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NECROPOLÍTICA: QUEM DECIDE QUE VIDAS SÃO VIVÍVEIS E QUE VIDAS SÃO MATÁVEIS?

Marcos Vinicius da Silva Goulart

Que vidas são vivíveis e que vidas são matáveis? Aceitaríamos que o Estado, tal como conhecemos desde o fim da modernidade, ousasse fazer esse tipo de questionamento para pautar suas ações de governo? Esses questionamentos vão direto àquilo que um Estado não poderia enunciar, e a simples hipótese de tais perguntas colocam-no em uma dimensão política estranha, contraditória e brutal. Contudo, as experiências contemporâneas de controle de pessoas, vigilância e terror em campos de refugiados em várias partes do mundo; em centros de detenção de imigrantes nos Estados Unidos e a ocupação de territórios palestinos por Israel indicariam um modo de controle de pessoas e territórios pautados pela inferiorização de sujeitos em relação uns aos outros. Esses sujeitos, sob o jugo do Estado, se tornariam pessoas sem cidadania, se tornariam desprezíveis, se tornariam matáveis. 

Sujeitos matáveis e vidas não vivíveis! É sobre isso que trata a necropolítica, conceito elaborado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe para explicar as novas formas de governo contemporâneo. No Brasil, esse conceito tem sido muito utilizado por pesquisadores que lidam com a temática do racismo. Eles veem na necropolítica uma chave de leitura para explicar o extermínio da população negra no Brasil, por exemplo. Mbembe, portanto, apresenta-nos um conceito fundamental para compreendermos o desenvolvimento das formas de poder que se materializam num Estado que, com o capitalismo na sua forma neoliberal, encontram a sintonia perfeita, ao produzirem aquilo que Wendy Brown (2018) chamou de cidadania sacrificial, que produz sujeitos sacrificáveis pelo bem do desenvolvimento econômico de um país. Há uma convergência entre esse conceito e a necropolítica, porém, embora tenha o citado, o foco por ora é na necropolítica.

O que é necropolítica? 

Em 2 de março de 1757, Damiens era submetido a um suplício terrível por cometer um parricídio. Seu sofrimento, em praça pública, descrito em detalhes por Michel Foucault  (2007), materializava a soberania, a produção da morte por meio da punição pública e espetacular, a completa submissão de um indivíduo ao poder de um soberano. Esse tipo de poder é aquele teorizado pelas filosofias políticas do contrato social, que é cedido a um soberano como uma espécie de direito originário, justamente para a manutenção da ordem e do próprio Estado. Thomas Hobbes é um dos teóricos da soberania e é dele a hipótese de que sem Estado viveríamos uma guerra de todos contra todos. A manutenção do poder do soberano, nesse sentido, implica sua própria sobrevivência e seus súditos teriam o dever de zelar por isso. Esses súditos estão sujeitos à morte caso suas condutas não condigam com os desejos do soberano, que teria o poder de fazer morrer ou deixar viver (FOUCAULT, 2010).

Entre os séculos XVII e XVIII, os mecanismos do poder passam a agir sobre o corpo individual, mas não para matá-lo, e sim, para torná-lo adestrável e produtivo. Tem-se o interesse crescente na vigilância, na prisão, na escolarização centrada no disciplinamento, por conseguinte, na formação de corpos dóceis (FOUCAULT, 2007). Contudo, surge algo novo a partir de meados do século XVIII: os mecanismos do poder começam a se centrar no corpo espécie, no corpo humano na medida em que ele é parte de uma população. Ademais, não podemos desconsiderar que esse novo poder sobre a vida vai operar entre a primeira e a segunda Revolução Industrial, nas quais os modos de produção foram completamente alterados, exigindo cada vez mais sujeitos úteis para o novo mundo econômico, isto é, vidas vivíveis. Sobre a vida opera um biopoder centrado no corpo individual, porém, na exata medida em que ele faz parte de uma população; daí biopolítica – uma tecnologia de poder centrada no humano como espécie, como um ser biologicamente conhecido e a se conhecer. Temos um Estado que crescentemente se preocupa com taxas de natalidade, taxas de mortalidade, campanhas de saúde pública e, mais adiante, com o crescimento econômico e com a produção em larga escala de capital humano. Ou seja, nos meandros da biopolítica o que se opera é um fazer viver ou deixar morrer (FOUCAULT, 2010).

Explicar a emergência do conceito de biopolítica em Foucault é fundamental para compreendermos o conceito de necropolítica em Mbembe, já que ele usará essa noção conjugada com outras, a saber, estado de exceção e soberania para a sua elaboração teórica. Antes de iniciar essa explicação, gostaria de ressaltar que vou tratar biopoder e biopolítica, assim como necropoder e necropolítica como sinônimos, mesmo sabendo que há diferenças precisas entre eles, mas, isso não atrapalhará a compreensão introdutória dos mesmos. Em primeiro lugar, Mbembe (2016) retoma a discussão sobre a noção de soberania, mas sob outro prisma que não aquele dos contratualistas do século XVII e XVIII, como já citei. O filósofo camaronês não vai se concentrar no aspecto racional e originário do Estado, no qual sujeitos, num ato racional, teriam fundado a soberania para garantir sua própria segurança e seus próprios direitos. Sua preocupação será com uma soberania que operaria através da “[…] instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos humanos e populações” (MBEMBE, 2016, p. 125). Ou seja, ele está preocupado com aspectos menos abstratos: a vida e a morte.

Mbembe vai além de Foucault ao demonstrar que a noção de biopolítica é insuficiente para descrever as formas contemporâneas de subjugação da vida ao poder da morte. No entanto, a relação que Foucault faz entre racismo e biopoder é essencial para entendermos a constituição dos Estados a partir do século XVIII, ainda mais, considerando que o Estado Nazista, conjugando racismo e biopoder, se utiliza do poder de morte, o discurso da raça ariana e do terror como seu agente mobilizador. Ou seja, o nazismo é um paradigma de Estado Biopolítico. Mbembe, de outro modo, vê limitações nessa leitura. Para ele, a emergência da biopolítica ocorre na constituição dos Estados Modernos, por volta do século XVI, com a escravidão e as invasões coloniais, que ocorreram na África e no chamado Novo Mundo, as Américas. É exatamente neste ponto que Mbembe se afasta de Foucault. Sei que o debate acerca do biopoder entre Foucault e Mbembe poderia ser abordado em suas minúcias, mas não é esse o meu interesse aqui, já que o caráter deste texto é introdutório.

O que podemos concluir a partir do debate apresentado acima? Podemos deduzir que a política de produção de morte, o deixar morrer, que é parte do biopoder e da soberania, tem o racismo como parte fundamental. Ou seja, falar em necropolítica é falar em racismo, já que desde o período colonial vem se produzindo um poder de matar, tornando escravos pessoas africanas e nativos das Américas, que deveriam ser mantidos vivos apenas na medida em que fossem produtivos para o sistema colonial. A partir daqui, estamos estritamente no campo da necropolítica, mas, ainda falta um elemento: a ideia de Estado de Exceção. 

Agamben (2004) afirma que o Estado de Exceção é um paradigma de governo na contemporaneidade. Isso significa que aquela figura do direito utilizada em situações pontuais, que representassem perigo para um Estado, se tornou a regra. O soberano, para Schmitt, era aquele que poderia decidir sobre o Estado de Exceção, mas, ao que parece, se voltarmos para Agamben, podemos dizer que já não está em jogo uma mera decisão pontual, mas uma forma de governo – O Estado de Exceção é permanente, a suspensão da ordem jurídica é uma tecnologia de governo . Nele, parcelas da população tem seus direitos violados, não são sequer considerados humanos. O campo de concentração nazista, por exemplo, é um espaço que se abre quando o Estado de Exceção se torna regra (AGAMBEN, 2002). Mbembe, contudo, vai transpor essa figura do campo para o terror e a ocupação colonial. É assim que o conceito de necropoder se ampara no conceito de exceção, de soberania e biopoder. Assim como para Foucault o nazismo era um paradigma do biopoder, para Mbembe, a ocupação colonial contemporânea da Palestina é um paradigma do necropoder. Frantz Fanon, para Mbembe, exporá um exemplo do necropoder agindo na espacialidade da ocupação colonial:

A cidade do colonizado […] é um lugar mal-afamado, povoado de homens mal-afamados. Aí se nasce não importa onde, não importa como. Morre-se não importa onde, não importa de quê. É um mundo sem intervalos, onde os homens estão uns sobre os outros, as casas umas sobre as outras. A cidade do colonizado é uma cidade faminta, faminta de pão, de carne, de sapatos, de carvão, de luz. (FANON, 1968, p. 29).

Qualquer semelhança com a nossa experiência cotidiana não é mera coincidência e é aqui que o conceito de necropolítica encontra relação com o que vem ocorrendo no Brasil. No fundo, estamos falando de um conceito que demonstra como o Estado adota uma política de morte, ao tratar indivíduos como os povos objetos do processo colonizador apresentado por Fanon. Esse sujeito objeto do processo colonizador, transpondo para a nossa realidade, é o menino negro na favela que “desaparece” em uma ação policial; é o morador de favela desassistido pelo poder público; os indígenas expostos aos garimpeiros, desmatadores e grileiros sem nenhum amparo do Estado; é o pobre que se vê obrigado a trabalhar, arriscando a própria vida, diante de um vírus mortal sem qualquer amparo econômico. Enfim, o que seria necropolítica? O poder do Estado, envolvo em sua soberania, de produzir e regular “sujeitos indesejados”, sujeitos em que o deixar morrer não é um efeito colateral da política, mas, uma estratégia para a manutenção do próprio poder do Estado. Necropolíticas são ações de eliminação e destruição de sujeitos considerados pelo Estado, como matáveis – não há dignidade humana.

Necroliberalismo e as novas formas do poder de matar

A necropolítica nos ajuda a pensar o racismo estrutural; as incursões da morte feitas pela política militar em favelas do Brasil e a morte de jovens negros por agentes do Estado. Sobre esse tema, há bastante discussão e pode-se dizer que o conceito de Mbembe é fundamental para elucidar essas práticas de produção de sujeitos matáveis. Contudo, queria finalizar este texto, pontuando algumas questões ligadas à economia. Mbembe (2020), recentemente, utilizou o termo “necroliberalismo” para se referir a lógica de sacrifício presente nos discursos econômicos atuais e que ouvimos muito no Brasil atual. Necroliberalismo é uma variação da necropolítica e indica que o neoliberalismo é fundamentalmente uma política da morte. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, ao criticar a política de isolamento social de governadores, afirmou que os governadores e prefeitos querem matar o povo de fome com suas políticas de “lockdown” (MENDONÇA, 2021). Ora, sem uma política eficiente de auxílio financeiro para os mais pobres, o presidente sugere que as pessoas têm duas opções: arriscar a própria vida diante do coronavírus ou morrer de fome em casa. Ou seja, a única saída para os mais pobres, nesse caso, as vidas matáveis, é submeter-se ao risco da morte.

O neoliberalismo enxerga todos os sujeitos como capital humano, como agentes de mercado, isto é, suas próprias vidas passam sempre pelo prisma econômico, temos uma economicização da sociedade (BROWN, 2018). Todos nós somos responsáveis pelo desenvolvimento do país, logo, teríamos o dever moral de se sacrificar em prol da economia – e esse tipo de discurso se tornou regra desde 2019. O neoliberalismo, isto é, o necroliberalismo, tem em si essa dimensão de sacrifício de vidas, nele o trabalhador tem o trabalho precarizado, tem sua aposentadoria retirada, seu bem-estar se torna supérfluo para o mercado e deve ser eliminado. Necropolítica é uma política de produção de sujeitos matáveis, cidadanias sacrificiais, vidas com menos valor que outras. Como afirma Mbembe (2020, n.p.) na entrevista que mencionei, “esse sistema [o necroliberalismo] sempre operou com um aparato de cálculo. A ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado”. Agora, a pergunta do início do texto pode ser respondida: é o Estado Necropolítico que decide que vidas são vivíveis e que vidas são matáveis.

Marcos Vinicius da Silva Goulart é Professor Orientador Educacional (SMED/São Borja). Doutor em Educação. Mestre em Psicologia Social e Institucional. Licenciado em Filosofia. Contato: mvinicius.goulart@gmail.com.

Referências

AGAMBEN, G. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
BROWN, W. Cidadania Sacrificial: Neoliberalismo, capital humano e políticas de austeridade. Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018.
FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: o nascimento da prisão. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
MBEMBE, A. Necropolítica. Arte & Ensaios, n. 32, p. 123–151, dez. 2016.
MBEMBE, A. Pandemia democratizou poder de matar, diz autor da teoria da “necropolítica”. [entrevista concedida a] Diogo Bercito. Folha de São Paulo, p. n.p., 30 mar. 2020.
MENDONÇA, A. Bolsonaro volta a criticar lockdown: “Pessoal vai morrer de fome?” Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/03/interna_politica,1242858/bolsonaro-volta-a-criticar-lockdown-pessoal-vai-morrer-de-fome.shtml. Acesso em: 4 abr. 2021.

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FALAMOS… FALIMOS… FALHAMOS!

Por José Martins Alegre Júnior

A sociedade brasileira paga caro por suas escolhas. Necessariamente repete o mesmo erro quando exerce seu sufrágio. Falamos num passado histórico não muito remoto quando saímos das mazelas da famigerada ditadura. Falamos alto e em bom tom que daríamos novo rumo a nossa política social. Acontece que nossa estrutura cultural está arraigada sempre num espírito ditatorial, onde por mais que forcemos arrebentar as amarras de um poder despótico a sociedade retorna ao ponto de partida acreditando que o poder castrense é a melhor opção, bom aí é pagar pra ver. Lamentavelmente o povo brasileiro não conhece sua história, se assim fosse, jamais dispensaria em suas escolhas cidadãos técnicos que poderiam dar um norte mais consistente aos anseios de todos principalmente aos mais necessitados, digo aqueles que estão a mercê de um benefício para alimentar sua família com apenas R$ 250,00, que nem chega a cobrir a metade do consumo diário de uma família com 3 componentes.

Não existe na história do mundo situação governamental com esse perfil que viesse  sufragar os anseios de uma sociedade.

Os poderes da nação concentrados “atiram a batata quente” um para o colo do outro. TODOS FALAM, SE PROJETAM POLITICAMENTE, utilizando a torpeza em proveito próprio, como estivessem concorrendo para ver quem grita mais falácias, o que deixa transparecer nas entrelinhas de que  a sociedade só entende  se assim o for.

O resultado é esse aí: FALIMOS, quando o poder que dá o norte da sociedade equivoca-se diuturnamente nas ações ou omissões que pratica. Pecou o governo quando fez ouvidos moucos a pandemia que tomou conta do mundo e, principalmente em nosso país que está colapsado, por entender que uma “gripezinha” poderia ser tratada com medicamentos simples e baratos, nos remetendo a países que possuíam e ainda possuem regime político ditatorial.

A procrastinação de decisões na área da saúde (que até então era o braço forte do Brasil) na compra de vacinas foi fatal para a incerteza de até quando vamos conseguir nos manter vivos?

Aliado a toda essa situação odiosa, os incentivos do governo federal para dispensar o uso de máscara, combater o vírus precocemente com remédios que não são indicados por especialistas na área de infectologia, bem como a falta de insumos básicos para tratamento de pessoas e o pior, pasmem!! A falta de oxigênio para evitar que pessoas venham morrer sufocadas demonstra a falência da saúde no Brasil.

Isso sem mencionar as inúmeras ações jurídicas travadas nos tribunais em todo o Brasil, inclusive nas cortes Superior e Suprema, porém, ATÉ HOJE TODAS SEM SOLUÇÃO.

Lamentavelmente PROJETO DE NAÇÃO NÃO SE TEM. Melhor, se quer tem-se projeto algum a não ser abrir as valas para colocar os corpos de vítimas, mutilando as famílias brasileiras. 

Falhamos quando acertadamente erramos na escolha que fizemos. Falharam os poderes constituídos da federação, quando todos fazem vistas grossas ao pavor estarrecedor da COVID que assola o país.

É de se notar que, quando o líder do país ignora tal situação odiosa que nos assola, criando interpretações constitucionais a seu favor, atribuindo “culpa” a governadores  e prefeitos por ações e omissões que pratica, desimportando com a saúde dos brasileiros,  onde os presidentes do Senado e Câmara Federal que são aliados do presidente “concordam” com tais atitudes, as quais são refutadas mesmo com orientações técnicas de especialistas demonstra que inexoravelmente FALHAMOS.

José Martins Alegre Júnior (OAB/RS: 60684) 
Graduado pela Universidade PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul- Campus Uruguaiana-RS
Pós-Graduado em Direito do Trabalho pela Universidade PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul- Porto Alegre -RS 

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CHAMA DA TRADIÇÃO. Itaqui, um berço do Tradicionalismo, estará em breve disponível para leitores

Neste mês de abril, será lançado o livro “Chama da tradição: Itaqui, um berço do tradicionalismo”, que aborda a importância do Movimento Tradicionalista de Itaqui, a relevância cultural de sua Semana Farroupilha e destaca através de biografias, alguns nomes importantes deste contexto, focado em valorizar os itaquienses que sempre estiveram na linha de frente deste movimento cultural.

O autor Márcio Escalante de Barros justifica a frase no título que se referindo à cidade de Itaqui, como “um berço do tradicionalismo”, com pelo menos dez fatos concretos, que foram utilizados como apelos culturais no projeto “Itaqui Tchê Espera”, que possibilitou o município da Fronteira Oeste a se tornar sede da 63ª Distribuição da Chama Crioula do Estado em 2010.

Itaqui, está localizado na Fronteira Oeste do Estado do Rio Grande do Sul, e  colaborou diretamente para o surgimento e fortalecimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho, que mesmo tendo o seu marco inicial com o Piquete da Tradição ou Grupo dos Oito em 1947, há outros eventos importantes, como a fundação do primeiro CTG em 1948 e a realização do primeiro Congresso Tradicionalista em 1954, todos esses acontecimentos tiveram a presença de ilustres itaquienses, contribuindo diretamente para a realização desses eventos.

Tais eventos vão contribuir diretamente para a formação do MTG, que teve sua fundação jurídica reconhecida em 28 de outubro de 1966, nesse período já tínhamos em Itaqui, dois CTGs fundados (CTG Bento Gonçalves e CTG Rincão da Cruz), e essa contribuição continua até os dias atuais, valorizando os feitos do pioneiro Orlando Jorge Degrazia, membro do Grupo dos Oito e Manoelito de Ornellas, presidente do primeiro Congresso Tradicionalista.

Além desses personagens, ímpares da história do Movimento, Itaqui ainda vai contribuir na área da música e poesia, com a presença de inúmeros artistas que ao passar do tempo, vão ajudar a fortalecer e propagar essa cultura regionalista, declamando e cantando versos que vão traduzir a vida do homem do campo e suas lides campeiras, nossas paisagens, este legado histórico e cultural.

Na obra, que teve uma ampla pesquisa, são citados os dez motivos que o autor justifica, fazendo crer que Itaqui, é sim um dos grandes berços do tradicionalismo, sem desmerecer as demais cidades que têm seus apelos culturais, suas justificativas e sua história. 

Para o pesquisador/autor Márcio Escalante de Barros, Itaqui é um berço do tradicionalismo, “porque aqui está a essência desse grandioso movimento organizado, que sempre teve como princípio básico o legado de heróis republicanos de liberdade, igualdade e humanidade. Norteado na sua plenitude no que rege a “Carta de Princípios”, por isso permanece sempre ativo, aquecido por uma chama que está permanentemente acesa nos galpões de nossas estâncias e especialmente no coração de cada itaquiense”.

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Assassino na casa (2019), de Fábio Vermelho

por Walker Douglas Pincerati.


Assassino na casa
não é uma estória para crianças, nem pra se ler a meia noite…. 

É brutal – impudente – indecente! 

Fábio Vermelho, com seu traço inconfundível, conta em sua zine, uma HQ, uma história de uma série de assassinatos que não deixam vestígios. Nesta história, a jovem e voluptuosa Lorraine cuida por uma noite de Tim, um garoto que fica em casa porque os pais saíram. A babá, porém, bota o guri para dormir cedo e deixa Adam, seu namorado, entrar para fumar um baseado e escutar umas músicas… Mas o assassino está na casa e mata Adam rápido e implacavelmente com um puta golpe de faca bem no meio da testa.

Se pintou a curiosidade para saber e ver como acontece esse assassinato, vale a pena adquirir a zine.

O Fábio Vermelho é o roteirista e o desenhista de suas próprias histórias. É ilustrador e cartunista. Mais importante: é um dos nossos artistas. 

Recentemente publicou pela Editora Veneta Eu Fui um Garoto Gorila. 

Tem HQs desenhadas e narradas tanto em português quanto em inglês em sua lojinha: www.lojinhadaweirdworks.iluria.com, onde também está à venda Assassino na casa.

 

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Torto Arado. Estamos diante de um novo clássico da literatura brasileira?

Por Sara Feitosa .

O romance destaca-se pela “solidez da construção, o equilíbrio da narrativa e a forma como aborda o universo rural do Brasil, colocando ênfase nas figuras femininas, em sua liberdade e na violência exercida sobre o corpo num contexto dominado pela sociedade patriarcal”. Foi desse modo que o escritor português Manuel Alegre anunciou, em outubro de 2018, o livro Torto Arado, do brasileiro Itamar Vieira Júnior, como vencedor do Prêmio LeYa de Romance daquele ano. 

O Prêmio LeYa de Romance é entregue desde 2008 a autores lusófonos que concorrem anonimamente a € 100 mil (euros) e um contrato de publicação com o Grupo Editorial LeYa. Itamar Vieira Junior é o segundo brasileiro a arrebatar o prêmio. Murilo Carvalho venceu a primeira edição do concurso literário com o romance O rastro do jaguar. O manuscrito vitorioso é escolhido por um júri composto de sete figuras destacadas do mercado editorial lusófono. Em 2018 estavam entre os jurados o editor brasileiro Paulo Werneck, a poeta angolana Ana Paula Tavares e o escritor português Manuel Alegre, vencedor do Prêmio Camões e presidente do júri.

Torto arado, cuja edição brasileira foi publicada pela Todavia, narra a vida dos trabalhadores rurais da fictícia Água Negra, uma fazenda na região da Chapada Diamantina, interior da Bahia. Os trabalhadores de Água Negra não recebem salário para arar a terra, apenas morada, ou melhor, o direito de construir casebres de paredes de barro e telhado de junco (construções de alvenaria são proibidas), e o direito de cultivar roças no quintal, quando não estivessem plantando e colhendo cana-de-açúcar e arroz nas terras do patrão. Só ganham algum dinheiro quando vendem na feira a abóbora, o feijão e a batata que cultivam no quintal ou quando conseguem a aposentadoria rural. Quase todos negros e negras, descendentes dos escravizados libertos. A narrativa de Vieira Júnior não estabelece com precisão em que época a trajetória dos trabalhadores de Água Negra se passa. Pode ser poucas décadas depois da promulgação da Lei áurea, mas pode ser bem mais perto de nossos dias.

O livro é apresentado em três partes. A primeira parte é narrada por Bibiana; a segunda, por sua irmã, Belonísia. As duas são filhas de Zeca Chapéu Grande, um dos trabalhadores de Água Negra e líder do jarê, religião afro-brasileira praticada na região da Chapada Diamantina, influenciada pela umbanda, pelo espiritismo e pelo catolicismo.  Além de comandar as “brincadeiras de jarê” e curar corpos doentes e espíritos perturbados, Zeca Chapéu Grande fazia às vezes de líder político para apaziguar os conflitos entre trabalhadores, que acham que a terra é de quem nela trabalha, e os pretensos donos da terra. A terceira e última parte do romance é narrada por uma entidade do jarê.

Itamar Vieira Junior começou a esboçar Torto arado há mais de duas décadas, quando tinha 16 anos, inspirado pela leitura dos romances regionalistas dos anos 30 e 40; dentre os quais, autores como Rachel de Queiroz e José Lins do Rêgo, que retrataram a pobreza sertaneja. “Essa história das duas irmãs que têm uma relação conflituosa uma com a outra, com o pai e com a terra me veio naturalmente. Mas as personagens tinham outros nomes e não tinha essa história da língua”, contou o escritor em entrevista ao programa da TV Cultura “Roda Viva”. Ele datilografou o romance numa Olivetti Lettera 82 que ganhara de presente do pai, mas perdeu o manuscrito, umas 80 páginas, numa mudança. Deixou a literatura um pouco de lado — os pais o alertaram de que era difícil se sustentar da escrita — e se formou em geografia pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Deu aulas e, há 13 anos, ingressou no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), onde é analista agrário e se divide entre a rotina burocrática da repartição pública e trabalhos de campo no interior do Nordeste. “Quando cheguei ao campo, encontrei a realidade que conheci em romances como O quinze e Menino de engenho”, disse. “Conheci famílias inteiras de trabalhadores que vivem em um sistema semelhante à escravidão, que não recebem dinheiro pelo dia de trabalho e só têm direito à morada. É um Brasil anacrônico, que parou no tempo. Eu quis dividir esse meu espanto, esse choque.”

A vivência de Vieira Junior no campo rendeu uma tese de doutorado em estudos étnicos e africanos, defendida na UFBA em 2017. Em algumas entrevistas, o escritor revelou que achou necessário levar as histórias e os personagens para a literatura. Resolveu, então, escrever sobre essa população, os pobres, quase sempre negros, que pouco aparecem na literatura brasileira recente, principalmente naquela produzida entre Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. “Venho de uma família simples. Meu pai era descendente de indígenas do Recôncavo Baiano. Minha mãe, de camponeses pobres e migrantes. Boa parte de minha família tem ascendência negra. Toda essa história é muito cara para mim, e eu sentia falta dela na literatura”, disse em entrevista. Num trecho de Torto arado, Belonísia justifica sua falta de interesse pela escola porque a professora, Dona Lourdes, “não sabia por que estávamos ali, nem de onde vieram nossos pais, nem o que fazíamos”, “em suas frases e textos só havia histórias de soldado, professor, médico e juiz”. Para Vieira Junior, a recente literatura brasileira às vezes se parece com as lições de Dona Lourdes. “Há coisas incríveis na literatura brasileira contemporânea, mas, em minha opinião, também há um excesso de autoficção, de romances girando em torno do umbigo e dos problemas do escritor branco de classe média. Isso cansa. Mas também há autores, menos divulgados, contando histórias que contemplam toda a nossa diversidade, os muitos ‘Brasis’”, afirma Itamar. 

Vieira Junior costuma dizer que escreve sobre o que o incomoda. “Tenho uma fé imensa na literatura, porque ela permite uma mudança de papéis. Quando você abre um livro, estabelece um contrato com o autor e os personagens. Durante o tempo daquela leitura, você vai viver um pouco daquelas vidas, o que pode provocar repulsa ou empatia”, comenta. “Escrevo sobre os meus incômodos porque talvez esses incômodos incomodem outras pessoas, para que, nesse jogo de escrita e leitura, nós pensemos um mundo novo, mais humano e capaz de contemplar toda a nossa diversidade.” 

Nas várias resenhas e comentários nas mídias sociais e em veículos tradicionais uma referência a Torto Arado parece unânime que este é um novo clássico da literatura brasileira. Questionado sobre essa afirmação na entrevista que concedeu ao programa “Roda Viva”, Itamar foi conclusivo: “Só o tempo dirá!”.

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Professor nota 10: Sidnei Luís Bohn Gass

Por Rafael Santos

Primeiramente agradecemos ao Prof. Dr. Sidnei Luís Bohm Gass por ter aceitado o convite para participar da 11ª edição do projeto. A seção Professor nota 10 é um espaço reservado para os docentes explicarem de forma livre e espontânea sua trajetória acadêmica. 

Sidnei já participou de edições anteriores com textos publicados, a mencionar: A ESTIAGEM NO RIO GRANDE DO SUL EM IMAGENS e Projeto SIGPampa e o monitoramento dos casos da Covid-19 no Rio Grande do Sul e nos municípios de atuação da UNIPAMPA, e nesta edição vamos conhecer melhor sua história.

O professor Sidnei Luís Bohn Gass é gaúcho, natural  de Santo Cristo, região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, é graduado em Geografia – Bacharelado pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, UNIJUI; Tem especialização em Humanidades Área de Concentração Geografia também pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, UNIJUI; Mestrado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS; Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS e em 2020; realizou estágio pós-doutoral no Laboratório Espace et Sociétés, da Le Mans Université, França, através do projeto QUALPROSUL,

O professor destaca que sempre teve uma relação muito estreita com a vida rural e um pouco do gosto pela geografia vem dessa relação. No entanto, a graduação em Geografia não foi sua primeira opção, pois confidencia que gostaria de ter feito Administração de Empresas, mas no fim acabou ficando com a Geografia.

Em nossa conversa o professor destaca alguns pontos do período que estava se graduando. Como a mudança de campus, a dificuldade de não ter a família sempre por perto e ao concluir a graduação tomar a decisão de ir para o mercado de trabalho ou seguir dentro da universidade especializando-se.

Concluindo nosso diálogo, o professor destacou seus projetos como o SIGPampa que trata especificamente da cartografia temática, trabalhando com o objetivo de desenvolver métodos de representação cartográfica; Professor de pós-Graduação UFRGS; Participação do projeto QUALPROSUL; Atividades de ensino, pesquisa e extensão entre outros.

A entrevista realizada pelo discente Rafael Santos de Lima está disponível na íntegra em nosso canal oficial no Youtube.

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Meu trabalho nota 10: Karina Brisolla

Por Karina Brisolla

“O desenho do corpo, o corpo que desenha: traçando um devir entre os quadrinhos brasileiros e a educação” é um corpo-texto nascido da pesquisa que desenvolvi para a conclusão do Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa. Neste trabalho, revisito a relação do ser humano com o ato de desenhar, objetivando articular uma reflexão teórica-política-cultural acerca da utilização das histórias em quadrinhos (HQ) em espaços escolares com vistas ao desenvolvimento do indivíduo, tanto das aptidões artísticas quanto do (re)conhecimento de sua identidade e subjetividade. 

Para tanto, realizei uma revisão bibliográfica da História das HQ, priorizando referenciais teóricos brasileiros. A revisão partiu da constituição do campo até sua utilização em sala de aula. Para fundamentar essa discussão, utilizei leis e políticas públicas do âmbito educacional brasileiro – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), Parâmetros Curriculares Nacional PCN’s), Programa Nacional de Biblioteca na escola (PNBE) e Lei nº 11.645 –. 

A respeito da análise efetuada, ficou evidente haver uma ruptura com o ato de desenhar após a aquisição da escrita. Tornou-se nítido também, o fato de que na educação formal os quadrinhos têm sido utilizados majoritariamente como atração de leitores, e ao esmiuçar os dados do PNBE, pude constatar que a maioria dos quadrinhos presentes nas escolas não são de origem brasileira. Assim, a partir da pesquisa realizada, pode-se concluir que estamos sendo educados dentro de outra matriz simbólica que não a nossa. Ou seja, que estamos sendo educados para conhecer as histórias, segundo à subjetividade e traços dos outros, não os nossos. 

Diante do exposto, o grande desafio que me salta aos olhos é encontrar formas para combater a impossibilidade de acesso à nossa própria raiz histórica e cultural. Sabendo que os quadrinhos são uma expressão artística com raízes na cultura de massa, os enxergo enquanto verdadeiras (e potentes) armas nessa “guerrilha epistêmica” (RUFINO, 2019, p. 10) travada no ambiente escolar. Isto é, defendo que os quadrinhos brasileiros quando utilizados em sala de aula, são fortes combatentes contra a perpetuação do epistemicídio de conhecimentos que não são reconhecidos como tais ou são inferiorizados pelos saberes universalizantes.

Encerro aqui, pontuando que, em suma, nas páginas da pesquisa desenvolvida, você encontrará uma pincelada sobre a Histórias das histórias em quadrinhos, o desenvolvimento de seu mercado, as dificuldades e avanços no que tange à relação da linguagem com o meio educacional, e também, sua relação – ou a ausência de uma relação – entre Lei e políticas públicas educacional e cultural. 

Mas para além disso, deixo aqui meus votos de que a leitura desse corpo-texto suscite marcas que estão adormecidas ou aprisionadas pelos duros contornos da – burocrática e colonizada – vida adulta. Desejo que a leitura dessa pesquisa lhe sirva também como um convite para que você se permita borrar os contornos. Assim, essa escrita é também um convite à sua criança interior adormecida, recalcada. Desejo que ela desperte, salte e ande fora da linha e, sobretudo, que rabisque o que desejar.

Karina Constantino Brisolla é formada no Bacharelado em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) – Jaguarão/RS e mestranda no Programa de Pós Graduação em Artes Visuais Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) na linha de pesquisa Educação em Artes e Processos de Formação Estética. Artista visual, atua profissionalmente como ilustradora e designer, confira seu trabalho aqui.

Contato: kcbrisolla@gmail.com

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Aluno destaque: Dieison Morozoli da Silva

Olá, sou Dieison Morozoli da Silva, 27 anos, natural de Itaqui – RS e faço parte de uma história de longa data com a Universidade Federal do Pampa. Como pessoa, sou calmo, gosto de tirar fotos aleatórias enquanto pedalo pela cidade, que além de viajar, são minhas atividades preferidas. Minha meta pessoal é me tornar professor universitário de geociências.

Ingressei na universidade em 2011, como integrante da primeira turma noturna do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia. Nesse primeiro ano estive focado nas aulas.

No início de 2012 me aproximei das atividades realizadas pelo Laboratório Interdisciplinar Integrado (LabII). Neste ambiente participei da coleta de dados de monitoramento da qualidade da água em cursos hídricos, além da realização de atividades em parcerias com escolas da sede urbana. É válido ressaltar que naquele mesmo ano aconteceu a criação do Grupo Universitário de Teatro GUT Encenaart, do qual fui integrante.

Apresentação teatral na escola Oswaldo Cruz

Ao longo de 2013 iniciei um novo ciclo de atividades. Após encerrar minha participação no LabII, me aproximei bastante dos componentes curriculares e professores da Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. Neste ponto, devo prestar agradecimento ao professor Alexandre Bernardino Lopes, que orientou a escrita de um projeto de pesquisa acerca das áreas de preservação permanente em Itaqui. Posteriormente, a orientação desse projeto foi transmitida para o professor Sidnei Luis Bohn Gass. A sinergia resultante de meu esforço somado a orientação adequada logo começaram a mostrar resultados. Uma das atividades que merecem destaque foi a participação orientada no projeto GeoItaqui, no qual atuei na produção de mapas para o zoneamento ecológico-econômico municipal. 

No ano de 2014, com a proximidade de integralização total da carga horária requerida, foi iniciada a escrita do trabalho de conclusão de curso, intitulado “Áreas de preservação permanente e áreas de inundação: estudo de caso na área urbana de Itaqui, RS, Brasil”. 

Em decorrência dos resultados obtidos, o trabalho foi adaptado para apresentação no XXIII Congresso de Iniciação Científica da Universidade Federal de Pelotas e na XIV Semana Estadual da Água (Unipampa Itaqui).

Congresso de Iniciação Científica
Apresentação na XIV Semana Estadual da Água

 

 

 

 

 

Pouco tempo depois chegou o momento, a formatura da primeira turma do BICT, na qual fui um dos cinco formandos.

Formandos da primeira turma do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia.

Nesse ponto, faço menção de destaque para uma das potencialidades do BICT, o segundo ciclo de formação. Na semana seguinte à formatura, ingressei na Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. 

Em 2015, passei a integrar a equipe do projeto SIGPampa, dedicado à produção e divulgação de materiais de apoio sobre Sistemas de Informações Georreferenciadas, importante ferramenta para profissionais de agrimensura e cartografia. No âmbito das atividades do projeto foram produzidos 12 tutoriais de utilização do SIG QGIS. 

Ainda nesse ano fui integrante de um trabalho aprovado no Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto. Também participei da elaboração de um caderno digital sobre a morfologia de eudicotiledôneas e da conclusão da produção de mapas para o projeto GeoItaqui, ambas atividades apresentadas no SIEPE. 

No ano de 2016, já bastante familiarizado com as geotecnologias, em especial com o SIG QGIS, passei a atuar como monitor do componente curricular de Geoprocessamento do curso de Agronomia. Também atuei em um projeto de geoespacialização da composição florística de uma praça de Itaqui e em atividades de interação com escolas com alusão a semana da água. Todas as atividades de 2016 foram encaminhadas para apresentação do SIEPE.

Em 2017 também participei de projetos de pesquisas, que tiveram seus resultados publicados em eventos como o SIEPE, Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto, GeoPantanal, Salão do Conhecimento da Unijuí e VI Workshop Sobre Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Bacias Hidrográficas (Universidade Federal de Uberlândia).

O ano de 2018 começou já acelerado. Logo nos primeiros meses foi publicado o livro “QGIS aplicado ao ordenamento territorial municipal”, elaborado por meu orientador, professor Sidnei Gass, e também por mim. Ao longo daquele ano também atuei como monitor, agora para os cursos de Agronomia e Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. Deixando de lado a listagem de produções, ressalto a experiência enriquecedora que é a monitoria. Através dessas atividades busquei constantemente aprimorar conhecimentos, além da possibilidade de desenvolver a empatia, de modo que cada participante é um universo único de experiências, potencialidades e dúvidas, e ao monitor, se apresenta então o desafio de fornecer suporte ao exercício dos conhecimentos trabalhados em aula. Mais do que isso, é realmente gratificante saber que, ao menos um pouco, contribui para a formação de outras pessoas.

Em 2019 participei da produção de um capítulo do livro “A evolução territorial do município de Itaqui, RS”, além de dois trabalhos no SBSR. O ano de 2020 provavelmente foi marcado pelos voos mais altos de minha formação até então. Apesar do cenário de desafios e incerteza trazido pela pandemia, as atividades continuaram a acontecer. Como integrante do Grupo de Pesquisa sobre o Impacto Social do Coronavírus (GPISC), participei do trabalho intitulado “Análise do comportamento com relação ao isolamento social da população do município de Itaqui”, o qual foi um dos três trabalhos selecionados para integrar uma publicação na revista Relações Sociais. 

Acredito fortemente que embora não se possa fazer tudo, aquilo em que trabalhamos deve ser feito da melhor forma possível. Devido a isso, sempre pautei a produção de resultados em análise minuciosa e se possível, padronizada. Um resultado disso foi integrar a equipe de trabalho do artigo intitulado “A global-scale data set of mining areas”, publicado na  revista Scientific Data (Nature). Neste trabalho atuei na identificação, delimitação e validação de dados vetoriais.

Atualmente, em 2021, estou a cursar o último semestre da formação em Engenharia Cartográfica e de Agrimensura. Concomitantemente, fui selecionado para a turma 2021 do Programa de mestrado em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Essas foram algumas das inúmeras experiências vividas ao longo de minha vida acadêmica na Unipampa. Também merecem destaques as amizades criadas e parcerias formadas. Destas, sou principalmente grato a minha amiga de longa data, Janaine, pelos mais de nove anos de apoio mútuo, literalmente independente de sol ou chuva, as comemorações das conquistas e todo o apoio nas horas em que a vontade de desistir de tudo falava mais alto. 

Dedico menção especial também a meu mentor e amigo, professor Sidnei Luís Bohn Gass, que em seu primeiro dia na Unipampa aceitou a orientação de um projeto de pesquisa modesto, que foi a porta de entrada para uma extensa lista de trabalhos, eventos e conhecimentos produzidos. Também sou grato pelas parcerias formadas regularmente com a professora Luciana Ethur, as quais evidenciaram para mim como é possível aplicar as geociências nas mais diversas áreas do saber.

Por fim agradeço a Universidade Federal do Pampa por possibilitar tantas vivências, que certamente foram, e sempre serão, parte crucial para minha vida acadêmica.

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Apresentação da 10ª Edição

Está no ar a 10ª edição do CiênciAção. Esta é a primeira edição do ano de 2021, com  um calendário atípico, pois seguimos em pandemia  e com o semestre 2020/02 em andamento no modo remoto. Entre os temas abordados nesta edição, apresentamos no CiênciAção Mulheres um vídeo com a professora Eliade Lima, do campus Uruguaiana, no qual divulga a criação do GT Mulheres na Ciência da Unipampa e esclarece qual o foco de atuação do GT.

Na seção Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural apresentamos duas iniciativas do curso de Medicina da Unipampa. A primeira trata-se do Aplicativo de Dispositivo Móvel Saúde Uruguaiana (SAU) executado por um conjunto de pesquisadores do curso de Medicina da Unipampa como uma ferramenta de expansão do acesso à informação sobre saúde do município da fronteira oeste. A segunda, é o Projeto Mídias outra iniciativa de acadêmicos e docentes do curso de Medicina da Unipampa, neste caso um projeto de extensão que tem como objetivo instigar a construção do conhecimento sobre saúde mental e desconstruir paradigmas relacionados ao tema. 

No Informativo a convivência intercultural nas universidades é abordada no texto “De maneira sagrada e em celebração: apontamentos sobre uma pequena participação no fim dos ‘cem anos de silêncio'”. Ainda nesta seção apresentamos o levantamento com os números dos projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão atualmente em desenvolvimento na Universidade.  

O tema do Blog e Colunista é a abordagem Entidade-Relacionamento (ER), assunto relevante para a construção de um projeto de banco de dados. A alun@ Destaque da edição é Milena Matos Azevedo, do curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura da Unipampa, campus Itaqui. 

O desequilíbrio ambiental e suas relações com o surgimento de pandemias é abordado na seção reportagem. No texto  “Como o descaso com o Meio ambiente contribui para o surgimento de pandemias” você tem acesso a dados sobre o desmatamento no bioma pampa tão relevante para nossa região e único no país. Aplicativo para o ensino-aprendizagem de Lógica Matemática é tema da outra reportagem apresentada nesta edição. 

No artigo de opinião o tema é o uso do PIX para transações financeiras via dispositivos móveis. O texto apresenta as características da ferramenta além de funcionar como um guia de uso  que promete revolucionar o Sistema de Pagamentos Brasileiro.  

Por fim, no Anime seu conceito o Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Doenças  Infectocontagiosas (NUPEEDIC) da Unipampa produziu um vídeo sobre como funcionam as vacinas para a prevenção da COVID19 em uso no Brasil atualmente. 

A equipe CiênciAção deseja uma excelente leitura a tod@s!

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