“A hora da estrela”, de Clarice Lispector
Não seria espanto nenhum se fôssemos, à nossa maneira, todos um pouco Macabéa. Macabéas de outros lugares, cercadas por outras Glórias, cariocas da gema ou estrangeiras; Olímpios orgulhosos e Madamas Carlotas que nos decretam sentença de vida para que morramos atropelados por uma Mercedes-Benz ou atingidos por uma bala perdida; mas que, inevitavelmente, nos doemos. Onde dói? Nas palavras de Macabéa, personagem central de A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector, “dentro, não sei explicar”. No ano em que a escritora completaria o seu centenário, retomamos uma de suas últimas obras, A hora da estrela, e nos colocamos frente ao mistério, como já expressava o poeta Carlos Drummond, e ao desafio que é ler Clarice. Nesta segunda edição, de 2020, do projeto Clube do Livro que, devido à pandemia do COVID-19, ocorreu de forma remota, via Skype, na tarde de quinta-feira, 10 de setembro, às 14h30min. Nesta ocasião, contamos com um mini sarau que precedeu as discussões em torno da obra escolhida. Para tanto, foi lançada a questão existencial presente nos versos: “Existirmos a que será que se destina?”, cantados por Maria Bethânia, em 1984, em seu show “A hora da estrela”, baseado na novela homônima de Clarice Lispector. Tal questão permitiu aos participantes adentrarem na narrativa e dialogar sobre o conceito de metaficção a partir da retomada de textos críticos, em especial, da professora Nádia Batella Gotlib que se dedica à obra de Clarice. Desse modo, alcançamos nosso objetivo que foi promover uma tarde de intensas discussões a partir da obra de Lispector.
Por Icaro Olanda.