“Desistir de tudo” e “No frio é pior”: contos de um período pandêmico

   No dia 3 de fevereiro ocorreu a primeira edição do Projeto Clube do Livro de 2023, do grupo PET Letras, da Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Jaguarão. O evento foi realizado através de uma live no YouTube e as leituras escolhidas para debate foram dois contos da obra Grande Sentimento (2021), de Victória Salomão, sendo elas: “Desistir de tudo” e “No frio é pior”. A atividade foi conduzida pelo PETiano Claudinei Moncks Fernandes que mediou a discussão de forma excelente, apresentando seu ponto de vista sobre os contos e dando espaço e confiança para os outros leitores fazerem o mesmo. O clube não só contou com a presença de professores, alunos e comunidade em geral, mas também com a presença da própria Victória Salomão. A autora falou sobre como se sentiu durante a pandemia e o incentivo que os sentimentos a deram para escrever a obra, além disso abrilhantou o evento com seu carisma.

 

Clube do Livro em uma escola uruguaia

No dia 08 de Novembro de 2022 o grupo PET Letras visitou a cidade de Rio Branco, no Uruguai, para realizar o Clube do Livro com a contação de história baseada em A parte que falta, de Shel Silvestein. O evento foi promovido pela Feira Alternativa de Literatura e Arte (FALA) e teve a parceria do PET Letras da Unipampa e da Escuela 18 de Rio Branco. O encontro aconteceu através de um acordo de cooperação entre a SIC, entidade promotora da FALA, da Unipampa e a escola acima citada. No encontro, o grupo PET presenciou a finalização de outra ação em parceria entre a Unipampa e a escola: a entrega de livros infantis arrecadados com uma campanha de doação feita pelo grupo em parceria com a professora Maria do Socorro. Assim, a professora Maria do Socorro Farias, e os discentes Amanda Arcoverde e Eriton Pereira, integraram a comitiva que viajou ao Rio Branco Uruguai.

No decorrer da atividade,  estruturada no projeto que tem como objetivo estimular a leitura entre os estudantes, a petiana Mariana Cavalari Fernandes conversou com os alunos da escola uruguaia sobre a importância do projeto. Finalizada a atividade,  cada participante ganhou seu certificado, e todos os presentes ficaram muito alegres. As professoras da Escuela 18 ficaram muito entusiasmadas, e elogiaram muito a cooperação entre a Unipampa e a escola acima citada.  O grupo PET Letras agradeceu muito a recepção calorosa por parte dos professores e alunos presentes no momento que decorria o evento e afirmou que iria intensificar nossos laços de amizade daí pra frente, fazendo os alunos se valorizarem a cada momento que estiverem aprendendo através da troca de experiências entre ambas partes. No final a tutora do Grupo PET – Letras, Geice peres Nunes, realçou a importância do evento e manifestou-se alegre por ter materializado a programação que estava no papel e se sentiu muito feliz pela forma que fomos recebidos por colegas professores da Escuela 18 do Rio Branco. Em voz dos presentes a bolsista, Mariana Cavallari Fernandes, agradeceu a direção da escola, professores e alunos pela atenção dada durante a atividade do clube de livro, e ainda disse que esse é o início de muitas coisas a serem realizadas em conjunto. 

 

Por Mateus Vieira Có

Clube do Livro nas escolas

No dia 27/10/22, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Marechal Castelo Branco recebeu o grupo PET Letras Jaguarão da UNIPAMPA de braços abertos para a atividade de extensão do projeto Clube do LivroEsse clube propôs a contação de história do livro A parte que falta, de Shel Silvertein para os sextos anos. Encontramos nas palavras e ilustrações simples desse livro, significações que tocam no que há de mais humano nas crianças e também nos adultos. Para a contação de história, o livro físico foi lido de forma lúdica, mostrando para os alunos as suas ilustrações, parte essencial da história. A atividade teve continuidade com uma roda de conversa em que os alunos puderam compartilhar suas leituras e interpretações em um momento marcado pela troca afetiva e pela validação dos sentimentos e histórias dos presentes. Uma atividade lúdica foi feita baseada na ilustração da obra e os alunos complementaram com pinturas, desenhos e frases uma das páginas do livro.

 

 

 

Por Mariana Cavallari Fernandes

Clube: contos lygianos

Contos Lygianos 

   Com diferentes vozes que nos constituem (Bakhtin)  -e aqui, nos referimos, sobretudo, como futuros professores de língua, materna ou não- retomamos as reflexões do pesquisador Larrosa no que toca à experiência no processo de formação docente. Para esse autor, […] É incapaz de experiência aquele quem nada lhe passa, a quem nada lhe sucede, a quem nada lhe toca, nada lhe chega, nada lhe afeta, a quem nada lhe ameaça, a quem nada lhe fere (LARROSA, 2004, p.161). Dessa forma, supomos que, como num conto de Lygia Fagundes Telles, podemos ser tanto o caçador quanto a caça perante o texto, em especial o literário. Porém, o importante no momento da leitura é a exposição, nossa maneira de ex-por-nos, com tudo o que isso tem de vulnerabilidade e de risco (Larrosa, 2004, p.164).

   Posto isso, acreditamos que a última edição do projeto Clube do Livro, de 2021, que ocorreu na última sexta-feira, 04 de março, intitulada “Contos Lygianos”, nos lançou ao diálogo -despidos de teorias rígidas, estruturalistas, etc, que nos perseguem- com as reflexões de Larrosa e outros autores como Giorgio Agamben. Estas reflexões nos permitiram, a partir da leitura dos contos “Venha ver o pôr do sol” e “Natal na Barca”, ambos da escritora brasileira Lygia Fagundes Telles, um momento de partilha genuína entre os participantes que comentaram suas impressões, dúvidas e possíveis interpretações que perpassam desde a construção da heroína feminina, representada por Raquel em “Venha ver o pôr do sol”, até a presença da morte de si versus a do outro, em “Natal na barca”. Vale ressaltar que, a atividade foi encerrada com mais de uma hora de duração e contou com um número expressivo de participantes.

         Por Icaro Cesar

Referência

LARROSA, J. Linguagem e educação depois de Babel. Tradução de Cynthia Farina. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

TELLES, Lygia Fagundes. Pomba enamorada ou Uma história de amor e outros contos escolhidos. L&PM Pocket. Porto Alegre, 2013.

“Sonho de uma noite de verão”, de Shakespeare 

Sonho de uma noite de verão, de Shakespeare 

   No dia 19 de novembro ocorreu a 2ª edição do ano de 2021 do projeto Clube do Livro. A atividade iniciou às 15 horas via plataforma Google Meet. A obra discutida foi Sonho de uma noite de Verão do autor inglês William Shakespeare, escrita em 1590. O autor traz em sua obra nos moldes teatrais o gênero comédia com elementos baseados na mitologia grega, as diversas formas de amar, rimas poéticas e a comicidade. A ação contou  com um número significativo de participantes no qual muitos trouxeram suas experiências com a escrita do autor, debateram e correlacionaram com o livro discutido.

   Na continuidade, houve uma atividade interativa em que o público presente expressaram e socializaram suas leituras relacionadas à obra. Por fim, o grupo agradeceu a presença de todos.

Por Lucas Martins

 

“Contrabandista”, de João Simões Lopes Neto

Contrabandista, de João Simões Lopes Neto 

“Esse gaúcho desabotinado levou a existência inteira a cruzar os campos da fronteira: à luz do sol, no desmaiado da lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas…”  João S. L. Neto (“Contrabandista”)

No dia 24 de setembro de 2021, às 15 horas, aconteceu o Clube do Livro “Contrabandista” do PET Letras Jaguarão. O conto de João Simões Lopes Neto foi discutido durante uma hora, através da plataforma Google Meet. A dinâmica foi estimulada por perguntas motivadoras através de slides e mediação dos petianos. Questões como regionalismo, fronteira, história do Brasil, representações do masculino e do feminino foram discutidas, bem como questões de teoria literária. Ambientação, espaço, narração e foco narrativo são alguns dos exemplos. A atividade possibilitou que novas visões sobre o conto emergissem, assim como a vontade de ler com novos olhos os Contos Gauchescos de Lopes Neto!

Por Mariana Cavallari

 

“O pequeno príncipe”, de Antaine de Saint-Exupéri

“O pequeno príncipe”, de Antaine de Saint-Exupéri

“Se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde às três eu começarei a ser feliz.” – Antoine de Saint-Exupéry em O pequeno príncipe.

   Pensa em um Clube do Livro que a gente começou a ser feliz assim que soubemos que ele ia acontecer! Para finalizar o ano caótico de 2020 escolhemos essa obra super sensível para brindar nossa tarde de quinta-feira no dia 10 de dezembro. Nossa proposta ao escolhermos esse clássico para debatermos no último Clube do Livro do ano foi justamente com o intuito de trazer um gostinho de alto astral e esperança para o ano que ia começar! O Pequeno Príncipe sempre nos faz pensarmos e repensarmos nossas atitudes e nossa maneira de olhar para o mundo!  E, para dialogarmos sobre uma obra tão especial, nós convidamos a querida Profa. Dra. Ana Boessio para abrilhantar o encontro com suas palavras! Esse Clube do Livro foi muito lindo e poético, discutimos sobre questões de linguagem, literatura, existência e essência! Agradecemos a todos os envolvidos.

Por Mariana Cavallari

 

“Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus

“Quarto de despejo”, de Carolina Maria de Jesus

No dia 26 de novembro ocorreu a 3ª edição do ano de 2020 do projeto Clube do Livro. A ação iniciou às 14h30 via plataforma Skype devido a pandemia do COVID-19. A obra abordada foi o Quarto de despejo da escritora Carolina Maria de Jesus, publicado em 1960. Esta edição teve uma boa receptividade, contou com um público de diversos lugares do Brasil, tendo a duração de duas horas e trinta minutos. Carolina Maria de Jesus era natural de Sacramento, Minas Gerais, se mudou ainda jovem para o estado de São Paulo, favela de Canindé, local onde a inspirou em sua escritura. Nas circunstâncias que vivia como mulher preta, solteira, favelada e com três filhos para criar, a escritora utilizou como ferramenta de denúncia e como forma de escape a escrita em seu diário. Na narrativa são abordadas questões de desigualdade social e racial, descaso das autoridades políticas, agressões verbais e físicas contra a mulher, o alcoolismo e o racismo no Brasil. A atividade iniciou com vídeo do grande cordelista, Silvio Nunes, fazendo uma breve homenagem à escritora. Na sequência, houve uma atividade interativa com os participantes presentes, uma dinâmica de perguntas sobre temas previamente escolhidos para orientar a discussão e debater diferentes aspectos relacionados a obra em que cada integrante respondia trazendo a sua bagagem da leitura junto com suas vivências. Por fim, o grupo agradeceu a presença de todos e solicitou para aqueles que pudessem abrir suas câmeras a fim de um pequeno registro da atividade.


Por Lucas Martins

 

“A hora da estrela”, de Clarice Lispector

“A hora da estrela”, de Clarice Lispector

   Não seria espanto nenhum se fôssemos, à nossa maneira, todos um pouco Macabéa. Macabéas de outros lugares, cercadas por outras Glórias, cariocas da gema ou estrangeiras; Olímpios orgulhosos e Madamas Carlotas que nos decretam sentença de vida para que morramos atropelados por uma Mercedes-Benz ou atingidos por uma bala perdida; mas que, inevitavelmente, nos doemos. Onde dói? Nas palavras de Macabéa, personagem central de A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector, “dentro, não sei explicar”. No ano em que a escritora completaria o seu centenário, retomamos uma de suas últimas obras, A hora da estrela, e nos colocamos frente ao mistério, como já expressava o poeta Carlos Drummond, e ao desafio que é ler Clarice.  Nesta segunda edição, de 2020, do projeto Clube do Livro que, devido à pandemia do COVID-19, ocorreu de forma remota, via Skype, na tarde de quinta-feira, 10 de setembro, às 14h30min. Nesta ocasião, contamos com um mini sarau que precedeu as discussões em torno da obra escolhida. Para tanto, foi lançada a questão existencial presente nos versos: “Existirmos a que será que se destina?”, cantados por Maria Bethânia, em 1984, em seu show “A hora da estrela”, baseado na novela homônima de Clarice Lispector. Tal questão permitiu aos participantes adentrarem na narrativa e dialogar sobre o conceito de metaficção a partir da retomada de textos críticos, em especial, da professora Nádia Batella Gotlib que se dedica à obra de Clarice. Desse modo, alcançamos nosso objetivo que foi promover uma tarde de intensas discussões a partir da obra de Lispector.

Por Icaro Olanda.

 

“Os sapatinhos vermelhos” e “Mel & Girassóis”, de Caio Fernando Abreu

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   Se no conto “Os Sapatinhos vermelhos” o leitor submerge numa narrativa em que os tons mais escuros de uma atmosfera angustiante predominam, já em “Mel & Girassóis” ele emerge para uma claridade abundante e um tanto acolhedora para si. Foi a partir da leitura desses dois contos de Caio Fernando Abreu – escritor privilegiado mais uma vez pelo Clube do Livro, devido ao seu profundo trabalho estético com a palavra – que nós, o grupo PET Letras, iniciamos a terceira edição do projeto Clube do Livro, no dia 07 de outubro, de 2019, que ocorreu na área externa da UNIPAMPA, campus Jaguarão. Ambos os contos, “Os Sapatinhos vermelhos” e “Mel & Girassóis”, debatidos, nesta edição, são integrantes do livro de contos Mel & Girassóis, publicado em 1988. Ressaltamos ainda que, os contos selecionados proporcionaram aos participantes do projeto manifestarem-se a partir das mais diversas abordagens críticas e teóricas, que perpassaram desde os Estudos Feministas até os Estudos Culturais; possibilitando assim um diálogo enriquecedor para todos.

Por Icaro C. C. C. C. Olanda

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