“Deve-se culpar a mídia?”, de Gilles Lipovetsky

“Deve-se culpar a mídia?”, de Gilles Lipovetsky

   No dia 26 de março de 2014 o grupo PET Letras/Jaguarão se reuniu para discutir o texto “Deve-se culpar a mídia?” que faz parte do livro “Metamorfose da cultura liberal” do filósofo francês Gilles Lipovetsky. Conforme o autor, os intelectuais possuem um discurso hipócrita sobre os meios de comunicação em massa, acusados de serem instrumentos de manipulação e alienação totalitária. Quando se pensa em mídia vem a ideia de um poder total, controle e manipulação de opinião. A mídia é responsabilizada por todos os males, mas ela não pode tudo e nem tem todos os poderes. Um dos objetivos da mídia é alcançar diferentes indivíduos e para isso é inevitável a padronização dos modos de vida, dos gostos e das práticas. De fato, a mídia é uma força na individualização e no comportamento social de nossa época, não se busca mais os cafés, os cinemas, etc., a mídia oferece tudo isso. Com o aumento das tecnologias, os lares estão cada vez mais equipados aumentando a individualização. Os meios de comunicação, em especial a televisão, não estão preocupados em educar e sim estão em busca de audiência, isto se comprova pela ausência de programas literários e o gosto do público acabou migrando para programas de esporte e programas de auditórios. Mas a mídia não pode ser a única responsável pela alienação individual, pois também leva os indivíduos a reagir, a protestar, a agir como protagonista no mundo. O poder emocional da mídia é profundo e superficial, mas não mecânico, pois não consegue controlar tudo e todos, estimula, mas não os controla.

Ana Paula Henck Alves

Referência:

LIPOVETSKY, G. Deve-se culpar a mídia? In: _______. Metamorfoses da cultura liberal: ética, mídia, empresa. Trad. Juremir Machado. Porto Alegre: Sulina, 2004. p. 67-88.

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