no 11º SIEPE

   Entre os dias 22 e 24 de outubro de 2019, os bolsistas ID participaram do 11º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) da UNIPAMPA em Santana do Livramento, com a apresentação de diferentes trabalhos desenvolvidos ao longo do projeto, abarcando atividades e práticas ao ensino de Matemática.

Anima Campus

   Em 05 de novembro de 2019, aconteceu o 2º Anima Campus, evento aberto à comunidade e que teve por objetivo a mostra de trabalhos e projetos dos cursos de graduação da UNIPAMPA. Nesse dia, os bolsistas ID divulgaram o programa aos visitantes, em sua maioria alunos de escolas da rede pública do município, e apresentaram atividades fazendo uso do material didático adquirido pelo projeto.

 

Intervenções pedagógicas: propostas em turmas acompanhadas pelos bolsistas

   No transcorrer do projeto os bolsistas ID ministraram atividades nas turmas onde atuavam, com intervenções que tinham como objetivo complementar as temáticas abordadas pelos professores regentes. Para isso, os pibidianos utilizaram atividades lúdicas e diferenciadas visando tornar o momento mais atrativo e divertido, contribuindo com o processo de ensino e aprendizagem do educando.

Processos Formativos de Ação Inicial e Continuada:

   Entre as realizações do programa aconteciam os processos formativos, os quais se concretizaram em encontros com discussão e aplicação de propostas acerca do Ensino de Matemática, promovendo oportunidades de aprendizagem e contribuindo com o processo de formação docente dos bolsistas ID. As atividades foram desenvolvidas por professores do Curso de Matemática da UNIPAMPA Campus Itaqui.

   O programa PIBID tem se mostrado muito importante na formação dos alunos, e com sua característica de Iniciação à Docência, permite o desenvolvimento da pesquisa à prática, como suporte às atividades curriculares do curso de Matemática. Ser pibidiano torna-se, portanto, uma marca para o curso, que se sustenta frente à diferentes espaços formativos e à responsabilidade social envolvida aos cursos de licenciatura.

   A continuidade do programa já está programada para os próximos meses, considerando-se a aprovação do núcleo de Matemática. Portanto, haverá um novo ciclo, do qual esperamos ser abraçados pelas escolas parceiras e pela comunidade itaquiense, a fim de contribuir com a formação dos nossos alunos, mas também impactar positivamente os professores já atuantes e toda a comunidade escolar.

Radael de Souza Parolin é professor da Universidade Federal do Pampa e Coordenador de Área do PIBID no subprojeto Multidisciplinar: Núcleo Matemática (2018 a 2020) – radaelparolin@unipampa.edu.br

Alex Sandro Gomes Leão é professor da Universidade Federal do Pampa e Coordenador de Área do PIBID no subprojeto Multidisciplinar: Núcleo Matemática (2018 a 2020) – alexleao@unipampa.edu.br

José Lucian Brites Pinto é discente do curso de Matemática da Universidade Federal do Pampa, campus Itaqui, e bolsista de Iniciação à Docência no subprojeto Multidisciplinar: Núcleo Matemática (2018 a 2020) – josebrites.aluno@unipampa.edu.br

* Nas fotos foi ocultada a identificação de alunos das escolas, afim de preservar sua imagem. Todas as fotos são de propriedade do projeto.

 

Referências bibliográficas

BRASIL. Exército Brasileiro. Comando de operações Terrestres. Programa Forças no Esporte [página na Internet], 2017. Disponível em: http://www.coter.eb.mil.br/index.php/profesp. Acesso em: 14 de junho de 2020.

CAPES. Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. Chamada Pública para apresentação de propostas. Edital Nº 7/2018, 2018. Disponível em: https://capes.gov.br/images/stories/download/editais/01032018-Edital-7-2018-PIBID.pdf. Acesso em: 05 de junho de 2020.

CAPES. Pibid – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência [página na Internet], 2020. Disponível em: https://capes.gov.br/educacao-basica/capespibid/pibid. Acesso em: 05 de junho de 2020.

UNIPAMPA. 11º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) da UNIPAMPA [página da Internet], 2019. Disponível em: https://eventos.unipampa.edu.br/siepe/apresentacao/. Acesso em: 10 de junho de 2020.

UNIPAMPA. PIBID Institucional – Núcleo Matemática – Bagé e Itaqui [página na Internet], 2020. Disponível em: https://sites.unipampa.edu.br/pibid/matematica-bage/. Acesso em: 10 de junho de 2020.

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Revisão de Walker Douglas Pincerati.

Um olhar sobre a Interdisciplinaridade no Brasil: uma nova perspectiva para produção científica

Nas últimas décadas, tem crescido o interesse acadêmico pela Interdisciplinaridade; muitas vozes ecoam na reivindicação das práticas interdisciplinares na produção de conhecimento e na formação universitária. Associada a um saber relevante para enfrentar os graves problemas sociais e ambientais, fora dos muros acadêmicos, movimentos sociais e organizações não-governamentais defendem a superação de um cenário de fragmentação do conhecimento (a excessiva divisão disciplinar), tendo como pressuposto a necessidade de leituras interdisciplinares dos processos vivenciados nos sistemas físico-químico-biológicos e nos sistemas sócio-histórico-culturais.

Durante o século XX, observou-se uma hiperesespecialização das disciplinas científicas; surgem novas disciplinas, quando o recorte do objeto de estudo reduz o foco dos cientistas em busca da profundidade do conhecimento. Este processo possibilitou grandes conquistas da ciência, dando a ela um poder de influência sobre as ações na vida cotidiana e nas decisões tomadas pelas sociedades. Passa a povoar o imaginário da sociedade ocidental a figura do cientista cada vez mais especializado, de aventais brancos em seus laboratórios bem equipados.

Não seria contraditório então, falarmos em Interdisciplinaridade? Precisa-se compreender o percurso desta perspectiva que emerge com força na produção de conhecimento 1 (principalmente a partir da década de 1960) e na organização dos sistemas de ensino nos países ditos desenvolvidos. Diante de um conhecimento científico cada vez mais complexo, o qual exige uma formação acadêmica para sua compreensão, observa-se a transformação que gera nas formas de relacionamento entre as pessoas e na organização do trabalho, criando um sentimento de apreensão e de insegurança. Surgem criticas aos impactos ambientais percebidos pela artificialização dos espaços urbanos e rurais, atribuindo-se ao desenvolvimento científico-tecnológico um sentido negativo. È neste contexto que surgem discursos em favor da interdisciplinaridade como uma forma de enfrentamento dos grandes problemas sociais e ambientais, fornecendo potência ao conhecimento científico para aproximar-se da vida dos cidadãos e de suas angústias.

Verifica-se que desde os anos 1950, cientistas de várias áreas de conhecimento, epistemólogos e filósofos da ciência passam a defender a interdisciplinaridade, mas esta permanece marginal nas universidades e nos centros de pesquisa 2 ; no entanto, em vários campos profissionais, como nas chamadas ciências ambientais 3 , o trabalho conjunto entre profissionais de várias áreas de conhecimento passa a ser cada vez mais comum e necessário. No mundo da indústria, esta colaboração entre diferentes formações profissionais é cotidiana e muito antiga. Claude Raynaut 4 nos lembra que o esforço realizado para possibilitar as grandes navegações que fizeram os europeus chegarem aos mais diversos recantos do mundo em seu empreendimento colonizador, somente foi possível com a colaboração entre cartógrafos, astrônomos, engenheiros de construção naval, constituindo a “Escola de Sagres”, um empreendimento interdisciplinar.

A Agricultura até o século XIX, quando da fundação das primeiras escolas de agronomia, somente se viabilizava com um conhecimento sobre solos, plantas e condições ambientais, os quais advinham do fazer cotidiano dos agricultores, criando uma “Agri-cultura”; neste conhecimento, esses diferentes elementos interagiam e se influenciavam em seu comportamento; com a evolução da ciência agronômica, os referidos elementos são alocados em diferentes disciplinas, formando-se especialistas em Solos (inclusive, dividindo-se esse tema entre física do solo, fertilidade do solo, microbiologia do solo, conservação de solos, gerando uma formação acadêmica ultraespecializada); especialistas em fisiologia vegetal, fitopatologia, irrigação e tratos culturais em diferentes áreas (fruticultura, Olericultura, Orizicultura, Forrageiras, Soja, Trigo e tantas outras) são formados para aprofundar um conhecimento fundamental aos engenheiros agrônomos. No entanto, ao enfrentar o desafio da produção agrícola, agindo junto aos agricultores, o diálogo entre essas áreas de conhecimento passa a ser necessário; nada mais se trata de esforços multi e interdisciplinares na formação de engenheiros agrônomos.

Mas, se nas áreas técnicas a superação do enfoque disciplinar sempre foi realidade 5 , no meio acadêmico a interdisciplinaridade sempre encontrou dificuldade de se desenvolver. Nas Universidades e Centros de Pesquisa, ainda se percebe a resistência aos trabalhos interdisciplinares, seja devido à formação disciplinar rígida dos pesquisadores e de sua forma de organização em departamentos ou núcleos disciplinares (e na própria formação de grupos de pesquisa e projetos de cooperação internacional). Outros aspectos destacados por Vasconcelos (2016) são a falta de rigor metodológico e uma falta de um tratamento epistemológico adequado, razões pela qual as práticas interdisciplinares são vistas com desconfiança por parte da comunidade científica.

Observa-se no cotidiano acadêmico que as práticas interdisciplinares precisam romper com uma barreira: a dificuldade de comunicação entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento. Para Claude Raynaut, essa dificuldade aumenta quando se busca o diálogo entre o que denomina ciências Humanas (as quais abordam objetos imateriais) e ciências naturais (da materialidade), já que se trata de lógicas diferentes e precisa-se romper com preconceitos de ambos os lados. Neste sentido, visando à formação de espíritos mais abertos a leituras interdisciplinares, surgem os Bacharelados Interdisciplinares no Brasil na década de 1980. Não se trata de formar pessoas com uma formação em diferentes áreas (um saber enciclopédico), mas como melhor habilidade e capacitação para promover o diálogo com diferentes disciplinas científicas.

Outro movimento que fornece um Status acadêmico para a Interdisciplinaridade é a sua inserção no sistema de pós-graduação. Mesmo que desde a década de 1970, a Interdisciplinaridade tenha emergido no Brasil, através de intelectuais que tomaram contato com pesquisadores de centros internacionais, europeus e norte-americanos, permaneceu como marginal na comunidade científica brasileira até anos recentes; somente na virada para o século XXI, a produção de conhecimento interdisciplinar passa a ser reconhecida como importante e estratégica para o sistema de produção de acadêmica com a criação em 1999 da Câmara Interdisciplinar (chamada inicialmente de Comitê Multidisciplinar) pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), vinculada ao Ministério de Educação. Esse reconhecimento de cursos de pós-graduação Interdisciplinares, sejam de mestrado sejam de doutorado, contribuiu para o estímulo e a consolidação de grupos de pesquisa interdisciplinares nas Universidades brasileiras.

O crescente interesse despertado na comunidade acadêmica pela Interdisciplinaridade como perspectiva epistemológica com elevado potencial para a produção de conhecimento pode ser observado pelo significativo crescimento dos programas de pós-graduação interdisciplinares. De 19 programas aprovados pela CAPES em 2001, chega-se a 64 em 2008, ano que apresenta o maior número; continua-se um crescimento intenso até 2015 com 48 cursos aprovados, sendo que a partir daí os critérios de avaliação para aprovação se tornam mais rígidos, causando queda no número de propostas aprovadas, segundo relatório da Câmara Interdisciplinar da CAPES (https://www.capes.gov.br/images/Documento_de_%C3%A1rea_2019/INTERDISCIPLINAR.pdf)

Segundo esse documento, produzido em 2019, atualmente existem 368 programas de pós-graduação interdisciplinares recomendados pela CAPES, envolvendo quatro áreas que compõem a Câmara Interdisciplinar: Meio-Ambiente e Agrárias (47/13%), Sociais e Humanidades (148/40), Engenharia, Tecnologia e Gestão (88/24%), Saúde e Biológicas (85/23%). Esses programas dividem-se em Acadêmicos (voltados à produção de conhecimento sobre temas considerados relevantes pela comunidade científica) e Profissionais (mais recentes, surgem com o objetivo de estreitar a relação entre as universidades e os diferentes segmentos da sociedade, voltando-se à qualificação profissional).

No universo de programas de pós-graduação interdisciplinares, dentre os acadêmicos, encontram-se com somente Mestrado (136/37%), com somente Doutorado (12/3%) e com Mestrado e Doutorado (123/33%); dentre os caracterizados como profissionais encontram-se com somente Mestrado (91/25%), com somente Doutorado (2/1%) e com Mestrado e Doutorado (4/1%).

Esse aumento da busca por uma formação interdisciplinar indicaria a necessidade sentida de abordagens interdisciplinares para a atuação de profissionais em uma “realidade híbrida”, a qual caracterizaria para Claude Raynaut (2014), a sociedade contemporânea. Para esse intelectual Francês, Diretor de Pesquisas no Centro de Pesquisas Científicas da França (CNRS) da Universidade de Bordeaux, a formação interdisciplinar atrai acadêmicos mais abertos à colaboração entre diferentes disciplinas. Ele introduz o conceito de Realidade Híbrida definida como uma grande imbricação entre realidades humanas e materiais, quando espaços cada vez mais antropizados exigem o olhar das Ciências Humanas para conhecer as formas de sociabilidade e exigências socioculturais, fundamentos que os modelam; e, por outro lado, as sociedades humanas são cada vez mais dependentes de suas bases geo-bio-físicas, como se percebe na crise ambiental que ameaça a sustentabilidade planetária.

Os autores que escrevem sobre a interdisciplinaridade costumam salientar que existe uma dificuldade de conceituá-la e que são muitos os entendimentos sobre sua forma de operacionalização 6 ; mas também costumam reforçar que diferentes formas de práticas interdisciplinares são cada vez mais frequentes desde a simples colaboração entre disciplinas diante de uma questão pontual, até a integração permanente entre disciplinas, as interdisciplinas, as quais assumem o caráter de nova área de conhecimento com corpos teóricos e métodos consensualmente aceitos.

Também se deve salientar que em campos de conhecimento que tem assumido grande protagonismo acadêmico, nas chamadas ciências de fronteira, como a Neurofisiologia, a Neuroquímica, Biologia Molecular, Biotecnologia, Engenharia Genética, entre outros, sua formação como área de conhecimento surge a partir de esforços interdisciplinares; estes geraram novos conceitos e métodos, formando nova disciplina. Sem dúvida, tem aumentado cada vez mais interesse pela interdisciplinaridade e pela sua adoção como princípio formativo nos sistemas de ensino superior, processo que ganha mais relevância diante das problemáticas graves que vivenciamos na sociedade contemporânea.

Revisado por Cristina dos Santos Lovato

Contribuição da Universidade Federal do Pampa Campus Itaqui-RS no Combate a COVID -19: Pesquisa denominada “PERCEPÇÃO DA POPULAÇÃO DE ITAQUI (RS) SOBRE A PANDEMIA DE CORONAVÍRUS (COVID-19)”

Este projeto que está em andamento, busca investigar o que a população de Itaqui (RS) conhece sobre a pandemia de Coronavírus (Covid-19); pretende-se, com base no conhecimento do comportamento da população em estudo, implementar futuras ações sociais e campanhas educacionais em saúde pública no município, as quais deverão obter um maior engajamento dos munícipes.

O projeto está sendo desenvolvido por uma equipe coordenada pela professora Luciana Ethur e o técnico-administrativo Felipe B. Ethur, tendo a participação dos discentes Kellen R. Carlosso, Dieison M. da Silva, Kalita M. L. Fresingheli, Bruna Z. dos Santos, Letícia da R. Nunes, Taináh Espinosa e Thalles F. Fagundes.

Segundo a coordenadora do projeto, o instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário com 22 questões, referentes ao perfil do entrevistado, mídia utilizada para informação, conhecimento sobre o vírus, fatores econômicos e sociais, percepção de risco e perigo da pandemia e comportamento frente à situação atual. Esse questionário foi aplicado via google drive, obtendo-se um total de 491 respostas/entrevistas, sendo 365 de Itaqui. As respostas estão sendo organizadas, tabuladas e analisadas para serem publicadas e divulgadas para a comunidade.

O momento atual da pesquisa é a escrita e elaboração de textos para publicação dos dados para a comunidade. O trabalho conta com a participação ativa dos discentes de diferentes cursos da UNIPAMPA-Campus de Itaqui, os quais mesmo que a distância, utilizando para reuniões a plataforma google meet, além de utilizar-se o Facebook e Instagram como instrumento de comunicação interna e na relação com a comunidade externa.

Essa pesquisa vem de encontro ao plano de desenvolvimento institucional – PDI da UNIPAMPA, pois está fundamentado na responsabilidade social, a qual consiste em dialogar, intermediar, intervir e buscar soluções alternativas a curto, médio e longo prazo junto a comunidade onde está inserida.

Conforme a professora Luciana Zago Ethur “A presente pesquisa cumpre esse requisito de preocupação e interação com a comunidade itaquiense, visando identificar carências em uma fase crítica e incerta. Ao objetivar subsidiar futuras ações sociais e campanhas educacionais em saúde pública no município, busca-se contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população, como preconiza o nosso PDI”.

Graciéle Pereira Souza
Graduanda Bacharel Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia
http://lattes.cnpq.br/0578594221593657
Membro da Equipe do Jornal Interdisciplinar em C & T

SaveMat – Soluções em áudio e vídeo para o estudo da Matemática

O projeto SaveMat, iniciado em agosto de 2019, é uma colaboração entre docentes e discentes do curso de Matemática Licenciatura, do Campus Itaqui. A ideia surgiu ao se evidenciar a necessidade de auxiliar e de intervir de modo concreto junto aos acadêmicos do curso, em componentes da matriz curricular específicas da Matemática, como por exemplo, Teoria Elementar da Funções, Cálculos I, II, III e IV.

Com o passar dos anos e o aperfeiçoamento dos meios digitais, as mídias eletrônicas se tornaram muito mais atraentes aos olhos humanos. Segundo estudos realizados pelas empresas Hootsuite e We Are Social, o Brasil é o terceiro país no mundo onde as pessoas permanecem mais tempo conectadas, cerca de nove horas por dia. Mediante a isso, o uso de recursos audiovisuais no estudo e aprendizado de conceitos científicos se torna interessante, visto que, o uso de metodologias formais de estudo não é algo dinâmico e pode ser menos motivante aos acadêmicos.

Somado a isso, a falta de tempo e disponibilidade para o estudo extraclasse em cursos noturnos, quando muitos dos alunos trabalham durante o dia, traz maiores dificuldades no acompanhamento do curso, acarretando consequentemente em um menor rendimento acadêmico. Dessa forma, enquanto educadores, podemos intervir através de ações que facilitem o acesso e tragam de modo objetivo e fracionado conteúdos de cunho científico trabalhados em sala de aula.

Essa possibilidade e necessidade de ação via projetos que possibilitem a utilização, por parte dos alunos, de curtos períodos de tempo fora da sala de aula de uma forma mais adequada e eficiente é verificada em uma pesquisa realizada com alunos da FAEEBA – Faculdade do Estado da Bahia, por Sonneville (1992). Em tal pesquisa foi constatado que os próprios alunos reconhecem a necessidade e importância do tempo de estudo extraclasse e de se melhorar essa situação.

Nesse sentido, através do projeto buscamos incentivar o estudo de conceitos matemáticos fundamentais no desenvolvimento intelectual, produzindo materiais didáticos complementares na forma de áudios e vídeos de curta duração. Nosso objetivo é auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, estimulando uma cultura de estudo nos acadêmicos, além de promover a redução dos índices de reprovação e evasão no Curso de Matemática do campus de Itaqui.

O material didático é definido pelos docentes Alisson Darós Santos e Elisa Regina Cara, os quais elaboram e editam o conteúdo a ser gravado e pelos discentes Anny Elise antos Nunes e Gabriel Carpes Irala, diretamente envolvidos no projeto e pela discente Ketolyn Raylla Medeiros Silva Dias, responsável pela edição dos vídeos. A participação dos acadêmicos colaboradores trouxe uma linguagem mais acessível e diferenciada aos demais discentes do curso bem como despertou a vontade de se envolverem mais com o projeto.

Inicialmente, os vídeos foram gravados com os professores coordenadores e com os discentes Anny e Gabriel. Em seguida, os demais docentes e discentes do curso de Matemática foram convidados a participar dos vídeos. A adesão foi bastante significativa, como pode ser observado acessando os vídeos disponibilizados.

O tema é definido pelos docentes, que passam o referencial para o discente ou docente participante daquele vídeo, com diferentes exemplos, dando ênfase aos conceitos fundamentais do tema abordado. Nas referidas gravações, os participantes do projeto, bem como, os coordenadores do projeto, buscam sanar as eventuais dificuldades dos discentes, ressaltando os conceitos matemáticos envolvidos nos tópicos abordados em cada componente trabalhada. No primeiro semestre de execução do projeto foram gravados vídeos contendo a resolução de exercícios de Cálculo I. No decorrer do projeto, serão abordados outros temas, relacionados às componentes curriculares mencionadas anteriormente.

Para que os discentes pudessem acessar e/ou baixar esse material em seus celulares, computadores ou tablets, foi criado um canal no YouTube (Figuras 1 e 2) para a hospedagem de todos os vídeos elaborados. Procuramos com isso evidenciar a forma como as tecnologias estão presentes no cotidiano, representando uma ferramenta para estudo e absorção de conhecimento. Dessa forma, auxiliar no aprendizado não somente dos alunos do curso da Matemática como também de todos que buscam novas metodologias com relação aos temas em questão.

O canal é livre e aberto para o público, todos os vídeos são didáticos e relacionados ao ensino da matemática. Além disso, são aceitos comentários para que o público possa tirar dúvidas e também indicar novos temas. Devido a Pandemia Covid19, o projeto está temporariamente suspenso, entretanto, o canal no YouTube já conta com muito material, podendo ser acessado pelo link: https://www.youtube.com/channel/UC7SI4A6IfabAPEcTlHgxzTw.

 

Ketolyn Raylla Medeiros Silva Dias é acadêmica do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura, UNIPAMPA – Campus Itaqui–. E-mail: ketolyndias.aluno@unipampa.edu.br
Gabriel Carpes Irala é acadêmico do curso de Matemática – Licenciatura, UNIPAMPA – Campus Itaqui –. E-mail: gabrielirala.aluno@unipampa.edu.br
Anny Elise Santos Nunes é acadêmica do curso de Matemática – Licenciatura, UNIPAMPA – Campus Itaqui–. E-mail: annynunes.aluno@unipampa.edu.br
Alisson Darós Santos é professor do Magistério Superior na UNIPAMPA – Universidade Federal do Pampa, Campus de Itaqui/RS. Doutor e Mestre em Matemática pela Universidade Federal de São Carlos – UFSCar. Graduado em Matemática, Licenciatura Plena, pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM. E-mail: alissonsantos@unipampa.edu.br

Referências e sugestões de leitura
MORAN, J. M.; MASETTO, M. T.; BEHRENS, M. A. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2003.
MORGAN, C. T.; DEESE, J.
Como Estudar. Livraria Freitas Bastos S.A, 1980.
SONNEVILLE, J. O Tempo de Estudo e de Trabalho do Aluno Universitário – Um Estudo de Caso da FAEEBA. Revista FAEEBA, 1992.
SOUZA, l. T. P. Estudo do Aluno Universitário para a Construção de um Projeto Pedagógico. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, 1993.

“Projeto Frequência Política – Unipampa”

No dia 02 de março de 2020, às 19h, no hall da Unipampa – Campus Itaqui, foi dito o primeiro boa noite, como forma de cumprimento do projeto de extensão “Frequência Política – Unipampa”, sendo que aquele cumprimento foi seguindo por outros tantos no decorrer do mês de março e abril de 2020.

Para contextualizar a criação desde projeto de extensão, nos reportemos ao segundo semestre do ano de 2019, onde os alunos do curso de mestrado de políticas públicas (PPGPP) da Unipampa – Campus São Borja, Eduardo Nolla e Márcio Campos, conversavam sobre a necessidade de expandir os conhecimentos adquiridos nos bancos acadêmicos para a sociedade que estava fora dos muros da Unipampa. Pois, dessa forma a comunidade externa poderia se apropriar de mais conhecimentos acerca de políticas públicas e do desenvolvimento regional.

Sendo assim, foi elaborado o projeto, para tratar das políticas públicas e desenvolvimento regional. Seriam cinco entrevistas nas segundas-feiras do mês de março, um seminário na Câmara de Vereadores de Itaqui e outro seminário na Câmara de Vereadores de São Borja. Essas entrevistas seriam com docentes, discentes, técnicos e políticos locais, sobre os mais diversos vieses das políticas públicas. Todos os encontros seriam transmitidos pela Rádio Liberdade FM 87,9, da cidade de Itaqui.

O projeto começou sua execução, porém com a chegada da pandemia, as entrevistas via rádio foram canceladas, para evitar a aglomeração de pessoas. Naquele momento, foi alterado o formato das entrevistas. A partir de então, se realizaram por plataformas digitais, como Skype, elos e google meet. Após, os vídeos eram publicados na página do Frequência Política, no facebook, como forma de socializar o conhecimento.

Desde o dia 2 de março até o dia 30 de abril, foram realizados vinte programas, sobre os diversos temas ligados às políticas públicas. Nas palavras dos coordenadores do projeto, Eduardo e Márcio, o impacto foi positivo em relação à comunidade interna e externa. As diversas dúvidas que existiam no seio da sociedade em relação as políticas públicas, foram explicadas e trabalhadas no presente projeto.

A partir dos assuntos abordados o projeto mostrou a sua relevância à sociedade, tendo em vista a proposta de refletir e aprofundar os mais diversos aspectos relativos as políticas públicas de desenvolvimento regional Para ver as entrevistas acesse o link: https://www.facebook.com/Frequ%C3%AAncia-Pol%C3%ADtica-101901791413523/?ref=bookmarks

Integrantes do projeto:

  • Márcio Luciano dos Santos Campos
  • Eduardo Nolla
  • Ewerton da Silva Ferreira
  • Núbia Velasques Amaral
  • Eva Terezinha Ferreira Jornada
  • Cristiano Saratt de Alvarenga
  • João Auri Garcez
  • Leandro de Almeida Serres
  • Thais Zanela Mendes
  • Jandira Elohá Lopes
  • Eduardo Sanábria de Assunção
  • Muriel Pinto
  • Itamara Martins de Souza
  • Márcia Rejane Chitolina Perini
  • Jucleia Velasque Amaral
  • Graciele Dala Nora Gavião
  • Carmen Regina Dorneles Nogueira
  • José Carlos Severo Correa
  • Marcos Dias Fagundes
  • Daniele Bonapace dos Santos Lencina

 

Relação dos programas

Datas Temas Convidados
1 02/03/2020 O que são Políticas Públicas Prof. Muriel Pinto, Prof. Domingos Sávio Campos de Azevedo e mestranda Jandira Elhoá
2 09/03/2020 Políticas Públicas de desenvolvimento regional Prof. Angela, prof. José Carlos,  Economista Elói Saling
3 23/03/2020 Políticas Públicas de Saúde Vereador e enfermeiro Leonardo Betin e mestrando Leandro Serres
4 24/03/2020 Políticas Públicas Econômicas Prof. José Carlos Severo Corrêa e mestrando Leandro Serres
5 30/03/2020 Políticas Públicas de Assistência Social Secretária de Assistência Social de Itaqui Susana Diatel de Almeida
6 31/03/2020 Higienização de alimentos Prof. Paula Pinto da Costa e mestrando Leandro Serres
7 01/04/2020 Fabricação de álcool gel e sabonete líquido Prof. Caroline Bender e prof. Augusto de Freitas
8 03/04/2020 Políticas Públicas e as Instituições Prof. Iris Gomes
9 04/04/2020 Curva de achatamento e estudo da Covid-19 Prof. Muriel Pinto e prof. Thiago Sampaio e mestranda Daniele Bonapace
10 04/04/2020 Políticas Pública de Saúde Pneumologista Priscila Moreira e mestranda Daniele Bonapace
11 07/04/2020 Políticas Públicas de Assistência Social Assistente Social do CRAS e mestranda Jucleia Velasque
12 08/04/2020 Políticas Públicas de educação Reitor Roberlaine Jorge, mestranda Thais Zanela e mestranda Núbia Velasque
13 09/04/2020 Políticas Pública de Saúde Secretaria da Saúde de Alegrete Bianca Casarotto e mestrando João Auri Garcez
14 10/04/2020 Estudo sobre COVID-19 Prof. Leonardo Pozza
15 13/04/2020 Políticas Públicas de Segurança Tenente Rogério Barros (BM-Itaqui) e mestranda Itamara Martins de Souza
16 16/04/2020 Políticas Públicas e divulgação de estudo Prof. Augusto Júnior Clemente e mestranda Márcia Chitolina
17 17/04/2020 Políticas Públicas –Orçamento Público Coord. Adm. Luis André Padilha, Contadora Simone Marasca e mestrando Eduardo Assunção
18 20/04/2020 Políticas Públicas – Relações Trabalhistas Prof. Davide Carbonai e mestrando João Auri Garcez
19 28/04/2020 Políticas Públicas de Educação Mestrando Ewerton Silva Ferreira e mestranda Núbia Amaral

 

20 29/04/2020 Políticas Públicas e o Controle Social Prof. Ângela Quintanilha Gomes e mestranda Eva Jornada

 

Universidade e Comunidade: problematizando a extensão universitária

A universidade brasileira é sustentada pelo tripé do ensino, pesquisa e extensão. Neste sentido, suas funções são completas quando esses três pilares se desenvolvem de forma articulada. A pesquisa produz referências para a construção do ensino e instrumento para a promoção da extensão; a extensão colabora para a popularização da ciência e qualificação das demandas ao possibilitar a comunicação entre a universidade e a sociedade. O ensino discute a realidade desvendada pela extensão e pela pesquisa e proporciona novas aprendizagens. A universidade na sua completude é assim. Nunca para ou se isola num único campo do saber ou de origem do saber. 

É neste sentido que as iniciativas de extensão universitária têm um papel fundamental, tanto para a qualificação da Universidade, quanto para a promoção de intercâmbios sociais com a comunidade onde esta inserida. Os projetos de extensão que a Universidade desenvolve buscam valorizar as atividades extensionistas na formação acadêmica, com a preocupação de integrá-la ao ensino e à pesquisa, buscando por vezes superar o ensino disciplinar.

Infelizmente, a extensão (e por vezes também a pesquisa) é um espaço periférico na formação dos estudantes. Os métodos de ensino-aprendizagem são essencialmente bancários (sala de aula) e de transferência de informação. Na maioria das Universidades brasileira, a atividade de extensão atinge poucos estudantes, são atividades isoladas, raramente integradas às atividades de ensino e, muitas vezes, não integram o “círculo” da formação professor – estudante – universidade – sociedade – professor.

O ensino disciplinar fragmenta a formação acadêmica, impossibilitando ao estudante a visão do todo e da complexidade que é o processo de aprendizado. De acordo com Saviani (2010, p. 209), as interlocuções pedagógicas entre os saberes teóricos e práticos permite a aproximação do saber popular com o saber científico possibilitando “… uma aguda consciência da realidade em que vão atuar associada a um consistente preparo teórico-científico que os capacite à realização de uma prática pedagógica coerente e eficaz”.

Ou ainda, conforme destaca Chauí (2006, p. 140), a educação democrática se viabiliza pela participação popular, pela participação do estudante enquanto sujeito, mas também de sua respectiva comunidade ou organização social, que é o meio de intervir nas tomadas de decisões políticas implicadas no coletivo, especialmente se considerar que “[…] a participação popular só será política e democrática se puder produzir as próprias leis, normas, regras e instituições que dirijam a vida sociopolítica” (CHAUÍ,2006, p.140).

Para esse desafio educativo é demandado, num primeiro momento, um “novo” educador. A transversalidade do conhecimento e a abordagem histórica crítica do referencial pedagógico proposto exige um professor que consiga atuar para além das disciplinas, de modo a conseguir se articular com outros campos do conhecimento, no caso específico, com aqueles que versam sobre as transformações da sociedade, da natureza, das comunidades, da realidade social. 

Um segundo desafio educativo, na formação profissional, é a exigência de um “novo” gestor. Alguns docentes exercem o papel de gestores na medida em que são diretores, coordenadores de curso, presidentes ou coordenadores de comissões. Para tal, o desafio é no sentido de incorporar a democracia enquanto participação popular, seja protagonizada pelas participações de membros externos da Universidade, seja protagonizada pela participação da comunidade interna de modo geral (estudantes e servidores Técnicos Administrativos). A participação dos estudantes, sujeitos aprendizes, perpassa outros espaços e momentos com potencial educativo como a reflexão sobre as vivências na sua comunidade de origem, a valorização de sua cultura, e a participação nas instâncias decisórias institucionais, especialmente por meio da organização do movimento estudantil e agremiações.

Nos últimos anos, ocorreram alguns avanços institucionais sobre a promoção e incorporação da extensão na formação universitária. Um marco importante foi a criação do Fórum de Pró-Reitores de Extensão e a constituição da RENEX (Rede Nacional de Extensão), que definiram o conceito expresso no I Encontro Nacional de Pró-Reitores de Extensão:

A Extensão Universitária é o processo educativo, cultural e científico que articula o Ensino e a Pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. A Extensão é uma via de mão dupla, com trânsito assegurado à comunidade acadêmica, que encontrará, na sociedade, a oportunidade de elaboração da práxis de um conhecimento académico. No retorno à Universidade, docentes e discentes trarão um aprendizado que, submetido à reflexão teórica, será acrescido àquele conhecimento. Esse fluxo, que estabelece a troca de saberes sistematizados, acadêmico e popular, terá como consequência: a produção do conhecimento resultante do confronto com a realidade brasileira e regional; a democratização do conhecimento académico e a participação efetiva da comunidade na atuação da Universidade. Além de instrumentalizadora desse processo dialético de teoria/prática, a Extensão é um trabalho interdisciplinar que favorece a visão integrada do social. (FORPROEXT, 2001, p. 4).

No ano de 2012 o FORPROEX estabeleceu que: “Um dos passos fundamentais em direção à universalização da Extensão Universitária está em sua inclusão nos currículos, flexibilizando-os e imprimindo neles um novo significado com a adoção dos novos conceitos de ‘sala de aula’ e de ‘eixo pedagógico’”. É importante destacar que o FORPROEX alerta que a inclusão da extensão universitária nos currículos não se trata de uma incorporação de atividades extensionistas, mas da criação de novos espaços, como componentes específicos para esta finalidade.

É importante ter claro que não se trata apenas de aproveitamento de créditos oriundos de atividades extensionistas, para efeitos de integralização curricular ou de criação de novas disciplinas relacionadas com a Extensão Universitária, mas, sim, de sua inclusão criativa no projeto pedagógico dos cursos universitários, assimilando-a como elemento fundamental no processo de formação profissional e de produção do conhecimento (FORPROEX, 2012, p. 12).

A nova legislação que assegura no mínimo 10% do total de créditos curriculares exigidos para a graduação em ações de extensão universitária irá conferir créditos à atividade de extensão, atingindo assim, a totalidade dos estudantes. Entretanto, dependendo de como as Universidades implantarem a curricularização da extensão, a medida poderá se mostrar pouco eficaz e piorar ainda mais antigos problemas, como a carga horária total e tempo de permanência dos estudantes nas universidades. As discussões realizadas até o momento nas universidades brasileiras apontam para a tendência de transformar a participação dos estudantes nos projetos de extensão em créditos (o que certamente “turbinará” os projetos de extensão) e de reconhecer as atividades “extra classe” desenvolvidas pelos estudantes como atividades curriculares de extensão (Ações Complementares de Extensão – ACEx). Essas medidas podem facilitar o cumprimento da carga horária de extensão exigida; contudo, tende a não cumprir com o objetivo principal da proposta que é promover contribuições para a promoção do ensino e da pesquisa de acordo com as demandas sociais. Ou seja, o esforço de incluir a extensão nos currículos está relacionada diretamente à qualificação do ensino e da pesquisa, para além do cumprimento de uma carga horária isolada e individualizada.

A incorporação da atividade de extensão na formação universitária deveria afetar de forma sistemática o ato de apreender e ensinar na universidade – como uma integralidade articulada. A questão que deve ser colocada é de como incorporar a extensão (e a investigação) nas atividades cotidianas dos estudantes? Parece que a melhor estratégia seria sua incorporação nos componentes curriculares do núcleo rígido, com destinação de carga horária, definida previamente no currículo. Entretanto, essa é uma estratégia que exige da universidade uma centralidade e prioridade na extensão, pois implicará numa disputa por recursos (meios de transporte, estruturas de articulação com meio, etc) e por encargos didáticos.

Acredita-se que na formação universitária o desafio está muito além da distinção entre informação e conhecimento, como diria o Professor Paulo Freire (2010), de criar nos educandos as possibilidades para a própria produção e construção do conhecimento. E a criatividade dificilmente será estimulada no tradicional ensino disciplinar, com uso de métodos de ensino-aprendizagem essencialmente bancários e de transferência de informação. Nesta perspectiva, a incorporação da atividade de extensão e de pesquisa na formação universitária são um grande alento, desde que a incorporação afete de forma sistemática os métodos de aprendizagem e de ensino na Universidade.

Referências e sugestão de leitura

CHAUÍ, Marilena. Cidadania Cultural: o direito a cultura. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2006.
FÓRUM DE PRÓ-REITORES DE EXTENSÃO (FORPROEXT) DAS UNIVERSIDADES PÚBLICAS BRASILEIRAS.
Plano Nacional de Extensão Universitária. Ilhéus: Editus, 2001.
FREIRE, Paulo.
Extensão ou comunicação? 14. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2010.
SAVIANI, Dermeval.
Interlocuções pedagógicas: conversa com Paulo Freire a Adriano Nogueira. Campinas: Autores Associados, 2010.

A violência contra crianças e adolescentes: Uma realidade invisível

Créditos: OMS, Organização Mundial da Saúde. Inspire: Sete Estratégias para pôr fim à violência contra crianças, 2016.

A violência contra crianças e adolescentes é um fenômeno social e global e o lapso entre a violência em suas manifestações cotidianas e a notificação (registro de denúncias e atendimentos) é enorme, sinalizando um imenso desafio para a construção de ações públicas para a proteção dessa população.

Em pesquisa documental realizada no ano de 2018, nos relatórios de registros de denúncia do Disque Direitos Humanos (Disque 100) entre os anos de 2016 a 2017, verificou-se uma diminuição de 45,71% nos registros em nível nacional. A realidade sul rio-grandense expressa um índice de expressiva queda nas denúncias, em torno de 54,98%, ficando atrás apenas dos Estados do Acre (56, 63%) e do Amazonas (56,21%).

Esses dados se não examinados de forma cuidadosa, podem nos levar ao erro de identificar que a violência contra crianças e adolescentes vem diminuindo significativamente no cenário brasileiro, ou seja, que o decréscimo nos registros sinalizaria uma importante redução de situações violadoras dos direitos infantojuvenis. Contudo, em um movimento de análise mais atenta é possível perceber que por detrás dessa ilusão existe um grave problema, que é a subnotificação da violência.

Afinal, o que é a subnotificação? A subnotificação consiste na ausência de dados sobre a violência, o não registro ou o registro incompleto dos atendimentos contribui para o ocultamento das situações de violência contra a criança e adolescente.

Diante a esse contexto, em 2018 realizou-se uma pesquisa que objetivou mapear as expressões de violência contra o segmento infantojuvenil e as estratégias para o seu enfrentamento em um município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. A análise nos documentos de atendimento, possibilitou identificar que as vítimas de violência tem idade e gênero. Entre os anos de 2016 e 2018/1 foram atendidas 23 meninas e 16 meninos, representando uma diferença de 18%, assim podemos identificar que meninas sofrem mais com situações de violência no município.

Os dados referentes a faixa etária possuem significativa variação, entre os anos de e 2017 e 2018/1 o grupo etário dos 03 aos 08 anos de idade foi predominante nos registros de atendimento, no entanto, entre os anos de 2016 e 2017 a faixa etária prevalecente fora de adolescentes entre 12 e 14 anos, demonstrando uma variação entre crianças e adolescentes.

Outro dado interessante descoberto pela pesquisa, refere-se ao hiato entre o número de denúncias em comparação ao número de atendimentos às crianças e adolescentes no ano de 2017. Conforme os quadros abaixo:

Quadro 1 e 2: Denúncias e Atendimentos de 2017

Denúncias Registradas pelo Conselho Tutelar – 2017
Negligências 149
Abuso Sexual 28
Exploração Sexual
18
Violência Psicológica
0
Violência Física
75
Total 270

Quadro 1

Atendimentos Registrados – 2017
Negligência 4
Violência Sexual 14
Violência Física 4
Violência Psicológica 0
Total 21

Quadro 2

Essa discrepância entre o quantitativo de denúncia em relação ao de atendimento levou a equipe da pesquisa estabelecer duas hipóteses explicativas, que são elas:

1º O processo de confirmação da violação de direitos: Cabe ao Conselho Tutelar verificar a existência da violência e encaminhar as crianças, adolescentes e suas famílias para as entidades de atendimento da rede de proteção. O Conselho Tutelar ao averiguar a inexistência de situações e fatores violadores aos direitos desta população procede ao arquivamento do caso e/ou encaminhamento para algum serviço de atenção preventiva ou para as demais políticas sociais.

2: Rota Crítica 2 : Diz respeito ao caminho que as crianças, adolescentes e suas famílias percorrem na busca pelo rompimento com a violência, acrescentando-se nesse trajeto os obstáculos institucionais, políticos e estruturais que não raras vezes incidem para que a violência permaneça no silêncio.

As contribuições da pesquisa foram tecidas na perspectiva de elaborar pela primeira vez no município, dados estatísticos e informacionais sobre a situação da violência contra o segmento infantojuvenil. É notório que para a construção de políticas públicas atentas às particularidades da realidade local é fundamental a identificação da violência por meio de dados mensuráveis que possibilitem conhecer as peculiaridades da violência, perfil sociodemográfico das crianças, adolescentes, famílias e dos/as autores/as da violência, assim como das modalidades de atendimento e encaminhamento realizados.

A ausência de registros ou o preenchimento incorreto dos formulários de atendimento evidencia uma barreira significativa para a construção de dados confiáveis sobre a violência contra crianças e adolescentes, uma vez que as informações disponíveis são superficiais e desconexas. A partir dessa constatação empírica, a pesquisa segue compromissada em contribuir com subsídios teórico-práticos, para a organização dos documentos institucionais, a fim de promover um olhar ampliado dos/as profissionais sobre a importância do registro completo das particularidades da violência contra crianças e adolescentes.

Indicações de Leitura:

ANDI. Comunicação e Direitos. Disponível em: <https://www.andi.org.br/>.

BRASIL. Direitos da Criança e Adolescente. Violência contra Crianças e Adolescentes: Análise de Cenários e Propostas de Políticas Públicas. Ministério dos Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Proteção dos / elaboração de Marcia Teresinha Moreschi –Documento eletrônico – Brasília: Ministério dos Direitos Humanos, 2018. Disponível em:< http://www.mdh.gov.br/biblioteca/consultorias/conada/violencia-contra-criancas-e-adolescentes-analise-de-cenarios-e-propostas-de-politicas-publicas.pdf>. CHILDHOOD Brasil. Pela Proteção da Infância. Disponível em: <https://www.childhood.org.br/>.

Dra. Monique Soares Vieira
Docente da Universidade Federal do Pampa
Curso de Serviço Social – Campus São Borja
Coordenadora da Pesquisa “A cartografia da violência contra crianças e adolescentes”

 

Vídeo: Produção de Álcool Gel 70% na UNIPAMPA-Itaqui

Pro Profª. Drª. Caroline R. Bender
carolinebender@unipampa.edu.br

Este vídeo demonstra de forma rápida os principais passos da metodologia experimental utilizada para a produção de álcool gel 70% (ou 70° INPM), que vem sendo realizada na UNIPAMPA-Itaqui. O intuito desta produção é distribuir o álcool gel para o serviço público de Itaqui, como uma ação no combate a pandemia da Covid-19.

Embora o vídeo demonstre os principais passos para esta produção, o tipo de polímero utilizado, as quantidades e concentrações de cada reagente, bem como o tempo de espera entre as etapas foram omitidos propositalmente. Isso foi feito para evitar que a população leiga assista ao vídeo e tente reproduzir a metodologia em casa. Pode parecer óbvio que esse tipo de procedimento não possa ser realizado em casa. Entretanto, com o aumento no número de casos de pessoas infectadas pelo vírus Sars-CoV-2, não foram poucas as “receitas” e vídeos que surgiram na internet ensinando a população a fazer álcool gel “caseiro.” Alguns procedimentos utilizam gelatina sem sabor ou gel de cabelos com espessante. Contudo, dependendo do que se utiliza como espessante em vez de o álcool eliminar o vírus pode gerar um efeito de potencialização e/ou irritação da pele. Além disso, muitas receitas utilizam aquecimento, o que, por sua vez, aumenta o risco de o produto inflamável entrar em combustão e provocar incêndios.

Como previamente mencionado na reportagem “Álcool em gel 70% contra o novo Coronavírus,” publicada neste jornal, o álcool 70° INPM possui a concentração ótima para o efeito antisséptico. O álcool comercializado em mercados e farmácias possui a concentração de 46º INPM, i.e., mais diluído que o álcool 70° INPM. Portanto, as receitas caseiras de álcool gel produzido a partir do álcool 46° INPM não serão eficientes para assepsia e higiene das mãos contra o Sars-CoV-2, uma vez que não atingem concentração adequada (o mesmo serve para a Vodka e bebidas alcoólicas similares). O álcool combustível também não pode ser utilizado, já que pode conter contaminações (resquícios de gasolina, diesel, hidrocarbonetos, metais pesados, etc.) provenientes da produção, transporte e/ou armazenamento. Os contaminantes podem alterar o pH do produto final.

Por último, é relevante enfatizar que o álcool gel vendido em farmácias e/ou produzidos por profissionais capacitados – utilizando substâncias que garantem a estabilidade e concentração adequada para matar o vírus – são os únicos que devem ser utilizados no combate a Covid-19 neste momento.