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Carta aos estudantes

Curitiba, 24 de novembro de 2021.

Só escrevendo outra carta para apresentar a carta que segue abaixo. 

A Coordenação do Curso de Letras a Distância, modalidade Institucional, ofertada pela UNIPAMPA Jaguarão, e as e os discentes de seus 5 polos (Alegrete, Dom Pedrito, Jaguarão, Santana do Livramento, São Borja) promoveram entre 13 e 15 de abril deste ano, em plena pandemia, a I Semana Acadêmica do Curso de Letras EaD. Essa Semana teve como tema “Educação em rede: afeto real em ambiente virtual”. A Semana foi toda online.

Eu estava no meu canto apenas cuidando e atualizando o site do evento e, de repente, a professora Marcela me manda uma mensagem dizendo que não era para eu ficar assim não. Que iria falar numa roda de conversa com o tema “Formação docente e ensino de línguas”. Na verdade, ela me convocou a falar. Eu não tive escolha. E fiquei pensando o que é que eu iria falar? As professoras Ida Maria Morales Martins e Aden Rodrigues Pereira são autoridades no assunto, e eu “ma-le-má” tinha lido um texto do Paulo Freire. 

Sem muito bem saber o que falar, achei que a melhor alternativa talvez fosse eu aplicar o que aprendi lendo a carta aos professores do Paulo Freire. Decidi então escrever uma carta. Uma carta contando da minha experiência, das minhas vivências, dos meus fracassos e sucessos. 

Quando a carta foi lida, a plateia pediu que eu publicasse essa carta no site do curso. Mas depois dessa semana cheia de afetos e reflexões, outros desafios se levantaram. Dentre eles, minha mudança de local de trabalho. Eu já me redistribuíra ao Departamento de Línguas Estrangeiras Modernas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, no campus Curitiba. A mudança foi muito grande e só depois que as coisas se estabeleceram um pouco, pude redigir o texto. 

Ao término deste ano, ao qual o CienciAção encerrará um ciclo de trabalhos com pandemia, julguei ser a oportunidade de publicar este escrito. O CienciAção é um projeto ambicioso porque tem lugar para nossas artes. 

Com muita estima,
Walker.

Curitiba, 14 de abril de 2021.

Testemunho de uma experiência.
Carta ao Curso de Letras EaD da Unipampa: O que aprendi?

Queridas e queridos professores!
Meu saudosos e saudosas estudantes!

 

O jeito que encontrei para responder ao chamado de nossa amada professora Marcela, para participar desta Roda de Conversas com o tema “Formação Docente e Ensino de Línguas”, foi escrevendo esta carta. Isso porque este tema me é muito caro; ainda me sinto muito inseguro em tratar dele em público, por causa da minha pouca formação na área pedagógica.

Não sei se todos e todas sabem, mas eu tenho uma graduação em Licenciatura em Letras, mas sim uma graduação em Bacharelado em Linguística; curso que é ofertado pelo Departamento de Linguística do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas, a UNICAMP. Esse Instituto tinha, à época em que me formei, a graduação em Bacharelado e em Licenciatura em Letras – Português, ofertados não só pelos Departamentos de Linguística Aplicada e de Teoria Literária, como também tinha o curso de Fonoaudiologia ofertado conjuntamente com a Faculdade de Ciências Médicas também da UNICAMP. Perceba então que minha formação não conteve disciplinas literárias, da aplicada ou Educação, muito embora eu tenha estudado disciplinas da Educação quando cursei a graduação em Licenciatura em Matemática na Universidade Federal de São Carlos, a UFSCar. Aliás, na UFSCar, eu cheguei a pesquisar um tanto sobre Educação Matemática porque eu queria ser professor. Nesses estudos, deparei-me com a difícil discussão sobre a relação matemática, currículo e poder, sobre os projetos de dominação que incidiam e incidem na concepção do currículo, sobre o modo distante que esse campo lindo de saber é apresentado e trabalhando nas escolas brasileiras, o que me levou a desistir da licenciatura, isto é, de ser professor nas escolas brasileiras. Estudar Educação Matemática me levou a desistir da Educação e também da Matemática.

Quatorze anos depois, torno-me Professor do Magistério Superior na Fundação Universidade Federal do Pampa, a UNIPAMPA, especificamente para atender o novíssimo curso de Letras – Português a Distância da universidade. Eu já lecionara num curso a distância na Faculdade SENAI de Tecnologia de Jaraguá do Sul (SC), mas era um curso tipo “pacote fechado”, que vinha tudo pronto – inclusive as situações de aprendizagem; cabendo-me realizar, portanto, a tutoria em datas e horários pré-determinados e dar duas aulas presenciais para cumprir os requisitos legais. Na UNIPAMPA a situação foi completamente diferente: estava tudo por se fazer; absolutamente tudo. Havia orientações, mas não havia metodologias, métodos ou técnicas prontas; não havia materiais prontos. Particularmente, não sabia muito o que fazer e escutava o que meus e minhas colegas mais próximos – como Vitor, Camila, Cláudia, Socorro – faziam. 

Logo de cara peguei Estudos Gramaticais I e II, componentes curriculares que objetivam revisar a gramática normativa do português. De cara se impôs esta questão: como ensinar essa gramática nesse curso? E o desafio estava lançado.

Escutei das minhas colegas as maravilhas dos podcasts para evitar muitos encontros síncronos, já que o curso é EaD. E como é e era do meu feitio escrever o meu material – porque assim também estudo -, decidi disponibilizar textos, podcasts e exercícios, os quais gosto que sejam difíceis. Logo vieram as muitas reclamações, críticas e protestos; soube inclusive que uma aluna teve um ataque de nervosismo ao tentar me entender. Fui inclusive acusado de causar evasão – e hoje entendo que, além do fracasso do método, existia o grau de dificuldade de um texto com morfologia e sintaxe muito descritivo. Terminei o ano com forte sentimento de fracasso, de culpa, de solidão e, consequentemente, de muita tristeza. 

As críticas, contudo, não foram em vão, porque meu tom incisivo e duro mascara minha eterna disposição a escutar as e os estudantes; o meu texto não mostra uma pessoa aberta a críticas – por causa de meu estilo de escrever. Mas eu não chegaria, creio, até aqui se eu não fosse uma pessoa aberta a críticas.

Então, em 2018, mudei os métodos. Os e as estudantes não dispensavam meus textos, mas queriam videoaulas. Então preparei caprichosamente videoaulas para explorar o conteúdo, exercícios para avaliá-los e fóruns para questionamentos e outras avaliações. Os ‘ânimos das e dos estudantes ficaram um pouquinho mais alegres, e as reclamações já não eram tão duras e agressivas; mas ainda reclamavam bastante das minhas provas discursivas. Óbvio! Eu aplicava mormente questões objetivas via questionários e fóruns discursivos no decorrer do semestre; mas a avaliação ou prova final, eu fazia questão de que eles e elas escrevessem para mostrar – expor – seus raciocínios, afinal, serão professores e têm que se esforçar em traçar um raciocínio e uma análise gramatical, por mais que o resultado não seja o “correto”. Mas ao redigir a prova final verifiquei que as videoaulas, que eu ficava muitas horas e por vezes dias desenvolvendo, eram pouquíssimas visualizados – talvez por causa do tempo de cada um, afinal não os dividia em vídeos de 20 minutos de duração cada (o que renderia mais boas horas de edição). O resultado foi a reprovação de vários alunos, alunas e alunes que não viram os vídeos e, portanto, não conseguiram responder satisfatoriamente uma prova elaborada com base neles. 

Compreendi então que a videoaula, no nosso caso na UNIPAMPA, era um material com altíssimo custo humano de produção para serem muito pouco visualizados. O que fazer? Eu devia me render aos exercícios objetivos – cujas respostas são facilmente compartilhadas via whats, face ou outro, e a videoaulas? Como garantir um mínimo poder de análise e reflexão linguística? O jeito era fazer encontros síncronos para que a minha palavra tanto escrita quanto falada fosse escutada, e que eu pudesse escutar de imediato as dúvidas e poder assim responder em tempo real – imediato – a cada um deles. E foi o que fiz.

Com isso, em 2019, adotei mconferências regulares – a princípio não gravadas, e depois – a pedido dos e das estudantes – gravadas para explorar o conteúdo; disponibilizei os meus textos, além de disponibilizar outros textos e alguns exercícios objetivos – os quais sempre tive dificuldade de elaborar porque penso que devem ser difíceis –. Ao adotar as mconfes tudo mudou: a alegria tomou conta dos Estudos Gramaticais, alunos, alunas e alunes se aproximaram muito mais de mim porque perderam o medo de mim, e eu percebi que minha “gargalhada fatal” derrubavam as distâncias. Os exercícios continuavam difíceis e com pegadinhas, mas eles, elas e elos não se intimidavam em me questionar, apontar erros, propor soluções e alternativas.

Nessa fase aprendi duas coisas. Uma com a professora Cláudia. No começo, não abria a câmera porque a internet era ruim; mas eu a vi abrindo no início das atividades para dar um “oi” e depois fechava. Comecei a fazer isso para a alegria da galera, até que um dia uma estudante pediu para manter a câmera aberta porque aprendia mais; além de dizer que eu era bonito – claro!!!

Também aprendi que o texto é frio, distante, monológico, com pouca ou nenhuma interação; tal como a videoaula, que os alunos – nem todos – não veem, sobretudo quando o assunto é gramática da nossa língua, terreno onde há ainda muito sofrimento linguístico. O ensino de gramática mesmo que normativo precisa ser mais alegre, dialógico, interativo e discursivo, caso contrário, atinge só as e os iniciados e quem têm grande poder e disposição à leitura de textos técnicos. E outro sentimento: as pessoas querem aprender a gramática normativa, querem aprender a Nomenclatura Gramatical Brasileira e gostam muito de ter tempo para analisar, problematizar e discutir as críticas justas e atuais a esse saber normativo. 

Uma outra descoberta acontece em 2020. No começo dos Estudos Gramaticais II – semestre que teve início tardio por causa da Covid-19 – adotei a mconfe para explorar o conteúdo e exercícios sob a forma de questionários com questões objetivas e discursivas para avaliação. Logo que corrigi o primeiro questionário, recebi críticas de que estava sendo muito rígido na correção, que estavam desanimados… Isso foi debatido bem no início de uma mconfe que foi seguida da brilhante apresentação de um tópico da sintaxe, por um estudante que certamente gosta e domina a gramática. Ao refletir sobre o questionamento, sobre a avaliação e sobre a exposição do colega aos colegas, não tive dúvidas de que precisava mudar tudo e desde já. 

No encontro seguinte, então, rediscutimos todo o Plano de Ensino e sobretudo a avaliação. Propus que ou mantínhamos a estrutura dada ou mudávamos: eu, eles, elas e elos apresentaríamos os conteúdos, dando aulas uns aos outros até o fim do semestre. Assim, a avaliação consistiria numa nota que eles mesmos se dariam, uma nota que o grupo daria à apresentação e uma nota que eu daria. Eles poderiam apresentar sozinhos ou em grupo. Já que se trata de um curso de formação de professores e o importante é saber dar uma de gramática da nossa língua, nada melhor, argumentei, que a avaliação fosse a aula. Eles, elas e elos discutiram que era isso mesmo, que um dia dariam aula, e votaram a favor da proposta desde que a minha nota fosse a de maior peso. Eu também deixaria os questionários a título de exercícios de fixação não avaliativos. Estabelecemos uma agenda, conforme o cronograma; eles se organizaram; deixei o formato de apresentação livre – aula, podcast ou videoaula – e inclui capítulos do livro Emília no país da gramática, de Monteiro Lobato, para termos nosso momento literário em cada mconferência. 

Além das aulas, pedi que cada pessoa ou grupo sempre me apresentasse com antecedência o que fariam; e desde então passamos a nos reunir para discutir os conteúdos, revisar áudios e vídeos, e para realizar leituras dramatizadas. O resultado foi: aulas muito mais dinâmicas, com literatura e dramatização, com bastante gramática normativa e com muitas e muitos perdendo o medo de dar uma aula aos próprios colegas. 

Paulo Freire ([1993] 2001), o patrono da Educação Brasileira, escreveu em sua carta aos professores Ensinar-aprender. Leitura do mundo-leitura da palavra, que “ensinar ensina o ensinante a ensinar” ([1993] 2001, p.259). Ou seja, ensinar e aprender constitui uma relação dialética permanente, se o ato educativo é um ato de amor e de esperança, e não um simples ou “reles” tarefa de ensinar. A linguística contemporânea reconhece em qualquer vertente ou escola que a atitude do linguista é explicativa, não normativa e prescritiva, e que há saberes nos educandos – todos, docentes e discentes – que são reais e potentes, e que devemos construir com os falantes e escreventes os saberes que nos permitem explicar, criar e mudar o mundo.

Então, esta carta é uma homenagem a vocês, meus estudantes, que me tornaram também um educando, porque no ato mesmo de ensinar, ensinaram-me não só a ser melhor professor, estudioso, linguista e, acima de tudo, um amante da linguagem, da vida e das artes. A nossa educação só tem sentido se for para mudar de forma amorosa e esperançosa a nossa realidade.

Um abraço muito efetuoso a todos, todas e todes os professores e aos “vindo sendo” professores – os e as estudantes –, sem os quais não haveria este Curso!!!

Muito agradecido pelos aprendizados, beijos do fundo do meu coração especialmente a equipe BA-FÔ-NI-CA do Curso, e – lembrem-se! – toda carta chega a seu destino, ao transpor distâncias e entregar amor. Como diz o poeta… 

O amor sempre está em um lugar banhado pelos raios de sol.
Ainda que eu não possa ver você,
que não possa tocar você,
te sinto como se estivesse a meu lado.

Afinal, o amor é uma abertura para o outro.

Do seu 
Walker D. Pincerati.

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NECROPOLÍTICA: QUEM DECIDE QUE VIDAS SÃO VIVÍVEIS E QUE VIDAS SÃO MATÁVEIS?

Marcos Vinicius da Silva Goulart

Que vidas são vivíveis e que vidas são matáveis? Aceitaríamos que o Estado, tal como conhecemos desde o fim da modernidade, ousasse fazer esse tipo de questionamento para pautar suas ações de governo? Esses questionamentos vão direto àquilo que um Estado não poderia enunciar, e a simples hipótese de tais perguntas colocam-no em uma dimensão política estranha, contraditória e brutal. Contudo, as experiências contemporâneas de controle de pessoas, vigilância e terror em campos de refugiados em várias partes do mundo; em centros de detenção de imigrantes nos Estados Unidos e a ocupação de territórios palestinos por Israel indicariam um modo de controle de pessoas e territórios pautados pela inferiorização de sujeitos em relação uns aos outros. Esses sujeitos, sob o jugo do Estado, se tornariam pessoas sem cidadania, se tornariam desprezíveis, se tornariam matáveis. 

Sujeitos matáveis e vidas não vivíveis! É sobre isso que trata a necropolítica, conceito elaborado pelo filósofo camaronês Achille Mbembe para explicar as novas formas de governo contemporâneo. No Brasil, esse conceito tem sido muito utilizado por pesquisadores que lidam com a temática do racismo. Eles veem na necropolítica uma chave de leitura para explicar o extermínio da população negra no Brasil, por exemplo. Mbembe, portanto, apresenta-nos um conceito fundamental para compreendermos o desenvolvimento das formas de poder que se materializam num Estado que, com o capitalismo na sua forma neoliberal, encontram a sintonia perfeita, ao produzirem aquilo que Wendy Brown (2018) chamou de cidadania sacrificial, que produz sujeitos sacrificáveis pelo bem do desenvolvimento econômico de um país. Há uma convergência entre esse conceito e a necropolítica, porém, embora tenha o citado, o foco por ora é na necropolítica.

O que é necropolítica? 

Em 2 de março de 1757, Damiens era submetido a um suplício terrível por cometer um parricídio. Seu sofrimento, em praça pública, descrito em detalhes por Michel Foucault  (2007), materializava a soberania, a produção da morte por meio da punição pública e espetacular, a completa submissão de um indivíduo ao poder de um soberano. Esse tipo de poder é aquele teorizado pelas filosofias políticas do contrato social, que é cedido a um soberano como uma espécie de direito originário, justamente para a manutenção da ordem e do próprio Estado. Thomas Hobbes é um dos teóricos da soberania e é dele a hipótese de que sem Estado viveríamos uma guerra de todos contra todos. A manutenção do poder do soberano, nesse sentido, implica sua própria sobrevivência e seus súditos teriam o dever de zelar por isso. Esses súditos estão sujeitos à morte caso suas condutas não condigam com os desejos do soberano, que teria o poder de fazer morrer ou deixar viver (FOUCAULT, 2010).

Entre os séculos XVII e XVIII, os mecanismos do poder passam a agir sobre o corpo individual, mas não para matá-lo, e sim, para torná-lo adestrável e produtivo. Tem-se o interesse crescente na vigilância, na prisão, na escolarização centrada no disciplinamento, por conseguinte, na formação de corpos dóceis (FOUCAULT, 2007). Contudo, surge algo novo a partir de meados do século XVIII: os mecanismos do poder começam a se centrar no corpo espécie, no corpo humano na medida em que ele é parte de uma população. Ademais, não podemos desconsiderar que esse novo poder sobre a vida vai operar entre a primeira e a segunda Revolução Industrial, nas quais os modos de produção foram completamente alterados, exigindo cada vez mais sujeitos úteis para o novo mundo econômico, isto é, vidas vivíveis. Sobre a vida opera um biopoder centrado no corpo individual, porém, na exata medida em que ele faz parte de uma população; daí biopolítica – uma tecnologia de poder centrada no humano como espécie, como um ser biologicamente conhecido e a se conhecer. Temos um Estado que crescentemente se preocupa com taxas de natalidade, taxas de mortalidade, campanhas de saúde pública e, mais adiante, com o crescimento econômico e com a produção em larga escala de capital humano. Ou seja, nos meandros da biopolítica o que se opera é um fazer viver ou deixar morrer (FOUCAULT, 2010).

Explicar a emergência do conceito de biopolítica em Foucault é fundamental para compreendermos o conceito de necropolítica em Mbembe, já que ele usará essa noção conjugada com outras, a saber, estado de exceção e soberania para a sua elaboração teórica. Antes de iniciar essa explicação, gostaria de ressaltar que vou tratar biopoder e biopolítica, assim como necropoder e necropolítica como sinônimos, mesmo sabendo que há diferenças precisas entre eles, mas, isso não atrapalhará a compreensão introdutória dos mesmos. Em primeiro lugar, Mbembe (2016) retoma a discussão sobre a noção de soberania, mas sob outro prisma que não aquele dos contratualistas do século XVII e XVIII, como já citei. O filósofo camaronês não vai se concentrar no aspecto racional e originário do Estado, no qual sujeitos, num ato racional, teriam fundado a soberania para garantir sua própria segurança e seus próprios direitos. Sua preocupação será com uma soberania que operaria através da “[…] instrumentalização generalizada da existência humana e a destruição material de corpos humanos e populações” (MBEMBE, 2016, p. 125). Ou seja, ele está preocupado com aspectos menos abstratos: a vida e a morte.

Mbembe vai além de Foucault ao demonstrar que a noção de biopolítica é insuficiente para descrever as formas contemporâneas de subjugação da vida ao poder da morte. No entanto, a relação que Foucault faz entre racismo e biopoder é essencial para entendermos a constituição dos Estados a partir do século XVIII, ainda mais, considerando que o Estado Nazista, conjugando racismo e biopoder, se utiliza do poder de morte, o discurso da raça ariana e do terror como seu agente mobilizador. Ou seja, o nazismo é um paradigma de Estado Biopolítico. Mbembe, de outro modo, vê limitações nessa leitura. Para ele, a emergência da biopolítica ocorre na constituição dos Estados Modernos, por volta do século XVI, com a escravidão e as invasões coloniais, que ocorreram na África e no chamado Novo Mundo, as Américas. É exatamente neste ponto que Mbembe se afasta de Foucault. Sei que o debate acerca do biopoder entre Foucault e Mbembe poderia ser abordado em suas minúcias, mas não é esse o meu interesse aqui, já que o caráter deste texto é introdutório.

O que podemos concluir a partir do debate apresentado acima? Podemos deduzir que a política de produção de morte, o deixar morrer, que é parte do biopoder e da soberania, tem o racismo como parte fundamental. Ou seja, falar em necropolítica é falar em racismo, já que desde o período colonial vem se produzindo um poder de matar, tornando escravos pessoas africanas e nativos das Américas, que deveriam ser mantidos vivos apenas na medida em que fossem produtivos para o sistema colonial. A partir daqui, estamos estritamente no campo da necropolítica, mas, ainda falta um elemento: a ideia de Estado de Exceção. 

Agamben (2004) afirma que o Estado de Exceção é um paradigma de governo na contemporaneidade. Isso significa que aquela figura do direito utilizada em situações pontuais, que representassem perigo para um Estado, se tornou a regra. O soberano, para Schmitt, era aquele que poderia decidir sobre o Estado de Exceção, mas, ao que parece, se voltarmos para Agamben, podemos dizer que já não está em jogo uma mera decisão pontual, mas uma forma de governo – O Estado de Exceção é permanente, a suspensão da ordem jurídica é uma tecnologia de governo . Nele, parcelas da população tem seus direitos violados, não são sequer considerados humanos. O campo de concentração nazista, por exemplo, é um espaço que se abre quando o Estado de Exceção se torna regra (AGAMBEN, 2002). Mbembe, contudo, vai transpor essa figura do campo para o terror e a ocupação colonial. É assim que o conceito de necropoder se ampara no conceito de exceção, de soberania e biopoder. Assim como para Foucault o nazismo era um paradigma do biopoder, para Mbembe, a ocupação colonial contemporânea da Palestina é um paradigma do necropoder. Frantz Fanon, para Mbembe, exporá um exemplo do necropoder agindo na espacialidade da ocupação colonial:

A cidade do colonizado […] é um lugar mal-afamado, povoado de homens mal-afamados. Aí se nasce não importa onde, não importa como. Morre-se não importa onde, não importa de quê. É um mundo sem intervalos, onde os homens estão uns sobre os outros, as casas umas sobre as outras. A cidade do colonizado é uma cidade faminta, faminta de pão, de carne, de sapatos, de carvão, de luz. (FANON, 1968, p. 29).

Qualquer semelhança com a nossa experiência cotidiana não é mera coincidência e é aqui que o conceito de necropolítica encontra relação com o que vem ocorrendo no Brasil. No fundo, estamos falando de um conceito que demonstra como o Estado adota uma política de morte, ao tratar indivíduos como os povos objetos do processo colonizador apresentado por Fanon. Esse sujeito objeto do processo colonizador, transpondo para a nossa realidade, é o menino negro na favela que “desaparece” em uma ação policial; é o morador de favela desassistido pelo poder público; os indígenas expostos aos garimpeiros, desmatadores e grileiros sem nenhum amparo do Estado; é o pobre que se vê obrigado a trabalhar, arriscando a própria vida, diante de um vírus mortal sem qualquer amparo econômico. Enfim, o que seria necropolítica? O poder do Estado, envolvo em sua soberania, de produzir e regular “sujeitos indesejados”, sujeitos em que o deixar morrer não é um efeito colateral da política, mas, uma estratégia para a manutenção do próprio poder do Estado. Necropolíticas são ações de eliminação e destruição de sujeitos considerados pelo Estado, como matáveis – não há dignidade humana.

Necroliberalismo e as novas formas do poder de matar

A necropolítica nos ajuda a pensar o racismo estrutural; as incursões da morte feitas pela política militar em favelas do Brasil e a morte de jovens negros por agentes do Estado. Sobre esse tema, há bastante discussão e pode-se dizer que o conceito de Mbembe é fundamental para elucidar essas práticas de produção de sujeitos matáveis. Contudo, queria finalizar este texto, pontuando algumas questões ligadas à economia. Mbembe (2020), recentemente, utilizou o termo “necroliberalismo” para se referir a lógica de sacrifício presente nos discursos econômicos atuais e que ouvimos muito no Brasil atual. Necroliberalismo é uma variação da necropolítica e indica que o neoliberalismo é fundamentalmente uma política da morte. Recentemente, o presidente Jair Bolsonaro, ao criticar a política de isolamento social de governadores, afirmou que os governadores e prefeitos querem matar o povo de fome com suas políticas de “lockdown” (MENDONÇA, 2021). Ora, sem uma política eficiente de auxílio financeiro para os mais pobres, o presidente sugere que as pessoas têm duas opções: arriscar a própria vida diante do coronavírus ou morrer de fome em casa. Ou seja, a única saída para os mais pobres, nesse caso, as vidas matáveis, é submeter-se ao risco da morte.

O neoliberalismo enxerga todos os sujeitos como capital humano, como agentes de mercado, isto é, suas próprias vidas passam sempre pelo prisma econômico, temos uma economicização da sociedade (BROWN, 2018). Todos nós somos responsáveis pelo desenvolvimento do país, logo, teríamos o dever moral de se sacrificar em prol da economia – e esse tipo de discurso se tornou regra desde 2019. O neoliberalismo, isto é, o necroliberalismo, tem em si essa dimensão de sacrifício de vidas, nele o trabalhador tem o trabalho precarizado, tem sua aposentadoria retirada, seu bem-estar se torna supérfluo para o mercado e deve ser eliminado. Necropolítica é uma política de produção de sujeitos matáveis, cidadanias sacrificiais, vidas com menos valor que outras. Como afirma Mbembe (2020, n.p.) na entrevista que mencionei, “esse sistema [o necroliberalismo] sempre operou com um aparato de cálculo. A ideia de que alguém vale mais do que os outros. Quem não tem valor pode ser descartado”. Agora, a pergunta do início do texto pode ser respondida: é o Estado Necropolítico que decide que vidas são vivíveis e que vidas são matáveis.

Marcos Vinicius da Silva Goulart é Professor Orientador Educacional (SMED/São Borja). Doutor em Educação. Mestre em Psicologia Social e Institucional. Licenciado em Filosofia. Contato: mvinicius.goulart@gmail.com.

Referências

AGAMBEN, G. Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua I. Belo Horizonte: UFMG, 2002.
BROWN, W. Cidadania Sacrificial: Neoliberalismo, capital humano e políticas de austeridade. Rio de Janeiro: Zazie Edições, 2018.
FANON, F. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
FOUCAULT, M. Vigiar e Punir: o nascimento da prisão. 34. ed. Petrópolis: Vozes, 2007.
FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade: curso no Collège de France (1975-1976). 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
MBEMBE, A. Necropolítica. Arte & Ensaios, n. 32, p. 123–151, dez. 2016.
MBEMBE, A. Pandemia democratizou poder de matar, diz autor da teoria da “necropolítica”. [entrevista concedida a] Diogo Bercito. Folha de São Paulo, p. n.p., 30 mar. 2020.
MENDONÇA, A. Bolsonaro volta a criticar lockdown: “Pessoal vai morrer de fome?” Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/03/interna_politica,1242858/bolsonaro-volta-a-criticar-lockdown-pessoal-vai-morrer-de-fome.shtml. Acesso em: 4 abr. 2021.

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Abordagem Entidade-Relacionamento (ER)

Rafeal Santos de Lima, Acadêmico do BICT – UNIPAMPA Itaqui,rafaelsdl2.aluno@unipampa.edu.br

Para realizar a construção de um projeto de banco de dados de forma correta deve-se passar por necessariamente três fases – Modelo Conceitual, Projeto Lógico e  Projeto Físico – Neste texto irei introduzi-lo aos principais conceitos deste método de modelagem de banco de dados. 

A técnica de Modelagem ER (Modelo Entidade-Relacionamento) é uma das técnicas mais utilizadas hoje em dia para a construção de um modelo conceitual. O Modelo ER foi desenvolvido inicialmente por Peter Chen, em 1976, e melhorado por outros autores como Martin Gogolla, Santos;Neuhold; Furtado (1980) e Scheuermann;Schiffner; Weber (1980), a abordagem ER tem como principais conceitos: Entidade, relacionamento, atributo, generalização/especialização e entidade-associativa.

Entidade

Segundo Carlos Alberto Heuser (2006, p. 35), HEUSER, Calor Alberto(2006, p.35) “Entidade = conjunto de objetos da realidade modelada sobre os quais deseja-se manter informações no banco de dados” , ou seja, é o local onde coisas do mundo real, concreto ou abstrato, sobre os quais se deseja armazenar informações. Alguns exemplos de entidades são: pessoa (física ou jurídica), funcionários de uma empresa, cliente, produto, disciplina, evento etc. 

Na Diagrama Entidade-Relacionamento (DER) uma entidade é representada por um retângulo com o nome da entidade dentro desse retângulo ao centro, como mostrado na figura abaixo.

Vale ressaltar que a entidade funcionário não é apenas um funcionário, mas sim todos os funcionários da empresa, assim como a entidade produto não é apenas um produto, mais sim todos os produtos com os quais a empresa trabalha. para se referir a um funcionário específico utilizamos o termo ocorrência da entidade funcionário, de forma análoga, para referirmos a apenas um produto devemos usar o termo ocorrência da entidade produto.

Relacionamento

Outro conceito importante do ER é o relacionamento.Na bibliografia este conceito “é a representação das associações existentes no mundo real.”MACHADO, FELIPE NERY RODRIGUES (2020, p. 125).  . Relacionamento é associação entre duas entidades, no exemplo abaixo há o relacionamento entre duas entidades, médico e paciente. Um paciente, ocorrência da entidade paciente, é consultado por um médico, ocorrência da entidade médico. No DER, um relacionamento é representado por um losango que liga as duas entidades.  

Não necessariamente o relacionamento é entre duas entidades diferentes, existe o auto-relacionamento, que acontece entre ocorrências de uma mesma entidade. O papel da entidade no relacionamento é a função que a ocorrência da entidade cumpre dentro da ocorrência do relacionamento. Para exemplificar, há o caso da entidade PESSOA e o relacionamento CASAMENTO. Neste caso, uma ocorrência de PESSOA exerce o papel de marido e outra ocorrência de PESSOA exerce o papel de esposa.

Em um relacionamento entre duas entidades há uma propriedade chamada cardinalidade. A cardinalidade nada mais é do que quantas ocorrências de uma entidade podem estar associadas a uma determinada ocorrência através do relacionamento. Existem duas cardinalidades, cardinalidade máxima e cardinalidade mínima.

Cardinalidade máxima: cardinalidade máxima um (1) e cardinalidade máxima ilimitada, usualmente chamada de cardinalidade máxima “muitos” e referida pela letra n.

Cardinalidade mínima: Cardinalidade um (1) recebe a denominação “associação obrigatória”, ou seja, a ocorrência da entidade “A” deve estar relacionada com uma ocorrência da entidade “B”. Já a cardinalidade zero (0) indica uma possibilidade de uma ocorrência da entidade “A” estar relacionada com uma ocorrência da entidade “B”.

Por exemplo, lendo o relacionamento no sentido de funcionário para departamento, um funcionário pertence sempre a, no mínimo, um e, no máximo, um departamento, ou seja, é obrigatório que exista, para uma ocorrência específica da entidade funcionário, apenas uma ocorrência da entidade departamento. 

Agora no sentido de departamento para funcionário. Para um determinado departamento é possível que existam vários funcionários relacionados: mais de uma ocorrência da entidade funcionário refere-se à mesma ocorrência da entidade departamento. 

As cardinalidades existentes em um modelo de dados são um-para-um (1:1), um-para-muito (1:n) e muito-para-muito (n:n). 

Cardinalidade um-para-um,  esse tipo de relacionamento acontece quando uma ocorrência da entidade “A” está relacionada exclusivamente com uma ocorrência da entidade “B” e cada ocorrência da entidade “B” se relaciona com exclusivamente uma ocorrência da entidade “A”. 

Cardinalidade um-para-muitos,  acontece quando uma ocorrência da entidade “A” se relacionar com mais de uma ocorrência da entidade “B”, sendo que uma ocorrência da entidade “B” está associada a uma e somente uma ocorrência da entidade “A”.

Cardinalidade muitos-para-muitos,  há essa cardinalidade quando realizamos a leitura nos dois sentidos e encontramos a cardinalidade um-para-muitos.

Até o momento, vimos relacionamentos binários, ou seja, apenas a associação entre duas entidades. No entanto, a abordagem ER permite que sejam definidos relacionamentos de grau maior do que dois (relacionamentos n-ários).

Em um relacionamento “R” entre duas entidades, “A” e “B”, a cardinalidade de “A” em “R” indica quantas ocorrências de “B” podem estar associadas a cada ocorrência de “A”.  no caso de um relacionamento ternário, a cardinalidade refere-se a pares de entidades. observemos a figura abaixo.

O 1 na linha que liga o retângulo representativo da entidade DISTRIBUIDOR ao losango representativo do relacionamento expressa que cada par de ocorrências (nesse exemplo, cada par de ocorrências significa que cada ocorrência da entidade “CIDADE” e cada ocorrência de “PRODUTO”) está associado a no máximo um distribuidor. Significa que é concedida exclusividade de distribuição de um produto para um distribuidor em uma cidade.

Na imagem acima os dois “n” expressam que:

A um par (cidade, distribuidor) pode estar associado a muitos produtos ou, em outros termos, um distribuidor pode distribuir em uma cidade muitos produtos.

A um par (produto, distribuidor) pode estar associado a muitas cidades ou, em outros termos, um distribuidor pode distribuir um produto em muitas cidades.

Atributo

O conceito de atributo serve para associar informações a ocorrências de entidades ou de relacionamentos, ou seja, o atributo são características de cada ocorrência ou relacionamento que deseja-se guardar no banco de dados. Por exemplo, a entidade PESSOA pode ter vários atributos, como: nome, altura, peso, sexo, escolaridade. Essas são características semelhantes entre ocorrências, porém com valores diferentes. 

Existem dois tipos de atributos: identificadores e descritores. Um identificador (chave) é usado unicamente para determinar a identificação de uma ocorrência de uma entidade. Esse identificador é conhecido como chave primária. Os atributos descritores (não chaves) são utilizados para descrever características não únicas de uma ocorrência particular da entidade. 

Graficamente os atributos são representados conforme mostra a figura abaixo.

Generalização/especialização

A generalização/especialização consiste em uma entidade genérica e subconjuntos mais específicos, lembrando que a ocorrência da entidade genérica possui além de seus atributos os atributos da especialização. No DER a especialização é representada por um triângulo isósceles conectado às entidades especializadas e a genérica, como na figura abaixo.

A generalização/especialização pode ser classificada em dois tipos, total ou parcial, de acordo com a obrigatoriedade ou não de cada ocorrência da entidade especializada. 

Em uma generalização/especialização total significa que obrigatoriamente uma ocorrência da entidade genérica existe sempre uma ocorrência na entidade especializada, esse tipo de generalização/especificação é simbolizado por um “t”.

Em uma generalização/especialização parcial, nem toda ocorrência da entidade genérica possui ocorrência em uma entidade especializada, esse tipo de generalização/especificação é simbolizado por um “p”.

Além da classificação total ou parcial, uma generalização/especialização pode ser classificada como compartilhada e exclusiva.

Generalização/especialização exclusiva significa que uma ocorrência da entidade genérica está exclusivamente em um subconjunto, no DER, a generalização/especialização exclusiva é simbolizado pela letra “x”.

Generalização/especialização compartilhada significa que uma ocorrência da entidade genérica pode estar associada a mais de uma entidade especializada, no DER, a generalização/especialização compartilhada é simbolizado pela letra “c”.

Entidade-associativa

Um relacionamento é uma associação entre duas entidades. Na modelagem ER não é permitido associar entidade com relacionamento ou ligar dois relacionamentos.

Para exemplificar, vamos considerar a imagem abaixo. Há a necessidade de modificar esse modelo da seguinte forma. É necessário saber que medicamentos existem e que medicamentos foram prescritos em cada consulta. Para saber que medicamentos existem, cria-se uma nova entidade, MEDICAMENTO. A questão agora é: com que entidade existente deve estar relacionada a nova entidade? se Medicamento fosse relacionado a Médico, ter-se-ia apenas a informação de que médico prescreveu que medicamentos, faltando a informação do paciente que os teve prescritos. Por outro lado, se MEDICAMENTO fosse relacionado à PACIENTE, faltaria a informação do médico que prescreveu o medicamento. Assim, deseja-se relacionar o medicamento à consulta, ou seja, eseja-se relacionar uma entidade (MEDICAMENTO) a um relacionamento (CONSULTA), o que não está prevista na abordagem ER. Para tal, foi criado um conceito especial, o de entidade associativa. Uma entidade associativa nada mais é que a redefinição de um relacionamento, que passa a ser tratado como se fosse uma entidade. Graficamente, isso é feito com um retângulo desenhado ao redor do relacionamento. A consulta indica que este relacionamento passa a ser visto como uma entidade (associativa, já que é baseado em um relacionamento).  Sendo CONSULTA também uma entidade, é possível associá-la através de relacionamentos a outras entidades.

Agregação: Uma agregação é utilizada quando é necessário realizar associação de elementos de um relacionamento com elementos de outro relacionamento. Um exemplo é um relacionamento “Compra” que associa as entidades “Cliente” e “Produto”. Outra entidade “Prestação” é utilizada na aplicação, porém esta entidade não possui relação a um cliente ou a um produto, e sim a quando existe uma compra. Neste caso o relacionamento “Compra” é um exemplo de agregação.

REFERÊNCIAS
HEUSER, Carlos Alberto. Projeto de Banco de Dados. 6. Porto Alegre Bookman, 2011. 
MACHADO, Felipe Nery Rodrigues. Banco de dados: projeto e implementação / Felipe Nery Rodrigues Machado. – 4. ed. – São Paulo: Érica, 2020.<
Projeto Lógico de Banco de Dados NoSQL de Grafos a partir de um modelo conceitual baseado no modelo Entidade-Relacionamento, 2018. Disponível em <http://www.cc.faccamp.br/Dissertacoes/VictorMartinsSousa.pdf> Acessado em: 25 de fevereiro de 2021.
Extensão de uma álgebra ER para execução de consultas em bancos de dados NoSQL orientados a documentos, 2018. Disponível em <https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/9716/NOGUERA_Viviana_2018.pdf?sequence=4&isAllowed=y> Acessado em: 25 de fevereiro de 2021

Siepe: pandemia, virtualidade e novas experiências

Este ano, por conta da pandemia, o 12º Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão (SIEPE) foi realizado, nos dias 24, 25 e 26 de novembro, de forma completamente virtual. As mesas foram transmitidas via youtube, e os inscritos puderam apresentar suas pesquisas por meio de vídeos produzidos por eles. Segundo dados da comissão organizadora do evento deste ano, foram 2.574 inscritos, 1.145 trabalhos aprovados em três categorias, mais de 38 mil visualizações nas listas de vídeos e quase cinco mil visualizações nas palestras até o terceiro dia de evento.

Uma das palestras apresentadas teve como tem a “Covid-19 e a Medicina do Amanhã”, ministrada pelo professor da Universidade de São Paulo (USP), Helder Nakaya. Segundo Nakaya, a medicina está mudando rapidamente. Antes, ela era focada na doença e na busca por uma solução que funcione para todos. “A medicina do futuro foca na prevenção e usa a tecnologia para desenvolver fármacos, diagnósticos e tratamentos de forma individualizada”, explica o palestrante. 

Relato de experiência – Nitielle Dias, discente do Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia, da Unipampa, campus Itaqui, já participou do SIEPE, de forma presencial, e, este ano, participou de maneira remota. Sobre essa questão, ela relata: “Novas adaptações foram necessárias no cenário acadêmico, tanto da parte dos discentes, quanto da instituição de ensino superior, Unipampa. O SIEPE, este ano, nos desafiou a usufruir, ainda mais, das novas tecnologias, que atualmente servem como mecanismos de transmissão de conhecimentos”. 

A pesquisa de Nitielle Dias analisa a questão da violência doméstica no município de Itaqui-RS. Ela realizou um levantamento do número de registros dos casos de violência contra a mulher nos anos de 2019 e 2020, na Delegacia da Policia Civil da cidade. “Foi meu primeiro contato com a elaboração de um vídeo, precisei estudar um pouco as ferramentas de produção para aprender a editar e, também, controlar o tempo de fala para não extrapolar o tempo limite”, relata.

Sobre as diferenças entre as apresentações virtuais e presenciais, a estudante afirma que “as edições anteriores, de forma presencial, também foram um desafio. E também proporcionaram convivência e experiência com os demais alunos de diferentes cursos, cidades e estados. Uma experiência de troca de conhecimentos, diálogos e pluralidade cultural”. Ela ainda completa: “a elaboração da apresentação para o SIEPE, via vídeo, para mim, foi um dos desafios que o ensino a distância trouxe. Esta experiência proporcionou para mim mais um aprendizado na minha trajetória acadêmica”, conclui. 

Tamires Peixoto é Jornalista, Mestra em Letras, Pós-graduanda na Especialização em Desenvolvimento Regional e Territorial, na Unipampa, e integrante do Projeto CiênciAção.

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Carta em resposta à Carta de Paulo Freire aos Professores (1993 [2001])

Jaguarão, 15 de outubro de 2020.

Talvez, como muitas outras pessoas, eu não conheço a obra de Paulo Freire e por isso não me atrevo a falar sobre ela. Qualquer opinião nesse sentido seria um preconceito. E como não gosto de ser preconceituoso, procuro – muitas vezes sem sucesso – não falar sobre aquilo que não sei. E por isso não falava de Paulo Freire. No entanto, um dia uma conversa me deixou curioso porque soube, por uma amiga, que, no fim da sua obra, ele apostou na carta como um poderoso instrumento de práticas de leitura e escrita para todos nós. Vou então, a partir de agora, contar brevemente uma experiência de leituras causada pela leitura da Carta do Paulo. Após ler a carta dele, não tive como não escrever esta, que agora você lê. Em sua leitura, clique nas imagens e nos links para acessar os textos, os vídeos (mais essencialmente) e outras informações. Espero que goste desta carta!

Confesso que eu nunca tinha parado para ler e terminar de ler um texto de Paulo Freire. Eu, obviamente, havia escutado falar muito dele, de sua Pedagogia do Oprimido e da Pedagogia da Esperança; mas nunca consegui lê-lo. Lembro-me que até tentei uma vez ler…, acho que a Pedagogia do Oprimido durante minha graduação em Linguística na UNICAMP. Mas parei. Creio eu que parei porque seu texto é bem diferente dos textos que estava acostumado a ler, impregnados pela metodologia do texto científico e universitário. Por isso, não suportei – se sou fiel ao que senti – à leitura à época.

A leitura da Carta me veio de uma forma desviada – o que me faz lembrar da frase que diz que “toda carta chega a seu destino”. No dia em que assinei o contrato de união estável, a e os testemunhas jantamos no Sinuelo, um restaurante bem bom de Jaguarão/RS. Sentei-me ao lado da Ana Cristina da Silva Rodrigues e ela me contou do projeto e grupo de estudos que está levando a cabo sobre “as cartas pedagógicas” e que trabalhar com essas cartas têm feito com que suas orientandas se sintam mais soltas para escrever. Comentei com ela que achava isso muito interessante porque – lembrei-me – em minha adolescência eu escrevi muitas cartas. Eu me correspondia via “carta social” com pessoas do Brasil inteiro. Era uma alegria ver o carteiro chegar com aquele pacote grande cheio de cartas. E que, pensando hoje nisso, isso foi super importante para mim e para minha formação. Lamentei que as cartas que envio hoje não são mais respondidas, que as pessoas não sentam e param para escrever cartas!! Também comentei – se me recordo bem – o quanto Freud, o pai da Psicanálise, escrevia e trocava correspondências com várias pessoas e intelectuais; algumas delas muito famosas, como a famosa troca de cartas entre Albert Einstein e Freud, publicadas sob o título: Por que a Guerra? Einstein escreve pro Freud perguntando por que acontece a guerra? E Freud responde… texto disponível aqui (entre as páginas 21 e 47.) Eu disse para Ana que, a meu ver, a Psicanálise foi edificada nas cartas. Ela então me convidou para conhecer o grupo das cartas pedagógicas e participar de uma reunião. Combinamos isso e ela ficou de me mandar uma carta de Paulo Freire e umas cartas de suas alunas. Nada de preparação, mas sim uma conversa livre. Dias depois recebi pelo whats algumas cartas de três alunas e a Carta de Paulo Freire aos professores, publicada em 1993 e republicada em 2001, chamada Ensinar, aprender: leitura do mundo, leitura da palavra. Você pode ler a carta clicando aqui. Ela também é encontrada no livro do Paulo Freire: Professora, sim; tia, não – Cartas a quem ousa ensinar.

Antes de participar da reunião e após ter lido a carta, assisti novamente a dois filmes de uma série do Netflix que eu gosto muito porque me emociono muito. Violet Evergarden Especial e, depois Violet Evergarden Gaiden, sendo que este eu não sabia que já estava disponível. Se você gosta de anime ou não se irrita de ver um desenho, vale a pena assistir este pequeno trecho do Especial, momento em que uma carta de Violeta – uma jovem que fora treinada para ser uma arma de guerra, perdeu seu amor e suas mãos na guerra e se tornou uma Boneca de Automemória, uma escritora-fantasma, profissional que escreve carta para seus clientes. A carta é lida e cantada num musical. Vale a pena ver o trecho:

Violet Evergarden é uma série japonesa adaptada para anime, originada de uma série de light novel (novela ou romance rápido) japonesa, escrita por Kanan Akatsuki e ilustrada por Akiko Takase. O filme Gaiden dessa série, o último que saiu no Netflix, caiu como uma luva depois de ler a carta do Paulo Freire como uma carta pra mim, um professor.

O filme começa com uma criança num navio com uma carta na mão…

Na primeira parte da história, a pedido da Família Real, Violeta vai trabalhar como  professora de cultura, conversação, etiqueta e dança da jovem Isabella York. Isabella é uma jovem que se sente aprisionada e solitária numa instituição destinada exclusivamente e integralmente à criação das meninas das boas famílias, suas criadas e professores. Uma escola de meninas separadas do mundo por muros altos. Todas as meninas vêm de famílias respeitáveis ou se casarão com alguém respeitável. Após alguns dias de convivência, Isabella pergunta para Violeta que tipos de cartas já escreveu. Violeta responde dizendo que “cartas permitem você expressar o que normalmente não pode dizer” – pela beleza, vale a pena ver o trecho:

Comprido o propósito, Violeta se despede de Isabella. Na despedida, Isabella disse que sente muitas saudades de Taylor, sua irmãzinha com quem convivera quando era uma mendiga e se chamava Amy. Violeta se oferece para escrever uma carta da Isabella para Taylor e repete seu maior ensinamento: uma carta lhe permite expressar seus sentimentos. Veja o trecho:

A segunda parte da história começa com Taylor chegando na empresa que a Violeta trabalha. Toda contente, afirma que quer ser uma entregadora de cartas, um carteiro. Depois de um dia de trabalho, em que Violeta sai pela cidade para entrega cartas com ela, ao mesmo tempo em que a ensina ler e escrever, Violeta pergunta para Taylor porque ela quer ser um carteiro? A graciosa garotinha conta que quando era pequenininha, seu “professor” – o carteiro da empresa – chegou e entregou uma carta de sua irmã para ela. Que isso fez com que ela se lembrasse dos momentos felizes que viveu com ela. Ele deu isto para ela: entregou para ela a felicidade. “Também quero entregar felicidade!”, disse então Taylor. Violeta pede para ajudar Taylor a escrever uma carta para sua irmã, expressando o que sente. Elas passam a noite escrevendo e precisam que a carta chegue a seu destino, o que é um grande desafio. Então, pedem isso ao carteiro, o professor de Taylor, que responde que “toda carta deve chegar a seu destino”. Eis as duas partes em que isso acontece:

Escrever cartas permite expressar aquilo que não podemos dizer, permitem expressar os sentimentos. E entregar cartas é entregar felicidade. Sempre há um difícil ato de doação nisso, uma doação que implica em transformação sem esperar recebe algo imediato em troca. Porém, algo que se dá na troca, e assim toda carta chega a se destino…

Ler a Carta de Paulo Freire me despertou um sentimento de descoberta e de satisfação com o modo mesmo que ele escreve, tudo junto. Pois ele “teoriza” sem precisar de muita referenciação sobre o ato de ensinar e aprender como um ato duplo: ensinar é aprender. Mais ainda, que “ensinar ensina o ensinante a ensinar”, considerando que o professor é sempre um aprendiz: ele tem que sempre estudar! É então que passa a discorrer sobre o estudo, sobre a posição crítica no ato de estudar enquanto ato de ler e de escrever; e que na prática de tais atos necessitamos usar os instrumentos pedagógicos e linguísticos disponíveis: os dicionários, as enciclopédias, outros textos, etc. “Estudar é desocultar, é ganhar a compreensão mais exata do objeto, é perceber sua relação com outros objetos. Implica que o estudioso, sujeito do estudo, se arrisque, se aventure, sem o que não cria nem recria.” (p.264.)

Ele escreve isso após discorrer sobre a experiência em Porto Mont. Experiência em que determinados conceitos-chave só seriam discutidos na prática em que as pessoas ali presentes se engajavam. Isso fez com que a “leitura” que as pessoas daquele lugar faziam de seu próprio lugar mudasse a partir de um “distanciamento crítico”. Além da “leitura do mundo”, passaram ao nível de uma “leitura do mundo” pela “leitura da palavra”. O exercício com a palavra pela palavra transformou a visão que tinham do próprio lugar. É a questão, a posição crítica do ato de estudar como prática inerente à profissão do professor que provoca a reflexão, a leitura e a escrita como “processos que não se podem separar.” Essa separação é um equívoco, e, neste ponto lembro da Taylor com Violeta: aprendeu a ler na rua porque queria entregar cartas e aprendeu a escrever para escrever cartas.

Paulo Freire entende que se desde a pré-escola essa prática dupla “ler e escrever” acontecesse, não haveria pós-graduandos dizendo hoje que não sabem escrever (p.266). E então avança numa proposta de considerarmos o corpo como um “vir sendo”, e não como um “vir a ser” e sempre sendo infante: ‘que não fala’, ‘incapaz de falar’, ‘criança’. Ou seja, não tratar as crianças e os outros em geral como infantes, falados, tomar-lhes a palavra; e não os tratar como falantes, recusando em dar-lhes a palavra. O falante, leitor e “escritor”, é então entendido enquanto corpo que se apropria criticamente de “sua forma de vir sendo” que faz parte de sua natureza, constituindo-se histórica e socialmente. O uso do gerúndio por Paulo marca o processo, não seu fim. Portanto, é uma escrita que faz questão de mostrar que somos seres de linguagem, que nossa percepção, nosso corpo se transforma à medida que falamos, lemos e escrevemos; e, em suma, estudamos.

Me surpreendeu em tudo isso a relação oralidade e escrita, quando diz que, embora a oralidade preceda a escrita, ela “a traz em si desde o primeiro momento em que os seres humanos se tornaram socialmente capazes de ir exprimindo-se através de símbolos que diziam algo de seus sonhos, de seus medos, de sua experiência social, de suas esperanças, de suas práticas.” (p.266.) Ou seja, um ponto de vista que entende a escrita como simbolização gráfica da experiência e como construtora mesma desta experiência.

Termino por dizer que eu gosto disso tudo, mas que também me é difícil pensar nisso tudo. Nós, como professores, temos medo de parecermos burros, de errar, de não saber e de reconhecer isso e nos doar. Justifique-se o que se queira justificar! Mas é somente no ato de se doar que nossa profissão faz sentido, dá esperança e nos move a sempre mais buscar. Se escrever uma carta é também se doar, posso talvez dizer que professar é também amar.

Walker Douglas Pincerati

Sou professor na Licenciatura em Letras a Distância na UNIPAMPA, imortal correspondente da ALBSC e membro do grupo de pesquisa Leciber: Letras e Educação na Cibercultura (UNIPAMPA Jaguarão) e do centro de pesquisas outrArte: psicanálise entre ciência e arte (IEL/UNICAMP). Contato: clique aqui. Página web: http://cursos.unipampa.edu.br/cursos/llpead/walker-d-pincerati/.

Agradecimentos especiais ao Clito Lagoeiro, meu grande amigo que me ajudou na edição e disponibilização dos vídeos. Os créditos das cenas recordadas devem ser atribuídos inteiramente aos produtores do filme Violet Evergarden Gaiden, dirigido por Haruka Fujita (2019, 1h30, HD, 5.1).

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A voz como instrumento de efetivação dos direitos das mulheres

por Mariane Contursi Piffero

O reconhecimento do direito das mulheres ocorreu em etapas, são as chamadas “ondas”. A primeira onda foi na época da Revolução francesa, a segunda durante os movimentos sociais do século XIX, e a terceira, e atual, onda, o feminismo contemporâneo, que surgiu na década de 60. Cada direito alcançado foi importante na conquista dos que vieram depois.

Em 27 de agosto 1962, foi promulgada a Lei n°. 4.121, conhecida como o Estatuto da Mulher Casada. Foi apenas após essa norma que as mulheres passaram a ser consideradas “plenamente capazes” para os atos da vida civil. Até então elas eram consideradas incapazes e subordinadas aos pais ou ao marido, precisando, inclusive, de autorização para trabalhar. Outro marco da terceira onda foi a Lei do Divórcio aprovada em 1977. Após esses avanços, a Constituição Federal declarou, em outubro de 1988, que homens e mulheres são iguais perante a lei.

Contudo, infelizmente a igualdade de gênero, assim como vários outros direitos previstos no ordenamento jurídico brasileiro, existem apenas no papel. A igualdade inaugurada na Constituição é apenas formal. Ou seja, a igualdade de gênero ainda está apenas no papel. Esse fato faz com que a nossa luta pela igualdade de fato, ou material, seja diária.

A evolução dos direitos das mulheres é um assunto importante, que renderia várias linhas, mas esse não é o tema desse texto. Porém, situar o leitor no tempo para que se perceba que não tem nem 60 anos que as mulheres são consideradas capazes é importante para o tema que será abordado aqui. O assunto hoje é o silenciamento das mulheres como forma de coibir o avanço da efetivação de direitos. As mulheres são emudecidas diariamente e, por vezes, sequer percebem. É normal não identificar, temos que estar atentas para perceber o quanto a sociedade patriarcal ainda quer nos calar.

Essas linhas iniciais são para mostrar que o silenciamento das mulheres é cultural e está em qualquer espaço, dentro dos lares, nas mesas de bar, nas instituições etc. A opressão é uma das maneiras encontradas por aqueles, maioria homens, que pretendem se manter em uma posição de superioridade e acham que manter as mulheres quietas garante esse lugar.

Vivemos em uma sociedade patriarcal. É verdade, estamos mudando, a passos lentos, mas contínuos. Ainda existe uma ideologia que autoriza a desigualdade dos gêneros e que acha “natural” a superioridade do masculino, o que se sabe ser um mito.

A inclusão da mulher no mercado do trabalho foi um passo importante, que proporcionou a nós um lugar para o exercício da cidadania. Rodrigo da Cunha Pereira, no “Dicionário de Direito de Família e Sucessões” afirma que: “a desconstrução da suposta superioridade masculina foi desencadeada principalmente pelo movimento feminista, que está entrelaçado com elementos políticos, religiosos, éticos e estéticos da sociedade”. Ele alerta que as novas possibilidades de relações, tanto pessoais quanto sociais, não são simples, já que vivemos muito tempo com uma cultura onde a desigualdade de gênero era (e ainda é) legítima.

O fato é que mesmo após tanta batalha e modificações da legislação a mulher ainda precisa diariamente buscar que os seus direitos, já reconhecidos, sejam exercidos. Todos, homens e mulheres, precisam estar alertas, pois o silenciamento, é uma das formas de manter o feminino abaixo do masculino. Para exemplificar o comportamento masculino para manter a mulher em uma condição de inferioridade podemos começar falando sobre o silenciamento feminino através do mansplaining e do manterrupting.

O primeiro caso foi descrito por Rebecca Solnit em seu livro “Os homens explicam tudo para mim” onde ela relata que, durante uma conversa com um homem, ele interrompeu sua fala para perguntar se ela já tinha ouvido falar de um livro importante que havia sido lançado e passou a explicar sobre o assunto abordado na obra. Ocorre que a autora do tal livro era a própria Solnit. Ou seja, o homem estava explicando para uma mulher algo que foi escrito por ela.

O manterrupting também ganhou destaque depois da entrevista da deputada estadual Manuela d`Ávila no Roda Viva durante a campanha eleitoral de 2018. Ela sofreu 62 interrupções pelos entrevistadores, enquanto os outros participantes homens, foram cortados em uma escala muito menor (Boulos 12 vezes e Ciro 08). O fato demonstra que não há receio em interromper a fala de uma mulher.

Há relatos que essas e outras condutas são recorrentes fato que acaba desencorajando a fala feminina. As mulheres, por saberem mesmo que inconscientemente, que serão interrompidas, desistem de falar para não passar por essa situação constrangedora. Precisamos mudar essa conduta, não devemos nos intimidar.

O silenciamento das mulheres é uma prática antiga, mas que permanece viva ainda no século XXI.  Na obra, do século VIII a.c., Odisséia de Homero, em uma passagem do livro, Telêmaco, filho de Ulisses e Penélope, ao ouvir sua mãe pedir, durante uma reunião de homens em que ele estava tocando um instrumento musical, uma música se dirige a ela e diz: “Mãe, volte para os seus aposentos e retome seu próprio trabalho, o tear e a roca … Discursos são coisas de homem.” Percebam que mesmo escrito há mais de três mil anos a fala parece tão atual.

Notem que colocar a mulher em um espaço inferior ao ocupado pelo homem é uma questão cultural que persiste há muito tempo.  A atitude de buscar o rebaixamento de alguém pelo simples fato dessa pessoa não ser do gênero masculino é autorizado pelo sistema patriarcal.

Ocorre que em alguns casos o silenciamento ultrapassa a interrupção ou a explicação anteriormente mencionada. Muitas vezes esse silenciamento pode gerar violação de direitos fundamentais e trazer danos irreversíveis às mulheres silenciadas. É o que acontece nos casos de assédio moral e de violência doméstica, por exemplo. Duas agressões em que a grande maioria das vítimas são mulheres. E um dos motivos dessa estatística é a crença na superioridade masculina somada ao fato de as mulheres acreditarem que realmente são inferiores e, por isso, acabam se calando.

O silêncio pode gerar danos psíquicos (depressão e ansiedade), materiais (pedido de demissão) ou, em casos extremos, causar a morte (feminicídio e suicídio). Precisamos levar a conhecimento de todos, especialmente das vítimas, que a mulher tem o direito de falar e de denunciar. As vítimas não precisam de autorização para falar tão pouco para denunciar crimes. Para a sociedade onde o machismo ainda é dominante, a mudança tem que partir de nós, mulheres

O meu convite é que comecemos uma grande corrente para não permitir o silenciamento das mulheres. No momento que todas nós impusermos nossa voz em todos os espaços nosso lugar em igualdade ao homem será efetivado! Não vamos deixar que nos calem, nem nas mesas dos lares ou dos bares, nem nas instituições e nem em lugar algum. Somos todos iguais e é a nossa voz que vai fazer com que esses direitos saiam do papel e sejam materialmente efetivados.

Mariane Contursi Piffero é advogada – OAB/RS 80.297B – e colunista do CiênciAção. Contato: marianecontursi@hotmail.com.

Referências Bibliográficas
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Dicionário de direito de família e sucessões: ilustrado. São Paulo: Saraiva, 2015.
SOLNIT, Rebecca. Os homens explicam tudo para mim. São Paulo: Cultrix, 2017.

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Revisão de Cristina dos Santos Lovato.

A crise das instituição e o avanço do populismo

Por Eduardo Vieira da Silva

    Instituições como a ciência, a cultura e a imprensa fizeram ao longo da história a mediação responsável por afastar a civilização da barbárie. Elas nos legaram uma existência com mais qualidade de vida, sensibilidade e conhecimento. São uma barreira e um freio para aventuras e caprichos de populistas.

      A quem interessa o atual questionamento sistemático dessas instituições, quando não o ataque permanente? Claro que a um líder com inclinações totalitárias, que aproveita esse vazio de sentidos para impor a sua verdade e a sua agenda. Não, não estou defendendo que não se possa criticar essas criações humanas. São todas imperfeitas, como a vida também é. Devemos aprimorá-las de modo contínuo.

     Porém, a tentativa de deslegitimá-las como se todas as questões pudessem ser resolvidas apenas pelas preferências, gostos e maiorias de ocasião pavimenta o caminho para o avanço da ignorância, do negacionismo e do autoritarismo.

   O mau uso das redes sociais também colabora com a crise de mediação, através da propagação de campanhas antivacina, discursos de ódio e disseminação de informações falsas. No eterno plebiscito digital, ganha quem engaja mais. A análise embasada de um especialista é colocada em um mesmo nível de hierarquia de uma opinião qualquer sem propriedade.

   Com suas falhas e limitações, a ciência, a cultura e a imprensa servem como filtros e contribuem para fazer do mundo aquilo que o escritor uruguaio Eduardo Galeano dizia que ele deveria ser, mas nunca foi: uma casa de todos.

Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui
Jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui

Eduardo Vieira da Silva é bacharel em Comunicação Social – Habilitação Jornalismo pela UNIPAMPA São Borja, pós-graduando em Desenvolvimento Regional e Territorial pela UNIPAMPA Itaqui. É jornalista na Rádio Liberdade FM de Itaqui. Contato: eduardoitaqui@hotmail.com

 

 

 

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O tempo não para

Fernanda Bonorino é fotografa profissional há oito anos.
Site: www.nanabonorino.com.br Instagram: @nanabonorinofotografia E-mail: contato@nanabonorino.com.br

Eles esperam o jornal toda manhã cedinho, tomam o chimarrão enquanto leem as notícias. Seu José faz o café da manhã para Dona Olga, logo depois de dar a injeção diária que ela precisa. Com mais de 80 anos, os dois cuidam das galinhas e das flores que eles adoram. Nas paredes, toda a história de vidas que eles juntos formaram.

A ideia dessa sessão de fotos foi de uma das filhas do casal e teve a intenção de guardar a vida simples e de cumplicidade que os dois têm há mais de 60 anos. As fotos foram feitas em janeiro de 2020 e no formato de Fotografia documental de família, que é quando documentamos algo buscando mostrar de uma maneira honesta o que estamos fotografando, ou seja, sem interferência, ou melhor, sem muita interferência, tendo em vista que a nossa presença pode contar como algo a intervir mas, isso pode ser assunto pra outro momento.

A sessão foi feita em uma parte da manhã, entre conversas e muitas histórias, eu ia fotografando a rotina deles. Na fotografia de família, sempre busco a conexão de cada família, e como sempre digo: o respeito total por cada história que será contada. Sempre pontuo também que, para tentar buscar a essência de cada família, é necessário, às vezes, deixar a câmera de lado, prestar atenção nas histórias e viver um pouco de tudo aquilo que está sendo fotografado. E já que falamos em câmera, quando se faz referência aos equipamentos usados na fotografia – e há muitos debates sobre isso – não nos limitamos a pensar que somente equipamentos de última geração são capazes de fazer boas fotos. A fotografia que pode ser considerada “boa”, em minha opinião, não está totalmente ligada à técnica, a boa foto está conectada aos sentimentos que ela traz, especialmente, para os personagens das histórias retratadas. É claro que, nós fotógrafos, precisamos nos apropriar das técnicas, buscando a melhor luz, o melhor ângulo e a melhor composição, mas devemos antes de tudo olhar para aquela história de coração aberto. Fotografar com o sentimento.

Essa sessão de fotos, após uma curadoria, resultou em uma coleção de 20 fotografias com a narrativa que conta o cotidiano de um casal que construiu uma família e inúmeras histórias que hoje estão contadas nas paredes da casa e nos álbuns que eles guardam. É incrível para mim poder fazer parte dessa e de tantas outras histórias que eu já contei com o meu trabalho. 

Em fevereiro, tive a honra de ter essa coleção premiada pela Inspiration Photographers, uma associação de fotografia conceituada no mundo inteiro.

Foi um prazer poder ouvir e contar um pouco dessa história de companheirismo e amor para todo o mundo.

A coleção completa está no link abaixo.
https://inspirationphotographers.com/awards/best-family-awards-6/

Revisado por Cristina dos Santos Lovato

O uso da mediação como forma eficaz no tratamento dos conflitos familiares

A jurisdição é função típica do Poder Judiciário. Pode ser conceituada “como a atuação estatal que visa à aplicação do direito objetivo no caso concreto, resolvendo com definitividade uma solução de crise política e gerando com tal a solução a pacificação social”, como se lê em Neves (2018, p.59).

Entretanto, o Estado não detém, por meio da jurisdição, o monopólio da resolução dos conflitos; por isso são admitidas pelo Direito outras maneiras pelas quais as partes podem buscar a solução de um conflito em que estão envolvidas. Essas alternativas são chamadas de “métodos adequados de tratamento do conflito”. Quatro espécies desses métodos foram reconhecidas pelo ordenamento jurídico brasileiro: a autotutela, a autocomposição (tradicionalmente chamada de conciliação), a arbitragem e a mediação. Entretanto, o legislador deixou margens para “outros métodos de solução consensual” dos conflitos, conforme se comprova através da análise do parágrafo 3º do Código de Processo Civil.

A aplicação da mediação em procedimentos que envolvem demandas familiares pelo Poder Judiciário foi ganhando espaço através da publicação da Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça. A constatação que a jurisdição estatal não é a única forma de solução dos conflitos foi devidamente consagrada no Novo Código de Processo Civil (NCPC), Lei nº 13.105/2015. A nova legislação reconheceu a adoção do sistema multiportas de tratamento de conflitos, devendo-se prestigiar sempre o meio mais adequado para cada conflito a ser resolvido.

Já no início do Novo Código, no capítulo reservado ao estudo das normas fundamentais do processo civil, o legislador deixa expresso no artigo 3º, o acolhimento das formas alternativas de tratamento de conflitos. Inclusive, em seu parágrafo 2º, o legislador deixa expressa sua preferência por tal modelo.

Além de trazer disposições no começo da lei, a palavra ‘mediação’ é encontrada 39 vezes ao longo do Novo Código, sendo que há artigo específico definindo o instituto.

O parágrafo 3º do artigo 165 do NCPC ensina que o mediador atua preferencialmente nos casos em que tiver havido liame (ligação, vínculo) anterior entre as partes. Trata-se de hipóteses em que as partes já tinham um vínculo continuado antes do surgimento da lide (peleja), o que caracteriza uma relação continuada entre elas. Questões envolvendo o direito das famílias são exemplos do campo onde a mediação pode e deve ser empregada.

A mediação é um método adequado de tratamento de conflito, através da qual um terceiro devidamente capacitado e imparcial conduz e proporciona o restabelecimento da comunicação entre as partes para que elas mesmas possam chegar à resolução do conflito instaurado. Portanto, o mediador conduz as partes a descobrirem a causa da crise de forma a possibilitar que ela cesse e, assim, que o conflito seja resolvido. As partes chegam por si sós à solução consensual.

O legislador acreditou tanto na mediação como forma de tratamento eficaz no tratamento de conflitos que autorizou seu uso não apenas no começo do processo, mas também em processos em andamento. Percebe-se que a intenção do legislador é merecedora de aplausos e que os artigos que tratam da mediação são brilhantes. Porém, como é de costume no Brasil, ainda faltam políticas públicas pré-processuais que possibilitariam com que concretamente os conflitos fossem resolvidos sem a necessidade de intervenção do Poder Judiciário; deixando que só chegassem neste os casos em que sua atuação é realmente necessária. Acredita-se que com o estabelecimento de tais políticas menos processos bateriam à porta do Judiciário, o qual teria tempo para se debruçar nas demandas em que sua atuação é imprescindível.

Importante salientar que a aplicação da mediação no procedimento de demandas familiares pelo Poder Judiciário não afasta o trabalho exercido, de modo extrajudicial, por mediadores particulares. A pulverização de centros de mediação de conflitos nos Municípios seria

estratégia válida para ampliar o diálogo entre os envolvidos nas crises familiares. Muitas vezes, a presença de alguém especializado para guiar a conversa e influenciar as partes para que elas vejam o problema por outro ângulo pode fazer com que as desavenças sejam resolvidas com o diálogo, com orientação qualificada, dispensando a necessidade da demanda ser levada à apreciação do Estado.

O sentimento de capacidade que certamente será experimentado pelas partes é um aspecto que torna a mediação bastante atraente, como forma alternativa de tratamento de conflitos. A perspectiva de uma solução de conflito, sem o cunho de uma decisão impositiva e que respeita o interesse dos envolvidos, é uma característica que pode fazer da mediação um grande e efetivo instrumento de pacificação social e desafogamento do Poder Judiciário.

Os números de ações judiciais que chegam diariamente ao Poder Judiciário são alarmantes. O Estado, através da sua função jurisdicional, não está mais conseguindo suprir os anseios sociais na resolução dos conflitos sociais. O ordenamento jurídico já possui instrumentos alternativos de tratamento de conflitos, inclusive, o legislador do Novo Código de Processo Civil, sensível a essa realidade, trouxe a previsão da possibilidade da adoção de equivalentes jurisdicionais.

Conrado Paulino da Rosa e Fernanda Tartuce, estudiosos do assunto, avaliam que o uso da mediação para solução dos conflitos familiares trará maior efetividade no tratamento do conflito, em razão da vontade das partes ter sido a protagonista na decisão final.

O ordenamento jurídico está estruturado para que o uso da mediação como forma de composição de litígio seja ampliada tanto no âmbito judicial, quanto na esfera extrajudicial, ou seja, antes da necessidade de provocar o Judiciário. O que resta agora é a conscientização dos profissionais que atuam nos conflitos, que devem, quando possível, deixar de lado a sua face litigante e mostrar ao seu cliente que o tratamento do conflito através da mediação é a forma mais eficaz para que o problema não se repita.

Mariane Contursi Piffero
OAB/RS 80.297B

Um pouco sobre minha trajetória profissional….

Silvana Peterini Boeira, professora adjunta do curso de Nutrição, Unipampa – Campus Itaqui
Email:
silvanaboeira@unipampa.edu.br

Buenas….fiquei pensando em como iniciar esse texto e como boa educação manda me apresento aqui: Sou a professora Silvana do campus Itaqui, prazer! Falar da minha trajetória profissional me remonta uma série de memórias e muita nostalgia…me formei em Farmácia na Universidade Federal de Santa Maria no ano de 2008 (estou ficando velha…kkk) e uma semana após a formatura já estava trabalhando. Comecei como farmacêutica da Rede Panvel de Farmácias e como Bioquímica de um Laboratório de Análises Clínicas da cidade de Itaqui. Foram 4 anos de muito aprendizado e de aceitar as dificuldades da profissão…nem tudo são flores quando está iniciando e se inserindo no mercado de trabalho. Nesse meio tempo surge a primeira seleção para o mestrado em bioquímica do Programa de Pós Graduação em Bioquímica do campus Uruguaiana e eu sou aprovada. Sob a orientação da professora Ana Flávia Furian (hoje na UFSM) desenvolvi pesquisa analisando os efeitos deletérios da micotoxina Zearalenona (ZEA) em roedores e em um ano já era mestre e aprovada no doutorado na UFSM. Foi tudo muito rápido e lembro até hoje dos experimentos que ocorreram no campus Itaqui na sala 205 e das ligações diárias para a reitoria da Unipampa a fim de saber se o papel moeda havia chegado para a diplomação do mestrado (afinal, eu fui a primeira mestre da Unipampa). O fato é que o doutorado passou voando com 3 anos de idas e vindas na ponte Itaqui-Santa Maria, afinal, eu trabalhava ainda como bioquímica e residia em Itaqui. Mantive a mesma linha de pesquisa do mestrado apenas introduzindo o licopeno como alternativa terapêutica aos efeitos nocivos da ZEA já conhecidos e me formei doutora em Farmacologia pelo  Programa de Pós Graduação em Farmacologia da Universidade Federal de Santa Maria. Vale ressaltar que ainda no doutorado eu prestei concurso para professor substituto de bioquímica na Unipampa Campus Itaqui e fui aprovada. Considero esse período da minha vida profissional como um dos mais desafiadores e o que mais trabalhei, visto que mantinha o doutorado, as aulas como professora substituta (que não foi fácil) e o trabalho externo em laboratório. E após o doc?? Meio ano após o doutorado eis que surge uma vaga no campus Itaqui para ministrar disciplinas da área básica para o curso de nutrição. O pós-doc ainda não era um objetivo até porque queria me estabilizar profissionalmente e garantir uma vaga como professora universitária. Fui aprovada em primeiro lugar e assim, me tornei oficialmente uma professora universitária efetiva!! Apesar de já ter experiência na docência, em função de ter sido substituta, foi um grande desafio ministrar aulas de anatomia, parasitologia, imunologia, fisiologia e farmacologia (ciências tão diferentes mas ao mesmo tempo tão próximas) para turmas com média de 35 alunos…que na anatomia chegou a 60 alunos! Além das aulas, como desenvolvi minha pesquisa de mestrado e doutorado no grupo de pesquisa LAFTAMBIO PAMPA (Laboratório de Análises Farmacológicas e Toxicológicas de Produtos Naturais e Sintéticos do Pampa) ingressei ao mesmo como professora pesquisadora desenvolvendo projetos envolvendo substâncias naturais e sintéticas em roedores, principalmente, em modelos de patologias diversas. Com esses projetos vários trabalhos de conclusão de curso foram defendidos, bem como, uma dissertação de mestrado e duas de doutorado em andamento. Na área da extensão desenvolvi 3 projetos em que destaco o projeto Sarau Contemporâneo que têm feito sucesso e integração entre os alunos. Por fim, na área do ensino sempre registrei monitorias dos componentes curriculares de imunologia e anatomia e atualmente registrei o projeto “Oficinas de Técnicas/Modelagens Experimentais” que visa fomentar a iniciação científica através de práticas de ensino em laboratório. Deixo aqui o link do meu currículo lattes (Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4052693245472353) eespero que tenham gostado da minha história! Nem sempre é fácil e rápido, mas a gente chega lá…escuta o que tô dizendo!! Bjss

Dedico esse texto ao meu querido Cristiano Ricardo Jesse que sempre me inspirou e continua me inspirando…