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PANDEMIA DE COVID19 PROVOCA QUEDA NA POPULAÇÃO DO RS*

Por Manuel Marques de Oliveira Neto e
Dionatan dos Santos Farias

Além das mais de 250 mortes causadas pela Covid-19 em São Borja, a pandemia afeta de forma inédita a demografia do município e de todo estado, com mais mortes do que nascimentos sendo registrados durante o primeiro semestre de 2021. É o que demonstram os dados do Portal da Transparência do Registro Civil, site mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (ARPEN) que disponibiliza informações e estatísticas sobre nascimentos, casamentos e óbitos registrados pelos cartórios do país. Em São Borja, foram 444 mortes e 378 nascimentos de janeiro até o fim de junho. 

Tais números ajudam a ilustrar o quanto a chegada da pandemia contribui para o aumento da mortalidade. Comparando os mesmos períodos (os primeiros seis meses) de 2020 e 2021, nota-se um aumento de 48% nas mortes. Já os nascimentos no primeiro semestre de 2020 tiveram uma queda de 5,7% em 2021. Durante todo o ano de 2019, foram 523 mortes, mantendo-se praticamente o mesmo número em 2020, quando foram registrados 526 óbitos.

A cidade segue uma tendência observada em todo o estado. No total, o Rio Grande do Sul registrou 66.824 mortes e 65.932 nascimentos no primeiro semestre deste ano. Outras cidades da Fronteira Oeste também registraram mais mortes que nascimentos até o momento.

Esta queda na natalidade ocorre após anos de crescimento populacional. Mesmo com a desaceleração nos nascimentos, ocasionados pela mudança social, econômica e cultural que a urbanização trouxe para o país, o IBGE calcula um decrescimento da população brasileira, isto é, quando os níveis de morte e de nascimento passam a ser iguais, o que só deveria ocorrer por volta de 2050. No áudio abaixo, José Eustáquio Diniz, doutor em demografia pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), explica que a pandemia entrou no caminho, fazendo com que essa curva histórica mudasse. Segundo Diniz, esse crescimento súbito de mortes ocasionado pela pandemia não vai se manter. Com a vacinação em andamento e o fim das restrições mais severas contra a Covid-19, as taxas de natalidade voltarão a superar a de mortalidade, mantendo assim a tendência histórica e decrescimento populacional somente para 2050. Mas o impacto causado pela pandemia no sul demonstra tendências e particularidades do Estado e de sua população que contribuíram para este cenário inédito e valem a pena ser conhecidas.

POR QUE OS GAÚCHOS FORAM TÃO AFETADOS?

No pico da pandemia no estado, em março de 2021, o Rio Grande do Sul registrou pela primeira vez mais mortes do que nascimentos em um mês, antecipando o que viria a ocorrer em outras regiões do país. O fato do estado ser o primeiro a atingir tais números pode ser explicado pelas características demográficas do povo gaúcho. Com a população mais envelhecida do país, o IBGE estima que quase 18% dos rio-grandenses têm mais de 60 anos de idade. Como se sabe, os idosos constituem grupo de risco, sendo mais vulneráveis a Covid-19.

Segundo outras estimativas do IBGE, o índice de envelhecimento (IE) no Sul, que mede a relação entre a população idosa (60 anos ou mais) e a população jovem (de 0 a 14 anos), é o mais elevado do país. As projeções calculam que, em 2020, o estado alcançou 103,3 idosos para cada 100 jovens. Um IE acima de 100 significa uma população envelhecida. Além disso, todas as cidades com o índice de envelhecimento mais alto do Brasil estão no Rio Grande do Sul

José Diniz explica que o envelhecimento também traz consigo o fim do período reprodutivo para as mulheres – que geralmente vai dos 15 aos 49 anos -, fazendo com que os nascimentos simplesmente não aconteçam. Mesmo antes da pandemia as taxas de fecundidade no estado estavam abaixo do nível de reposição. A taxa de fecundidade estima o número médio de filhos de uma mulher em seu período reprodutivo. O nível de reposição, hoje em 2,1 filhos, é o necessário para que uma população permaneça do mesmo tamanho; acima de 2,1 a população aumenta, abaixo desta média a população começa a diminuir. Atualmente, a taxa de fecundidade do Rio Grande do Sul é de 1,7.

O demógrafo também ressalta que novos fatores sanitários e econômicos causados pela pandemia influenciam na baixa natalidade vista neste primeiro semestre de 2021. De acordo com Diniz, o medo de contrair Coronavírus e a insegurança econômica que a pandemia trouxe, podem ter influenciado muitos casais a adiarem uma possível gravidez.

IMPACTO EM SÃO BORJA

Apesar dos nascimentos e mortes tenderem a retornar aos patamares pré-pandêmicos e seguirem as previsões históricas, Diniz alerta que em uma cidade como São Borja o envelhecimento e decrescimento populacional podem ser antecipados. Isso porque o município já teve uma queda populacional desde o último censo. Segundo o IBGE, estima-se que de 61.671 habitantes em 2010, agora são cerca de 60.019.

Além do envelhecimento pelo qual já passam, cidades pequenas da fronteira, como São Borja, perdem muito de sua população jovem, que emigra em busca de melhores oportunidades econômicas em outros lugares, realidade que condiz com a queda populacional estimada. Nestas condições, o impacto da pandemia no município pode ser uma população em declínio mais acelerado que o esperado: “se a mortalidade aumenta e a natalidade diminui a população vai diminuir, no caso de São Borja já estava diminuindo antes da pandemia, com a pandemia vai diminuir mais ainda, esse é o efeito a longo prazo”, esclarece o demógrafo. Porém adiciona que reflexos econômicos e sociais são mais complexos e não podem ser previstos ainda.

Fontes consultadas:

IBGE:

Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação

Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação IBGE cidades

Portal R7:

Estados do sul e sudeste têm as maiores proporções de idosos

Revista Veja: 

Déficit de bebês: o declive nos índices de natalidade em tempo de pandemia

Atlas socioeconômico do RS 

Crescimento populacional

Atlas socioeconômico do RS

Pirâmides etárias e envelhecimento da população 

Portal do envelhecimento:

As cidades mais envelhecidas do Brasil

Publicado originalmente nas mídias sociais da i4 Plataforma de Notícias. Para esta edição do CiênciAção foram feitas pequenas adaptações.  

A i4 Plataforma de Notícias é a Agência Experimental do curso de Jornalismo da Unipampa e é um projeto de ensino, em funcionamento no campus São Borja.

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A mulher de Sanchuri

Sabemos da importância das mulheres para a família, para a sociedade e para o trabalho. Contudo, aqui vimos expressar sobre a realidade das mulheres da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, mais precisamente as mulheres do campo. Aquelas que criam seus filhos em meio às dificuldades, aquelas que moram nos mais longínquos rincões, que acordam cedo sempre até mesmo nos dias de geada fria de inverno, aquelas que na beira do asfalto esperam o ônibus “pinga-pinga” para irem até a cidade fazer compras, aquelas que andam a cavalo, as que carpem e preparam a horta, as que varrem o terreiro com vassoura de guanxuma, as que tiram água do poço, as que pescam na beira do açude, as que colhem macela na sexta-feira santa, as que nas noites de lua temem a “mãe do ouro” (bola de fogo que aparece nos campos segundo as crendices e relatos populares), as que benzem de quebranto, as que cuidam e alimentam os animais, as que comem bergamota no sol, as que, em roda do fogão a lenha, tomam chimarrão para espantar o frio, as que, com os rostos empoeirados nos bretes das lavouras, apreciam a natureza, as que olham as coxilhas e o revoar das perdizes.

Além disso, essas mulheres cuidam dos filhos, da casa e do marido, mesmo eles trabalhando de granja em granja na labuta constante. E ressaltamos aqui que, durante essa pandemia, elas enfrentaram os desafios de reaprender para poder auxiliar os filhos, algumas  buscaram o auxílio emergencial e, ao o receberem, fizeram o milagre da multiplicação, sim! Essas mulheres fazem milagres e se reinventam na cozinha para garantir o almoço de sua família! Elas enfrentam as agruras que a fronteira traz consigo, as características e a distância  própria da região.  O município de Uruguaiana na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul é uma referência dessa fala, na localidade do 5º distrito Barragem Sanchuri, que fica em torno de 40 Km do centro da cidade, há um público atendido pelo Centro de Referência de Assistência Social, um grupo formado na sua maioria por mães que buscam por meio da garantia de direitos o auxílio para essa tarefa de GARANTIR DIGNIDADE A ELAS E AOS FILHOS E AOS OUTROS.

Em meio a isso, direcionamos o olhar para o que podemos fazer mais, e pensamos que primeiramente devemos buscar a aproximação das comunidades rurais e junto a essas mulheres elaborarmos rodas de conversa e grupos de apoio, pois, durante a lida, sempre que se pode fazer um intervalo, deixar um espaço para a fala e abrir um momento para o registro dessa experiência que para outros é tão desconhecida. Ser mulher, isolada pela distância, equilibrar orçamento doméstico, cuidar das tarefas de escola, adquirir renda extra com a venda de produtos da criação e pequena produção de horti, e a confecção de doces da agricultura familiar deve e merece ter o seu reconhecimento. Com certeza, essas mulheres têm muito a nos ensinar, mesmo elas não dispondo de muita instrução e recursos tecnológicos são mulheres valorosas que têm muito a nos dizer com a sabedoria campeira e merecem nosso respeito e admiração.

A poesia abaixo é de uma mulher fronteiriça da cidade de Itaqui, acadêmica do curso de Nutrição, e deixamos como provocação para que busquemos esses talentos também em lugares onde é difícil chegar.

Mulher gaúcha e fronteiriça

Mulher gaúcha que por vezes muitas
seus feitos heroicos nunca foram contados
porque o machismo que impera é muito
e pra mulher tudo é limitado

Mas nos relatos dos historiadores
só a Anita é sempre lembrada
esquecem-se dos tempos passados
em que Manuela era empoderada

Porque na guerra os homens eram os fortes
sua bravura era a força do braço
mas em suas casas suas mulheres eram as valentes
eram seu refúgio em meio ao cansaço


As ideias firmes vinham da cozinha
saíam das mentes que usavam vestidos
que eram repassadas em meio as carícias
que suas esposas davam aos seus maridos
Depois as medalhas e todas as honrarias
eram dadas aos homens sem nem explicar
a batalha vencida por calças e espadas
a mulher que era a sábia esperava no lar
Na fronteira se vê de longe
O olhar corre nos campos
da mulher raíz da terra
com a rudez e o encanto
pele morena do sol
mãos firmes e sorriso franco


São elas mistura feita
brasileira e castelhana
cruzadas também com índios
formaram a raça a pampeana
outras de origem europeia
com os olhos verdes de mar
e as negras sorriso largo
beleza espetacular
todas se arrinconaram
na fronteira acolhedora
pra construir seu lar

Os tempos mudaram somente em palavras
porque as conquistas ainda não são contadas
os homens mais ricos e poderosos da terra
buscaram na mulher pra guiar sua estrada.

Elizandra Guarizi Pereira de Godoy (Acadêmica do 8º semestre de Letras), Maria Isabel Corrêa de Lima (Acadêmica do 4º semestre de Nutrição) e Mariane Larissa Lima Debus (Acadêmica do 8º semestre de Letras).

Versão do texto em .pdf: A Mulher de Sanchuri

“Inventário” a solução para as burocracias no gerenciamento de Cabanhas de cavalos crioulos

Por Dana Acosta Rodrigues¹, Renan Ruiz Dias Alberto², João Antônio Pereira³ 

“Inventário” é um aplicativo que surgiu para resolver questões burocráticas no gerenciamento de cavalos crioulos. 

Tags: gestão,  publicidade, aplicativo, cavalo crioulo, meio rural. 

O app “Inventário”

Uma das novidades que veio para ficar no mercado de tecnologia são os aplicativos. A inovação tecnológica é um processo de concepção ou de agregação de novas funcionalidades ou características de um produto ou de um método de produção. Ela causa impacto na vida de seus usuários e provoca transformações na vida e no trabalho. Não se trata simplesmente de lançar um “novo produto”, mas de envolver o ser humano na concepção teórica e no desenvolvimento tecnológico dessa solução, propondo, testando, construindo e ajustando. 

É preciso, no entanto, agregar à proposição de uma tecnologia inovadora, o compromisso e apoio institucional para implementação do produto. Essa é a proposta do aplicativo “Inventário” criado para acabar com as questões burocráticas que acabam se tornando dores de cabeça para o proprietário de cavalos crioulos e que levam, muitas vezes, alguns dias para serem resolvidas. O aplicativo poupa tempo e agiliza informações que se perdem com o tempo. O “Inventário” surge para suprir brechas encontradas no site da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos – ABCCC – e não para ocupar o lugar do site.  

Como o trabalho foi desenvolvido

Para construir o aplicativo, foi feita uma pesquisa bibliográfica que se caracteriza pelo levantamento de artigos, documentos, sites e livros, assim, foi realizado um mapeamento na plataforma Google e em alguns sites como o da ABCCC. Além disso, realizamos entrevistas com especialistas que atuam nas propriedades de Cabanhas em que os mesmos, através de seu entendimento e anos de trabalho na área, somaram ainda mais para o desenvolvimento do aplicativo.
Com o surgimento dos Cavalos Crioulos no Rio Grande do Sul, foi criado por fazendeiros e estancieiros, a Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos, em 1932, na cidade de Bagé. E foi, no ano de 1935, que foi feito o registro da marca pela Associação do Registro Genealógico Sul Riograndense, o que tornou a entidade independente e com o próprio registro. Segundo o site, a Associação é reconhecida como uma das maiores referências entre as entidades de raças no país. Responsável por mais de 300 mil exemplares em todo o território brasileiro, além de relacionar mais de 40 mil criadores, proprietários e usuários e certificar mais de 800 eventos por ano.

Figura 1 – Logo da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos

Fonte: site ABCCC

O site da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos existe há mais de 18 anos. Foi criado para aproximar os criadores a ter um vínculo direto com os setores  financeiro, comunicação e marketing e eventos.
Na plataforma, cada criador tem um email e senha para ter acessos aos seus animais da própria fazenda, é possível encontrar afixos, notícias, leilões, formulários, fotos das exposições, valores de cada serviço que precisa ser feito pela (ABCCC) e também podemos encontrar a parte de como se tornar um sócio na raça crioula.

Figura 2 – Institucional da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Crioulos


Por que usar o Inventário App ?

 

O aplicativo é prático e é uma maneira para preservar o meio ambiente também, com a diminuição do papel e uma forma mais prática para procurar algum documento. Além de ficar tudo em um único lugar permite acesso rápido para encontrar o que se precisa sem muito esforço e mais agilidade.
“Inventário” app para celulares e tablets é um aplicativo que fornece  ao proprietário informações sobre seus animais como: fotos, vídeos, documentos, animais confirmados, não confirmados, eventos realizados, animais que foram vendidos ou comprados, últimas notícias, veterinários e demais informações que contassem um pouco da trajetória do animal dentro da cabanha, facilitando assim um levantamento mais prático e rápido quando necessário.


Mais vantagens 

Cada dia mais, percebe-se a necessidade de os empreendedores do meio rural voltarem seus olhos para as demandas do mercado, os acontecimentos que afetam direta ou indiretamente seus negócios e com isso investirem na gestão do empreendimento como forma de estratégia de sobrevivência na atividade. Para tanto, o planejamento da produção deve ser adotado, bem como as ferramentas voltadas para as áreas financeira, de marketing e comercialização. Essas ferramentas contribuem sobremaneira no processo de tomada de decisões em seus respectivos negócios. Além disso, o conhecimento contribui também na redução das incertezas inerentes à atividade

Figura 3 – Ideia Logo do Aplicativo

A proposta inicial do o app “Inventário” é para sanar algumas dificuldades encontradas pelo produtor/criador, acabando com as questões burocráticas que, muitas vezes, levam dias para serem resolvidas. poupa tempo e agiliza informações que se perdem com o tempo.
A criação do app “Inventário” vem para somar e solucionar os apuros que são encontrados pela própria Associação Brasileiras de Criadores de Cavalos Crioulos (ABCCC), acreditamos que com mais de 40 mil criadores do Cavalo Crioulo espalhados pelo Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai a plataforma seja reconhecida e aprovada pelos crioulistas que estão sempre pensando em uma forma de inovar os seus serviços em suas respectivas Cabanhas.

O aplicativo encontra-se em fase experimental e, por isso, passa por testes e poderá sofrer alterações. O mesmo passará por teste de usabilidade e método utilizado para descobrir se está pronto para uso e para lançamento no mercado. Consistindo na validação do protótipo com os usuários, criando assim, um vínculo com o mesmo, desfrutando de todos as features – características – criadas para a sua aplicação antes mesmo dele estar disponível para ser baixado pelo sistema  IOS e Android o que possibilita que o cliente faça parte da evolução do produto e. consequentemente, fidelizando com o mesmo.

Inovação sustentável

O aplicativo é uma proposta inovadora. Além de ser muito prático seria uma das formas de preservar o meio ambiente também. Com a diminuição do papel, é  uma forma mais prática para arquivar informações e acessá-las sem muito esforço e com mais agilidade. 

Referências 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS CRIOULOS (SITE ABCCC). Disponível em: <https://www.cavalocrioulo.org.br/institucional/historia > acesso em 5 de dezembro de 2020.


Sugestões de leituras

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. São Paulo: Atlas, 2003. 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS CRIOULOS (SITE ABCCC). ABCCC Comemora 81 anos. Disponível em:<https://www.cavalocrioulo.org.br/noticias/detalhes/129332/abccc-comemora-81-anos> acesso em 7 de dezembro de 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE CAVALOS CRIOULOS. VALORES (SITE ABCCC). Disponível em: <https://www.cavalocrioulo.org.br/institucional/valores> Acesso em 9 de dezembro de 2020.

ATINA EDUCAÇÃO (site). Como funciona uma proposta inovadora de educação? Disponível em:<https://www.atinaedu.com.br/como-funciona-uma-proposta-inovadora-de-educacao/ > acesso em 01 de dezembro de 2020.

BACCI, C. TECNOLOGIA, GESTÃO E NOTÍCIAS SOBRE O AGRONEGÓCIO. Blog Globo Rural: os benefícios das novas tecnologias no campo são destaques na edição deste mês. Disponível em: <https://agrosmart.com.br/blog/globo-rural-os-beneficios-das-novas-tecnologias-no-campo-sao-destaques-na-edicao-deste-mes/> acesso em: 30 de novembro de 2020

CANAL RURAL. Associação Brasileira dos Criadores de Cavalos Crioulos tem nova diretoria. Disponível em: <https://www.canalrural.com.br/noticias/associacao-brasileira-dos-criadores-cavalos-crioulos-tem-nova-diretoria-50122/ > Acesso em 8 de dezembro de 2020.

CARRETEIRO, Ronald. Inovação Tecnológica: como garantir a modernidade do negócio. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2009.

CONTEÚDO CAVALO CRIOULO. Seja Sócio. Disponível em: <https://conteudo.cavalocrioulo.org.br/seja-socio > Acesso em 10 de dezembro de 2020

SAES, D. X. Gestão da inovação e tecnologia. Maringá – PR, 2012.

YOUTUBE. A fama do cavalo crioulo percorre o Brasil. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=wa86dgXt1HM /> Acesso em 9 de dezembro de 2020


Biografia

Dana Acosta Rodrigues¹
Uruguaiana – Rio Grande do Sul
Discente de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA
Campus São Borja
dana_acostar@hotmail.com

Renan Ruiz Dias Alberto²
Uruguaiana – Rio Grande do Sul
Discente de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda
Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA
Campus São Borja
renan-dias22@hotmail.com

João Antônio Gomes Pereira³ – Orientador correspondente
Doutorando em Administração pela Universidade de São Paulo,
Mestre em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina
Graduado em Comunicação Social Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal de Santa Maria.
E-mail: joaoantonio@unipampa.edu.br

Versão do texto em .pdf: “Inventário” a solução para as burocracias no gerenciamento de Cabanhas de cavalos crioulos

ALUN@ DESTAQUE

Olá, sou a Mariane Larissa Lima Debus, tenho 29 anos, sou natural de Santiago – RS, mas resido atualmente em Itaqui-RS. Estou cursando o 8º semestre de Letras – EAD/UAB da Unipampa.

Ter a oportunidade de ingressar na Unipampa foi de grande valia, porquanto, acredito nas políticas sociais, na Universidade pública, gratuita e de qualidade, no acesso à educação, na consolidação do princípio da dignidade da pessoa humana, nos direitos fundamentais os quais temos garantidos pela nossa Magna Carta, no processo de acolhimento e humanização. Sem nenhum resquício de dúvidas, a universidade federal foi uma porta aberta para o meu desenvolvimento pessoal, acadêmico e profissional.

O curso de Letras me possibilitou participar e me engajar em vários Projetos, tais como: Projeto Ensino de Monitoria em Língua Portuguesa, no qual fui orientada pela Prof.ª Dr.ª Cristina dos Santos Lovato; o Projeto de Ensino Orientações para o Trabalho de Conclusão de Curso, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Denise Aparecida Moser, o Projeto de Extensão do Centro de Línguas 4ª edição, coordenado pela Prof.ª Dr.ª Denise Aparecida Moser, e o Projeto de Pesquisa Distúrbios da Linguagem e o Ensino da Língua também coordenado pela Prof.ª Dr.ª Denise Aparecida Moser. Além disso, participei ativamente da Comissão Organizadora da Semana Acadêmica do curso de Letras. Já publiquei aqui no CiênciAção: Observatório Interdisciplinar de Divulgação Científica e Cultural  e no Junipampa: Jornal Universitário do Pampa, realizei cursos de extensão universitária e participei como ouvinte de diversos seminários com viés de fomentar a pesquisa e agregar conhecimento.

Por fim, expresso minha imensa gratidão por poder fazer parte da Unipampa e por todas as pessoas que acreditaram em mim e nas amizades que construí, durante esse período em virtude da graduação, as quais com certeza são da faculdade pra vida e, em especial, as minhas colegas e amigas: Elizandra Guarizi de Godoy e Letiane Soares Kruger.

Versão do texto em .pdf: Alun@ Destaque

Apresentação da 11ª Edição

Olá!!!! Chegamos à 11ª edição do CiênciAção. Convidamos a comunidade acadêmica e externa das dez cidades de abrangência da Universidade Federal do Pampa a ler, ver e compartilhar um pouco da produção científica e tecnológica  produzida na nossa região.

No observatório de divulgação científica temos duas contribuições. Uma produzida pelo Núcleo de Estudos em Agroecologia do Pampa (Nea-Pampa), não sabe do que se trata? O Nea- Pampa é uma iniciativa interdisciplinar que reúne docentes e discentes dos campus São Borja, Itaqui e São Gabriel, no texto você fica sabendo um pouco mais sobre o núcleo, objetivos e equipe executora. A outra colaboração é um relato de pesquisa sobre os Hábitos de estudos de graduandos em Ciência da Computação e Engenharia de Software: uma análise no período de pandemia, na seção informativo.

Na seção Artigo de Opinião o olhar volta-se para os profissionais de saúde, a questão que orienta o texto é “quem cuida de quem cuida de nós? Já o Anime seu conceito é um vídeo produzido pelo Núcleo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Doenças Infectocontagiosas (NUPEEDIC) que esclarece as diferenças entre os vários tipos de testes para detectar a COVID19. Ainda no tema pandemia, a reportagem do mês foi desenvolvida no Projeto de Ensino I4 Plataforma de Notícias- Agência Experimental de Jornalismo. Trata-se da apresentação de dados iniciais sobre um estudo desenvolvido no Brasil que investiga as sequelas a longo prazo da COVID19. 

Na seção Blog e Colunista temos a contribuição da comunidade externa que vem de um pesquisador, professor e servidor  da Secretaria Municipal de Educação de São Borja, que escreveu o texto Necropolítica: quem decide que vidas são vivivéis e que vidas são matáveis? Uma reflexão fundamental para o momento que estamos vivendo em que milhares de brasileiros morrem em consequência de decisões políticas sobre a gestão da pandemia da COVID19. Já na seção Artigo de Opinião temos a colaboração da  comunidade que é de um advogado de Itaqui que propõe pensarmos sobre a seguinte questão: No que diz respeito a uma proposta de nação, falhamos? Vale conferir e elaborar possíveis respostas.   

O lançamento do livro “Chama da tradição: Itaqui, um berço do tradicionalismo”, de Márcio Escalante de Barros, lançado este mês, é o tema da seção Artes e Cultura. O convite à leitura traz duas indicações: a primeira é a História em Quadrinhos “Assassinos na casa“, de Fábio Vermelho, e o livro já apontado como novo clássico da literatura brasileira, Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. 

A chamada do Grupo de Estudos Gênero e Sexualidade para novos membros interessados na temática está no CiênciAção Mulheres. Por fim, o Professor nota 10 desta edição é Sidnei Bohn Gass que nos apresenta sua trajetória acadêmica. A entrevista com o Professor nota 10 está também disponível em vídeo no YouTube do CiênciAção. Já a seção Meu trabalho nota 10 traz a experiência da egressa do curso em Produção e Política Cultural pela Universidade Federal do Pampa, Karine Brizola. O Aluno Destaque desta 11ª edição é  Dieison Morozoli da Silva, egresso do BICT/Unipampa e mestrando em geografia na UFRGS.

A equipe do CiênciAção deseja uma boa leitura!!!!

E se você quer colaborar com o CiênciAção envie um email para contatoeditores@gmail.com.

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NEA Unipampa espalha agroecologia na fronteira gaúcha

NÚCLEO DE ESTUDO EM AGROECOLOGIA E PRODUÇÃO ORGÂNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA (NEA-PAMPA)

Por Merli Leal Silva

“É importante tentar introduzir a agricultura em muitas áreas da universidade, não só na agronomia. O sistema total agroalimentar engloba diversas dimensões — saúde, psicologia, sociologia, ciências políticas. Nossa luta dentro da universidade envolve um esforço dentro de muitas áreas “Hugh Lacey

O NEA-PAMPA (Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Universidade Federal do Pampa) ampliou a possibilidade de formação continuada na região de abrangência da UNIPAMPA junto a agricultores e demais instituições voltadas ao desafio da transição agroecológica, constituindo-se em um espaço interinstitucional de referência para a troca entre o conhecimento científico e o tradicional. As linhas de atuação do Núcleo são interdisciplinares: 

-Agricultura Familiar e Assentamentos de reforma agrária;
-Sustentabilidade e Meio Ambiente;
-Educomunicação e Novas tecnologias;
-Educação do campo;
-Economia Solidária e Produção colaborativa;
-Gestão ambiental;

O Núcleo promove ações indutoras da transição agroecológica, da produção orgânica e de desenvolvimento dos conhecimentos da Agroecologia, possibilitando à população da mesorregião da campanha gaúcha a melhoria de qualidade de vida por meio da troca de saberes e tecnologias para oferta e consumo de alimentos saudáveis e da preservação do meio ambiente. A agroecologia é mais que um modo de produção, ela é ciência! Contudo, ela é frequentemente deslegitimada por basear-se no saber popular e por desenvolver-se como contraponto ao agronegócio. A agroecologia como ciência faz oposição ao modelo agrícola convencional, marcado por baixa geração de emprego em função da mecanização; esgotamento do solo pela monocultura; exploração dos trabalhadores rurais; uso de agrotóxicos e transgênicos; e por uma produção dirigida a um mercado sob controle de corporações e multinacionais. O Núcleo de Estudos em Agroecologia e Produção Orgânica da Unipampa nascido em 2020, foi idealizado por uma equipe multidisciplinar, integrada por três campi: São Borja, São Gabriel e Itaqui.São docentes e discentes das áreas das ciências sociais aplicadas, ciências agrárias, ciências biológicas e ciências humanas. 

O NEA tem suas raízes no projeto de extensão Comunicação e Educação do Campo, do campus São Borja (2012). O projeto se constituiu em ações de extensão e pesquisa em agroecologia e gestão produtiva, com agricultoras familiares de São Borja. Uma das atividades mais conhecidas do projeto é a feira do campus, onde agricultoras do interior do município vendem produtos como legumes e hortaliças, assessoradas pelo NEA para ações de marketing e redes sociais, visando divulgar e vender a produção. 

Nossa missão volta-se assim, para a produção de conhecimentos científicos que fomentem o desenvolvimento e a expansão da agroecologia como prática social, inclusiva e de proteção à saúde das pessoas. Entre as tantas missões da agroecologia, podemos citar a preservação da biodiversidade; respeito aos direitos humanos; segurança alimentar; relações igualitárias, justas e sem violência; e empoderamento das comunidades locais, em especial, as mulheres. Investigamos as diferentes dimensões da agroecologia e fomentamos estudos científicos que contribuem para a mudança gradual no modo de produção na fronteira, através da transição orgânica. As ações educomunicativas são essenciais para informar e educar a população sobre os perigos de consumir alimentos contaminados por agrotóxicos. O aporte dos laboratórios dos cursos de São Gabriel e Itaqui e de produção audiovisual de São Borja tem sido grande diferencial para a concretização das ações do núcleo e sua divulgação. 

A metodologia freireana e a pesquisa ação são a base epistemológica do núcleo e contribuem para a construção do diagnóstico participativo junto às escolas do campo e agricultoras familiares. O NEA desenvolve ações voltadas à melhoria das condições ambientais, sociais e técnico-econômicas do meio rural nos municípios de São Borja, São Gabriel e Itaqui. Em 2020 o NEA recebeu recurso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) que foi empregado na compra de insumos para as hortas, equipamentos, deslocamentos para avaliação técnica e pagamento de quatro bolsas: duas em São Borja, uma em Itaqui e uma em São Gabriel. Há parceria técnica com o prof. Dr. Denirio Marques, do Campus Viamão, do Instituto Federal RS e com a técnica Maria de Fátima Nora Lopes, para a gestão financeira do projeto.

Entre as atividades desenvolvidas pelo NEA, destacamos a formação em agroecologia, implantação de hortas com agricultores familiares, aprimoramento das feiras livres com ações de marketing e educomunicaçao. As práticas agroecológicas são realizadas nas unidades de produção dos assentamentos e agricultoras familiares. Infelizmente devido à pandemia, tivemos em 2020 e 2021, trabalho, em sua maioria, de forma remota. A implantação da agroecologia na região da fronteira é um grande desafio. A economia local é, em sua maioria, voltada ao agronegócio. 

Coordenar um projeto de agroecologia não sendo da área das agrárias e sendo mulher, foi um grande desafio, mas nos fez entender que a agroecologia é uma ciência multidisciplinar, nascida da troca de saberes com as comunidades tradicionais. Para superar dificuldades, criamos laços com a comunidade e fomentamos a parceria técnica: Emater, prefeituras, CNPq, comunidade e universidade. O trabalho formativo é realizado, devido a pandemia da COVID19, nas plataformas digitais, utilizando a abordagem educomunicativa em lives, webnários, cartilhas, mini cursos e capacitação para plantio orgânico e uso das redes sociais para venda de produtos agroecologicos. A consultoria direta aos consumidores e produtores é feita através das redes digitais do NEA (Facebook, Instagram, Spotify, YouTube)  e por visitas in loco. 

A coordenação geral do NEA-PAMPA é feita pela Professora Dra Merli Leal Silva, São Borja; a coordenação do Núcleo São Gabriel, Prof. Dr. Andre Copetti e do Núcleo Itaqui, Prof. Dr. Paulo Roberto Cardoso da Silveira. A institucionalização do NEA Unipampa é o maior desafio até 2022, quando a atual coordenação entrega o relatório final do projeto ao CNPQ. O projeto é da UNIPAMPA e toda a comunidade acadêmica deve assegurar sua continuidade, pós implantação.

Referências Bibliográficas:
ALTIERI, M. A.; SILVA, E.N.; NICHOLLS, C.I. O Papel da biodiversidade no manejo de pragas. Holos editora. 2000;
ALTIERI, M. A. Agroecologia: as bases científicas da agricultura alternativa. PTA/FASE. Rio de Janeiro. 1989. 240 pp.;
ALTIERI, M.A. Agroecologia bases científicas para uma agricultura sustentável. Guaíba: AS-PTA/Agropecuária, 2002. 592p.;
ALTIERI, M.A. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 1998. 110p. (Síntese Universitária, 54).;
EHLERS, E. Agricultura sustentável. Origens e perspectivas de um novo paradigma. Livros da Terra. 1996;
GLIESSAMN, S. Ecological processes in sustainable agricultura. AnnHarbour Press.1998. 357 pp.;
GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia: processos ecológicos em agricultura sustentável. Porto Alegre: Editora da Universidade-UFRGS, 2000; 
Freire, Paulo. Extensão ou comunicação? Tradução de Rosisca Darcy de Oliveira. Prefácio de Jacques Chonchol 7a ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1983. 93 p. (O Mundo, hoje, v. 24)
GAIA, Rossana Viana. Educomunicação & mídias. São Paulo: EDUFAL, 2001.

Publicações do Nea

Agricultura familiar: Educomunicação e protagonismo feminino 
Carla Beatriz de David Ernesto
Merli Leal Silva 

EDUCOMUNICAÇÃO: Compreendendo a teoria para transformar a prática
Carla Beatriz de David Ernesto
Merli Leal Silva 

Agricultura familiar: Educomunicação e protagonismo feminino
Carla Beatriz de David Ernesto
Merli Leal Silva 

Pedagogia freireana na perspectiva da educomunicação popular
Merli Leal Silva 

A Cultura Popular como conteúdo na escola do Campo
Merli Leal Silva
Daniele Kunzler Lara Cezar

Educomunicação popular e agricultura familiar pelos campos de São Borja 
Merli Leal Silva
Luiz Gabriel Stroff

Material Criado para agricultora de São Gabriel
Material criado para agricultora de São Paulo

 

 

 

 

 

 

 

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Hábitos de estudos de graduandos em Ciência da Computação e Engenharia de Software: uma análise no período de pandemia

Flávia A. Barbosa, Ícaro M. Crespo, Lucas A. G. Garais, Andréa S. Bordin

O ano de 2020 trouxe uma mudança brusca em diversos segmentos da sociedade em virtude da pandemia do vírus Sars-CoV-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave) [BRASIL 2020b]. Como forma de prevenção à pandemia foram aplicadas medidas de isolamento e distanciamento social, como a suspensão de aulas presenciais nos diferentes níveis educacionais. Como alternativas, muitas instituições de ensino propuseram ações para a manutenção do vínculo proporcionado pelo ensino da universidade. Na Unipampa, destaca-se o I Ciclo Online de Palestras dos cursos de Ciência da Computação (CC) e Engenharia de Software (ES).

A análise da avaliação do ciclo realizada com alunos dos cursos de CC e ES, no ano de 2020, revelou que parte dos alunos dedicava pouco tempo às atividades de estudo, assim como apresentava um quadro de desânimo à situação de isolamento. No entanto, outra parte manifestava que estava em atividade buscando estudar assuntos da área de Computação.

Entendeu-se, portanto, que era necessário compreender esse cenário, junto a um maior número de discentes de CC e ES. Para isso foi realizada uma pesquisa com o objetivo de analisar os hábitos de estudos e envolvimento em atividades acadêmicas dos alunos dos cursos de Ciência da Computação e Engenharia de Software da Unipampa – Campus Alegrete, durante a pandemia. A pesquisa foi realizada por meio de um survey com questões demográficas, de infraestrutura e de hábitos de estudos.

O instrumento de coleta de dados constituiu-se em 18 questões subdivididas em 5 grupos, sendo eles: questões relacionadas à identificação, questões relacionadas à infraestrutura necessária ao estudo/pesquisa, questões relacionadas a hábitos de estudos, questões relacionadas às fontes de consultas e questões relacionadas às atividades acadêmicas. O formulário foi enviado para todos os 348 matriculados nos dois cursos e foram obtidas 81 respostas.

A análise das respostas indicou que em relação à infraestrutura havia um cenário de acessibilidade positiva de ambos os cursos. Os dados mostraram que houve uma diminuição do nível de envolvimento em atividades de estudo entre os alunos de CC, o que pode estar relacionado com a falta de aulas presenciais, apontado como influência negativa pelos próprios. Já entre os alunos de ES, o nível de envolvimento aumentou, o que, como mencionado por eles, pode ter sido influenciado pela flexibilidade de tempo.

Esse cenário caracteriza alunos com perfis diferentes e pode estar relacionado à metodologia de ensino empregada nos cursos. O curso de CC é conduzido através de metodologia de ensino tradicional, onde os componentes curriculares são ministrados de uma forma essencialmente expositiva. Já no curso de ES é adotada a metodologia ativa de Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP) com uma carga horária significativa, na qual os alunos são desafiados a resolver problemas, sendo estimulados a aprender de forma autodidata. Dessa forma, alunos de CC podem se sentir menos motivados a estudar de forma autônoma, sentindo falta das aulas presenciais, ao contrário dos alunos de ES, que, em função da Aprendizagem Baseada em Problemas, se sintam mais confortáveis em fazê-lo. 

Os fatores flexibilidade de tempo e liberdade de escolha dos assuntos, foram elencados por ambos os cursos, como os que mais influenciaram positivamente o seu envolvimento. Também, a infraestrutura da casa e a proximidade com a família foram mais apontados pelos discentes de Ciência da Computação, com um significativo percentual de diferença em relação aos de ES. Em relação a assuntos estudados pelos respondentes de CC, predominam aqueles associados a linguagens de programação científicas, como C++, C, Lua, Python. Por outro lado, na Engenharia de Software a área de desenvolvimento de software e os assuntos relacionados a essa área, como as linguagens para desenvolvimento de aplicações web e apps, teve um expressivo destaque. Destaca-se que uma grande adesão a meios eletrônicos para consulta foi vista nos dados, como Youtube e plataformas de cursos online.

As evidências indicam que alunos de Ciência da Computação e Engenharia de Software, apesar de serem da área de Computação, se comportam de forma diferente durante a pandemia, no que diz respeito aos hábitos de estudos e envolvimento em atividades acadêmicas. Alunos de ES tiveram maior participação na pesquisa e demonstraram ter uma postura mais ativa que parece estar relacionada à metodologia Aprendizagem Baseada em Problemas (ABP). Os resultados desta pesquisa podem ser utilizados para o planejamento de atividades de ensino remoto, assim como auxiliar na gestão curricular dos cursos em questão. 

Este estudo foi apresentado na Escola Regional de Engenharia de Software (ERES) 2020. A versão completa pode ser consultada nos anais do evento, em: https://doi.org/10.5753/eres.2020.13718.

Referências

BRASIL,M.d.S.(2020b). Sobre a doença. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca. Acessado em 13 de ago. de 2020.

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A SAÚDE MENTAL DOS HERÓIS DA LINHA DE FRENTE NO COMBATE AO COVID 19

Por Graciéle Pereira Souza

A Covid19 chegou fazendo o mundo parar literalmente, olhar para si e para aqueles mais frágeis parece fundamental nesses tempos pandêmicos. O vírus foi identificado na China no final de 2019 e se espalhou pelo mundo, seu contágio é assustadoramente rápido e de alta letalidade, sem remédios ou vacinas até o final de 2020, afetando principalmente os idosos, pessoas com doenças crônicas como hipertensão, diabetes, cardiopatias,      imunossuprimidos. Cabe-nos adaptarmos a essas mudanças na rotina, conviver com as incertezas. 

Os impactos psicológicos mentais dos trabalhadores da saúde, que todos os dias deixam de cuidar das suas famílias para cuidar dos entes queridos de outras famílias, sejam mães, pais, tios, primos, avós etc. é notório. Pelo fato de não terem opção, devido ao decreto da Pandemia da      Covid 19, os profissionais da saúde ficam impossibilitados de tirar folgas, e gozarem suas férias, neste cenário somente aqueles que possuem doenças crônicas, mediante atestado médico são dispensados. 

Mas, se esses “heróis” pudessem escolher, certamente estariam nos seus lares vivenciando o “distanciamento social”, cuidando-se com a higienização que até o presente momento são formas para conter o contágio da Covid19. O medo de ser infectado, infectar terceiros, suas famílias – quer mais precioso do que a vida dos nossos – seguido da falta de suprimentos medicamentosos e equipamentos de proteção individual (EPIs) para trabalhar deixa os desconfortáveis, vulneráveis ao contágio, inseguros. 

Pânico? Sim, pânico! Disseminado por alguns profissionais, deixando a equipe mais vulnerável, tornando o ambiente de trabalho inseguro e hostil; afetando o convívio e intensificando as emoções negativas. Sentimento de impotência diante dos fatos, da crise generalizada, que nos ronda, beirando o caos da saúde pública, acentuado ainda pelas notícias     veiculadas  na mídia em grande escala. 

Certamente manter-se atualizado com os acontecimentos se faz necessário, no entanto, assistir e escutar os noticiários manhã, tarde e noite, vivenciar esses acontecimentos 24 horas, certamente não é saudável, os sentimentos negativos minam a cabeça de qualquer pessoa por mais forte que esta seja.

O profissional da saúde quando possui informação clara, precisa e organizada, protocolos que são de fato executados pelo gestor, sente-se mais confortável      psicologicamente para se cuidar e cuidar daqueles que dependem de seu trabalho. Amparados sabem como atuar mesmo no “olho do furação”. 

Carinhosamente chamados de “heróis da saúde”, aplaudidos nas janelas e sacadas das casas e apartamentos em várias cidades, esse reconhecimento ameniza, porém, não afasta os sentimentos negativos de medo, ansiedade e stress, vivido cotidianamente, pelos profissionais, diante do novo vírus tão pequeno, mas, que causa prejuízo à saúde mental em longo prazo, como visto em outras epidemias/pandemias.     

Heróis que inúmeras vezes informam, explicam, pedem, suplicam a sociedade que os ajude a ajudar aqueles que mais precisam de seus cuidados. E qual a resposta da sociedade? minimizam e colocam em xeque as recomendações desses profissionais, causando uma sensação de ineficácia, de dever não cumprido. 

Viralizaram nas mídias a frase: “Fique em casa nós estamos aqui por você!”. Estudos mostram que os profissionais que atuam em desastres, surtos, epidemias, pandemias onde o medo torna se excessivo ocasiona      quadros de ansiedade, depressão, perda apetite, perda da qualidade do sono, aumento no uso de drogas lícitas e ilícitas entre outros distúrbios das formas mais leves às mais severas, pesquisas demonstram que as mulheres são atingidas severamente quando se trata da saúde mental.

Para não perder o foco e manter-se forte diante dessa situação nova amedrontadora para muitos, algumas recomendações dos órgãos de saúde são: 

  • Manter a rotina;
  • Alimentação saudável; 
  • Atividade física regularmente; 
  • Ler livro; 
  • Procurar ajuda nos colegas e familiares;
  •  Meditar, através das diversas técnicas terapêuticas mandala, yoga;
  • Aprender idioma; 
  • Fazer atividades manuais, pintura, tricô, crochê etc. 

 Concluiu-se que será necessário cuidar da saúde mental da população em geral e termos um cuidado redobrado com os “heróis da linha de frente”, pois, esses transtornos psicológicos demandará de políticas públicas no âmbito do SUS para saúde mental, e que as práticas integrativas da saúde torne-se realidade em todas as unidades de saúde do Brasil, no intuito de sanar essa dívida moral com esses profissionais que arriscam suas vidas para cuidar daqueles que precisam de cuidados hoje, pois, essa doença não espera, pelo contrário evolui rapidamente. Cuidar de quem cuida, durante e pós-pandemia, cujos impactos não sabemos quais serão, apenas são estimados estatisticamente. Um campo a ser explorado através de pesquisas e estudos nas áreas sociais e saúde mental.

Graciéle Pereira Souza 
Graduada em Pedagogia-Licenciatura pela ULBRA. Especialista em Educação Especial e Inclusiva pela UNISANTA.
Graduanda do curso Bacharel Interdisciplinar em Ciências e Tecnologias da UNIPAMPA-Itaqui-RS.
 http://lattes.cnpq.br/0578594221593657

Referências:
https://www.researchgate.net/profile/Felix_Kessler2/publication/340442412_Pandemia_de_medo_e_COVID-19_impacto_na_saude_mental_e_possiveis_estrategias/links/5e893140299bf130797c84f4/Pandemia-de-medo-e-COVID-19-impacto-na-saude-mental-e-possiveis-estrategias.pdf
https://saude.gov.br/saude-de-a-z/praticas-integrativas-e-complementares 
https://701bbf93-7519-4b54-9d8d-fb3f4a37c06.filesusr.com/ugd/be5458_6a05890aac064b59a1983784b269a83b.pdf página 126.

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Coalizão COVID Brasil, um estudo sobre as sequelas do coronavírus

Por Tuãne Araújo.

Altas taxas de reinternações, doenças mentais e mortalidade de pacientes após meses de alta hospitalar são preocupantes

As sequelas a longo prazo que a COVID-19 pode deixar em pessoas infectadas preocupa todo o sistema de saúde. A corrida para a vacinação é a mesma para entender quais as consequências que a infecção do SarS-CoV-2 pode ocasionar pós recuperação. A Organização Mundial de Saúde (OMS) realizou, no dia 9 de fevereiro, uma reunião virtual para tentar desvendar, através de pesquisas e estudos, as complicações que o vírus está ocasionando a grande parte da população. A única pesquisa brasileira apresentada foi a Coalizão COVID Brasil, que começou com a parceria entre o Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet), que reúne médicos e pesquisadores de todas as regiões do Brasil,  junto com o Ministério da Saúde, para avaliar qual a eficácia e se há segurança nos medicamentos que estão sendo prescritos para os pacientes positivados com o novo coronavírus. Ao todo são nove estudos variados sobre o uso de medicamentos até ao uso de drogas antivirais para possíveis  tratamentos preventivos. A Coalizão VII avalia o impacto a longo prazo, após alta hospitalar, incluindo qualidade de vida de pacientes que tiveram COVID-19.

Médico foto criado pro freepik

Sintomas da COVID continuam após meses da infecção

Para Regis Goulart Rosa, médico intensivista e pesquisador do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre, e representante da Coalizão COVID Brasil, os sistemas de saúde devem se preparar para o tratamento intensivo de recuperação dos pacientes com Long Covid, um fenômeno que faz com que os infectados fiquem com sequelas a longo prazo. Os sintomas podem persistir dos casos leves aos mais graves, afetando coração, pulmões, rins e intestino. O projeto Coalizão VII ainda está em andamento e conta com a participação de mais de mil pessoas que já foram infectadas. Estas são monitoradas por ligações a cada três, seis, nove e 12 meses após a alta hospitalar.

Os pacientes têm em torno de 52 anos, sendo 60% homens. O tempo médio que estes pacientes precisaram ficar internados é de nove dias, e 1/4 precisou de ventilação mecânica. O levantamento repercute que 40% dos pacientes que estiveram na UTI precisaram ser internados mais uma vez para o tratamento de sequelas. As reclamações mais recorrentes são o cansaço e falta de ar, prejudicando a produtividade e a qualidade de vida. O estudo mostra que 20% dos entrevistados que precisaram da ajuda de aparelhos para respirar não voltaram ao trabalho seis meses após a saída do hospital. Dos que não precisaram de ventilação mecânica durante a infecção, apenas 5% retornaram ao emprego.

A Coalizão VII constatou que um a cada quatro pacientes que foram intubados na UTI morrem em até seis meses após alta hospitalar, em consequência de alguma complicação da doença. Os dados mostram que 46,3% das pessoas que precisaram de ventilação mecânica, 66,3% morreram. Aqueles que não precisaram do tratamento intensivo representam 9% no índice de mortalidade. A porcentagem não representa um problema no processo de intubação e, sim, a gravidade da sequela deixada após a infecção. A intubação feita de forma correta e no momento certo, o contrário que muitos pensam, salva vidas.

Infográfico: Tuãne Araújo

Outro número que chama atenção é o da mortalidade ser maior por pacientes que utilizaram o SUS (Sistema Único de Saúde), representando 49,4% das mortes, enquanto nos hospitais particulares é de 27,2%, no primeiro ano da pandemia. Isso ocorre porque aqueles que procuram o serviço público têm a possibilidade maior de ter comorbidades, além de enfrentar filas e falta de UTIs. A demora do serviço e atendimento aumenta a gravidade da COVID19. Nos pacientes que não precisaram de ventilação mecânica, o índice de morte entre os hospitais públicos e particulares é menor, sendo, respectivamente, 70,5% e 63,6%.

 Para além da saúde física

Além dos problemas cardiológicos, respiratórios, neurológicos e fraqueza muscular, o que também vem preocupando os médicos é a precariedade da saúde mental daqueles que precisaram ficar hospitalizados. O estresse pós-traumático, ansiedade e depressão são algumas doenças que os profissionais da saúde consideram como sequelas da infecção da COVID-19, independente da gravidade da doença. Os pacientes mais graves vêm apresentando a chamada “síndrome pós-UTI”, que acarreta a fraqueza muscular e redução da capacidade física. Os dados apontam que 52% dos pacientes pós-UTI têm sequelas mentais: 22% dos pacientes desenvolveram ansiedade, 19% depressão e 11% estresse pós-traumático. Os outros 48% pacientes que foram internados em UTI e acompanhados pelo estudo não reportaram sequelas mentais.

Infográfico: Tuãne Araújo

Um estudo brasileiro realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/FMUSP) mostra que a COVID-19 pode também deixar problemas cognitivos. Perda de memória recente, desorientação, dificuldade de concentração e desequilíbrio são efeitos tardios da doença. Ainda na fase inicial, o estudo envolveu 185 participantes, 80% apresentaram dificuldades em realizar atividades comuns do dia a dia, déficit no raciocínio e problema na compreensão.

 

Com o Coalizão VII, os médicos e pesquisadores pretendem entender o cenário pós-covid e criar estratégias para o tratamento e reabilitação dos pacientes. O diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, acredita que o conhecimento sobre a “Covid-longa” ou “Covid-prolongada”, ainda está no início e deve se prolongar por alguns anos. Tedros Ghebreyesus também defende que essas informações devem chegar à comunidade, como forma de enfrentamento mais rápido das consequências do coronavírus. 

Da recuperação a reeducação

Os cuidados intensivos com os pacientes começam na própria internação. A fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Daniela Virote Kassick Müller, relata que os pacientes internados demandam cuidados desde as lacerações na pele, ocasionados pelo grande tempo em repouso, quanto a manutenção dos movimentos, articulações e funções musculares. Daniela Müller explica que aqueles que requerem de ventilação mecânica, uma vez que estão com a saturação de oxigênio baixa e precisam de ajuda para respirar, perdem a agilidade da musculatura diafragmática, que é a responsável pela respiração, deixando, assim, sequelas e os tornando pacientes tempo-dependentes. Ou seja, quanto mais tempo intubados, mas perdem a capacidade da musculatura e ficam cada vez mais dependentes da máquina. A incidência de intubação é maior para idosos porque depois dos 25 aos 30 anos de idade, há o envelhecimento natural do corpo, chamada de Sarcopenia, o processo progressivo de perda de massa muscular, incluindo do diafragma e pulmão, tornando os idosos as vítimas quase sempre fatais da doença, por terem uma fragilidade muscular mais intensa, explica a professora e fisioterapeuta.

Para Müller, o período estendido na ventilação mecânica torna as estáticas de sequelas mais cruéis e significativas. Da reeducação do diafragma à funcionalidade do corpo é o objetivo principal para os recuperados da COVID-19, “é importante dar seguimento ao tratamento para recuperar a função prévia. Dependendo da gravidade, terá paciente que precisará de acompanhamento diário, paciente com acompanhamento de duas, três vezes na semana e mais orientações. Alguns vão precisar de fisioterapia, outros de fonoaudiólogo, outros de terapeuta ocupacional. Mas de fato é importante ter o acompanhamento posterior para que se possa recuperar sua funcionalidade e, mais importante, sua independência funcional. Pacientes que ficaram com alguma sequela devem ter acompanhamento”, reitera Daniela Müller.

Esta reportagem foi originalmente produzida para o site e mídias sociais do Projeto de Ensino i4 Plataforma de Notícias – Agência Experimental do curso de Jornalismo, campus São Borja. Tuãne Araújo é repórter voluntária no projeto.

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